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quarta-feira, 23 de março de 2016

EVANGELHO ESSENCIAL 2 - NÃO VIM DESTRUIR A LEI

EVANGELHO ESSENCIAL 2
Eulaide Lins
Luiz Scalzitti

1- NÃO VIM DESTRUIR A LEI

Não pensem que vim destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los: - porque, em verdade lhes digo que o Céu e a Terra não passarão, sem que tudo o que se encontra na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota e um único ponto. (S. MATEUS, cap. V, vv. 17 e 18.)
Moisés
Na lei mosaica encontram-se duas partes distintas: a lei de Deus, recebida no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
I. Eu sou o Senhor, Teu Deus, que te tirei do Egito, da casa da servidão. Não terás, diante de mim, outros deuses estrangeiros. - Não farás imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorarás e não lhes prestarás culto soberano.
II. Não pronunciarás em vão o nome do Senhor, Teu Deus.
III. Lembrar-te-ás de santificar o dia do sábado.
IV. Honrarás a teu pai e a tua mãe, a fim de viveres longo tempo na terra que o Senhor Teu Deus te dará.
V. Não matarás.
VI. Não cometerás adultério.
VII. Não roubarás.
VIII. Não prestarás testemunho falso contra o teu próximo.
IX. Não desejarás a mulher do teu próximo.
X. Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertençam.
É de todos os tempos e todos os países essa lei, tendo caráter divino.
Todas as outras são leis que Moisés estabeleceu, obrigado que se via a conter, através do temor, um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater enraizados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para dar autoridade às suas leis, teve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos.
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A autoridade do homem precisava apoiar-se na autoridade de Deus; mas, só a ideia de um Deus terrível podia impressionar criaturas ignorantes, nas quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o senso moral e o sentimento de uma justiça reta.
O Cristo
Jesus não veio destruir a lei de Deus; veio cumpri-la, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Eis porque encontramos nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina.
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Reduziu as leis a esta única regra: "Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo", acrescentando: Esta é toda a lei e os profetas.
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Pelas palavras: "O céu e a Terra não passarão sem que tudo esteja cumprido até o último iota", quis dizer Jesus ser necessário que a lei de Deus tivesse cumprimento integral, isto é, fosse praticada na Terra inteira, em toda a sua pureza, com todo o seu desenvolvimento e consequências.
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Sendo filhos de Deus todos os homens, todos, sem distinção nenhuma, são objeto da mesma solicitude.
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Jesus veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no Reino dos Céus; ensinar-lhes o caminho que conduz a esse reino , os meios de se reconciliarem com Deus e os advertir sobre o desenvolvimento das coisas futuras, para a realização dos destinos humanos.
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Entretanto, não disse tudo, limitando-se a respeito de muitos pontos a lançar o gérmen de verdades que, segundo ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas. Falou de tudo, entretanto em termos mais ou menos claros.
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O Espiritismo
O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material.
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O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.
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O Espiritismo é, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz suas luzes aos homens para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que nele os espera.
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Ele é obra do Cristo que o preside, conforme igualmente preside ao que anunciou, à regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus na Terra.
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INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
A nova era
Um Espírito Israelita- Mulhouse, 1861
O Cristo foi o iniciador da mais pura, mais sublime moral, a moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor ao próximo e criar entre os humanos uma solidariedade comum. Uma moral que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam.
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São chegados os tempos em que as ideias morais devem desenvolver-se, para que se realizem os progressos que estão na vontade de Deus.
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Fenélon-Poitiers, 1861
O Espiritismo é de ordem divina, pois se baseia nas próprias leis da Natureza, e tudo o que é de origem divina tem elevado e útil objetivo.
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O Reino do Cristo, infelizmente, após dezoito séculos e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não chegou. Cristãos, voltem para o Mestre, que lhes quer salvar. Tudo é fácil para aquele que crê e ama; o amor o enche de indescritível alegria.
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A revolução que se prepara é mais moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé, para que todos vocês, trabalhadores esclarecidos e ardorosos, façam ouvir as suas vozes humildes, por que vocês são o grão de areia; mas, sem grãos de areia, não existiriam as montanhas.
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A cada um à sua missão, a cada um o seu trabalho.
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COMENTÁRIO
NÃO VIM DESTRUIR A LEI
A Doutrina Espírita por ocasião do lançamento do Evangelho Segundo o Espiritismo, estava em seu terceiro livro da Codificação, conjunto de obras que se compõe de cinco livros lapidares básicos e estruturais desta. Antes do Evangelho, os dois livros foram: O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns. O primeiro trazendo toda a Filosofia Espírita, o segundo codificando o intercâmbio mediúnico e toda a teoria da prática da comunicação com o mundo espiritual. Precisamos prestar muita atenção ao estudarmos este primeiro capítulo do Evangelho, onde poderemos ter uma ideia muito profunda da perspicácia de Allan Kardec, e da extrema lição que Jesus nos legou dizendo que viera dar cumprimento à Lei e aos profetas. Reflitamos juntos então o texto.
Inicialmente como nos dando um roteiro de vida, cita com muita profundidade as três revelações quais sejam: Moisés, Jesus e a Doutrina Espírita como o Consolador prometido. Moisés traz-nos a lembrança dos 10 Mandamentos e de um Deus duro, que era necessário para a personalidade da época. Cristo traz-nos a sua sabedoria intensa quando diz que veio cumprir a Lei e os Profetas, fazendo na verdade todo um desenvolvimento e um novo direcionamento, endereçando a humanidade ao amor fraternal, esta que estava assustada pelos desmandos de uma política autoritária e violenta da época. Além da decadência moral dos impérios e da sociedade em geral. Em decorrência dos ensinamentos de Jesus e em Seu próprio dizer, vem o Espiritismo, o Paracleto, o Consolador prometido, o Espírito de Verdade que ficará entre nós por toda a eternidade. Se as duas Revelações anteriores julgou Deus enviá-la por intermédio de duas personalidades marcantes da História, esta terceira confiou inteiramente aos Espíritos e nos homens para que pudessem por si só como a emancipá-los progredirem em comum numa interação Espírito-Matéria. Concluí ainda demonstrando de maneira lúcida e cristalina que a Ciência e a Religião devem andar juntas e serem coerentes para que se possa saber a verdade e não acreditar dogmaticamente por indução de uma personalidade muitas vezes fanática. Nem a Ciência nem a Religião podem andar separadas mas sim cada uma dar de si em favor da razão e da lógica. E temos visto até o momento, o Espiritismo e a Ciência andarem lado a lado um afirmando o outro. Isto porque se os homens nos desvendam a Natureza, e se acham doutos, vem a espiritualidade por todos os pontos da Terra demonstrar a real verdade, mostrando lhes que tudo está na natureza e com esforço próprio só fazem revelar o que a natureza contém. Porque dissemos que Allan Kardec fora perspicaz e muito feliz na colocação deste capítulo como o início da obra?
Basta ver o dizer de Jesus: Não vim destruir a Lei mas dar-lhe cumprimento. O que nos orienta que se queremos merecer a melhora e aprimorar nosso entendimento, necessário se faz melhorarmo-nos e aos nossos antes e cumprir humildemente o que nos é dado realizar seja pelas convenções sociais, seja pelo Evangelho.

Para construirmos um prédio novo no local do antigo não é preciso desprezar-lhe a estrutura básica sendo de boa qualidade, mas acrescentar-lhe a melhora. Não precisamos destruir o homem para educá-lo, só acrescentar o que lhe faz falta. E este aspecto, colocado como primeiro capítulo deste guia de condução moral e intelectual, como a dizer-nos que o Espiritismo veio dar cumprimento à Lei e às crenças demonstrando tudo de maneira simples e profunda com o objetivo de mostrar-nos a vida no porvir. Consolando-nos, dando novas esperanças e alegrias a todos os que se propuserem a seguir o exemplo de Jesus.

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