E se Jesus voltasse?
Autor: Delmo Martins Ramos
Jesus, o Espírito mais perfeito que passou pelo
nosso planeta, esteve entre nós há cerca de 2 mil anos e até hoje repercute na
humanidade sua mensagem, o que demonstra sua autoridade moral. Naquela época,
mesmo sendo o único povo monoteísta, entre os judeus já existiam diversas
seitas criadas em conseqüência das disputas teológicas e das inúmeras
interpretações das escrituras sagradas. Entre estas inúmeras correntes
religiosas destacamos algumas, que formavam grupos sociais distintos, para
melhor ilustrar este artigo.
Os
Samaritanos eram considerados heréticos pelos judeus ortodoxos em função de só
aceitarem a Lei de Moisés, rejeitando todos os demais livros que foram
posteriormente anexados ao Pentateuco. Os Nazarenos eram os judeus que faziam
os votos, temporários ou perpétuos, para conservarem-se na pureza perfeita.
Adotavam a castidade, abstinência de bebidas alcoólicas e não cortavam o
cabelo. Os Fariseus eram os mais influentes da época, desempenhando papel ativo
nas controvérsias religiosas. Observadores das práticas exteriores do culto e
das cerimônias, inimigos das inovações e ardorosos proselitistas. Os Saduceus
não acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição e na existência dos
anjos bons ou maus. Embora cressem em Deus, nada esperavam após a morte,
preocupando-se apenas com as recompensas materiais e temporais. Já os Essênios
eram celibatários, viviam em locais semelhantes a mosteiros, tinham as virtudes
austeras, condenavam as guerras e escravidão, acreditavam na imortalidade da
alma e na ressurreição, ensinavam o amor a Deus a ao próximo (Fonte: ESE -
Edição FEESP).
Apesar
de existirem estas e outras correntes religiosas oriundas do mesmo texto, Jesus
não escolheu nenhuma delas para auxiliá-lo em sua peregrinação, ao contrário,
trouxe para junto de si aqueles que estavam à margem da sociedade da época. O
Mestre tinha entre seus seguidores pescadores humildes, e um publicano, coletor
de impostos e, por isso, odiado pelos judeus. As mulheres, não aceitas nos
grupos tradicionais por serem consideradas seres inferiores, estiveram junto a
Jesus e foram suas fiéis colaboradoras.
Se Jesus
retornasse ao nosso planeta no momento atual, dentre as inúmeras facções
existentes no Cristianismo, qual escolheria para auxiliá-lo? Decorridos cerca
de dois mil anos de Sua passagem pela Terra, ao analisarmos as religiões
atuais, principalmente aquelas que se dizem seguidoras de Seu Evangelho,
verificamos que muito pouco ou quase nada mudou, e sem muito esforço podemos
identificá-las com as seitas judaicas de outrora. Para decepção daqueles que se
acham donos dos Evangelhos e julgam-se os escolhidos, provavelmente Jesus
escolheria novamente os excluídos da sociedade atual, tal qual o fez naquela
época, em função do fanatismo, da hipocrisia, dos interesses puramente
materiais e das práticas exteriores que hoje caracterizam as ditas religiões
cristãs.
E o
Espiritismo, como podemos avaliar neste contexto? Para melhor análise será
necessário diferenciarmos a Doutrina Espírita do movimento espírita, que embora
possa parecer uma redundância, não são a mesma coisa. A Doutrina Espírita é sem
dúvida o Cristianismo redivivo, pois nos foi revelada pelos Espíritos
superiores sobre a tutela de Jesus e, pelos seus ensinamentos filosóficos e
científicos, mostra ser uma doutrina reveladora, apropriada para os nossos
tempos. Já o movimento espírita, que deveria ser o resultado da prática da
Doutrina entre os homens, está repleto de desvios, em virtude de prevalecerem
nele interesses momentâneos, estando sob o comando de mentes medievais que
aceitam, e até incentivam, práticas que contrariam frontalmente a Codificação.
Lamentavelmente,
para nós espíritas, o movimento espírita não seria o grupo escolhido por Jesus
caso retornasse ao nosso planeta. Estamos muito distantes do Cristianismo
nascente e cada vez mais próximos das seitas que foram rejeitadas pelo Mestre
em sua passagem entre nós. Estaremos exagerando nesta avaliação? Para
verificarmos a procedência dessas críticas basta percorrermos meia dúzia de
centros espíritas para constatarmos as práticas estranhas à Codificação, desde
ritualismo até a adoção de teses antidoutrinárias, além da descaracterização
das práticas mediúnicas, levando a maioria das casas espíritas à
improdutividade e à falta de objetividade.
Infelizmente,
não vemos como o movimento espírita possa voltar às suas origens a curto e
médio prazo. Isto só se dará após o desencarne dos que ora o dirigem e seu
reencarne já reciclados, juntamente com a reencarnação de Espíritos mais
evoluídos e comprometidos com as verdades contidas na terceira revelação. Resta
aos Espíritas de bom senso, principalmente os fazedores de opinião como
palestrantes, dirigentes e articulistas alertarem o movimento espírita com
relação a esta situação e da necessidade de iniciar a reversão, principalmente
junto aos neófitos, incentivando-os a conhecerem a Doutrina através das obras
básicas, codificadas por Allan Kardec.
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