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quarta-feira, 30 de março de 2016

ESTUDO # 54 O LIVRO DOS MÉDIUS - ITENS 162 E 163

O LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
por
ALLAN KARDEC

Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XIV


OS MÉDIUNS

Médiuns de efeitos físicos

Estudo 54 - Itens 162 e 163

Relembrando o estudo anterior vimos que os fenômenos de efeitos físicos impressionam e servem, muitas vezes, para despertar o interesse pela Doutrina, mas o que realmente interessa é esta, com suas consequências morais e espirituais.
Considerando as condições em que acontecem e o que provocam afirma Allan Kardec que, algumas vezes, a Ciência submeteu criaturas frágeis e delicadas a torturas morais e físicas com o objetivo de evitar que praticassem fraudes, o que são sempre prejudiciais ao organismo dos sensitivos, podendo acarretar graves desordens à sua economia orgânica. A Ciência Espírita tem outro objetivo e exige outros métodos de investigação. Esses fenômenos pertencem mais à ordem moral do que à ordem física e será em vão que se buscará suas solução nas nossas Ciências exatas.
Por serem tais fenômenos mais de ordem moral, deve-se evitar, com cuidado, todos os motivos de superexcitação da imaginação. Sabe-se quantos acidentes pode produzir o medo e não desconhecemos quantos casos de loucura e neuroses são provocadas por estórias de lobisomens e bichos-papões. Que aconteceria, então, se pudessem persuadir a todos de que se trata do diabo? Os que procuram convencer os outros dessas idéias não sabem a responsabilidade que assumem: eles podem matar, e esse perigo existe não só para o paciente, mas também para os que o cercam.
Esta crença funesta é que foi causa de tantos atos de atrocidade nos tempos de ignorância. Entretanto, se houvesse um pouco mais de discernimento, teria ocorrido aos que os praticaram que não queimavam o diabo, por queimarem o corpo que supunham possesso do diabo. Desde que do diabo é que queriam livrar-se, ao diabo é que era preciso matassem. Esclarecendo-nos sobre a verdadeira causa de todos esses fenômenos, a Doutrina Espírita lhe dá o golpe de misericórdia. Longe, pois, de concorrer para que tal idéia se forme, todos devem, e este é um dever de moralidade e de humanidade, combatê-la onde exista.
O que há a fazer-se, quando uma faculdade dessa natureza se desenvolve espontaneamente num indivíduo, é deixar que o fenômeno siga o seu curso natural: a Natureza é mais prudente do que os homens. A Providência tem seus desígnios e aos maiores destes pode servir de instrumento a mais pequenina das criaturas. Porém, forçoso é convir, o fenômeno assume por vezes proporções fatigantes e importunas para toda gente, tal como é relatado por Allan Kardec na Revista Espírita de 1858, com os comentários e explicações necessárias, e que pode ser considerado um dos fatos mais extraordinários desta natureza, pela variedade e singularidade dos fenômenos. Ocorreu em 1852, no Palatinado (Baviera renana), em Bergzabern, perto de Wissemburg. É tanto mais notável, quando se percebe, reunidos no mesmo indivíduo, quase todos os gêneros de manifestações espontâneas: estrondos de abalar a casa, móveis derrubados, arremesso de objetos ao longe por mãos invisíveis, visões e aparições, sonambulismo, êxtase, catalepsia, atração elétrica, gritos e sons aéreos, instrumentos tocando sem contato, comunicações inteligentes, etc. e, o que não é de somenos importância, a comprovação destes fatos, durante quase dois anos, por inúmeras testemunhas oculares, dignas de crédito pelo saber e pelas posições sociais que ocupavam. A narração autêntica dos aludidos fenômenos foi publicada, naquela época, em muitos jornais alemães e, especialmente, numa brochura hoje esgotada e raríssima. Além do empolgante interesse que tais fenômenos despertam, eles são eminentemente instrutivos, do ponto de vista do estudo prático do Espiritismo.
Eis, então, o que em todos os casos importa fazer-se. No capítulo V - Das manifestações físicas espontâneas, encontramos orientações a este respeito, dizendo ser preciso entrar em comunicação com o Espírito, para dele saber-se o que quer. O meio seguinte também se funda na observação.
Os seres invisíveis, que revelam sua presença por efeitos sensíveis, são, em geral, Espíritos de uma ordem inferior e que podem ser dominados pelo ascendente moral. A aquisição deste ascendente é o que se deve procurar.
Para alcançá-lo, preciso é que o indivíduo passe do estado de médium natural ao de médium voluntário. Produz-se, então, efeito análogo ao que se observa no sonambulismo. Como se sabe, o sonambulismo natural cessa geralmente, quando substituído pelo sonambulismo magnético. Não se suprime a faculdade, que tem a alma, de emancipar-se; dar-se-lhe outra diretriz. O mesmo acontece com a faculdade mediúnica. Para isso, em vez de impedir as manifestações, coisa que raramente se consegue e que nem sempre deixa de ser perigosa, o que se tem de fazer é levar o médium a produzi-los à sua vontade, impondo-se ao Espírito. Por esse meio, chega o médium a sujeitá-lo e, de um dominador às vezes tirânico, faz um ser submisso e, não raro, dócil. Fato digno de nota e que a experiência confirma é que, em tal caso, uma criança tem tanta e, por vezes, mais autoridade que um adulto: mais uma prova a favor deste ponto capital da Doutrina, que o Espírito só é criança pelo corpo; que tem por si mesmo um desenvolvimento necessariamente anterior à sua encarnação atual, desenvolvimento que lhe pode dar ascendente sobre Espíritos que lhe são inferiores. A moralização de um Espírito, pelos conselhos de uma pessoa influente, do ponto de vista moral, e experiente, não estando o médium em estado de o fazer, constitui freqüentemente meio muito eficaz. É o que ocorre em reuniões mediúnicas que tem por objetivo o socorro espiritual e a desobsessão.
Concluindo esse estudo ressaltamos a importância da educação mediúnica como meio para dar ao médium o equilíbrio e a segurança que lhe são necessários, e só adquiridos através do esforço no estudo, na prática do Bem, na perseverança em direção ao caminho Maior.

Em nosso próximo estudo veremos Médiuns sensitivos ou impressionáveis.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - "O Livro dos Médiuns" - 2a Ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XIV - 2a Parte.

Tereza Cristina D'Alessandro
Fevereiro / 2006


Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br



Ribeirão Preto - SP

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