Pelo Espírito Meimei. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
Livro: Esperança e Vida. Lição nº 04.
Página 16.
E fiquei a pensar, indagando de mim própria quanto
ao motivo de analisar, com tanta volúpia, os defeitos alheios.
Se notícias de um delito espetacular me alcançasse
os ouvidos, fixava-me na busca de pormenores da ocorrência, a fim de desenhar
na memória a figura do agressor; se algum problema de sovinice me viesse ao
acontecimento, procurava as causas do desajuste para reprovar intimamente quem
estivesse cultivando a cobiça; se algum desequilíbrio emotivo aparecesse,
alterando negativamente essa ou aquela pessoa empenhava-me a conhecer o
portador de semelhante irregularidade, de modo a evitar-lhe a presença; se
algum distúrbio, surgisse, complicando grupos sociais, mentalizava-lhe as
origens, para censurar aqueles que o provocassem prejudicando o caminho de
muita gente.
- Por que - perguntava a mim mesma - essa
inclinação para condenar instintivamente os outros, sem a menor consideração?
- Por que me arraigar no mal se conhecia a estrada
do bem?
Foi quando um mentor amigo acorreu em meu socorro e
observou:
- Filha, o aperfeiçoamento é a obra de muito
esforço em longo tempo. Já passei pelo hábito das indagações inúteis e só
consegui a superação desejada, colocando-me no lugar dos irmãos que supomos
errados.
E prosseguiu, depois de pequeno intervalo:
- Qual seria o seu comportamento, se visse o
assassinato de um filho, sob os seus próprios olhos?
- Como reagiria você perante uma filha que trocasse
a tranquilidade do lar pelas aventuras infelizes?
- Como procederia você, a fim de proteger vários
filhos pequeninos com o esposo em penúria, dentro de longo período de
hospitalização?
- E se um obsessor com larga força de afinidade
sobre o seu psiquismo, a induzisse, através de hipnoses reiteradas à degradação
de si própria, o que faria?
Ante o meu silêncio, o amigo aditou:
- Pensemos por nós mesmos. Certamente as Leis de
Deus nos concedem facilidades para julgar as nódoas alheias, a fim de
observarmos as nossas próprias fraquezas, aprendendo compreensão e
misericórdia, de maneira a nos corrigir sem exercícios difíceis de suportar...
O instrutor despediu-se, sorrindo, e conclui que,
pela Bondade do Senhor, ali tivera, no chamado Mais Além, o meu primeiro Ensaio
de Compaixão.
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