Powered By Blogger

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

ESTUDANDO O CRISTIANISMO 16 FINAL

18  A ORIGEM DOS CONHECIMENTOS DE JESUS

Se concordamos que Jesus tenha passado sua adolescência junto dos pais em Nazaré e se Nazaré era um pequeno povoado de pessoas humildes, conforme relatado no artigo de Rodrigo Cavalcante, e se não foi encontrado pelos arqueólogos nenhuma fortificação e nem fundações de templos, como em Jerusalém, julgamos pertinente concluirmos que naquele pequeno lugarejo não podia existir nenhum mestre no ensino da lei, conquanto, Jesus não podia ter aprendido tudo quanto disse aos doutores, no templo de Jerusalém, quando de sua apresentação, pois até aqueles a quem o povo julgava conhecedores se espantaram com tamanha sabedoria. Como, então, explicar isso? Alguns justificam estes conhecimentos, alegando que Jesus tenha vivido entre os Essênios durante este período, motivo pelo qual não há registro sobre esta etapa de sua vida.

Para nós, Espíritas, este argumento não tem sustentação por alguns motivos que tentaremos explicar em seguida: primeiro - não podemos concordar que Jesus, que sempre procurou igualar os homens, exemplificado seus ensinamentos de humildade, amor e caridade pudesse participar de uma Doutrina de exclusão, isto é, somente para iniciados, uma vez que sempre pregou e ensinou em praça pública, onde todos, sem exceção, podiam ouvi-lo e aprender com ele, que nunca negou esclarecimentos a quem quer que se interessasse, de coração, pela sua Doutrina de amar o próximo com a si mesmo. Antes, porém, que alguém diga que Jesus também utilizou este método de exclusão, ou de iniciação, quando escolheu um pequeno grupo, os apóstolos, para com eles dividir conhecimentos, privilegiando informações que a outros não eram dado conhecer, sinceramente não enxergamos dessa maneira.

Se Jesus tivesse agido assim teria contrariado todos os seus ensinamentos de comunhão com o próximo, além do mais Ele, Jesus, nunca pediu que seus discípulos não divulgassem o que haviam aprendido com Ele em reuniões particulares, como acontecia com os Essênios, segundo Flávio Josefo, (...) nada ocultarão aos seus confrades dos mistérios mais secretos de sua religião e nada revelarão aos outros, quando mesmo fossem ameaçados de morte, para obrigá-los a isso. Muito pelo contrário, sempre os concitou a pregar e a exercitar tudo que com Ele haviam aprendido, tanto era assim que ficaram os evangelhos, enquanto que das outras doutrinas iniciáticas nada ficou de concreto, a não ser, especulações.

Outro ponto que podemos citar é que todas as doutrinas de iniciação exigem vários rituais, regras rígidas de comportamento, voto de silêncio, cerimônias em locais não acedidos a não membros da comunidade, hierarquia estabelecida, enquanto o Cristianismo só pede um comportamento definido na máxima de Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Jesus nunca proibiu alguém de participar de seus ensinamentos e por várias vezes repreendeu seus apóstolos sobre este assunto.

Ainda outro ponto que gostaríamos de abordar é com relação ao processo de iniciação, também relatado por Flávio Josefo, (...) na seita dos Essênios, os candidatos procuravam alguém iniciado e a partir desse contato havia a apresentação dos neófitos que não eram recebidos ... imediatamente em sua comunidade, mas fazem-nos esperar por um ano onde eles têm cada qual uma ração, um cântaro de água, uma veste e um hábito branco (...) não os deixam comer no refeitório até que tenham, durante dois anos, experimentado os seus costumes.

O que nos consta, porém, é que com Jesus este ingresso tenha sido feito de modo contrário, pois excetuando Judas Iscariotes, todos os outros apóstolos foram escolhidos e chamados diretamente por Ele, mesmo quando João Batista pede a Thiago e André para seguir Jesus. Não conhecemos nenhuma obra, aceita ou apócrifa que conste que havia rituais de iniciação para seguir Jesus e que havia promessas. Jesus procurou todos os seus apóstolos no meio simples e humilde, pessoas de pouca instrução, mas com o coração e mente abertos para assimilar os conhecimentos complexos do retorno à Casa Paterna.

Por isso, não podemos concordar quando querem justificar a permanência de Jesus junto aos Essênios, simplesmente por falta de informação de sua vida até os 30 anos, ou por achar semelhança da sua Doutrina e a professada pelos Essênios, principalmente no que diz respeito à escolha de um pequeno grupo para receberem informações privilegiadas.

Acreditamos que a escolha dos 11 apóstolos por Jesus, foi a urgência que ele tinha em deixar seu Evangelho para o mundo e a razão nos diz impossível fazermos de todos os membros de uma nação senhores com os mesmos níveis de informações, vivências e poder de assimilação e divulgação de algo novo. Portanto, julgamos mais do que natural que Jesus tenha escolhido estes 11 apóstolos para continuar o seu trabalho e com eles travasse preleções e explicações minuciosa, visando sempre à boa divulgação de sua doutrina.

O que mais nos causa estranheza é que, se Jesus tivesse efetivamente participado da seita Essênica, como alguns teimam em dizer, certamente ele teria concordado que aqueles que cometessem falta grave aos preceitos da iniciação, seriam afastados do seita, e a maior parte deles morreria miseravelmente, porque, não lhe sendo permitido comer com estrangeiros, seriam obrigados a comer ervas como os animais e chegariam, fatalmente, a morrer de fome. E outro ponto ainda mais grave, e que Jesus estaria de pleno acordo, que quando algum iniciado falasse com desprezo de algum legislador seria castigado com a pena de morte, pois era considerado grande dever obedecer aos antepassados e aos que por eles ordenam. Imaginemos se Jesus condenasse a pena de morte a todos quantos contrariassem a sua máxima de amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Além de contrariar o seu próprio ensinamento, como certeza poucos ou nenhum escapariam do sacrifício.

Ao concluirmos que os ensinamentos de Jesus não tenham advindo, nem da formação judaica, pois se assim tivesse sido, não faria o menor sentido a afirmativa do Apóstolo João, registrada no capítulo 7, versículos 15 e 16 do seu Evangelho: Os judeus exclamavam admirados: como é que ele sabe de letras sem ter estudado? Jesus respondeu: Minha doutrina não vem de mim, mas de quem me enviou E nem Essênica, por motivos contraditórios aos ensinamentos do Cristo, conforme tratando anteriormente e as explanações de Emmanuel, registradas no livro A caminho da luz, capítulo XII  O Cristo e os Essênios  psicografia de Francisco Cândido Xavier

Muitos séculos depois da sua exemplificação incompreendida, há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e redenção. As próprias esferas mais próximas da terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias da humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas.

O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio.

E Allan Kardec - O Evangelho segundo o Espiritismo  Introdução  III  notícias Históricas:

Pelo gênero de vida que os Essênios levavam, assemelhavam-se muito aos primeiros cristãos, e os princípios da moral que professavam induziram muitas pessoas a supor que Jesus, antes de dar começo à sua missão, lhes pertencera à comunidade. É certo que Ele há de tê-la conhecido, mas nada prova que se lhe houvesse filiado, sendo, pois, hipotético tudo quanto a esse respeito se escreveu.

Todos esses apontamentos levam-nos a seguinte pergunta: de onde veio, então, todo conhecimento de Jesus?

A Doutrina Espírita nos esclarece sobre a imortalidade da alma, a evolução do espírito e o esquecimento do passado. Ensina-nos a Doutrina que o Espírito não retrograda, o que vale dizer que todos os conhecimentos adquiridos em várias reencarnações estão arquivados em nossa memória e que são esquecidos, temporariamente, durante nossas reencarnações, porque (...) freqüentemente o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. ( KARDEC, L.E.) Se lembrássemos que essas pessoas poderiam ter sido nossos desafetos do pretérito, possivelmente teríamos dificuldades na convivência, podendo, muitas vezes, complicarmos novamente. Por isso foi-nos dado, por misericórdia, esquecermos, temporariamente, do passado, para que pudéssemos caminhar e evoluir; objetivo precípuo da reencarnação.

Às vezes, por necessidade nossa, nos é permitido, durante o sono físico, ter acesso à parte desses conhecimentos, conhecimentos que são recobrados, após nosso desencarne, com maior ou menor rapidez, dependendo da evolução de cada Espírito.

Portanto, se a nós, Espíritos imperfeitos, reencarnados na terra, com a finalidade de reparação de débitos, são nos facultadas determinadas lembranças, imaginemos Jesus, o Espírito mais puro, já encarnado em nosso orbe e como a Questão 113  Livro dos Espíritos nos esclarece que Espíritos puros são aqueles que (...) percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não tendo que sofrer provas, nem expiações. 

Não estando mais sujeito à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus. Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. E como a resposta da pergunta 244 nos esclarece que só os espíritos superiores (puros) vêem e compreendem a Deus e por isso (...) são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhe designam as suas missões. Assistir aos homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gravíssima. Sendo assim, como é possível que Jesus tenha algo para aprender com os homens da terra, espíritos inferiores reencarnados com o objetivo de provar e expiar? Como ser aprendiz e mestre ao mesmo tempo? Isso soa aos nossos ouvidos como algo inaceitável e porque não dizer absurdo aos olhos da razão. Pois se foi sob sua orientação misericordiosa que Ele nos recebeu, seres sofredores e infelizes à luz do seu reino de amor e justiça, oportunizando-nos condições propícias para nosso crescimento intelectual e moral. E como esquecer quando Emmanuel diz que o Filho de Deus em todas as circunstâncias seria o Verbo de Luz e de Amor do Princípio, cuja genealogia se confunde na poeira dos sóis que rolam no infinito.

No encontro com o Senador romano Públio Lentulus, narrado no livro Há dois mil anos, ditado pelo Espírito Emannuel a Francisco Cândido Xavier, páginas 84 e 85, 27ª edição, temos mostra desse conhecimento:

... Dando curso às idéias que lhe fluíam da mente incendiada e abatida, Públio Lentulus considerou dificílima a hipótese do seu encontro com o mestre de Nazaré.

- Como se entenderiam?

Não lhe interessara o conhecimento minucioso dos dialetos do povo e, certamente, Jesus lhe falaria no aramaico comumente usado na bacia do Tiberíades. (...) Foi quando, então, num gesto de doce e soberana bondade, o meigo Nazareno caminhou para ele, qual visão concretizada de um dos deuses de suas antigas crenças, e, pousando carinhosamente a destra em sua fronte, exclamou em linguagem encantadora, que Públio entendeu perfeitamente, como se ouvisse o idioma patrício, dando-lhe a inesquecível impressão de que a palavra era de espírito para espírito, de coração para coração....

Em resumo, podemos afirmar que Jesus, quando encarnado na terra - usamos a palavra encarnado e não reencarnado para justificar que Jesus em nenhuma ocasião habitou, em corpo físico, nosso orbe, não passou pelo esquecimento do passado, portanto todos os conhecimentos adquiridos em sua trajetória evolutiva estavam presentes em sua mente e deles fez uso para esclarecer-nos sobre o Reino de Deus. Podemos comprovar a presença desses conhecimentos em várias passagens do Seu Evangelho e não vimos nisso nada de espetacular, em se tratando de um espírito da envergadura de Jesus. Estas comprovações encontramos quando da conversa com os doutores da Lei no templo de Jerusalém, quando tinha apenas 12 anos( Lc. 2: 41 a 52), na explicitação de João sobre o verbo divino(Jo 1.1-16), a comparação feita à Abrão (Jo 8.56 a 59), e a confirmação dos apóstolos sobre sua natureza divina (Jo 16.30).

Nenhum comentário:

Postar um comentário