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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

NOSSO LAR 07-10

10 - Entendimento


Findos alguns minutos, chegamos a vasto hospital de movimentada cidade terrestre.

Laudemira... tudo faz acreditar que a pobrezinha sofrerá perigosa intervenção.  Envolta nos fluidos anestesiantes que lhe são desfechados pelos perseguidores, durante o sono, tem a vida uterina sensivelmente prejudicada por extrema apatia.  O cirurgião voltará dentro de uma hora e, na hipótese de os recursos aplicados não surtirem efeito, providenciará uma cesariana como remédio aconselhável...

Sob a atenção de Clarindo e Leonel que nos seguiam, surpresos, convocou-nos, a Hilário e a mim, para o socorro imediato.

Determinando permanecêssemos ambos em oração, com a destra colada ao cérebro da doente, começou a fazer operações magnéticas excitantes sobre o colo uterino. Substância leitosa, qual neblina leve, irradiava-se-lhe das mãos, espalhando-se sobre todos os escaninhos do aparelho genital. Decorridos alguns minutos de pesada expectativa, surgiram contrações que, pouco a pouco, se acentuaram intensamente.

A cesariana foi esquecida.

Puséramo-nos, de novo, a caminho.

Leonel, cuja inteligência aguda não perdia os nossos menores movimentos, perguntou a Silas, com ar respeitoso, se os trabalhos a que se dedicava exprimiam alguma preparação, diante do porvir, ao que o Assistente respondeu sem pestanejar:

- Sem dúvida. Ainda ontem lhes falei dos meus erros de médico, que praticamente jamais o fui, e comentei o plano de abraçar a Medicina no futuro, entre os encarnados, nossos irmãos. Todavia, para que eu mereça a ventura de tal reconquista, consagro-me, nas regiões inferiores que me servem de domicílio, ao ministério do alívio, criando causas benéficas para os serviços que virão...

- Um dia, consoante as dívidas que me pedem resgate, estarei novamente entre as criaturas encarnadas e, para solver minhas culpas, também sofrerei obstáculo e dúvida, enfermidade e aflição... Que mãos caridosas e amigas me amparem daqui, em nome de Deus, porque isoladamente ninguém consegue vencer... E para que braços amorosos se me estendam, mais tarde, é imperioso movimente agora os meus no voluntário exercício da solidariedade.

O ensinamento era precioso, não apenas para os dois perseguidores que o registravam, perplexos, mas também para nós que reconhecíamos, mais uma vez, a Infinita Bondade do Supremo Senhor, que, ainda mesmo nos mais tenebrosos ângulos da sombra, nos permite trabalhar pelo incessante engrandecimento do bem, como abençoado preço de nossa felicidade.

Enquanto volitávamos de retorno, Hilário,  antecipando-me na curiosidade, inclinou a conversação para o caso de Laudemira.

Silas sorriu complacente para a argüição cerrada e explicou:

- Inegavelmente, creio que o processo redentor de nossa amiga serve por tema palpitante nos estudos de causa e efeito que vocês vão acumulando.

A título de nossa edificação espiritual, posso adiantar-lhes que as penas de Laudemira, na atualidade, resultam de pesados débitos por ela contraídos, há pouco mais de cinco séculos.  Dama de elevada situação hierárquica na Corte de Joana II, Rainha de Nápoles, de 1414 a 1435, possuía dois irmãos consangüíneos que lhe apoiavam todos os planos loucos de vaidade e domínio. Casou-se, mas sentindo na presença do marido um entrave ao desdobramento das leviandades que lhe marcavam o caráter, acabou constrangendo-o a enfrentar o punhal dos favoritos, arrastando-o para a morte. Viúva e dona de bens consideráveis, cresceu em prestigio, por haver favorecido o casamento da rainha, então viúva de Guilherme, Duque da Austria, com Jaime de Bourbon, Conde de Ia Marche.  

Desde aí, mais intimamente associada às aventuras de sua soberana, confiou-se a prazeres e dissipações, nos quais perturbou a conduta de muitos homens de bem e arruinou as construções domésticas, elevadas e dignas, de várias mulheres do seu tempo. Menosprezou sagradas oportunidades de educação e beneficência que lhe foram concedidas pela Bondade Celeste, aproveitando-se da nobreza precária para desvairar-se na irreflexão e no crime. Foi assim que, ao desencarnar, no fastígio da opulência material, nos meados do século XV, desceu a medonhas profundezas infernais, onde padeceu o assédio de ferozes inimigos que lhe não perdoaram os delitos e deserções. Sofreu por mais de cem anos consecutivos nas trevas densas, conservando a mente parada nas ilusões que lhe eram próprias, voltando à carne por quatro vezes sucessivas, por intercessão de amigos do Plano Superior, em cruciantes problemas expiatórios, no decurso dos quais, na condição de mulher, embora abraçando novos compromissos, experimentou pavorosos vexames e humilhações da parte de homens sem escrúpulos que lhe asfixiavam todos os sonhos...

Quando a queda no abismo é de longo curso, ninguém emerge de um salto. Ela naturalmente entrava pela porta do túmulo e saía pela porta do berço, transportando consigo desajustes interiores que não podia sanar de momento para outro.

Nossa irmã, com o amparo de abnegados companheiros, voltou ao pagamento parcelado das suas dívidas, reaproximando-se de credores reencarnados, não obstante mentalmente jungida aos planos inferiores, desfrutando a bênção do olvido temporário, com o que lhe foi possível angariar preciosa renovação de forças.

Padeceu tremendos golpes no orgulho que trazia cristalizado no coração...  Contudo, a par disso, contraiu novas dívidas, de vez que, em certas ocasiões, não conseguiu superar a aversão instintiva, diante dos adversários aos quais passou a dever trabalho e obediência, chegando ao infortúnio de afogar uma criancinha que mal ensaiava os primeiros passos, de modo a ferir a senhora da casa em que servia de ama, tentando vingar-se de crueldades recebidas. Depois de cada desencarnação, regressava habitualmente às zonas purgatoriais de que procedia, com alguma vantagem no acerto das suas contas, mas não com valores acumulados, imprescindíveis à definitiva libertação das sombras, porque todos somos tardios na decisão de pagar nossos débitos, até o integral sacrifício... 

- Contudo, sempre que regressava à esfera espiritual, decerto contava com o auxílio dos benfeitores que procuram refrear-lhe os desatinos.

Vocês não ignoram que o Criador atende à criatura por intermédio das próprias criaturas. Tudo pertence a Deus.

- Ainda mesmo o inferno? - acrescentou Leonel, preocupado.

O Assistente sorriu e aclarou:

- O inferno, a rigor, é obra nossa, genuinamente nossa, mas imaginemo-lo, assim, à maneira de uma construção indigna e calamitosa, no terreno da vida, que é Criação de Deus. Tendo abusado de nossa razão e conhecimento para gerar semelhante monstro, no Espaço Divino, compete-nos a obrigação de destruí-lo para edificar o Paraíso no lugar que ele ocupa indebitamente.  Para isso, o Infinito Amor do Pai Celeste nos auxilia de múltiplos modos, a fim de que possamos atender à Perfeita Justiça. 

- Não obstante os seus valiosos conceitos já expendidos, quanto à memória nas regiões inferiores, será interessante saber se Laudemira, antes da atual reencarnação, chegava a lembrar-se com nitidez dos estágios por que passou nas difíceis provações a que se refere...

Nosso amigo esclareceu com a maior tolerância:

- Estou na Mansão há oito lustros, e acompanhei-lhe a internação em nossa casa, faz precisamente trinta anos. Havia encerrado a existência última, no plano carnal, no início deste século, e atravessara longos padecimentos, nas esferas de baixo nível. 

Ingressou em nosso instituto acusando terrível demência e, submetida à hipnose, revelou os fatos que venho de narrar, fatos esses que constam naturalmente da ficha que lhe define a personalidade, no arquivo das observações que nos orientam. 

Deve agora receber cinco de seus antigos cúmplices na queda moral, para reerguer-lhes os sentimentos, na direção da luz, em abençoado e longo sacerdócio materno. Do seu êxito no presente, dependerão as facilidades que espera recolher do futuro, para a liberação definitiva das sombras que ainda lhe ofuscam o Espírito, pois, se conseguir formar cinco almas na escola do bem, terá conquistado enorme prêmio, diante da Lei amorosa e justa.

O problema de Laudemira, debatido em nosso regresso, valia por preciosa contribuição no tema "causa e efeito" que nos decidíramos estudar.

E, reparando em que a nossa curiosidade se quedara, satisfeita, Silas voltou-se com mais carinho para Leonel e Clarindo, sondando-lhes os ideais. Os dois irmãos, sabiamente tocados pela palavra do amigo que lhes ganhara a confiança, sentiam-se agora mais à vontade. A confissão do Assistente e o exemplo de humildade que nos fornecera, espontâneo, penetrara-lhes, fundo.

Enquanto Clarindo lhe acompanhava a explosão de dor e remorso, com sinais de aprovação, e Silas o acolhia, generoso, de encontro ao peito, pressentimos que Leonel se reportava à morte de Alzira, debaixo da obsessão que, sem dúvida, ele e o irmão haviam comandado.

E o chefe da nossa expedição dizia aguardar para a noite imediata o entendimento entre Alzira e aqueles que lhe seriam filhos no porvir, depois do qual seriam ambos internados na Mansão, com o pleno assentimento deles mesmos, tendo em vista a preparação do futuro...  Na casa dirigida por Druso, trabalhariam e reeducar-se-iam, encontrando novos interesses mentais e novos estímulos para a necessária recuperação...

Assim que o nosso amigo entrou em silêncio, Hilário indagou, preocupado:

- Quanto tempo gastarão Clarindo e Leonel, aplainando os caminhos para a volta ao corpo físico?

- Provavelmente um quarto de século...

- Por que tanto?

- Precisarão reconstituir as idéias, no campo do bem, plasmando-as de modo indelével na mente, a fim de que se consagrem à efetivação dos novos planos. Refugiar-se-ão no serviço ativo, ajudando aos outros e criando, assim, preciosas sementeiras de simpatia, que lhes facilitarão as lutas na Terra, amanhã... No trabalho e no estudo, tanto quanto nos empreendimentos da pura fraternidade, amealharão incorruptíveis valores morais, e a reeducação, dessa forma, aperfeiçoar-lhes-á as tendências, predispondo-os à vitória de que necessitam nas provações remissoras.

- E Antônio Olímpio? - insistiu Hilário - pelo que deduzo, permanecerá muito menos tempo na Mansão...

- Sim - aprovou o Assistente -, Antônio Olímpio, depois de breve reconciliação com os manos, renascerá, sem dúvida, dentro de dois a três anos.

- Por que tão grande diferença?

- Não podemos esquecer - explicou Silas, sereno - que foi ele quem começou a criminosa trama sob nosso estudo. Por isso, do grupo de reencarnantes, será o companheiro menos favorecido na Lei, durante a viagem prevista à esfera humana, pelas agravantes que lhe marcam o problema individual. Com o espírito ainda sombreado de angústia e arrependimento, ressurgirá no berço da família que ele prejudicou, pela prática da usura, movimentando-se num horizonte mental muito restrito, de vez que, instintivamente, a sua maior preocupação será devolver aos irmãos espoliados a existência física, o dinheiro e as terras que deles furtou... Em razão disso, apenas disporá de facilidades íntimas para a cultura e o aprimoramento de si mesmo, na idade madura do corpo, quando houver encaminhado os filhos para o triunfo que a eles compete alcançar.

- Entretanto - ponderou meu colega -, Clarindo e Leonel também mataram...

- E decerto pagarão por isso; contudo, não podemos negar-lhes atenuantes no lamentável delito...

Antônio Olímpio planejou o crime, friamente, para acomodar-se nas vantagens materiais que lhe adviriam da crueldade e da violência, e os irmãos infelizes agiram no pesadelo do ódio, traumatizados de pavorosa dor...  Inegavelmente, Clarindo e Leonel padecem angústia e remorso, devendo sofrer doloroso resgate, em momento oportuno, mas, ainda assim, são credores do irmão que lhes retardou os passos evolutivos...

- E Alzira nessa história?

- Alzira já conseguiu entesourar bastante amor para entender, perdoar e auxiliar... Por esse motivo, dispõe, diante da Lei, do poder de ajudar, tanto ao esposo como aos cunhados, até agora infelizes, tanto ao filho Luís, ainda na carne, como a todos os descendentes de sua organização familiar, porque, quanto mais amor puro no Espírito, mais amplos recursos da alma perante Deus...

Hilário, contudo, pedindo desculpas pela insistência, levantou ainda nova questão.

Por que sofrera Alzira aflitiva desencarnação no lago?

Silas, no entanto, considerou:

- Alzira, diante de nós outros, já é alguém que possui larga faixa de céu no coração... Os assuntos que lhe dizem respeito devem ser analisados no CéU

E, em chegando a hora abençoada de nossos estudos, o Assistente entendeu-se com a irmã Alzira, em longa conversação particular, solicitando-lhe nos reencontrasse, a determinada hora, no lago em que ocorrera a desencarnação dela. Em seguida, recomendou a duas cooperadoras da casa lhe acompanhassem a viagem, instruindo-as para que nossa amiga somente viesse até nós quando chamada por nosso grupo em serviço. 

A noite ia alta...

Tomando a iniciativa, o irmão de Clarindo passou, então, a relatar-nos quanto já sabíamos, detendo-se em copioso pranto, ao referir-se à morte da cunhada, sobre quem atirara as farpas da sua ira...

Extremamente surpreendidos, Hilário e eu anotávamos a paciente atenção de Silas em lhe ouvindo a

confissão, qual se o assunto lhe fora absoluta novidade.

Depois de mais de uma hora, em que nosso companheiro sofredor se mantivera com a palavra, o Assistente, em particular, chamou-nos a mais nobre compreensão, declarando a Hilário e a mim que o nosso amigo tinha necessidade de expungir do coração ferido as suas dores, e que, de nossa parte, embora lhe conhecêssemos o drama intimo, não nos cabia cercear-lhe a confissão e sim recolhê-la fraternalmente, partilhando-lhe a carga de aflição, para que se lhe aliviassem as chagas do pensamento.

Mas... e se Alzira lhes trouxesse em pessoa o abraço de entendimento e de auxílio?

E como sorrissem de esperança, no turbilhão das próprias lágrimas, o Assistente afastou-se por alguns minutos e voltou, trazendo em sua companhia a generosa irmã que, envergando cintilante roupagem, lhes estendeu as mãos, a ofertar-lhes o colo maternal, resplendente de amor.

Leonel e Clarindo, qual se fossem feridos de morte, caíram genuflexos, esmagados de medo e júbilo...

E porque Leonel tentasse debalde pedir-lhe perdão, ensaiando monossílabos cortados pelos soluços, a genitora de Luís suplicou, humilde: - Sou eu quem deve ajoelhar-se, implorando-lhes caridoso indulto!... O crime de meu esposo é também meu crime... Vocês foram espoliados dos mais belos sonhos, quando a mocidade terrestre começava a sorrir-lhes. Nossa desregrada ambição, contudo, furtou-lhes os recursos e as possibilidades, inclusive a existência... Perdoem-nos!...

Alzira, porém, não conseguiu continuar. Copioso pranto orvalhava-lhe a face, mas algo como que se lhe represava na garganta, abafando-lhe a voz.

 Atendendo a mudo sinal do orientador de nossa excursão, auxiliamo-la como se fazia preciso, e, depois de algum tempo, transportando conosco os dois novos amigos, dávamos entrada no grande instituto.

Após interná-los em departamento adequado, falou Silas, contente:

- Graças a Deus, nossa tarefa está cumprida. Agora, esperemos se habilitem todos, ante a nova batalha que ferirão na Terra, para o serviço salvador em que se misturam afeto e aversão, alegria e dor, luta e dificuldade, em busca da redenção.

Em meu entendimento, perguntas diversas nasciam, imperiosas, mas compreendi que a lei de causa e efeito agiria, infatigável, para as personagens de nossa história, e meditei nas minhas próprias dívidas... Foi então que, ao invés de indagar, beijei, respeitoso, as mãos do Assistente, na condição do aprendiz reconhecido ao instrutor generoso, e recolhi-me à prece em silêncio, agradecendo a Jesus a valiosa lição.

Questões para estudo

1.Qual o objetivo de Silas na dedicação ao trabalho a que se dispunha na espiritualidade?

2.Qual a relação deste trabalho com a Lei da Ação e Reação?

3.Como poderíamos caracterizar o passe ministrado a Laudemira por Silas?

4.Qual processo de resgate a que Laudemira estava sendo submetida?

5.Por que ela sempre retornava para a zona de sombra da qual havia saído? 

6.O que o instrutor quis dizer com: "Vocês não ignoram que o Criador atende à criatura por intermédio das próprias criaturas"? 

7.Como Silas definiu o Inferno para o qual voltava Laudemira?

 8 Por que as diferenças nos tempos de preparo para a reencarnação de Clarindo, Leonel e Antônio Olímpio. Qual o papel que Alzira desempenhará neste resgate?

 Conclusão:

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO     

1.  Qual o objetivo de Silas na dedicação ao trabalho a que se dispunha na espiritualidade?
    
R - O trabalho de socorro a enfermos ao qual o assistente Silas se dedicava no mundo espiritual visava credenciá-lo à reconquista da oportunidade de servir como médico na futura reencarnação. Conforme vimos no capítulo anterior, Silas abdicou dos deveres que abraçara em sua última passagem pela Terra, na carreira médica, que nunca exerceu efetivamente. Para se fazer merecedor de nova chance, dedicava-se a ajudar espontaneamente os sofredores das esferas inferiores, recuperando-se da queda moral que experimentara e amealhando valores morais que aumentarão a simpatia da Bênção Divina em favor da nova empreitada. Através da sua dedicação estava criando condições de ser ajudado futuramente, através da sustentação dos amigos desencarnados que o amparariam do Plano Espiritual.                                                                                                                                                                                                         2.  Qual a relação deste trabalho com a Lei da Ação e Reação?

R - Sabemos que a remição do espírito somente se completa com a reparação do mal. Não basta o arrependimento, que é importante, mas que é apenas o primeiro passo para a retificação, nem a expiação, que é o passo seguinte. É indispensável que se repare o mal ocasionado a terceiros. Silas iniciara, já no plano espiritual, a preparação para que, ao retornar à carne, encontre um ambiente favorável às provações retificadores por que passará.  Além disso, através do trabalho e do estudo, estava aperfeiçoando seus talentos para o exercício futuro da medicina, que irão aflorar, na nova existência física, sob a forma de tendências inatas.       

3.  Como poderíamos caracterizar o passe ministrado a Laudemira por Silas? 

R - Com relação ao tipos de passe utilizados pelos Espíritos, temos que admitir que, como encarnados, a nossa capacidade de compreensão ainda é bastante limitada. O que nos é dado saber é que a técnica do passe pode ser dividida em duas maneiras: 

 a) pela simples imposição das mãos e b) pela movimentação das mãos. Porém, 
quanto à natureza dos recursos utilizados pelo plano espiritual na aplicação do passe, nada sabemos. As obras de André Luiz nos trazem inúmeros exemplos, mencionando "passe longitudinal", "passe de longo curso", "passe rotatório", etc., sempre se referindo a passes aplicados diretamente pelos espíritos. Os espíritos encarregados desse trabalho observam pelo ângulo do plano espiritual, vendo o funcionamento dos órgãos enfermos, o que para nós, encarnados, é impossível. No caso em questão, o que podemos saber é o que consta da narrativa de André Luiz, dando notícia de que o passe foi aplicado através de "operações magnéticas excitantes sobre o colo uterino. Substância leitosa, qual neblina leve, irradiava-se-lhe das mãos, espalhando-se sobre todos os escaninhos do aparelho genital.                                                                                 

3.a. Qual processo de resgate a que Laudemira estava sendo submetida?    

R - Em passagem remota pela Terra, Laudemira manteve um comportamento leviano, inteiramente voltado ao gozo das riquezas materiais. Provocou a morte do marido, que lhe opunha entrave aos seus desvarios. Freqüentando o ambiente da nobreza cujo acesso lhe fora permitido, ligou-se a aventuras amorosas que provocaram a destruição de famílias elevadas e dignas. Reencarnara  para resgatar o mal que ocasionara a tantos, com a tarefa de receber, como filhos, cinco de seus antigos cúmplices, a fim de reerguer-lhes os sentimentos através da abençoada missão de mãe, transformando-os em homens de bem. Se obtiver êxito em seu desempenho, estará se libertando das nódoas do passado que impedem que brilhem a sua luz.

 4.  Por que ela sempre retornava para a zona de sombra da qual havia saído?

R - A reencarnação e a desencarnação são fenômenos puramente biológicos, que em nada modificam as qualidades morais do espírito. O espírito continua o mesmo, tanto numa, como noutra circunstância, com suas conquistas e suas imperfeições, acumuladas ao longo da caminhada evolutiva. Assim é que Laudemira mantinha seu psiquismo atrelado a valores morais inferiores, que predominam nos espíritos que vibram nas regiões de sombra, com os quais tinha afinidade. Como disse o assistente Silas, "entrava pela porta do túmulo e saía pela porta do berço, transportando consigo desajustes interiores que não podia sanar de momento para outro". Sua queda moral fora tão grande que era impossível uma transformação repentina. A misericórdia divina, sempre presente, permitia que resgatasse os débitos contraídos aos poucos, nas sucessivas reencarnações, em que se via diante de antigos adversários. No entanto, como não conseguia superar a aversão instintiva que se manifestava na presença desses desafetos do passado, aos quais, para fins de retificação, passou a dever trabalho e obediência, contraíra novas dívidas, o que fazia com que continuasse ligada a espíritos inferiores. 

5.  O que o instrutor quis dizer com: "Vocês não ignoram que o Criador atende à criatura por intermédio das próprias criaturas"?

 R - Silas quis demonstrar que a misericórdia divina se manifesta por intermédio de suas próprias criaturas. São os benfeitores do plano espiritual, que nunca faltam, mesmo àqueles que, como Laudemira, ainda se encontram entregues a sentimentos inferiores. Mesmo freqüentando uma faixa vibratória de baixa evolução, Laudemira não deixava de contar com o auxílio dos amigos espirituais, que procuravam a influenciar visando pôr um freio em seus desatinos.

6.  Como Silas definiu o Inferno para o qual voltava Laudemira?

R - Assim como o céu, o inferno é também um estado de consciência. Em sentido figurado, para melhor ser compreendido, Silas o definiu como "uma construção indigna e calamitosa, no terreno da vida, que é Criação de Deus" e que, tendo sido por nós mesmos edificada pelo mau uso da nossa razão e do nosso conhecimento, a nós cabe "a obrigação de destruí-lo para edificar o Paraíso no lugar que ele ocupa indebitamente". Quis o Assistente demonstrar que, do mesmo modo que criamos um inferno em nossa consciência, dele somente nos livraremos quando o substituirmos pelo céu dos deveres da Lei de Deus cumpridos, o que somente conseguiremos com a nossa transformação moral.

7.  Por que as diferenças nos tempos de preparo para a reencarnação de Clarindo, Leonel e Antônio Olímpio?

Qual o papel que Alzira desempenhará neste resgate?

R - O tempo de preparo para uma reencarnação é o necessário para que o espírito reformule seus pensamentos e seus sentimentos, situando-os no campo do bem. Para que consiga satisfazer os objetivos da nova reencarnação, o espírito precisa afeiçoar sua mente às novas idéias, retornando com o psiquismo modificado, de modo a favorecer as novas tarefas. Dos três, Antonio Olímpio era o mais comprometido com a Lei. Fora a causa da queda de Leonel e Clarindo. Conseqüentemente, seria o menos favorecido no processo retificador, dele sendo exigida uma maior quota de sacrifícios. Assim, ressurgiria na vida física com a mente ainda trazendo as marcas da angústia e do arrependimento e com a tarefa de receber as vítimas de outrora como filho, para auxiliá-los em seus reajustes.



Alzira, que já alcançara uma maior evolução, tendo aprendido a praticar o verdadeiro amor e o perdão, retornaria para propiciar a Leonel e a Clarindo o ventre materno indispensável às suas voltas e servir como companheira de Antônio Olímpio. Conquistara perante a Lei o poder de ajudar a todos, contribuindo para a formação da organização familiar que serviria como o vaso purificador dos três. 

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