Anexo
1
Estudo
e Interpretação do Evangelho 113
Estudar
o Evangelho deve ser tarefa diária nossa, buscando interpretá-lo em
espírito e verdade
Exemplos
de interpretação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita:
E
respondendo Jesus disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó e
caiu nas mãos dos salteadores. (Lucas, 10: 30)
E
respondendo Jesus disse… Jesus responde sempre. Desde que
estejamos comprometidos com o processo reeducativo ensinado pelo
Mestre, Ele nos atende em todas as nossas necessidades.
Na
dor, é o Médico a tratar-nos com o Seu Amor.
Na
indecisão, nos indica caminho seguro Na aflição, nos alivia
esclarecendo.
Notamos
que, conforme nos mostra as anotações do evangelista, Jesus ao
responder disse, ou seja, sua palavra era sempre usada com o
objetivo de consolar ou ensinar.
Não
havia de sua parte, falatório, mas resposta segura a nos encaminhar
para a verdadeira libertação.
Cabe
a nós, desta forma, pensarmos: como temos respondido às
expectativas do Mestre? Como temos usado o nosso verbo?
Descia
um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores
-
A cidade de Jerusalém, como já dissemos, é onde situava
o templo de Salomão, sendo por isto centro dos movimentos
religiosos. Tirando o espírito da letra, podemos entendê-la como
centro de nossas cogitações religiosas ou, ainda, como nossas
realizações superiores espiritualmente falando.
Jericó,
por sua vez, como sendo centro do comércio, nos leva a
interpretá-la como sendo um momento nosso ligado às conquistas dos
valores transitórios que são os bens materiais propriamente ditos.
Notamos
que Jesus nos diz que descia um homem de Jerusalém para Jericó.
O
verbo descer expressa o movimento de um lugar mais alto para
outro mais baixo.
Um
homem, quer dizer que qualquer um que assim proceder, estará
sujeito a tais conseqüências. Descer de Jerusalém para Jericó,
analisado conforme estamos propondo, nos leva a ver o perigo que
corremos, ao deixarmos nossas buscas maiores, em termos de
espiritualidade (Jerusalém), para nos situarmos na busca tão
somente dos valores do mundo (Jericó), expressos nas conquistas
monetárias, sensuais ou de qualquer outro valor em que valorizamos
mais a matéria que o Espírito.
Quando
assim procedemos, incorremos em queda, conforme expressa a palavra
caiu. E na mão dos salteadores podemos entender, como ser dirigido
por aqueles que nos roubam do trabalho pelas conquistas espirituais,
sendo eles encarnados (“amigos” que nos induzem às conquistas
não cristãs) ou desencarnados (obsessores), que de uma forma ou de
outra nos trazem grandes prejuízos.
“E
depois disto, saiu e viu um publicano, chamado Levi, assentado na
recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele deixando tudo levantou-se e
o seguiu.” (Lucas, 5: 27 e 28)
Esta
passagem em que o Mestre convida Levi para fazer parte de seu
apostolado, nos induz a interessantes observações.
E
depois disto, saiu e viu um publicano, chamado Levi -a expressão
depois disto, nos mostra o constante dinamismo do Cristo, a
operar de forma consciente e seqüenciada, ou seja, Jesus nunca
esteve ocioso. Isto é confirmado pelo verbo saiu, nos
indicando o movimento daquele que sabe que sua vida tem uma razão de
ser, não havendo tempo para perder. Assim aprendemos que, no
apostolado do Senhor, devemos sempre agir desta forma.
Saiu
e viu, Jesus não fazia por fazer, era plenamente consciente e
observador de tudo, saiu e viu nos mostra que Ele sempre sabia
o que fazia, e nada lhe passava despercebido.
Por
experiência sabemos que a nossa visão está diretamente ligada com
o que possuímos interiormente, isto é, com o nosso estado d’alma.
A visão do Mestre era sempre motivo para mais ensinamentos. E nós o
que temos visto? A que temos vinculado nossos olhares?
Jesus
viu um publicano chamado Levi. Os Publicanos eram os
arrecadadores de impostos para o Império Romano, eles ganhavam uma
comissão dos impostos que recebiam, assim muitos tornaram ricos e
odiados pelos judeus, pois estes, que já não aceitavam o domínio
romano, muito menos ainda aceitavam ter que pagar-lhes tributo.
Eram
tido, portanto, como pessoas de má vida e que conseguiam o
enriquecimento de forma ilícita.
Jesus,
grande conhecedor da alma humana, não nos analisa pelo cargo que
ocupamos, mas sim pelo que somos ou ainda pelo potencial que temos.
Desta forma Ele não viu em Levi o publicano, mas a possibilidade que
este tinha em ser Seu seguidor e divulgador da Boa Nova, desde que
atuasse de forma correta no encaminhamento de suas ações.
Quantas
vezes perdemos grandes oportunidades no relacionamento com as pessoas
ou no trabalho diário, simplesmente porque julgando nossos
semelhantes com os nossos olhos defeituosos, os desqualificamos para
determinadas ações? É importante separarmos o pecado do pecador,
Jesus nunca aceitou o erro, mas nunca negou amor àquele que erra..
…assentado
na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. -A recebedoria,
conforme citado, é o ambiente onde se coleta os impostos. Aquele que
se encontra nesta posição está à espera de receber.
Espiritualmente falando podemos entendê-la como sendo a faixa onde
atuamos, quando determinados pelo egoísmo. É onde realizamos nossas
cobranças no campo particular: “Fulano me deve”, ou ainda, -
“Ciclano me prejudicou, ele não perde por esperar”. São
posicionamentos constantes nossos que mostram a faixa em que nos
situamos, muitas vezes nos qualificando de “cobradores do Senhor”,
tendo, segundo nosso entendimento, nos capacitado a sermos
instrumentos da Vontade Divina.
Desta
forma, estamos assentados, ou seja, ociosos, no aguardo de só
receber, em nossa
recebedoria
particular.
Mas
vem o Mestre a dizer em nossa intimidade: Segue-me, isto
é, deixe as faixas de cobrança em que se encontra, e vem trabalhar
na minha vinha que é toda Amor. É dando que se recebe, é
compreendendo que se é compreendido. Todos somos devedores,
portanto necessitados da Misericórdia Divina. Lembremos o que Ele
mesmo nos disse:
“Bem
aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia.”
E
ele deixando tudo levantou-se e o seguiu.-Durante a nossa
existência milenar, muitas têm sido as vezes que o Senhor tem nos
chamado a atender o segue-me, através das circunstâncias em
que nos achamos envolvidos. Ele mesmo nos afirmou:
“…toda
vez que destes de comer a um destes pequeninos foste a mim mesmo que
o fizeste.”
Mas
como temos comportado a este chamado?
A
atitude de Levi ao convite do Mestre é digna de menção, por
externar o amadurecimento do futuro discípulo do Senhor: …ele
deixando tudo levantou-se e o seguiu.
Deixando
tudo mostra o desapego deste às posições da retaguarda, aos
convites do mundo, às situações em que o privilégio atual nos
afasta dos valores definitivos da Vida. Por isso ele diferentemente
do jovem rico, deixou tudo seguindo o Cristo em busca das
conquistas superiores da Alma.
A
expressão levantou-se, fala-nos do dinamismo necessário a
fim de atendermos ao chamamento divino, é preciso trabalharmos
conscientemente pela nossa cristianização, e o seguiu, é o
que definiu a sua opção de escolha como exercício do
livre-arbítrio.
Quantas
vezes quando convidados a aderir aos trabalhos renovadores, não
temos levantado, não para seguir o Mestre, mas para agredir ou
ofender os que nos trazem o passaporte para a libertação?
“E
tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. E eis que havia ali um
varão chamado Zaqueau; e era este um chefe dos publicanos, e era
rico. E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da
multidão, pois era de pequena estatura, e, correndo adiante subiu a
uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. E
quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e
disse-lhe: Zaqueau, desce depressa, porque hoje me convém pousar em
tua casa.” (Lucas, 19: 1 a 5)
E
tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando… -Jericó como já
dissemos representa nosso campo de ação, visando a conquista dos
bens materiais. É importante notar que Jesus tinha entrado em
Jericó, mas ia passando, como a nos mostrar que o Seu campo
de ação não é restrito. Ele atende em todos os ambientes, mas sem
deixar jamais se envolver com as conquistas transitórias. Isto é,
Jesus entra em Jericó , mas não fica lá, vai passando.
Trazendo
este ensinamento para a nossa experiência diária, vemos a
importância de sermos cristãos onde estivermos, não discriminando
quem quer que seja. É muito comum em matéria de religião, nos
fazermos “santinhos” somente no templo em que dedicamos as
orações, porém, no dia a dia, seja no trabalho ou no lar, somos
verdadeiros algozes daqueles que convivem conosco. Esse não é o
ensinamento do Mestre, Ele foi o Representante Maior do Pai em todas
as circunstâncias, viveu no mundo, sem ser mundano.
A
nossa Jericó íntima precisa mais do que nunca do Cristo, conviver
com os valores materiais é uma necessidade do processo evolutivo,
mas não esqueçamos de ir passando.
E
eis que havia ali um varão chamado Zaqueau; e era este um chefe dos
publicanos,
e
era rico -…havia ali, morava ali, tinha se estruturado
ali um varão, ou um homem respeitável, isto é, já uma
personalidade formada, conhecidos de todos como Zaqueau.
Na
vida encontramos muitos que, por falta de personalidade, não se
definem diante dos acontecimentos, ora tendem para um lado, ora para
outro. A estes, falta amadurecimento espiritual. Para ingressarmos no
trabalho em nome do Senhor temos que ter vontade, determinação e
consciência do que queremos. Zaqueau era um destes que possuía
estas qualidades, por isso, o evangelista o denomina, o destaca.
…
e era este um chefe
dos publicanos, e era rico. Zaqueau tinha uma posição no mundo,
não só era publicano, mas também, chefe destes. Era também
detestado pelos Judeus, por causa da sua profissão, fato a que já
nos referimos. …era rico, além de posição, possuía bens.
Não importa o cargo ou o saldo da nossa conta bancária, o que
realmente vale, é o “como” exercemos nossos encargos.
E
procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão,
pois era de pequena estatura. – A vida verdadeira é a do
Espírito, buscar os dons da alma imortal deve ser a nossa tônica,
mas muitos de nós nos deixamos levar pelas conquistas do mundo, e
dificultamos nossa história evolutiva. Entretanto, há um momento em
que nos saturamos da ilusão, e, sentindo a necessidade de buscarmos
os Valores Verdadeiros, procuramos quem nos possa oferecê-los. Por
isso ele procurava ver quem era Jesus. Já havia nele esta
necessidade. Mas o texto nos diz que ele não podia, por causa da
multidão, pois era de pequena estatura. A multidão,
formada por Espíritos em evolução no orbe, representa a somatória
de nossas imperfeições, são os nossos muitos erros e vícios. Foi
ela quem condenou Jesus, há dois mil anos, é ela quem nos afasta
Dele, hoje. É que realmente quando sintonizados com os valores por
ela representados, não conseguimos perceber Jesus em nossas vidas.
Sendo de pequena estatura espiritual, não conseguimos estar acima de
nossas deficiências.
…
e, correndo adiante
subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por
ali. – Zaqueau é realmente a representação daquele que quer
mudar de vida e seguir o Cristo. O verbo correr no gerúndio
–correndo -, expressa sua ação determinada para vencer as
imperfeições a que achava-se preso. Não ficou ele parado,
reclamando, ou achando-se incapaz. Tendo-lhe faltado os recursos para
ver Jesus, tratou de consegui-los. …correndo adiante, ou
seja, para frente subiu a uma figueira brava, isto é,
elevou-se, aumentou seu estado vibratório, só assim podemos
enxergar Aquele que é o Caminho, a Verdade, e a Vida.
A
conjunção porque, indica a causa que determina a ação. Os
passos Daquele que é o Modelo para a Humanidade são primados na
objetividade, são frutos de programação anterior, por isso
Zaqueau, ponderando em bases de fé raciocinada, pôde saber que Ele
havia de passar por ali. E desta forma, fez por onde vê-Lo ;
e o viu…
E
quando Jesus chegou àquele lugar… - A nossa pouca fé, muitas
vezes, levanos a duvidar da Providência, induzindo-nos ao desespero.
E não são poucas as vezes em que esse estado doentio, falando mais
alto em nossa intimidade, leva-nos a ações complicadoras a
determinar séculos de corrigendas. Apesar disso, o amparo nunca
falta, e o Cristo sempre chega para acalmar nossas inquietudes. Mas
isso só acontecerá, quando aquele lugar, reservado em nossa
intimidade para Ele, estiver preparado.
…olhando
para cima, viu-o – Zaqueau estava preparado, tinha elevado-se
para encontrar Jesus, assim Ele olhando para cima, viu-o. Aquele
que possui em si a superioridade moral, sempre olha para cima, mesmo
quando volta seus olhos para baixo, enxerga o que há de melhor para
ver. É daquilo que vemos, é como usamos o nosso olhar é que
definimos qual a nossa condição espiritual. Jesus olhou para cima e
seus olhos depararam um publicano, mas o que Ele viu, foi um
Espírito necessitado, disposto a encontrá-Lo, chamado Zaqueau.
…e
disse-lhe: Zaqueau, desce depressa, porque hoje me convém
pousar em tua casa. – e disse-lhe, Jesus disse-lhe,
usava o verbo com autoridade, quando falava sempre dizia, não usava
a palavra aleatoriamente. Zaqueau, o Mestre distinguiu este -
Zaqueau porque era quem estava preparado. Haviam várias pessoas, uma
multidão, mas foi em Zaqueau que Jesus viu condições de frutos
urgentes.
…desce
depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. -Muito
significativa esta observação de Jesus. Para vê-lo Zaqueau teve
que subir, mas para que o Mestre pousasse em sua casa,
isto é, para que permanecesse com ele, teve que descer e
depressa. Descer, porque, para estarmos com Jesus, é
preciso que Ele esteja em nós. E Jesus não opera distante das
pessoas, mas em favor delas. Se quisermos ser seus seguidores, não
podemos nos enclausurar, afastar-nos da multidão para não nos
contagiarmos.
Não
podemos sintonizar com ela, mas devemos nos aproximar para ajudá-la,
para elevá-la. É nesse sentido que Ele disse: desce depressa.
Depressa porque é urgente. A partir do momento em que somos
sabedores, temos a necessidade imediata de vivenciar o que sabemos.
Apostila
do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro
Espírita Amor e Caridade
Goiânia
– GO
Trabalho
realizado em 1997 pelo Grupo de Estudos desta Casa Espírita com a
coordenação de Cláudio Fajardo
Divulgação
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