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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Exemplos de interpretação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita:

Anexo 1
Estudo e Interpretação do Evangelho 113
Estudar o Evangelho deve ser tarefa diária nossa, buscando interpretá-lo em espírito e verdade


Exemplos de interpretação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita:

E respondendo Jesus disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. (Lucas, 10: 30)

E respondendo Jesus disse… Jesus responde sempre. Desde que estejamos comprometidos com o processo reeducativo ensinado pelo Mestre, Ele nos atende em todas as nossas necessidades.

Na dor, é o Médico a tratar-nos com o Seu Amor.

Na indecisão, nos indica caminho seguro Na aflição, nos alivia esclarecendo.

Notamos que, conforme nos mostra as anotações do evangelista, Jesus ao responder disse, ou seja, sua palavra era sempre usada com o objetivo de consolar ou ensinar.

Não havia de sua parte, falatório, mas resposta segura a nos encaminhar para a verdadeira libertação.

Cabe a nós, desta forma, pensarmos: como temos respondido às expectativas do Mestre? Como temos usado o nosso verbo?

Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores

- A cidade de Jerusalém, como já dissemos, é onde situava o templo de Salomão, sendo por isto centro dos movimentos religiosos. Tirando o espírito da letra, podemos entendê-la como centro de nossas cogitações religiosas ou, ainda, como nossas realizações superiores espiritualmente falando.

Jericó, por sua vez, como sendo centro do comércio, nos leva a interpretá-la como sendo um momento nosso ligado às conquistas dos valores transitórios que são os bens materiais propriamente ditos.
Notamos que Jesus nos diz que descia um homem de Jerusalém para Jericó.

O verbo descer expressa o movimento de um lugar mais alto para outro mais baixo.

Um homem, quer dizer que qualquer um que assim proceder, estará sujeito a tais conseqüências. Descer de Jerusalém para Jericó, analisado conforme estamos propondo, nos leva a ver o perigo que corremos, ao deixarmos nossas buscas maiores, em termos de espiritualidade (Jerusalém), para nos situarmos na busca tão somente dos valores do mundo (Jericó), expressos nas conquistas monetárias, sensuais ou de qualquer outro valor em que valorizamos mais a matéria que o Espírito.

Quando assim procedemos, incorremos em queda, conforme expressa a palavra caiu. E na mão dos salteadores podemos entender, como ser dirigido por aqueles que nos roubam do trabalho pelas conquistas espirituais, sendo eles encarnados (“amigos” que nos induzem às conquistas não cristãs) ou desencarnados (obsessores), que de uma forma ou de outra nos trazem grandes prejuízos.

E depois disto, saiu e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele deixando tudo levantou-se e o seguiu.” (Lucas, 5: 27 e 28)

Esta passagem em que o Mestre convida Levi para fazer parte de seu apostolado, nos induz a interessantes observações.

E depois disto, saiu e viu um publicano, chamado Levi -a expressão depois disto, nos mostra o constante dinamismo do Cristo, a operar de forma consciente e seqüenciada, ou seja, Jesus nunca esteve ocioso. Isto é confirmado pelo verbo saiu, nos indicando o movimento daquele que sabe que sua vida tem uma razão de ser, não havendo tempo para perder. Assim aprendemos que, no apostolado do Senhor, devemos sempre agir desta forma.

Saiu e viu, Jesus não fazia por fazer, era plenamente consciente e observador de tudo, saiu e viu nos mostra que Ele sempre sabia o que fazia, e nada lhe passava despercebido.

Por experiência sabemos que a nossa visão está diretamente ligada com o que possuímos interiormente, isto é, com o nosso estado d’alma. A visão do Mestre era sempre motivo para mais ensinamentos. E nós o que temos visto? A que temos vinculado nossos olhares?

Jesus viu um publicano chamado Levi. Os Publicanos eram os arrecadadores de impostos para o Império Romano, eles ganhavam uma comissão dos impostos que recebiam, assim muitos tornaram ricos e odiados pelos judeus, pois estes, que já não aceitavam o domínio romano, muito menos ainda aceitavam ter que pagar-lhes tributo.

Eram tido, portanto, como pessoas de má vida e que conseguiam o enriquecimento de forma ilícita.

Jesus, grande conhecedor da alma humana, não nos analisa pelo cargo que ocupamos, mas sim pelo que somos ou ainda pelo potencial que temos. Desta forma Ele não viu em Levi o publicano, mas a possibilidade que este tinha em ser Seu seguidor e divulgador da Boa Nova, desde que atuasse de forma correta no encaminhamento de suas ações.

Quantas vezes perdemos grandes oportunidades no relacionamento com as pessoas ou no trabalho diário, simplesmente porque julgando nossos semelhantes com os nossos olhos defeituosos, os desqualificamos para determinadas ações? É importante separarmos o pecado do pecador, Jesus nunca aceitou o erro, mas nunca negou amor àquele que erra..

assentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. -A recebedoria, conforme citado, é o ambiente onde se coleta os impostos. Aquele que se encontra nesta posição está à espera de receber. Espiritualmente falando podemos entendê-la como sendo a faixa onde atuamos, quando determinados pelo egoísmo. É onde realizamos nossas cobranças no campo particular: “Fulano me deve”, ou ainda, - “Ciclano me prejudicou, ele não perde por esperar”. São posicionamentos constantes nossos que mostram a faixa em que nos situamos, muitas vezes nos qualificando de “cobradores do Senhor”, tendo, segundo nosso entendimento, nos capacitado a sermos instrumentos da Vontade Divina.

Desta forma, estamos assentados, ou seja, ociosos, no aguardo de só receber, em nossa
recebedoria particular.

Mas vem o Mestre a dizer em nossa intimidade: Segue-me, isto é, deixe as faixas de cobrança em que se encontra, e vem trabalhar na minha vinha que é toda Amor. É dando que se recebe, é compreendendo que se é compreendido. Todos somos devedores, portanto necessitados da Misericórdia Divina. Lembremos o que Ele mesmo nos disse:

Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.”

E ele deixando tudo levantou-se e o seguiu.-Durante a nossa existência milenar, muitas têm sido as vezes que o Senhor tem nos chamado a atender o segue-me, através das circunstâncias em que nos achamos envolvidos. Ele mesmo nos afirmou:

“…toda vez que destes de comer a um destes pequeninos foste a mim mesmo que o fizeste.”

Mas como temos comportado a este chamado?

A atitude de Levi ao convite do Mestre é digna de menção, por externar o amadurecimento do futuro discípulo do Senhor: …ele deixando tudo levantou-se e o seguiu.

Deixando tudo mostra o desapego deste às posições da retaguarda, aos convites do mundo, às situações em que o privilégio atual nos afasta dos valores definitivos da Vida. Por isso ele diferentemente do jovem rico, deixou tudo seguindo o Cristo em busca das conquistas superiores da Alma.

A expressão levantou-se, fala-nos do dinamismo necessário a fim de atendermos ao chamamento divino, é preciso trabalharmos conscientemente pela nossa cristianização, e o seguiu, é o que definiu a sua opção de escolha como exercício do livre-arbítrio.

Quantas vezes quando convidados a aderir aos trabalhos renovadores, não temos levantado, não para seguir o Mestre, mas para agredir ou ofender os que nos trazem o passaporte para a libertação?

E tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. E eis que havia ali um varão chamado Zaqueau; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura, e, correndo adiante subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueau, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.” (Lucas, 19: 1 a 5)

E tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando… -Jericó como já dissemos representa nosso campo de ação, visando a conquista dos bens materiais. É importante notar que Jesus tinha entrado em Jericó, mas ia passando, como a nos mostrar que o Seu campo de ação não é restrito. Ele atende em todos os ambientes, mas sem deixar jamais se envolver com as conquistas transitórias. Isto é, Jesus entra em Jericó , mas não fica lá, vai passando.

Trazendo este ensinamento para a nossa experiência diária, vemos a importância de sermos cristãos onde estivermos, não discriminando quem quer que seja. É muito comum em matéria de religião, nos fazermos “santinhos” somente no templo em que dedicamos as orações, porém, no dia a dia, seja no trabalho ou no lar, somos verdadeiros algozes daqueles que convivem conosco. Esse não é o ensinamento do Mestre, Ele foi o Representante Maior do Pai em todas as circunstâncias, viveu no mundo, sem ser mundano.

A nossa Jericó íntima precisa mais do que nunca do Cristo, conviver com os valores materiais é uma necessidade do processo evolutivo, mas não esqueçamos de ir passando.

E eis que havia ali um varão chamado Zaqueau; e era este um chefe dos publicanos,
e era rico -…havia ali, morava ali, tinha se estruturado ali um varão, ou um homem respeitável, isto é, já uma personalidade formada, conhecidos de todos como Zaqueau.

Na vida encontramos muitos que, por falta de personalidade, não se definem diante dos acontecimentos, ora tendem para um lado, ora para outro. A estes, falta amadurecimento espiritual. Para ingressarmos no trabalho em nome do Senhor temos que ter vontade, determinação e consciência do que queremos. Zaqueau era um destes que possuía estas qualidades, por isso, o evangelista o denomina, o destaca.

e era este um chefe dos publicanos, e era rico. Zaqueau tinha uma posição no mundo, não só era publicano, mas também, chefe destes. Era também detestado pelos Judeus, por causa da sua profissão, fato a que já nos referimos. …era rico, além de posição, possuía bens. Não importa o cargo ou o saldo da nossa conta bancária, o que realmente vale, é o “como” exercemos nossos encargos.

E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. – A vida verdadeira é a do Espírito, buscar os dons da alma imortal deve ser a nossa tônica, mas muitos de nós nos deixamos levar pelas conquistas do mundo, e dificultamos nossa história evolutiva. Entretanto, há um momento em que nos saturamos da ilusão, e, sentindo a necessidade de buscarmos os Valores Verdadeiros, procuramos quem nos possa oferecê-los. Por isso ele procurava ver quem era Jesus. Já havia nele esta necessidade. Mas o texto nos diz que ele não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. A multidão, formada por Espíritos em evolução no orbe, representa a somatória de nossas imperfeições, são os nossos muitos erros e vícios. Foi ela quem condenou Jesus, há dois mil anos, é ela quem nos afasta Dele, hoje. É que realmente quando sintonizados com os valores por ela representados, não conseguimos perceber Jesus em nossas vidas. Sendo de pequena estatura espiritual, não conseguimos estar acima de nossas deficiências.

e, correndo adiante subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. – Zaqueau é realmente a representação daquele que quer mudar de vida e seguir o Cristo. O verbo correr no gerúndio –correndo -, expressa sua ação determinada para vencer as imperfeições a que achava-se preso. Não ficou ele parado, reclamando, ou achando-se incapaz. Tendo-lhe faltado os recursos para ver Jesus, tratou de consegui-los. …correndo adiante, ou seja, para frente subiu a uma figueira brava, isto é, elevou-se, aumentou seu estado vibratório, só assim podemos enxergar Aquele que é o Caminho, a Verdade, e a Vida.

A conjunção porque, indica a causa que determina a ação. Os passos Daquele que é o Modelo para a Humanidade são primados na objetividade, são frutos de programação anterior, por isso Zaqueau, ponderando em bases de fé raciocinada, pôde saber que Ele havia de passar por ali. E desta forma, fez por onde vê-Lo ; e o viu…

E quando Jesus chegou àquele lugar… - A nossa pouca fé, muitas vezes, levanos a duvidar da Providência, induzindo-nos ao desespero. E não são poucas as vezes em que esse estado doentio, falando mais alto em nossa intimidade, leva-nos a ações complicadoras a determinar séculos de corrigendas. Apesar disso, o amparo nunca falta, e o Cristo sempre chega para acalmar nossas inquietudes. Mas isso só acontecerá, quando aquele lugar, reservado em nossa intimidade para Ele, estiver preparado.
olhando para cima, viu-o – Zaqueau estava preparado, tinha elevado-se para encontrar Jesus, assim Ele olhando para cima, viu-o. Aquele que possui em si a superioridade moral, sempre olha para cima, mesmo quando volta seus olhos para baixo, enxerga o que há de melhor para ver. É daquilo que vemos, é como usamos o nosso olhar é que definimos qual a nossa condição espiritual. Jesus olhou para cima e seus olhos depararam um publicano, mas o que Ele viu, foi um Espírito necessitado, disposto a encontrá-Lo, chamado Zaqueau.

e disse-lhe: Zaqueau, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. – e disse-lhe, Jesus disse-lhe, usava o verbo com autoridade, quando falava sempre dizia, não usava a palavra aleatoriamente. Zaqueau, o Mestre distinguiu este - Zaqueau porque era quem estava preparado. Haviam várias pessoas, uma multidão, mas foi em Zaqueau que Jesus viu condições de frutos urgentes.

desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. -Muito significativa esta observação de Jesus. Para vê-lo Zaqueau teve que subir, mas para que o Mestre pousasse em sua casa, isto é, para que permanecesse com ele, teve que descer e depressa. Descer, porque, para estarmos com Jesus, é preciso que Ele esteja em nós. E Jesus não opera distante das pessoas, mas em favor delas. Se quisermos ser seus seguidores, não podemos nos enclausurar, afastar-nos da multidão para não nos contagiarmos.

Não podemos sintonizar com ela, mas devemos nos aproximar para ajudá-la, para elevá-la. É nesse sentido que Ele disse: desce depressa. Depressa porque é urgente. A partir do momento em que somos sabedores, temos a necessidade imediata de vivenciar o que sabemos.

Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade
Goiânia – GO
Trabalho realizado em 1997 pelo Grupo de Estudos desta Casa Espírita com a coordenação de Cláudio Fajardo

Divulgação

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