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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Programa 1 # Tomo I # Modulo Ii # Roteiro 7 # Maria Mae De Jesus..6

MARIA MAE DE JESUS

7) Nascimento de Jesus, o Cristo
Lucas 2:1/7

Já muito se tem falado sobre o Natal, e temos alguns artigos sobre o assunto nesta página da internet. Mas, como Maria é o objetivo deste artigo, vou limitar-me a mencionar os fatos com ela relacionados.
Já nos referimos à distância e perigos desta viagem da Nazaré até à Judéia, mas desta vez, embora acompanhada por José, certamente muito mais difícil devido ao seu adiantado estado de gravidez. Se Maria não fosse uma jovem forte e saudável, muito dificilmente conseguiria sobreviver a tal viagem.
Foi nessa altura, em Belém da Judéia, que Jesus nasceu. Pela descrição, não se sabe quanto tempo antes ou depois do recenseamento nasceu Jesus, nem se o seu nome foi registrado pelos funcionários romanos encarregados do recenseamento da população.
O comportamento de José e Maria, para com o menino, foi o vulgar como judeus que eram. Segundo Lucas 2:21, circuncidaram o menino ao fim de oito dias e posteriormente, supõe-se que aos 33 dias, ofereceram o sacrifício de purificação prescrito em Levítico 12:1/8 a fim de Maria deixar de se considerar imunda pela Lei de Moisés.
De acordo com o evangelho de Lucas, depois destes acontecimentos, Maria regressa a sua casa em Nazaré e não há mais informação até outra viagem a Jerusalém, 12 anos mais tarde.
Não sabemos quanto tempo Maria ficou em Belém, em casa dos familiares de seu marido, mas o evangelho de Mateus menciona a visita dos magos do Oriente, que devem ter chegado certamente muitos meses mais tarde, o que é confirmado pela decisão de Herodes de mandar matar, não só os bebês recém-nascidos, mas todos os meninos até aos dois anos. Não há mais informação sobre a estadia de Maria no Egito além do que Mateus nos indica.
Lendo Lucas 2:39/40, parece-me que este evangelista, que logo no início do seu Evangelho afirma que foi investigar cuidadosamente todos os fatos que menciona, não terá dado muita credibilidade à visita dos magos, matança das crianças e fuga para o Egito. Também me parece pouco credível, uma estrela, ou qualquer planeta ou cometa, indicar o caminho sem ser afetado pelo movimento de rotação da terra e parar em determinado lugar. Mas não é intenção deste estudo abordar estes pormenores.

8) Episódio aos 12 anos de Jesus
Lucas 2:41/50

Para o nosso estudo sobre Maria, é muito importante a afirmação que encontramos logo no versículo 41. José e Maria iam todos os anos a Jerusalém, o que nos leva a imaginar uma mulher do campo, habituada a longas caminhadas. Nessa altura (é fácil fazer as contas), Maria teria entre 25 a 30 anos. Talvez fosse parecida com muitas mulheres portuguesas que vemos nas nossas estradas a caminho de Fátima, mas sem a segurança dos nossos dias. Em vez dos carros de apoio dos familiares e do apoio médico pelo caminho, havia os assaltantes nos locais mais perigosos, pois muitos desses peregrinos levavam as suas valiosas ofertas para o Templo de Jerusalém.
De acordo com a teologia veterotestamentária, era no Templo de Jerusalém que se devia adorar a Deus, pois era essa a morada de Deus e o local onde Deus de manifestava. Só no Templo de Jerusalém se podia oferecer sacrifício se animais. O Templo que os samaritanos construíram em Gerizim, para cultuar ao mesmo Deus, foi atacado e destruído pelos judeus em 129 AC, para manter o monopólio religioso do Templo de Jerusalém, certamente com todas as suas conseqüências econômicas.
Certamente que ninguém reparava no menino que com eles caminhava e que iria tornar obsoletas todas essas peregrinações ao revelar o Deus onisciente e onipresente que pode e quer ser adorado em todo o lugar.
Mas, como vimos nesta descrição de Lucas, alguma coisa aconteceu numa dessas peregrinações a Jerusalém quando Jesus atingiu os 12 anos, idade que pela tradição judaica era considerado o início da maturidade religiosa.
Parece estranho nos nossos dias, que José e Maria tenham caminhado durante um dia, sem darem pela falta de Jesus. Mas que desleixados!..., podemos pensar.
Realmente, isso seria impensável nos nossos dias. Mas nessa realidade, podemos imaginar um grande grupo de peregrinos em que as mulheres caminham conversando alegremente, as crianças juntam-se para as suas brincadeiras e os homens colocados em posições estratégicas para a defesa do grupo. Certamente que nem José, nem Maria se preocuparam com Jesus, que nessa altura já não era nenhum bebê, nem criancinha pequena que se pudesse perder. Já era um menino de 12 anos, forte, saudável e muito inteligente que já não corria o perigo de se perder.
A reação de José e Maria, foi a mesma de qualquer pai e mãe dessa época. Voltaram apressadamente a Jerusalém. Possivelmente voltaram sozinhos, correndo o risco de serem assaltados na estrada que subia de Jericó a Jerusalém, local de alto risco onde Jesus, anos mais tarde, localiza a parábola do Bom Samaritano. Lucas diz que durante três dias procuraram Jesus em Jerusalém. Certamente que o devem ter procurado em primeiro lugar em casa dos seus familiares e pelas estreitas e sinuosas ruas dessa velha cidade.
Só ao terceiro dia, se lembraram de procurar no Templo. O versículo 48 apresenta uma típica repreensão que qualquer mãe daria ao seu filho, e o versículo 50 confirma que nem José, nem Maria compreenderam a atitude de Jesus, que consideraram condenável, muito menos compreenderam a resposta que Jesus lhes deu.

9) Festa de casamento em Canã da Galileia
João 2:1/11

É esta a passagem seguinte, por ordem cronológica, em que temos uma referência a Maria. O evangelista João, que considero o mais importante sob o aspecto de teologia, não se preocupa muito em descrever os milagres de Jesus, mas este ficou registrado no seu evangelho afirmando no versículo 11 que foi o primeiro dos sinais de Jesus, realizado em Caná da Galileia, que ficava a cerca de 14 quilômetros da Nazaré.
Temos aqui alguns pormenores que considero estranhos.
Logo no primeiro versículo temos a informação de que a mãe de Jesus estava lá, e no seguinte versículo, que Jesus foi convidado com os seus discípulos. Não há qualquer referência a José, o que nessa cultura, seria imperdoável se José ainda estivesse vivo. Nesse caso, se José ainda estivesse vivo, bastaria convidar José, que Maria, e todos os seus filhos estariam certamente incluídos no convite para o casamento. Não sabemos que casamento era este, mas se Maria lá estava, e se houve a preocupação de convidar Jesus, penso que seria o casamento de algum dos seus familiares. Parece que Maria se sentia em sua casa, a ponto de dar instruções aos criados.
Nessa época, se Jesus já tinha mais de 30 anos, Maria seria certamente uma respeitável anciã de 45 a 50 anos, possivelmente já de cabelos brancos, num país e numa época em que a longevidade era certamente muito menor que nos nossos dias.
Embora o apóstolo João nos diga que esse foi o princípio dos sinais, a atitude de Maria ao pedir a intervenção de Jesus, leva-nos a pensar que ela já sabia que Jesus tinha poder para resolver o problema, e a resposta de Jesus vem confirmar que, de certa forma Maria sugeriu que utilizasse os seus poderes sobrenaturais. Temos depois o versículo 5 Fazei tudo o que ele vos disser, o que nos leva a suspeitar de que já houvesse outros milagres antes deste. O livro apócrifo do Novo Testamento que já citamos, Natividade de Maria, faz referência a várias manifestações dum poder sobrenatural na infância de Jesus. Por exemplo em 27:1 cita o caso dos pássaros moldados em barro que Jesus transformou em verdadeiros pássaros, e até o Alcorão no versículo 49 da 3ª surata e no versículo 110 da 5ª surata faz referência a este milagre. Mas na literatura canônica da Bíblia, não há dúvida de que este é o primeiro milagre que é referido.
Maria, que é o personagem que estamos a estudar, manifesta confiança no poder de Jesus, mas ao mesmo tempo Jesus tem de lhe responder com uma certa frieza, como vemos no versículo 4 Que queres de mim, mulher? ou como está em outras traduções Que há entre mim e ti?. É verdade que muitos tradutores tentam atenuar a frieza desta resposta, afirmando que era uma frase típica dessa cultura, sem o significado que tem na nossa língua, mas a passagem que iremos ver a seguir parece confirmar um gradual distanciamento entre Jesus e Maria, certamente necessário para que Maria sentisse que Jesus já não era o seu menino que lhe estava sujeito. Parece que gradualmente o menino Jesus, filho de Maria, dava lugar ao Cristo, Filho de Deus, com uma importante missão a cumprir.
Mas, pelo menos nesta ocasião, Maria foi bem humana e estamos perante um caso típico de todas as mães, para quem o seu filho será sempre o seu menino.
Maria aceitou a forma como Jesus lhe respondeu, e manteve humildemente a sua confiança, ao dizer aos criados Façam tudo que ele lhes disser.
Essa submissão à decisão de Jesus, não era simplesmente fruto desse contexto cultural, em que toda a autoridade e poder de decisão era do chefe da casa, que (admitindo que José já tinha falecido), seria o próprio Jesus. Penso que Maria já via em Jesus alguém capaz de realizar milagres, possivelmente um dos profetas, ou talvez se lembrasse do anjo Gabriel que lhe disse que o seu próprio filho seria o Filho do Altíssimo.

EDGARD ARMOND - VIVÊNCIA ESPÍRITA

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