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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

(Espiritismo) - Nl08 12 Alma E Desencarnação

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz

Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)
Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

Primeira parte - Capítulo XII - Alma e desencarnação (parte 1)
Comentários: Eurípides Kühl

XII - Alma e desencarnação (parte 1)

METAMORFOSE E DESENCARNAÇÃO
Graduando os acontecimentos da desencarnação, é importante recorrer ainda ao mundo dos insetos para lembrar que, se existem aqueles de metamorfose total, existem os de metamorfose incompleta, os hemimetábolos, cuja larva sai do ovo e se converte imediatamente num indivíduo, sem passar pela fase pupal, à feição dos malófagos, desprovidos de asas, embora possuam aparelho bucal triturador.
Apresentando características singulares, no capítulo da transfiguração, em todas as ordens nas quais se subdividem, os insetos, de algum modo, exprimem, no desenvolvimento da metamorfose que lhes marca a existência, a escala de fenômenos que vige para a desencarnação dos seres de natureza superior.
Em relação ao homem, os mamíferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamento contínuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.
Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiritual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência.
Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de manobrar os órgãos do aparelho psicossomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente.
Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se filiam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão à nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução.

Comentários
O Autor Espiritual compara a mudança de forma dos insetos durante a vida com a desencarnação dos seres de natureza superior (o homem, por exemplo).
Os mamíferos mais próximos do homem, ao desencarnarem, agregam-se aos companheiros encarnados. Sem substância mental consciente  pensamento contínuo, esses animais, ao desencarnarem, repete-se, não têm condições de manter a forma perispiritual, cuja renovação, assim, não ocorre.
Nessa fase ficam em dilatada vida latente e logo reencarnam, sendo que em algumas raras espécies isso não acontece, de pronto.
Por vezes, alguns animais são aproveitados pelos Espíritos socorristas, para atividades assistenciais. Os que não fazem parte desse processo caem em forte letargia, como numa hibernação espiritual. Mas logo são atraídos para nova reencarnação, na espécie a que ora estão ajustados, trazendo os automatismos já incorporados anteriormente e com programa evolutivo consentâneo com o aprendizado acumulado de experiências repetidamente vivenciadas em tantas e tantas existências físicas.

ALÉM DA HISTOGÊNESE
Através desse movimento incessante da palingenesia universal, o princípio inteligente incorpora a experiência que lhe é necessária, estagiando no plano físico e no plano extrafísico, recolhendo, como é justo, a orientação e o influxo das Inteligências Superiores em sua marcha laboriosa para mais elevadas aquisições.
Pouco acima dessas mesmas bases, vamos encontrar o homem infraprimitivo, na rusticidade da furna em que se esconde, surpreendido no fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à frente de paisagem maravilhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa estabilidade para a metamorfose completa.
Pela persistência e consistência das idéias, adquiriu o poder de integrar-se mentalmente, para além da histogênese, em seu corpo espiritual, arrebatando-o, com a alavanca da própria vontade que a indagação e o trabalho enriqueceram, para novo estado individual.
Acariciada pelo bafejo edificante dos Condutores Divinos que lhe acalentam a marcha, a criatura humana dorme o sono da morte, mumificando-se na cadaverização, como acontece à pupa.
E segregando substâncias mentais, à base de impulsos renovadores, tanto quanto certas crisálidas que segregam um líquido especial que lhes facilita a saída do próprio casulo, a alma que desencarna, findo o processo histolítico das células que lhe construíam o carro biológico, e fortificado o campo mental em que se lhe enovelaram os novos anseios e as novas disposições, logra desvencilhar-se, mecanicamente, dos órgãos físicos, agora imprestáveis, realizando, por avançado automatismo, o trabalho histogenético pelo qual desliga as células sutis do seu veículo espiritual dos remanescentes celulares do veículo físico, arrojado à queda irreversível, agindo agora com a eficiência e a segurança que as longas e reiteradas recapitulações lhe conferiram.            

Comentários
Muitas e muitas vezes o Princípio Inteligente (P.I.) reencarna, acumulando experiências, sempre ajudado por Inteligências Superiores. Ascendendo á condição infra-humana, esse P.I., rústico por excelência, desnorteia-se quando a morte o surpreende... Mas, como já adquiriu a capacidade de pensar e repensar integram-se-lhe ao perispírito substâncias mentais, capacitantes à metamorfose perispiritual. Aí, sob arrimo de Amparadores Siderais, que o acompanham pari passu, essa criatura humana dorme o bendito sono da morte, ao tempo que segrega substâncias mentais renovadoras.
Graças aos avançados automatismos que conquistou e que lhe são patrimônio inalienável, esse homem primitivo já reúne        condições para desligar-se por completo da influência exercida em vida pelas células do seu organismo físico.

O SELVAGEM DESENCARNADO
Entretanto, o homem selvagem, que se reconhece dominador na hierarquia animal, cruel habitante da floresta, que apura a inteligência, através da força e da astúcia, na escravização dos seres inferiores que se lhe avizinham da caverna, desperta, fora do corpo denso, qual menino aterrado, que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o desconhecido, permanece, tímido, ao pé dos seus, em cuja companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose ansioso por retomar a vida física que lhe surge à imaginação como sendo a única abordável à própria mente.
Não dispõe, nessa fase, de suprimento espiritual que o ajude a pensar em termos diferentes da vida tribal em que se apóia.
O espetáculo da vastidão cósmica perturba-lhe o olhar e a visita de seres extraterrestres, mesmo benevolentes e sábios, infunde--lhe pavor, crendo-se à frente de deuses bons ou maus, cuja natureza ele próprio se incumbe de fantasiar, na exigüidade das próprias concepções.
Acuado na choça, onde a morte lhe furtou o veículo físico, respira a atmosfera morna em que se acasalam os seus herdeiros do sangue, para somente ausentar-se do reduto doméstico quando a família se afasta, instada por duras necessidades de subsistência e de asilo.
E o homem primitivo que desencarnou, suspirando pelo devotamento dos pais e, notadamente, pelo carinho do colo materno, expulso do vaso fisiológico, não tem outro pensamento senão voltar - voltar ao convívio revitalizante daqueles que lhe usam a linguagem e lhe comungam os interesses.

Comentários
O homem de vida primitiva, selvagem, quando morre entra em medo da nova situação e refugia-se na companhia de semelhantes. Isso porque percebe que não mais tem o poder escravizador sobre criaturas mais fracas que eles (animais e mesmo outras criaturas humanas da floresta em que vivia). O desconhecido apavora-o. Aí, ansioso, almeja ardentemente retornar ao status quo anterior (vida física). Nele, a vida tribal fala alto. Não vê alternativa, senão o retorno à matéria.
Não é difícil a nenhum de nós imaginar o que sente um selvagem ao chegar ao mundo espiritual (que nem nós mesmos   conhecemos direito, nós, espíritas, que tanto lemos e estudamos e ouvimos notas a respeito...): ante a vastidão sideral e sendo visitado por seres extraterrestres (até os seus Protetores) sente-se presa de intenso medo. Aos Espíritos que o visitam concebe-os como deuses bons ou maus...
Desnorteado, só pensa em voltar ao ninho doméstico e à companhia dos familiares pai e mãe, e dos seus herdeiros do sangue, com os quais se comunica de igual para igual _ linguagem e interesses.
OBS: Dr. Paulo Bearzoti, que no _Boletim Médico-Espírita 5_ (AME/SP, 1987) comenta esta obra de Andre Luiz, faz neste ponto oportuno e fraternal lembrete, quanto ao carinho e profundo respeito que um Espírito dessa natureza deve  receber se vier à reunião mediúnica...

MONOIDEÍSMO E REENCARNAÇÃO
Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado.     
Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os outros desejos se lhe esmaecem no íntimo.                                                        
Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmo, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.          
Em tais circunstâncias, se o monoideísmo é somente reversível através da reencarnação, a criatura humana desencarnada, mantida a justa distância, lembra as bactérias que se transformam em esporos quando as condições de meio se lhes apresentam inadequadas, tornando-se imóveis e resistindo admiravelmente ao frio e ao calor, durante anos, para regressarem ao ciclo de evolução que lhes é peculiar, tão logo se identifiquem, de novo, em ambiente propício.                                                      
Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de ser, o homem primitivo, desenfaixado do envoltório físico, recusa-se ao movimento na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual, por monoideísmo auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico.
Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide, o que ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio, cabendo-nos notar que essa forma, segundo a nossa maneira atual de percepção, expressa o corpo mental da individualidade, a encerrar consigo, conforme os princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da alma, nos círculos terrestres e espirituais, assim como o ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no porvir.                

Comentários
A idéia fixa (única, aliás) do selvagem que morreu é voltar à taba.
Essa fixação atrofia seus órgãos perispirituais, definhando-os por disfunção, induzindo-os tal situação a se dirigirem unicamente ao comando mental, onde se encapsulam.
Nessa fase, tais criaturas humanas são como algumas bactérias que apartadas do seu meio ambiente se tornam indenes ao frio e ao calor e se mantêm imóveis por anos, mas que entram em atividade tão logo sejam alocadas no ambiente que lhes seja peculiar.
Citado monoideísmo age como auto-hipnotizante, causando depressão, com perda do corpo perispiritual que se transubstancia num corpo ovóide.
 OBS: A Editora FEB lembra aqui o livro Libertação, do mesmo Autor espiritual capítulos VI e VII, págs. 84 e seguintes, com detalhes sobre estas formas ovóides. Lendo-os, talvez me seja permitido inferir que esta é a situação mais infeliz a que um Espírito endividado pode chegar e da qual só se libertará depois de expiações dilacera
Como é por demais relevante o tema sobre o perispírito, transcrevo aqui palavras do venerável Espírito Gúbio, ainda no livro Libertação e no mesmo capítulo, lecionando ao Autor espiritual daquela e desta obra:
(...) O vaso perispirítico é também transformável e perecível, embora estruturado em tipo de matéria mais rarefeita. (...) Viste companheiros que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes, cuja grandeza por enquanto não nos é dado sondar.
Há casos de homens civilizados que também se transformam em ovóides, por terem se fixado em idéias e comportamentos maléficos.
Não obstante a gravidade dessa ocorrência, tais ovóides encerram, em si mesmos, de forma virtual, todos os órgãos e demais componentes dos corpos físico e perispiritual, tanto quanto o ovo guarda a poderosa ave de amanhã... ou como a semente que contém embrionariamente a frondosa árvore do porvir.

FORMA CARNAL
Todavia, assim como o germe para desenvolver-se no ovo precisa aquecer-se ao calor da ave que o acolha maternalmente ou do ambiente térmico apropriado, no recinto da chocadeira, e assim como a semente, para liberar os princípios germinativos do vegetal gigantesco em que se converterá, não prescinde do berço tépido no solo, os Espíritos desencarnados, sequiosos de reintegração no mundo físico, necessitam do vaso genésico da mulher que com eles se harmoniza, nas linhas da afinidade e, conseqüentemente, da herança, vaso esse a que se aglutinam, mecanicamente, e onde, conforme as leis da reencarnação, operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da Natureza.                              
Assimilando recursos orgânicos com o auxílio da célula feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a mente elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo para os seus moldes ocultos as células físicas a se reproduzirem por cariocinese, de conformidade com a orientação que lhes é imposta, isto é, refletindo as condições em que ela, a mente desencarnada, se encontra.      
Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal, novo veículo ao Espírito, que se refaz ou se reconstitui em formação recente, entretecido de células sutis, veículo este que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do túmulo.    
   
Comentários
Se para nascer a ave necessita que o ovo receba calor (no ninho ou na chocadeira), tanto quanto a semente para se converter numa árvore monumental carece da tepidez da terra, o Espírito desencarnado e com idéia fixa na reencarnação precisa do útero que com ele se harmonize, ao qual se jungirá. Ali, então, sob as leis da reencarnação e de afinidade/sintonia, a mente desse Espírito elaborará novo corpo físico, consentâneo com seu patamar evolutivo.
Essa nova forma física reverberará no perispírito, através de células sutis. E desde o nascimento esse perispírito evoluirá a ponto de manter essas eventuais alterações, desde o nascimento até a nova desencarnação, as quais persistirão além-túmulo.

DESENCARNAÇÃO NATURAL
Por milênios consecutivos o homem ensaia a desencarnação natural, progredindo vagarosamente em graus de consciência, após a decomposição do corpo somático.        
Recordando as anteriores comparações com o domínio dos insetos, a matriz uterina oferece-lhe novas formas e, assim como a larva se alimenta, assegurando a esperada metamorfose, a alma avança em experiência, enquanto no corpo carnal, adquirindo méritos ou deméritos, segundo a própria conduta, e entregando-se em seguida, no fenômeno da morte ou histólise do invólucro de matéria física, à pausa imprescindível nas próprias atividades ou hiato de refazimento, que pode ser longo ou rápido, para ressurgir, pela histogênese espiritual, senhoreando novos órgãos e implementos necessários ao seu novo campo de ação, demorando-se nele, à medida dos conhecimentos conquistados na romagem humana.                                                                
É assim que a consciência nascente do homem pratica as lições da vida, no plano espiritual, pela desencarnação ou libertação da alma, como praticou essas mesmas lições da vida no plano físico, pelo renascimento ou internação do elemento espiritual na matéria densa, evoluindo, degrau a degrau, desde a excitabilidade rudimentar das bactérias até o automatismo perfeito dos animais superiores em que se baseia o domínio da inteligência.      

Comentários
Após incontáveis reencarnações e desencarnações a alma vai incorporando experiências nessas ocorrências: méritos e deméritos.
Pelo mérito suas formas perispirituais e físicas, sucessivas, se aprimoram, vindo a alcançar plenitude, em obediência ao domínio da inteligência. Na escada da evolução isso acontecerá quando degrau a degrau forem superados!
Assim, do processo rudimentar da bactéria a esse patamar humano de automatismo perfeito, tal conquista se deu sob a égide da inteligência apurada, com lições de vida sendo praticadas no plano físico, tanto quanto no espiritual.

REVISÃO DAS EXPERIÊNCIAS
De liberação a liberação, na ocorrência da morte, a criatura começa a familiarizar-se com a esfera extrafísica.    
Assim como recapitula, nos primeiros dias da existência intra-uterina, no processo reencarnatório, todos os lances de sua evolução filogenética, a consciência examina em retrospecto de minutos ou de longas horas, ao integrar-se definitivamente em seu corpo sutil, pela histogênese espiritual, durante o coma ou a cadaverização do veículo físico, todos os acontecimentos da própria vida, nos prodígios de memória, a que se referem os desencarnados quando descrevem para os homens a grande passagem para o sepulcro.   
É que a mente, no limiar da recomposição de seu próprio veículo, seja no renascimento biológico ou na desencarnação, revisa automaticamente e de modo rápido todas as experiências por ela própria vividas, imprimindo magneticamente às células, que se desdobrarão em unidades físicas e psicossomáticas, no corpo físico e no corpo espiritual, as diretrizes a que estarão sujeitas, dentro do novo ciclo de evolução em que ingressam.        
Acresce lembrar, ainda, como nota confirmativa de nossas asserções, que, esporadicamente, encarnados saídos ilesos de grandes perigos como acidentes e suicídios frustrados, relatam semelhante fenômeno de revisão das próprias experiências, também chamado visão panorâmica e síntese mental.      
              
Comentários
De morte em morte o Espírito se familiariza com o Plano espiritual.
Quando reencarna o Espírito recapitula por dias, no aconchego interno uterino, os passos da sua longa trajetória evolutiva até ali, valendo-se dos prodígios da memória. Essa ocorrência guarda símile com a mesma recapitulação (automática) de que nos dão notícia os recém-desencarnados. Essa revisão de acontecimentos, na reencarnação e na desencarnação imprime diretrizes magnéticas no corpo físico ou no perispírito, conforme, respectivamente, vá prosseguir sua existência num ou noutro plano. Com isso, as vidas se interligam, como elos de uma corrente...
OBS: Da mesma forma, agora em minutos ou horas, o ser que desencarna reproduz na memória os acontecimentos da sua vida física. Essas duas recapitulações demonstram a existência no Espírito de uma memória permanente, integral, eterna.
Cumpre anotar ainda que pessoas que escaparam por pouco da morte (suicidas, por exemplo), relatam o fenômeno dessa revisão, rápida.
OBS: Citada revisão no pós-morte parece indicar a existência de um tribunal na consciência...

LEI DE CAUSA E EFEITO
Encetando, pois, a sua iniciação no plano espiritual, de consciência desperta e responsável, o homem começa a penetrar na essência da lei de causa e efeito, encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou deprimentes das próprias ações.         
Quando dilacerado e desditoso, grita a própria aflição, ao longo dos largos continentes do Espaço Cósmico, reunindo-se a outros culpados do mesmo jaez, com os quais permuta os quadros inquietantes da imaginação em desvario, tecendo, com o plasma sutil do pensamento contínuo e atormentado, as telas infernais em que as conseqüências de suas faltas se desenvolvem, mediante as profundas e estranhas fecundações de loucura e sofrimento que antecedem as reencarnações reparadoras; contudo, é também aí que começa, sobrepairando o inferno e o purgatório do remorso e da crueldade, da rebelião e da delinqüência, o sublime apostolado dos seres que se colocam em harmonia com as Leis Divinas, almas elevadas e heróicas que, em se agrupando intimamente, tocadas de compaixão pelos laços que deixaram no mundo físico, iniciam, com a inspiração das Potências Angélicas, o serviço de abnegação e renúncia, com que a glória e a divindade do amor edificam o império do Sumo Bem, no chamado Céu, de onde vertem mais ampla luz sobre a noite dos homens.
Pedro Leopoldo, 9/3/58

Comentários
Com a consciência da responsabilidade o homem vai se dando conta de que ele e somente ele é o  construtor da própria vida. A Lei de Causa e Efeito testemunha-lhe o bem ou o mal que vem praticado...
Desencarnado, o homem culpado se agita nos planos sombrios do Grande Espaço Cósmico, sofrendo e se agrupando a outros tantos infelizes, em quadros de desvarios mentais, prenunciando tormentos que só encontrarão escoamento em reencarnações compulsórias, reparadoras.
Da mesma forma ocorrem agrupamento de almas heróicas, cujos corações, plenos de piedade, tocados de compaixão, por certo descem missionariamente aos planos trevosos e infelizes para, sob inspiração das Potências Angélicas, consolarem e orientar aos que ali jazem em sofrimento como reiniciar a caminhada na rota evolutiva.
Ribeirão Preto/SP

QUESTÕES PARA ESTUDO

1) Qual a semelhança apontada por André Luiz entre a mudança de forma de alguns tipos de insetos e a desencarnação do princípio inteligente na fase hominal?
2) Durante o estágio na fase animal, em algumas espécies de mamíferos, o que acontece com o princípio inteligente, após a desencarnação?
3) Quais as conseqüências, para o espírito, da desencarnação do homem primitivo?
4) De que modo André Luiz descreve a vida no plano espiritual do espírito que se encontra na fase primitiva da humanidade?
5)  O que são os ovóides e qual a origem de sua existência no mundo espiritual?
6) Como é plasmada a nova forma carnal na qual o espírito reencarnante se expressará?
7) Como André Luiz compara a desencarnação natural com a vida dos insetos?
8) O que é e que influência exerce o que André Luiz denominou "revisão das experiências"?
9) De que forma o Autor explica a incidência da lei de causa e efeito no futuro do espírito?

C  O  N  C  L  U  S  Ã  O

1) Qual a semelhança apontada por André Luiz entre a mudança de forma de alguns tipos de insetos e a desencarnação do princípio inteligente na fase hominal?
 R - André Luiz compara a desencarnação do princípio inteligente, no período de humanidade, portanto, já se expressando como espírito, ao desenvolvimento da metamorfose dos insetos. Em processo análogo, à semelhança da larva do inseto que deixa o ovo e se converte num indivíduo, o espírito deixa o corpo físico e se converte de imediato num ser espiritual, passando a se expressar por intermédio de seu corpo espiritual (perispírito), na forma que o seu estado mental o permite.

2) Durante o estágio na fase animal, em algumas espécies de mamíferos, o que acontece com o princípio inteligente, após a desencarnação?
R - Em alguns mamíferos próximos do homem, não sendo ainda dotado de pensamento contínuo, o princípio inteligente, ao desencarnar, não possui força mental para manter uma forma perispiritual renovada. Em conseqüência, destruídos os tecidos celulares com a morte física, o princípio inteligente passa a ter uma vida latente até ser novamente reaproveitado, o que, geralmente, ocorre de pronto. Destaca o Autor Espiritual, no entanto, que, em alguns casos, os princípios inteligentes são aproveitados pela Espiritualidade para serviços secundários ou permanecem em estado de letargia, como numa espécie de hibernação, até serem atraídos para nova reencarnação na espécie à qual seu estado evolutivo está adequado.

3) No homem primitivo, quais as conseqüências, para o espírito, da desencarnação?
R - No homem primitivo, o princípio inteligente, embora já se manifestando como espírito, ainda não compreende o fenômeno da morte física e se vê surpreendido diante dele. DNo entanto, diferente da hipótese de alguns mamíferos, mencionada na questão acima, no homem primitivo, o princípio inteligente já se encontra de posse do pensamento contínuo, que lhe permite submeter a um processo semelhante ao de metamorfose completa dos insetos. Assim é que o pensamento contínuo lhe confere o poder de integrar-se mentalmente ao seu corpo espiritual. Sob o amparo dos Benfeitores Siderais, entra no sono da morte, ao tempo em que segrega substâncias mentais que vão operar impulsos renovadores que lhe permitirão desvencilhar-se, mecanicamente, do organismo físico. Graças aos automatismos conquistados na longa trajetória pelos reinos inferiores, o homem primitivo já reúne condições para desligar por completo as células do seu perispírito das células do corpo material, agora imprestável.

4) De que modo André Luiz descreve a vida no plano espiritual do espírito que se encontra na fase primitiva da humanidade?
R - O espírito do homem primitivo, selvagem, ao desencarnar, passa a vivenciar um sentimento de medo ante a nova situação que se lhe apresenta no mundo espiritual. Não compreende a imensidão cósmica em que se vê nem a presença de outros espíritos, tanto os que se dedicam ao mal, quanto os Benfeitores da Espiritualidade. Percebendo que não mais pode exercer o poder da força sobre as criaturas mais fracas, busca refúgio junto àqueles com os quais conviveu na selva, enquanto encarnado (animais ou criaturas humanas). Temeroso, passa a nutrir um único pensamento, qual seja o de voltar ao corpo físico e à companhia de seus familiares de sangue, com os quais conviveu e mantém afinidade de pensamentos e interesses.

5) O que são os ovóides e qual a origem de sua existência no mundo espiritual?
R - Ovóides são os espíritos que, ainda na fase primitiva da evolução, assumem a forma de ovo, após a desencarnação, em conseqüência de sua incapacidade em se adaptar à nova maneira de viver, agora no mundo espiritual. A idéia fixa, única, auto-     -hipnotizante, de renascer na carne, mantém o seu psiquismo ligado na vida carnal e magnetiza-lhe a mente, reprimindo outros estímulos aos órgãos do corpo espiritual, que se retraem e atrofiam, por falta de função. Voltam-se, então, esses órgãos, para a mente, onde se deixam dominar pelos pensamentos. Suas células são atrofiadas pela idéia única de retorno ao veículo físico. É um processo semelhante ao encolhimento do perispírito por ocasião da reencarnação. Enquanto perdura esta situação, o espírito perde a forma humana, assumindo a forma ovóide. O formato de ovo se explica por ser este o berço onde se dá inicio ao processo de renascimento de vários seres, inclusive do próprio homem, que tem o seu corpo físico gerado no óvulo da mãe. Daí por que a mente desses espíritos, fixados na idéia de renascerem para a vida física, plasmam a forma ovóide.
Assim permanecem até que surja nova oportunidade reencarnatória. Com o processo de reencarnação iniciado, assimilam novos recursos orgânicos, utilizando-se do auxílio de células dos pais. Sua mente passa a elaborar o novo veículo fisiológico, em moldes cuja orientação lhe é imposta. Plasma, desta maneira, nova forma carnal, novo veículo físico, para o que refaz e reconstitui o perispírito, readquirindo a forma humana.
André Luiz compara essas criaturas a algumas bactérias que, apartadas do seu meio ambiente, tornam-se incólumes ao frio e ao calor, mantendo-se imóveis por longos períodos, mas que entram em atividade tão logo sejam alocadas no ambiente que lhes seja peculiar.

6) Como é plasmada a nova forma carnal na qual o espírito reencarnante se expressará?
R - Para que se dê o processo reencarnatório que o libertará da forma ovóide, o espírito reencarnante necessita do organismo genésico da futura mãe, com a qual tem afinidade e da qual herdará características físicas, para assimilar recursos orgânicos através da célula feminina, fecundada pelo gene paterno.  Sua mente, então, elabora,  por  si  mesma,  novo  veículo fisiopsicossomático, atraindo células físicas que se reproduzem de conformidade com a orientação que lhe é imposta e refletindo o seu estado evolutivo. Plasma, assim, a nova forma carnal, que irá repercutir no perispírito, através de células sutis, promovendo alterações no corpo espiritual desde o renascimento e que irão perdurar após o túmulo.
       
7) Como André Luiz compara a desencarnação natural com a vida dos insetos?
R - Durante as incontáveis passagens pela vida física, o espírito vai adquirindo experiências que o ensinam a passar pela desencarnação de modo natural, readaptando seu corpo espiritual às novas necessidades. André Luiz compara este processo ao da larva, que se alimenta, preparando-se para a metamorfose. A cada desencarnação, sua forma perispiritual e física pode aprimorar-se pelo mérito de suas ações.

8) O que é e que influência exerce o que André Luiz denominou "revisão das experiências"?
R - André Luiz denominou "revisão das experiências" ao fenômeno a que se submete o espírito tanto no renascimento físico, como no momento da desencarnação, pelo qual revisa, automática e instantaneamente, todas as experiências vividas. Esta revisão mental faz imprimir nas células, por meio de uma ação magnética, diretrizes no corpo físico ou no perispírito, conforme se encontre reencarnando ou desencarnando, que guardam relação com méritos ou deméritos acumulados, fazendo com que as vidas sucessivas se interliguem, como elos de uma corrente. Essa "revisão das experiências" é confirmada por inúmeros espíritos desencarnados, cujos relatos podemos encontrar em várias obras.

9) De que forma o Autor explica a incidência da lei de causa e efeito no futuro do espírito?
R - À medida que no homem aumenta a consciência de sua responsabilidade, ele vai se dando conta de que é o único construtor de sua felicidade ou infelicidade. A lei de causa e efeito faz repercutir em si mesmo o bem ou o mal que tenha praticado. No futuro do espírito é refletida a incidência desta lei, quer ele se encontre no plano físico, quer no plano espiritual. André Luiz, neste capítulo, refere-se a esse futuro em relação à vida espiritual. Conforme explica, o culpado, ou seja, aquele que, na vida física, passou por uma experiência de equívocos quanto à observação das Leis Naturais, sofre no plano espiritual as conseqüências do seu proceder, indo agrupar-se com outros igualmente infelizes. Apresenta um quadro de desequilíbrio mental, com dores e sofrimentos que somente se atenuarão quando compelido à reencarnação reparadora.
Por outro lado, o espírito que vivenciou a Lei de Deus irá se juntar aos benfeitores do espaço para, sob a orientação destes e  movidos pelo amor, em tarefa de auxílio, descerem ao encontro dos infelizes que sofrem as agruras dos planos trevosos, com o objetivo de orientá-los na retomada do caminho evolutivo.

Com a colaboração de Sheila

Muita paz a todos

Equipe CVDEE

Sala André Luiz

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