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terça-feira, 28 de outubro de 2014

CRIANÇAS, NÃO CRESÇAM DEPRESSA

Capítulo II
CRIANÇAS, NÃO CRESÇAM DEPRESSA

Assim que chegamos ao plano físico, Enrico comunicou-nos - Luiz, vamos primeiro visitar uma Casa Espírita.
- Claro, companheiro, precisamos contar com a ajuda de outros irmãos. Lá fomos nós ao encontro de Rafaela, a encarregada da disciplina que, sorrindo, recebeu-nos, colocando a sua Casa ao nosso dispor.
Enrico, que a conhecia, também sorriu. Ele é possuidor do mais terno olhar que já vi. Rafaela dissertou sobre os últimos acontecimentos, sobre como estavam desencarnando irmãos por imprudência: através da droga, do álcool e da velocidade.
 - Mas esses três fatos estão entrelaçados. Geralmente, a droga e o álcool provocam o desequilíbrio do motorista - falei.
Ficamos muito tristes quando ela nos levou até a enfermaria da Casa Espírita, onde alguns suicidas estavam sendo socorridos. Muitos eram jovens, ou melhor, crianças. Olhando uma garota de seus onze anos, indaguei: - Por que se suicidou?
- Julgava-se grávida.
- Mas com essa idade já havia iniciado vida sexual?
- Sim, mesmo ainda não havendo penetração ela brincava com o sexo. Os seus parceiros, também crianças, sem responsabilidade, julgavam-se os tais e quando o remorso lhe colheu a alma ela criou uma gravidez imaginária, apavorou-se e o único meio que encontrou foi o suicídio.
- Ela não estava grávida?
- Não, nem havia menstruado ainda.
- Coitadinha, como pôde acontecer isso? Indaguei. - Falta de orientação familiar, de disciplina de vida. Hoje os pais demonstram pressa em ver os filhos ficarem adultos e não percebem que as crianças e os jovens só têm a mente direcionada para o sexo e para os ditos prazeres da vida.
Enrico, pensativo, ouvia Rafaela, que também nos disse da sua luta para trazer ao Centro os filhos dos espíritas que dele se distanciam cada vez mais.
E por quê? Simplesmente porque o mundo lá fora corre a mil por hora e nessa correria eles também vão caindo e se levantando. Nas Casas Espíritas têm de buscar o seu interior, porque a Doutrina ensina a razão da vida.
- Eu sempre me pergunto, irmã: o que podemos fazer para trazer a criança e o jovem à Casa Espírita, ou melhor, ao Evangelho?
- Estamos tentando criar um estudo mais dinâmico. Não podemos nos esquecer de que hoje a vida moderna dá à criança e ao jovem muitas informações que ontem nós nem ousávamos pedir. Estamos na era da informática. O computador está ficando tão popular, que poucas casas não o possuirão. As crianças e os jovens são as maiores vítimas do consumismo. Estão vivendo numa época onde vários chamados lhes chegam, por isso o chamado espírita tem de ser mais forte e atual.
- Atual Rafaela? Então temos de negligenciar a origem da Doutrina?
- Nunca. Para embelezar uma casa não podemos desprezar o alicerce. As obras básicas são o alicerce da nossa Doutrina. Elas são o farol, o céu, a verdade, enfim, sem elas jamais teríamos condição de trazer os jovens para a nossa Casa. O que precisamos, nós, os orientadores, é corresponder às necessidades atuais da juventude. Os dirigentes devem fugir da ingenuidade, atualizando-se com pesquisas de alto nível. Só assim o jovem e a criança não irão debandar da Casa Espírita. Hoje convivem com uma sociedade materialista; do lado de fora vivem cercados de convites que os levam a julgar que isso é aproveitar a vida. Para que o jovem e a criança tomem gosto pelos estudos espirituais, os espíritas necessitam atualizar-se para responder-lhes com precisão. Enrico argumentou:
- Também penso que as Mocidades precisam ser dirigidas por jovens espíritas capacitados e não por jovens inexperientes. Hoje uma criança de tenra idade convive com jogos eletrônicos e até estuda computação. Negligenciar o jovem e a criança é grande erro. Eles precisam muito da Doutrina e por que não toda a diretoria de uma Casa Espírita se proclamar em prol de sua Mocidade, abordando temas atuais e fazendo-os adentrar os estudos espirituais das obras básicas, enfim, toda a literatura respeitável da Doutrina? Ficando apenas nas palestras para jovens e crianças, perderemos para os vídeos, os jogos eletrônicos e os computadores. Insistimos: se toda a diretoria se unir em prol da juventude, a Casa sentirá a diferença, porque estará, toda ela, enfeitada de flores, que são as crianças e os jovens.
- Irmã Rafaela, a coisa está feia, as crianças de doze anos estão voltando para casa de madrugada, e o pior é que os pais julgam isso certo.
- Tem razão, irmão. O Centro Espírita dá a evangelização, mas a família tem de apresentar Jesus nas suas atitudes. Enrico, sempre sorrindo, aduziu:
- Conversar sobre a infância e a juventude é como contemplar um jardim. Porém, para embelezá-lo, o jardineiro tem por dever usar o adubo, a terra e as ferramentas. Só a boa vontade não basta para que o jardim floresça. O jardineiro tem de livrá-lo das ervas daninhas e procurar o melhor método de fazê-lo florir. Mas agora devemos iniciar o trabalho. Espera-nos um irmão que desencarnou com overdose, ainda muito jovem, dezessete anos.
- Que Deus os acompanhe, estaremos aqui orando por todos. Cumprimentamos Rafaela e dali saímos.




Luiz Sergio - Irene P Machado - Na Hora Do Adeus

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