Powered By Blogger

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

MEU NOVO AMIGO, UM JARDINEIRO DE JESUS

( Espiritismo) –

Luiz Sergio - Irene P Machado - Na Hora Do Adeus


Capítulo I

MEU NOVO AMIGO, UM JARDINEIRO DE JESUS


- Só podia ser você mesmo! Quando é que você vai criar juízo, Rayto?
 - Quando não existir nem mais um Luiz Sérgio na face da Terra, respondeu, rindo gostosamente.
- Engraçadinho... - Deixemos de brincadeira, você tem ido à Crosta?
 - Tenho participado de muitos trabalhos de socorro. E você, o que tem feito? Não está mais preocupado com o tóxico?
- Luiz, não sei o que vai acontecer mais. Se o governo brasileiro não tomar urgentes resoluções, o Brasil será o campeão mundial do tóxico. Seja não o é.
- E a espiritualidade, Rayto, o que está fazendo a respeito?
- Tomando medidas drásticas, mas ficamos penalizados em saber que o país escolhido para a pátria do evangelho deseja liberar a droga. Em uma terra de famintos, a preocupação maior deveria ser com a educação, a saúde e a justiça social. Mas quero saber o tema do seu novo livro.
 - Sabe, Rayto, muitos me perguntam: Luiz Sérgio, o que faço para esquecer o meu marido que desencarnou? Dou a roupa dele? Choro ou não choro? Vou ou não vou ao cemitério? Arrumo o tumulo ou não? Corro atrás de mensagem ou o deixo viver em paz? São tantas as perguntas, que resolvi escrever um livro, não com o intuito de ensinar, mas de ajudar os meus amigos, aqueles que não sabem o que fazer na hora do adeus.
 - No meu entender, o fato mais desagradável é o encontro social no cemitério. Ao desencarnar o João ou o José, pessoas que há anos não se encontravam ficam a conversar, rindo ou relembrando os momentos finais do desencarnado.
É sobre isso, Rayto, que desejo escrever. Vim até aqui, primeiro para recordar meus primeiros passos no mundo espiritual e também para falar com o Palário, com você e com outros que sempre me ajudaram. Ele, sorrindo, esclareceu:
- Por mim, pode escrever um, dois ou mil livros. Estarei ao seu lado eternamente, orando pelo seu crescimento espiritual.
 - Obrigado, Rayto, não é só consentimento, vou precisar de ajuda, estarei rondando as capelas e os cemitérios. Rindo, gracejou:
 - Você nunca me enganou, tem cara de vampiro mesmo!
Não brinque, Rayto, você sabe que não vai ser fácil e depois, quero que o livro seja útil a todos.
- Luiz, na sala mil e novecentos você encontrará alguém que o ajudará. E o Rayto aqui, basta você estalar os dedos que, como servo do Cristo, o atenderei de imediato e que Deus, o Criador da vida, seja eterno em seu trabalho. Um abraço.
Depois saiu, rapidamente, saltitante. Olhei-o até desaparecer nas alamedas floridas daquela praça. Em seguida, procurei a sala indicada pelo Rayto. Recebido por Constância, fui logo levado até Luppe, que me cumprimentou sorrindo
- Seja benvindo, Luiz Sérgio, fico contente em saber que o irmão deseja ajudar os encarnados, quando eles passam por horas amargas. Mas lhe pergunto: será que o seu livro terá condição de mudar um comportamento de longos anos? O brasileiro há muito transforma a hora do adeus em momentos de desespero ou de bate-papos, rindo alto, não se importando com o corpo que ali jaz exposto para o último adeus.
- Por isso, irmã Luppe, espero que o meu livro sirva para auxiliar o desencarnado, que às vezes se debate junto ao corpo físico, pedindo socorro, e ninguém faz uma prece para ajudá-lo, simplesmente por julgar que ali ja não se encontra.
 - Mas poucos serão aqueles que o lerão.
 - Não me importo. Se ele conseguir ajudar uma só família ou um só irmão que volta para a verdadeira pátria, já me sentirei muito feliz. Ela me deu "aquele" sorriso e depois falou:
- Você, irmão, terá a nossa permissão para mais esse trabalho, mas gostaria que alguém bastante experiente o acompanhasse. Ele executa há anos essa tarefa, e somente agora participará de um livro.
Nisso, um espírito com aparência idosa apareceu na sala.
- Que a paz de Deus esteja entre nós. Bom dia
 - Luiz, este é Enrico, que irá acompanhá-lo. É um devotado trabalhador do Senhor
- Como vai, Luiz Sérgio?
 - Ô, amigo, como me sinto feliz em tê-lo ao meu lado! Que vontade de gritar seu nome para todo o Universo, tão alegre me encontro!
- O grito, quando chega à garganta, já se fez ouvido pelo coração. Sinto-me feliz por mais uma tarefa falou, timidamente.
Enrico é um senhor dos seus setenta e cinco anos, e trabalhou na Crosta durante vinte anos como jardineiro. Seu olhar é cândido e amigo.
 - Desejo aos três a paz do Senhor, e que tudo se transforme para a glória de Deus.
- Três? olhei, procurando o terceiro. Enrico sorriu:
- O irmão não irá vê-lo. Ele estará ao nosso lado, mas nós não teremos condição nem de divisá-lo.
Fiquei intrigado, mas nada perguntei. Luppe ainda acrescentou:
- Trate do seu trabalho, Enrico, como bom jardineiro que é, e quando a terra desejar aprisionar a semente, faça com que ela busque a luz do Alto, só assim se libertará. O que é da terra à terra pertence. O que é luz resplandece no Universo. Que Deus os guie.
- A quem agradeço, irmã Luppe. À irmã, ao Rayto, a quem?
- A Deus, que confia em você.
 Despedimo-nos e dali saímos. Tinha vontade de abraçar e beijar Enrico, tal a sua meiguice; mais parecia um "anjo" do Senhor.
- Luiz, quero que saiba que tenho uma aparência idosa mas meu coração é de um bebê, que a cada dia espera crescer espiritualmente. Busco no meu próximo o meu Deus e faço do meu dia uma conquista para o meu espírito.

Enlacei seu ombro e percorremos aqueles jardins lindíssimos, onde os pássaros cantam, transmitindo-nos muita paz. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário