– ALLAN KARDEC
CAPÍTULO XII: AMAR OS VOSSOS
INIMIGOS
ITENS 5 e 6: OS INIMIGOS DESENCARNADOS
Continuando
seus comentários sobre o tema, Allan Kardec lembra que os espíritas têm outros
motivos de indulgência para com os inimigos.
Um
é a perfectibilidade do Espírito imortal, que faz com que a maldade não seja
uma qualificação permanente do Espírito, encarnado ou desencarnado.
Perfectibilidade
é característica de perfectível, que significa que se pode aperfeiçoar; que é
suscetível de ser aperfeiçoado (1)
Assim,
o Espírito, criado simples e ignorante, com o destino de ser perfeito e feliz,
traz em si próprio, a capacidade de tornar-se perfeito, através de um longo
processo evolutivo, nas reencarnações em mundos materiais, com o fim de
desenvolver todas as potencialidades divinas, com as quais foi criado.
Tudo
que existe no Espírito, que não condiz com a lei do Bem, é fruto da sua própria
criação, na satisfação egoísta de ser inteligente e feliz, custe o que custar.
Assim,
segundo suas escolhas, cria em si e ao redor de si, o mal, que na medida do
desenvolvimento das suas qualificações nobres, que fazem parte da sua essência,
vai sendo eliminado, até que ele atinja a qualificação de Espírito Puro,
perfeito e feliz.
Por
isso, Kardec escreveu “que a maldade não é o estado
permanente do homem, mas que decorre de uma imperfeição momentânea, e que da
mesma maneira que a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau
reconhecerá um dia os seu erros e se tornará bom.”
Outro
motivo é que o espírita sabe que a morte só o livra da presença material do seu
inimigo, que pode continuar, no plano espiritual, a persegui-lo com seu ódio.
Quando
grande parte dos homens compreenderam essa verdade, a idéia da pena de morte
para os inimigos individuais, da coletividade e entre nações, será
completamente eliminada da Terra.
“... a vingança assassina não
atinge o seu objetivo, mas, pelo contrário, tem por efeito, produzir maior
irritação, que pode prosseguir de uma existência para outra.”
O
Espiritismo veio demonstrar a lei da sobrevivência do Espírito, que carrega
sempre consigo, quer esteja no plano material ou espiritual, sua inteligência,
suas emoções e sentimentos.
Assim,
um inimigo morto é apenas um inimigo que não se vê, sem corpo físico, podendo
continuar, em ações obsessivas, perturbando, dificultando e provocando
sofrimentos.
Este
fato é um motivo importante para abolir a vingança da morte, pelo próprio
interesse de quem a deseja para seu desafeto. Um motivo a mais para compreender
e aceitar o “Amai os vossos inimigos” e o “Reconcilia-te sem demora com o teu
adversário, enquanto estás a caminho com ele...” (Mateus, V: 25), a fim de
transformar um inimigo em amigo, ou, pelo menos, evitar represálias, evitando
que o inimigo se torne em um” instrumento da justiça de Deus, para punir aquele
que não perdoou.”
Assim,
os inimigos desencarnados agem através das obsessões, que se constituem em
provações mais ou menos difíceis, mas que contribuem, muitas vezes para
despertar o obsedado para a realidade da vida espiritual, mudando toda sua
maneira de ver o mundo e interpretar a vida.
Essas
provas, fruto dos males causados pelo orgulho e egoísmo dos homens, nos
diversos e diferentes relacionamentos entre si, no decorrer das inúmeras
existências já vividas, fazem parte da lei divina de ação e reação, a fim de
proporcionar aos Espíritos imortais, as oportunidades de reviverem situações
passadas, para aprenderem a solucionar os problemas com resignação e confiança
em Deus, através do perdão, da humildade, do amor, que então, encontram
condições de crescerem nas mentes e nos corações dos homens.
Elas
existem porque os Espíritos ainda não aprenderam a libertar-se do orgulho e do
egoísmo, mantendo-os consigo, estando encarnados ou desencarnados.
Assim,
se devemos nos esforçar para ser indulgentes e benevolentes para com os
inimigos, na Terra, precisamos, igualmente, assim proceder para com os inimigos
desencarnados.
Allan
Kardec lembra que nos tempos mais primitivos, ofereciam-se sacrifícios
sangrentos para apaziguar os deuses infernais. Mais tarde foram chamados de
demônios.
Assim, deuses infernais, demônios ou Espíritos maus nada mais são do que as almas dos homens, que ainda não se libertaram dos seus instintos materiais, continuando a fazer mal, através dos processos obsessivos, atraídos e alimentados pelos maus sentimentos e, conseqüentemente, maus pensamentos e más ações dos homens.
Assim, deuses infernais, demônios ou Espíritos maus nada mais são do que as almas dos homens, que ainda não se libertaram dos seus instintos materiais, continuando a fazer mal, através dos processos obsessivos, atraídos e alimentados pelos maus sentimentos e, conseqüentemente, maus pensamentos e más ações dos homens.
Por
isso, Kardec escreve, com destaque: “... não se pode apaziguá-los senão pelo
sacrifício dos maus sentimentos, ou seja, pela caridade”.
Caridade,
amor em ação, para com todos, irá impedi-los de fazer o mal, mas também,
induzi-los ao bem, contribuindo para a sua libertação espiritual. O bom exemplo
contagia encarnados e desencarnados.
“É
assim que a máxima: Amai os vossos inimigos, não fica circunscrita ao círculo
estreito da Terra e da vida presente, mas integra-se na grande lei da
solidariedade e da fraternidade universais.”
Bibliografia:
KARDEC, Allan -“ O Evangelho Segundo o
Espiritismo”
1 - Dicionário Houais
Leda de Almeida Rezende Ebner
Maio / 2010
Centro
Espírita Batuira
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