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terça-feira, 29 de março de 2016

ESTUDO 4 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - INTRODUÇÃO

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – IV
POR ALLAN KARDEC

INTRODUÇÃO: AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA
CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS

Kardec inicia dizendo que se a doutrina espírita fosse obra de um só homem, ela teria as luzes de um só homem, portanto seria falha. Se, por outro lado, os Espíritos a houvessem revelado a um só homem, que garantia se teria de sua autenticidade?
Da forma como os Espíritos se manifestaram, em todas as partes do mundo, utilizando-se de muitos e muitos médiuns, independente da nacionalidade, da crença religiosa, do grau de instrução, da classe social deixou claro que esses ensinos vieram de um plano mais elevado, não sendo, portanto, obra de homens.
E Kardec escreve: “Era necessário que assim fosse, para que ele pudesse conclamar todos os homens à fraternidade, pois se não se colocasse em terreno neutro, teria mantido as dissenções, em lugar de apaziguá-las "
Destaca-se assim o caráter da universalidade dos ensinos do espiritismo, fortalecendo-o e sendo a causa de sua rápida propagação, pois foram milhares de vozes fazendo-se ouvir, simultaneamente, proclamando os mesmos princípios, tanto aos mais sábios quanto aos mais ignorantes.
A força, a autoridade do espiritismo está pois, nessa universalidade de seus ensinos, que lhe é também causa de sua rápida propagação e a garantia contra cismas que poderiam suscitar, por causa da ambição de alguns ou pelas contradições de certos Espíritos.
O fato desses ensinos terem sido revelados por muitos e muitos Espíritos, em toda parte, por muitos e muitos médiuns, fortalece a veracidade deles e demonstram a qualidade espiritual da equipe organizadora desta revelação.
É garantia espiritual contra divergências, que poderiam e podem provocar divisões, porque qualquer explicação ou interpretação nova de algum ponto doutrinário, vinda de um autor espiritual ou encarnado, ainda que seja de nomes respeitáveis, só será aceita se houver a concordância de outros Espíritos de ordem elevada, através de outros médiuns.
E Kardec escreve sobre as características dos Espíritos, que são as mesmas dos encarnados, pois são as almas que já viveram na Terra. Eles também estão longe de conhecer, individualmente, toda a verdade; seu saber é limitado, proporcional ao seu grau evolutivo; há entre eles os presunçosos, os pseudo-sábios, ambiciosos e embusteiros.
Daí que " para tudo o que está fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que alguém possa obter são de caráter individual, sem autenticidade, e devem ser consideradas como opiniões deste ou daquele Espírito, sendo imprudência aceitá-las e propagá-las, levianamente, como verdades absolutas."
Mas como distinguir a verdade da impostura? Como saber se o que tal Espírito diz é verdadeiro ou falso?
Kardec apresenta dois controles. O primeiro é o da razão, que deve estar sempre analisando tudo o que vem dos Espíritos. Tudo aquilo que contradiz com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com os dados que se possui," por mais respeitável que seja o nome que a assina deve ser rejeitada". O segundo, evitando interpretações pessoais, Kardec aconselha a necessidade de conversação, do aconselhamento entre os espíritas, observando sempre a opinião da maioria, no tocante às revelações dos Espíritos.
A concordância pois, nesses ensinos é o seu controle, mas ainda assim é necessário que esse controle aconteça em certas condições ou seja, que as revelações sejam feitas, espontaneamente, sem evocações e indagações, através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, em diversos lugares.
Assim fez Kardec. Recebeu milhares de comunicações, vindas de muitos países, de mil centros espíritas e, usando o crivo da razão, percebendo a concordância entre eles e com a assistência dos Espíritos Superiores codificou a doutrina sublime que nos esclarece o porto no qual vamos chegar, indica o caminho a ser percorrido, como percorrê-lo no conhecimento das leis divinas.
"Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura do espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. É nele que no futuro, se procurará o critério da verdade."
Graças a Deus e a esse critério, tão bem enunciado por Kardec é que o espiritismo continua sem alteração em nada do que ele escreveu.
Transforma- se sim, a interpretação, o entendimento, cada vez maior em quem se propõe a estudá-lo com perseverança e dedicação, procurando interpretar as situações, os acontecimentos da vida segundo esses ensinos. Percebe-se então, a veracidade, a sublimidade, a racionalidade dos mesmos e, o entendimento se amplia em profundidade e em extensão.
"O que determinou o sucesso da doutrina formulada em O Livro de Espíritos e em O Livro dos Médiuns foi que por toda parte, cada qual pode receber, diretamente dos Espíritos a confirmação do que eles afirmavam. “...”Assim acontecerá com todas as idéias emanadas dos Espíritos ou dos homens que puderem suportar a prova desse controle cujo poder ninguém pode contestar."
Alerta Kardec sobre a necessidade de prudência nas publicações de instruções dadas pelos Espíritos sobre pontos da doutrina não esclarecidos, e no caso de publicações, que elas devam ser publicadas como opiniões individuais, mais ou menos prováveis, mas tendo necessidade de confirmação.
Há hoje, publicações sobre temas não explícitos na doutrina que podemos classificar seus autores, espirituais ou encarnados, em dois tipos: 1) autores que os apresentam, com seus argumentos, como hipóteses prováveis; 2) autores que apresentam suas opiniões como verdades. Nessa observação já se pode definir o sério do leviano. Cabe pois, ao leitor e ao estudioso da doutrina analisar, usando os critérios que Kardec usou. Ele continua sendo o modelo de quem quer conhecer o espiritismo. Sua metodologia continua sendo válida para todos que aspiram conhecê-la e viver de acordo com seus princípios.
Em O Livro dos Médiuns, capítulo XX item 230, o Espírito Erasto nos alerta: "É preferível rejeitar dez verdades do que aceitar uma mentira.".
Esclarece ainda Kardec, nessa apresentação, que os Espíritos Superiores sempre agem com extrema prudência, abordando as grandes questões de maneira gradual," à medida que a inteligência se torna apta a compreender as verdades de uma ordem mais elevada e que as circunstâncias são próprias para a emissão de uma idéia nova."
Assim pois, a universalidade dos ensinos dos Espíritos é o preventivo e o remédio contra alterações, distorções, opiniões individuais que possam prejudicar a pureza doutrinária ou ocasionar cismas ou dissensões.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Setembro / 2001

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)

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