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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ceuinferno_040_2a. partecap. II - Espíritos Felizes - Maurice Goutran

TEXTO PARA ESTUDO

Foi filho único, falecido com dezoito anos, de uma afecção do pulmão. Inteligência rara, razão precoce, grande amor aos estudos, caráter doce, amante e simpático, ele possuía todas as qualidades que dão as mais legítimas esperanças de um brilhante futuro. Seus estudos terminaram cedo com o maior sucesso, e ele trabalhava na Escola politécnica. Para seus pais, sua morte foi a causa de uma dessas dores que deixam traços profundos, e tanto mais penosas quanto tenham sempre sido de uma santa delicadeza, atribuíam seu fim prematuro ao trabalho para o qual o impeliram, e se repreendiam: "A que serve-lhe agora tudo o que aprendeu? Melhor fora que tivesse permanecido ignorante, porque disso não necessitaria para viver e, sem dúvida, estaria ainda entre nós, consolaria a nossa velhice". Se conhecessem o Espiritismo, sem dúvida raciocinariam de outro modo. Mais tarde, aí encontraram a verdadeira consolação. A comunicação seguinte foi dada pelo filho a um de seus amigos, alguns meses depois de sua morte:

P. Meu caro Maurice, a terna afeição que tínheis por vossos pais faz com que eu não duvide do vosso desejo de levantar a sua coragem, se isso está no vosso poder. O desgosto, eu diria o desespero em que a vossa morte os mergulhou, altera visivelmente sua saúde e lhes faz se desgostarem da vida. Algumas boas palavras vossas, sem dúvida, poderão fazer renascer neles a esperança.

R. Meu velho amigo, esperava com impaciência a oportunidade que me ofereceis para me comunicar. A dor dos meus pais me aflige, porém ela se acalmará quando tiverem a certeza de que não estou perdido para eles; é em convencê-los dessa verdade que deveis vos interessar, e a isso chegareis certamente. Era necessário esse acontecimento para levá-los a uma crença que fará a sua felicidade, porque ela lhes impedirá de murmurarem contra os decretos da Providência. Meu pai era muito cético a respeito da vida futura; Deus permitiu que tivesse essa aflição para tirá-lo do seu erro.

Nós nos reencontraremos aqui, neste mundo onde não mais se conhecem os desgostos da vida, e onde os precedi; mas dizei-lhes bem que a satisfação de ali me reverem lhes será recusada como punição por sua falta de confiança na Bondade de Deus. Ser-me-ia mesmo interditado, daqui até lá, comunicar-me com eles enquanto estiverem ainda na Terra. O desespero é uma revolta contra a vontade do Todo-Poderoso, e que sempre é punida pelo prolongamento da causa que levou a esse desespero, até que se esteja submisso. O desespero é um verdadeiro suicídio, porque mina as forças do corpo, e aquele que abrevia seus dias com o pensamento de escapar mais cedo às opressões da dor, prepara para si as decepções mais cruéis; ao contrário, é manter as forças do corpo para que é necessário trabalhar para suportar, mais facilmente, o peso das provas.

Meus bons pais, é a vós que me dirijo. Desde que deixei o meu despojo mortal, não deixei de estar junto a vós, e mais do que estava quando vivia na Terra. Consolai-vos porque não estou morto; estou mais vivo do que vós; só meu corpo morreu, mas meu Espírito vive sempre. Ele está livre, feliz, doravante ao abrigo das doenças, das enfermidades e da dor. Em lugar de vos afligir, regozijai-vos por me saberem num meio isento de cuidados e de receios, onde o coração é arrebatado por uma alegria pura e sem mescla.

Meus amigos, não lastimeis aqueles que morrem prematuramente; é uma graça que Deus lhes concede, poupando-lhes as tribulações da vida. Minha existência, dessa vez, não deveria prolongar-se por mais tempo na Terra; eu tinha adquirido o que aí deveria adquirir, a fim de preparar-me para cumprir, mais tarde, uma missão mais importante. Se tivesse vivido por longos anos, sabeis a quais perigos, a quais seduções estaria exposto? Sabeis que se, não estando ainda bastante forte para resistir, houvesse sucumbido, isso poderia ser para mim um atraso de vários séculos? Por que lamentais o que me é vantajoso? Uma dor inconsolável, neste caso, acusaria uma falta de fé e não poderia ser ligitimada senão pela crença do nada. Sim, são para se lamentar aqueles que têm essa crença desesperante, porque para eles não há consolação possível; os seres queridos estão perdidos sem retorno; a tumba levou-lhes a última esperança!

P. Vossa morte foi dolorosa?

R. Não, meu amigo, não sofri senão antes de morrer com a moléstia que me arrebatou, mas esse sofrimento diminuía à medida que o último momento se aproximava; depois, uma luz, e dormi sem pensar na morte. Sonhei um sonho delicioso! Sonhava que estava curado, não sofria mais, respirava a plenos pulmões, e com volúpia, um ar embalsamado e fortificante; era transportado, através do espaço, por uma força desconhecida; uma luz brilhante resplandecia ao meu redor; mas sem cansar a minha visão. Vi meu avô; ele não tinha mais o rosto descarnado, mas um ar de frescor e de juventude; estendeu-me os braços e apertou-me com efusão sobre seu coração. Uma multidão de outras pessoas, com semblantes risonhos, acompanhava-o; todos me acolhiam com bondade e benevolência; parecia-me reconhecê-las, estava feliz por revê-las, e todos juntos trocamos palavras e testemunhos de amizade. O que eu acreditava ser um sonho era a realidade; não mais deveria despertar na Terra: eu estava desperto no mundo dos Espíritos.

P. A vossa moléstia fora causada pela vossa muito grande assiduidade ao trabalho?
R. Não, disso estejais bem persuadidos. O tempo que deveria viver na Terra estava marcado, e nada poderia aí deter-me por mais tempo. Meu Espírito, nesses momentos de desligamento, sabia-o bem, e estava feliz pensando na sua próxima libertação. Mas o tempo que aí passei não foi sem proveito, e hoje me felicito por não tê-lo perdido. Os estudos sérios que fiz fortificaram a minha alma e aumentaram os meus conhecimentos; foi outro tanto de educação, e se não pude aplicá-los na minha curta permanência entre vós, aplicá-los-ei mais tarde com mais fruto.

Adeus, caro amigo, vou para junto de meus pais, dispô-los para receberem essa comunicação.
                                                              MAURICE


QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1. Os pais de Maurice diziam que seria melhor o filho não ter aprendido nada e vivido por mais tempo entre eles, já que o estudo de nada lhe adiantaria, pois morrera. Por que o texto afirma que, se eles conhecessem o Espiritismo, eles não pensariam dessa maneira?

2. Por que foi necessário o desencarne prematuro de Maurice?

3. Segundo Maurice, o que seria o desespero?

4. A morte prematura deve ser vista como uma desgraça? Comente.

5. Alguma dúvida ou comentário sobre o tema em estudo?

CONCLUSÃO

1. Os estudos sérios que fazemos fortificam a nossa alma e aumentam nossos conhecimentos. Se não pudermos aplicar esses conhecimentos nessa vida, os aplicaremos mais tarde com mais resultados.

2. Para que os pais de Maurice fossem levados a uma crença que faria sua felicidade, porque lhes impediria de murmurarem contra a Providência Divina. O pai de Maurice era muito cético, e Deus permitiu que tivesse essa aflição para tirá-lo de seu erro.

3. O desespero é uma revolta contra a vontade do Todo-Poderoso, e que sempre é punida pelo prolongamento da causa que levou a esse desespero, até que se esteja submisso. O desespero é um verdadeiro suicídio, porque mina as forças do corpo, e aquele que abrevia seus dias com o pensamento de escapar mais cedo às opressões da dor, prepara para si as decepções mais cruéis; ao contrário, é manter as forças do corpo para que é necessário trabalhar para suportar, mais facilmente, o peso das provas.


4. Deve ser vista como uma graça que Deus concede, poupando as tribulações da vida. Se a pessoa vivesse por longos anos, a quais perigos e seduções estaria exposta? Se ainda não estivesse bastante forte para resistir, teria sucumbido e isso seria um atraso de séculos.

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