*A AÇÃO EVANGELIZADORA EM BUSCA DA QUALIDADE*
*CONCEITOS DE QUALIDADE*
Para conceituar qualidade buscamos seu significado no dicionário Aurélio, no qual encontramos os
seguintes sinônimos: dote, dom, virtude.
Na definição de Antônio Houaiss, qualidade é uma “estratégia de gestão em que se procura otimizar
a produção e reduzir os custos.”
Os conceitos de qualidade e qualidade total vêm sendo utilizados no mundo da administração
empresarial com significado muito específico, referente à melhoria contínua, conformidade com os requisitos
e adequação ao uso, observados critérios como custos, controles internos e prazos, dentre outros.
Ao longo do tempo, o conceito de qualidade evoluiu e ampliou-se, tornando possível sua aplicação
em várias áreas de trabalho e da vida em sociedade. Relacionamos a seguir alguns conceitos de Qualidade:
• Segundo Juran Philip(1), “qualidade é adequação ao uso.”
• Qualidade, em sentido amplo, não se refere apenas ao produto e serviços, estende-se às
pessoas, tarefas, equipamentos e programas motivacionais.
• Qualidade Total é o conjunto de ações previamente planejadas e implementadas que visem
alcançar a satisfação do cliente, através da utilização adequada de todos os recursos envolvidos:
humanos, materiais, financeiros e equipamentos.
• Para Crosby(2) a qualidade é baseada no comportamento das pessoas, por isso considera a
educação de todos os indivíduos da empresa um fator fundamental. Define qualidade como
fazer bem desde a primeira vez, sugerindo que a atuação das pessoas deve estar na prevenção
de defeitos.
• Segundo a American Society for Quality Control (3),qualidade é “a totalidade dos requisitos e
características de um produto ou serviço que estabelecem a sua capacidade de satisfazer
determinadas necessidades.”
*• Qualidade é alcançar a excelência.*
Como existem variadas definições de qualidade é difícil posicionar-se definitivamente diante dessa
idéia. Mas sabemos que a busca pela Qualidade tornou-se consenso em qualquer atividade humana, tais
como o trabalho, a escola, a produção de bens, a prestação de serviços ou mesmo em casa.
Dessa forma, Programas de Qualidade são, acima de tudo, programas de transformações de
indivíduos e de processos e devem desenvolver-se num ambiente onde as pessoas possam crescer,
expandindo sua capacidade criadora.
____________
(1) PHILIP, Juran. The classic Book on Improving Management Performance- Ed. McGraw-Hill. 1995.
(2) CROSBY, B. Philip. Quality is Free – The Art of Making Quality Certain. Ed. Penguin Books – Mentor. 1980.
(3) Citado em instantâneos pessoais na Revista Seleções do Reader’s Digest Edição de Maio/1994.
Acreditamos que se possa trazer essa idéia adequando-a ao trabalho de Evangelização Espírita
Infanto-Juvenil, respeitando suas características específicas, mas aproveitando os princípios que a norteiam,
com vistas ao alcance da excelência.
Para implantar níveis elevados de qualidade na Evangelização, imaginamos um plano simples, com
objetivos claros e bem definidos. Selecionamos alguns princípios da qualidade procurando adequá-los ao
processo e aos elementos da Evangelização.
*PRINCÍPIOS DA QUALIDADE ANALISADOS SOB A ÓTICA DA EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA*
1. Satisfação do público-alvo – evangelizando e evangelizador
Uma questão sempre presente é se todos os esforços empregados na melhoria do trabalho são
válidos? A resposta a essa problemática levanta outras importantes indagações como, por exemplo, “⎯ De
que adianta tanto esforço se não conhecemos adequadamente nosso público-alvo? ⎯ Quem deve ser o
foco da ação evangelizadora?”
A resposta nos parece óbvia ⎯ o foco é o evangelizando. Entretanto, essa é uma reflexão fundamental
para o direcionamento de todo o trabalho, pois implica em saber a maneira mais eficiente de atingir o
evangelizando.
Nesse sentido, o evangelizador necessita conhecer seu público-alvo, seus interesses e caracterís-
ticas gerais, bem como as peculiaridades que os tornam singulares em seus processos de desenvolvimento
e aprendizagem. Com o conhecimento pleno da realidade da tarefa de Evangelização conseguiremos criar
uma interação (evitando preconceitos e censuras) que permita aos evangelizandos mostrarem-se como
realmente são. Facilitando, assim, a adequação das aulas às suas reais possibilidades.
Um Departamento de Evangelização envolvido na Filosofia da Qualidade deve trabalhar em função
do seu “cliente” mais destacado – o evangelizando –, sendo seu propósito maior enriquecê-lo como ser
humano e cidadão. Para tanto, deve utilizar processos e desenvolver atividades mais interessantes e
variadas, visando o alcance dessa finalidade primeira.
Resumindo o que significa satisfação do público-alvo no contexto da Evangelização: em primeiro
lugar, é conhecer o evangelizando, identificar as suas necessidades e o caminho para resolver os seus
problemas. Em segundo lugar, criar uma interação saudável, pois, quanto mais estreita for essa relação,
mais produtivo será o trabalho.
2. Organização hierárquica e administrativa da tarefa de Evangelização
A atividade de Evangelização Espírita no Centro é um empreendimento que desafia os dirigentes,
não só pela sua importância e oportunidade, mas, principalmente, pela sua complexidade, pois exige uma
equipe com habilitação específica para que possa ser desenvolvida.
Nas instituições espíritas, muitas vezes, o modelo de gestão adotado torna difícil a melhoria do
trabalho de evangelização. São modelos centralizadores, com hierarquias muito rígidas e com pouca divisão
de tarefas. Tais modelos impossibilitam a troca de experiências e subaproveitam as habilidades e os talentos
dos colaboradores.
É claro que esse tipo de gestão não é adotado com o intuito de dificultar o trabalho e, sim, de prote-
gê-lo. Todavia, a Casa Espírita precisa implantar um modelo de gestão que ofereça espaço de trabalho aos
que desejam realizar tarefas voluntárias, aprender a formar equipes, dividir tarefas e melhorar o processo
de comunicação entre os colaboradores. Essa é uma forma de agregar mais pessoas às suas atividades
e principalmente à evangelização espírita.
É importante que os trabalhadores tenham liberdade para desempenhar seu papel, com interesse,
inteligência e, sobretudo, com satisfação. As novas idéias devem ser estimuladas e a criatividade deve ser
uma máxima dentro da atividade de Evangelização.
Assim, o segundo princípio considerado para implantar a qualidade total na evangelização é repensar
a estrutura organizacional da Casa Espírita e, conseqüentemente, do DIJ, em seus setores, equipes de
trabalho e ciclos de atendimento às crianças, aos jovens e aos pais.
3. Preparação do evangelizador
Este princípio orienta todas as ações que buscam a evolução pessoal, pedagógica e doutrinária do
evangelizador.
A primeira preocupação do evangelizador, ao receber crianças e jovens para evangelizar, é a de
ter uma consciência firme de que vai oferece-lhes para reflexão o conhecimento do Espiritismo e do
Evangelho de Jesus. O evangelizador deve ter convicção da proposta educacional espírita, considerá-la de
fato importante e significativa para os evangelizandos, sentir que tem algo relevante a trabalhar com esse
grupo, que supera o senso comum, que é algo novo e bom, aprendendo a ter auto-estima e a valorizar a
tarefa. Se o próprio evangelizador não estiver convencido da relevância do que ensina, como poderá ser
capaz de despertar no evangelizando a vontade de estudar? Esta convicção lhe dá autoridade. Deve,
então, acreditar profundamente naquilo que está propondo, querer efetivamente ensinar e, mais do que
isto, querer que o evangelizando aprenda.
Assim, o evangelizador, antes de tudo, deve estudar ininterruptamente a Codificação Espírita, interessar-
-se pelas produções culturais e intelectuais da nossa sociedade. Com esses conhecimentos, ele terá
arcabouço para cumprir o que se propôs: auxiliar na formação do homem integral.
Outra preocupação é descobrir quais caminhos, técnicas e recursos que podem ser usados para
ensinar a Doutrina Espírita às crianças e aos adolescentes. É por amor às crianças e aos jovens que
alguém se torna evangelizador. Todavia, ao tornar-se evangelizador por ideal, por entender o alcance dessa
tarefa, ele precisa procurar os recursos necessários a um bom desempenho, como pré-requisito da tarefa
que pretende realizar.
Além de desenvolver as habilidades descritas acima, ele deve estar sempre atento à forma como
trabalha em sala de aula. A busca constante por novos conhecimentos didáticos e pedagógicos é outra
condição essencial ao evangelizador.
Dessa forma, o aperfeiçoamento do evangelizador e o seu desenvolvimento humano fazem parte
do terceiro princípio da qualidade total.
4. Constância dos objetivos e unidade do trabalho
Qualidade não é algo que se instala, estabelece ou institui de uma única vez. Trata-se de uma
conquista ou construção, ao longo do tempo, através de um aperfeiçoamento contínuo. A qualidade na
Evangelização deverá ser buscada a cada passo do processo e não através de uma simples avaliação ao
final do ano.
Em termos práticos, é necessário estabelecermos uma unidade em suas diretrizes, objetivos e
métodos. Essa preocupação evitaria alterações no ensino da Doutrina Espírita que poderiam transformá-la
em um conjunto de idéias e práticas incoerentes.
Não há possibilidade de se atingir a qualidade no trabalho de Evangelização nem a sua unidade,
sem que se tenha clareza sobre onde queremos chegar – a educação integral do ser.
Uma providência necessária para se atingir esse fim é a adoção de um currículo de ensino que não
consiste apenas numa relação de assuntos tomados e descritos aleatoriamente. Um currículo de ensino
deve ter uma linha filosófica e doutrinária, uma fundamentação psicológica, uma orientação didático-
pedagógica, conteúdos mínimos a serem selecionados e processos de avaliação.
Esse conteúdo deve ser significativo – relacionado às reais necessidades dos educandos; crítico –
que vá à raiz dos problemas, que supere as aparências; que veicule valores cristãos de justiça, solidariedade,
verdade, paz, caridade, amor, etc.
Se a unidade de princípios, de conceitos e de objetivos for inexistente, por certo, caminharemos por
estradas tão diferentes, que impossibilitarão um encontro dentro da mesma visão doutrinária. Resumimos
dizendo que unidade não se refere à uniformização de métodos, técnicas e procedimentos didáticos, que
podem variar, mas sim ao conteúdo doutrinário do ensino que precisa ser fiel à Doutrina Codificada por
Kardec.
5. Aperfeiçoamento contínuo do Evangelizador
Não há possibilidade de aperfeiçoar o que não se pode medir. Portanto, saber avaliar os resultados
dos esforços empreendidos é um princípio fundamental na busca da qualidade, que conduz ao
aperfeiçoamento contínuo.
As evidências acerca da qualidade devem ser observadas a cada etapa do processo de
evangelização, evitando-se a repetição de erros e a proliferação de problemas. O importante para uma 5
instituição que pretende desenvolver um trabalho de qualidade é detectar, através de avaliações constantes,
problemas de ensino e aprendizagem relacionados às aulas de evangelização e, em seguida, propor medidas
saneadoras, a fim de que tais problemas não afastem do trabalho os evangelizadores e, das aulas, os
evangelizandos.
O aperfeiçoamento contínuo pressupõe capacitação e atualização constante dos trabalhadores, é
um pilar fundamental de sustentação do trabalho.
Insistimos na tese de que a principal exigência, em termos de conhecimento, que se deve fazer em
relação ao preparo daquele que se propõe evangelizar, é a do domínio prévio do Espiritismo. Em segundo
plano, vem a tecnologia aplicável às experiências de aprendizagem organizadas para os evangelizandos
de diversas faixas etárias ou, em outras palavras, as técnicas empregadas no desenvolvimento das aulas
e essas condições podem ser adquiridas ao longo do trabalho.
As ações de capacitação devem ter como objetivo aprimorar tanto o conhecimento como a técnica.
Todavia, elas tornam-se realmente efetivas quando, além da preparação instrucional, cognitiva, busca
desenvolver seres humanos mais dedicados ao trabalho e, acima de tudo, mais compromissados com os
resultados que a evangelização almeja.
Portanto, é fundamental criar indicadores de qualidade que retratem as metas, os objetivos e os
procedimentos do trabalho. Com base nesses indicadores é que vamos trabalhar, buscando um
aperfeiçoamento contínuo.
6. Planejamento e gerenciamento dos processos
Gerenciar processos é planejar, executar, verificar se há erros e fazer correções, quando necessário.
Todo trabalho deve ser planejado considerando-se as peculiaridades de cada Casa Espírita, as
facilidades e dificuldades dos colaboradores e dos evangelizandos que são os seus freqüentadores.
Estamos nos referindo a um planejamento global da atividade de Evangelização, onde se
estabelecem os objetivos, o cronograma de atividades anual ou semestral, as responsabilidades, deveres
e tarefas de cada colaborador ou setor de trabalho e a definição dos conteúdos das aulas relativos a cada
ciclo de evangelização.
O planejamento é o elemento organizador de todo trabalho. Por meio dele, podemos prever as
necessidades dos colaboradores, programar as atividades antecipadamente, acompanhar o desempenho
de evangelizandos e evangelizadores e corrigir rumos, se necessário.
Se o planejamento global da tarefa é importante para a sua organização e funcionamento,
indispensável é o preparo das aulas. Essa é uma tarefa que deve ser realizada pelos evangelizadores, com
a assistência e o apoio do coordenador e/ou de companheiros mais experientes.
Para ajudar o evangelizador em sua tarefa, o Movimento Espírita tem um documento orientador, o Currículo
para a Evangelização, que seleciona e delimita o conteúdo de ensino a ser trabalhado com cada uma das faixas
etárias que compõem o nosso público-alvo e oferece tipos de metodologia de ensino a ser utilizada.
Servindo-se desse documento, o evangelizador tem o caminho e as diretrizes para elaborar com
mais segurança o planejamento das aulas.
7. Liderança e trabalho de equipe
O sucesso na delegação de trabalho depende da capacidade de identificar, corretamente, o que e
para quem delegar.
Os dirigentes da evangelização, que já percorreram uma caminhada assumindo compromissos
como evangelizadores, coordenadores ou colaboradores, trazem para a liderança uma bagagem de
experiências que se somarão às da equipe que coordena e têm o dever de imprimir ao trabalho a marca da
qualidade, da responsabilidade e da disciplina.
A partir do momento que um grupo de pessoas se une para construir, em conjunto, um trabalho de
evangelização, faz-se necessário estabelecer formas de organização, pois, considerando-se a diversidade de
opiniões dos colaboradores, um ponto de encontro deve ser estabelecido e normas de funcionamento implantadas.
Uma organização administrativa com Equipe Diretiva ou Equipe de Trabalho ⎯ composta pelo diretor,
por coordenadores de setores e outros colaboradores, que desempenham funções estratégicas ⎯, propicia
a delegação de tarefas pelo compartilhamento de responsabilidades e um efetivo intercâmbio de idéias e
experiências. Ressalta-se, nesse sentido, que tal estrutura favorece a construção de uma cultura de co-
responsabilização, visto que todos assumem o compromisso pelo planejamento, execução e avaliação
das ações desenvolvidas, além de possibilitar melhorias gradativas.
Obviamente, a constituição de uma equipe de coordenação não exclui a presença e ação do líder, o
papel da coordenação é o de oferecer a diretriz norteadora do trabalho, certificando-se de que os caminhos
adotados conduzem ao alcance dos objetivos estabelecidos.
É fundamental que os dirigentes desenvolvam uma característica essencial ao sucesso de sua
atividade: a liderança. Essa, por sua vez, deve ser exercida considerando-se as habilidades e particularidades
de todos os membros da equipe, de modo que os diferentes talentos possam ser somados com vistas ao
êxito da tarefa. O líder busca a cooperação, preocupando-se em tornar a atividade interessante e oferecendo
as melhores condições possíveis de trabalho; tudo isto numa atmosfera contagiante de energia e entusiasmo.
O líder envolve ativamente o pessoal na tarefa, ouvindo e acatando suas propostas, fazendo com que
participem das decisões e elogiando o esforço individual e coletivo.
Nesse sentido, verifica-se que o comprometimento com a qualidade deve ser de todos os envolvidos,
que precisam buscar, diária e constantemente, a melhoria do trabalho de evangelização em todos os seus
aspectos.
Que se lance mão de todos os recursos possíveis para que a equipe de trabalho se torne amiga,
respeitosa e feliz. Muitas são as dificuldades quando tentamos fazer um bom trabalho, e a alegria, a motivação
e o respeito mútuo contribuem para que os espíritos amigos inspirem-nos, auxiliem-nos na superação das
nossas deficiências e nos dêem boas idéias para que possamos contribuir efetivamente para o sucesso
da evangelização espírita.
Essa proposta de coordenação e delegação de tarefas é difícil, pois o trabalho em equipe exige
inúmeras qualidades do líder, mas, certamente, resultará num grupo coeso, feliz e comprometido com a
tarefa. O grande desafio é ser um líder responsável, amigo, leal e, principalmente, ser líder de uma equipe
“pensante”, onde todos os componentes da equipe podem colaborar com o trabalho.
8. Melhoria na comunicação e na difusão das informações
O sucesso na implantação de um programa de qualidade depende em grande parte da comunicação
eficiente entre os colaboradores. Fazer com que todos tomem conhecimento das ações que serão realizadas
e quem são os responsáveis, assegura o cumprimento das propostas e projetos estabelecidos.
Dessa forma, nas atividades de evangelização torna-se indispensável manter em funcionamento
um canal de comunicação permanente com os freqüentadores do Centro Espírita, evangelizadores e
evangelizandos, com o objetivo de clarificar o que almejam e, a partir daí, definir como satisfazer o nível de
expectativa dos participantes.
Assim, nas atividades de evangelização, as informações devem estar disponíveis em locais de fácil
acesso e/ou devem ser comunicadas diretamente aos trabalhadores.
Também os pais ou responsáveis que estão diretamente ligados ao trabalho de evangelização devem
ser informados de todas as atividades, de modo que possam contribuir como colaboradores, integrados e
comprometidos com os ideais da evangelização.
9. Garantia da qualidade e comprometimento com a tarefa
A qualidade na escola de evangelização espírita representa um novo paradigma que acreditamos
ser necessário adotar, contudo, ele exige comprometimento e trabalho incessantes.
O programa de qualidade na evangelização deve ter outra característica que a destaca que é a
busca permanente pela satisfação por meio da avaliação.
Muitos pensam que não se satisfazer é uma idéia negativa, mas acreditamos ser exatamente o
contrário. O sentimento de insatisfação, quando bem administrado, predispõe as pessoas a se questionarem
sobre o que podem fazer para melhorar o trabalho. Isso é muito positivo, pois cria entre os trabalhadores da
evangelização o desejo de promover transformações, de buscar soluções para os problemas, de sonhar
com a evangelização ideal.
Dessa forma, cria-se um ambiente privilegiado, permitindo que seus integrantes sonhem com uma
sociedade melhor e trabalhem para isso. Só assim ela cumpre seu papel de auxiliar na formação de espíritas
integrados na vida social, melhorando a cada dia o mundo em que vivem.
A garantia da qualidade se traduz na adesão aos novos paradigmas para o trabalho, na execução
das atividades de acordo com os planejamentos, no cumprimento dos compromissos estabelecidos e na
administração das rotinas existentes.
Com essas providências, o trabalho se torna organizado, todos tomam conhecimento das suas tarefas
e responsabilidades e a qualidade não é afetada pelas mudanças de colaboradores que venham a ocorrer.
10. Alcance da excelência na Evangelização Espírita
Podemos traduzir esse princípio como o alcance da excelência no trabalho.
É óbvio que sabemos ser impossível num trabalho que envolve a formação de pessoas não
acontecerem erros. Mas estabelecendo-se normas e procedimentos para as atividades de evangelização
minimizaremos as possibilidades de erro e garantiremos mais qualidade.
A improvisação é um dos grandes fatores que induzem ao erro em qualquer atividade que realizamos,
em se tratando de evangelização, ela é fatal, pois sonega ao evangelizando a possibilidade de conhecer de
maneira clara, correta e profunda os ensinos Espíritas, que constituirão, ferramentas indispensáveis aos
enfrentamentos da vida.
Na realidade, todos os princípios enumerados podem colaborar para se evitar erros e para o
aperfeiçoamento da tarefa.
Fazer bem o trabalho, não aceitar procedimentos incorretos, estimular sempre ações inovadoras e
criativas, seguir os planejamentos, são ações que fazem parte da filosofia da qualidade e contribuem para
a implantação do princípio do alcance da excelência.
*INDICADORES DA QUALIDADE*
Indicadores representam itens de mensuração por meio dos quais pretendemos avaliar o desenvol-
vimento de determinados elementos e contextos. São utilizados como guias para a aferição e controle da
consecução de metas relacionadas a objetivos específicos. São sinais que revelam aspectos de determinada
realidade e que podem qualificar algo.
Uma preocupação corrente nas atividades do mundo moderno é a garantia da qualidade naquilo que
realizamos.
Quando pretendemos uma adaptação do modelo de qualidade para avaliar indicadores na
evangelização espírita infanto-juvenil este cuidado deve ser maior.
Para o pesquisador Marco Goldbarg, a qualidade possui três dimensões: conformidade, adequação
e impacto social.
* Conformidade – representa a adesão a determinados padrões utilizados como referência para aferir
um produto ou serviço.
* Adequação – representa os critérios de oportunidade pelos quais um produto ou serviço é avaliado
em relação a um conjunto de necessidades.
* Impacto social – representa a contribuição do produto ou serviço para elevar a satisfação, a
saúde, a felicidade individual e coletiva da humanidade e de seu meio ambiente.
Neste texto tomaremos o sentido de qualidade considerando as três dimensões apresentadas por
Goldbarg e as aplicaremos na caracterização de indicadores para avaliação das atividades de evangelização.
Na atividade de evangelização espírita precisamos considerar que a natureza do serviço é MUITO
diferente do exercício mercantil, onde também se aplicam os conceitos de qualidade e seus indicadores.
O processo educacional na evangelização espírita tem por propósito a transformação do indivíduo
pela aquisição de referenciais alinhados com as leis da natureza que o inspiram para a prática do amor – a
si mesmo, ao próximo e a Deus – e para o constante aprimoramento de suas faculdades.
Caracterizar um conjunto de indicadores para avaliar a qualidade de uma atividade como esta,
requer, antes de tudo, clareza quanto ao que se pretende melhorar.
Sugerimos a aplicação dos indicadores em três categorias:
* indicadores de controle;
* indicadores de adequação;
* indicadores de impacto sócio-educacional.
1. Indicadores de controle
* Assiduidade dos evangelizandos – se os evangelizandos não freqüentam as aulas de
evangelização, o trabalho certamente não pode ser desenvolvido a contento. Sugerimos um
índice mínimo de 70% de assiduidade para o total de aulas semestrais.
* Assiduidade dos evangelizadores – o serviço da evangelização pede mãos que o desenvolva.
Se o evangelizador não participa das atividades de evangelização, ou alterna, de modo
improvisado, com outras pessoas, a presença na sala de aula, o serviço perde em continuidade
e deixa de ganhar uma unidade de propósito. Quando o programa de evangelização é
estabelecido, preciso se faz que os evangelizadores cumpram o cronograma de trabalho com
assiduidade.
* Pontualidade nas atividades – este item possibilita aferir aspectos mínimos de
comprometimento em relação ao cumprimento dos programas e conteúdos educacionais. Sem
uma carga horária adequada não é possível averiguar os conceitos instrucionais. Todo trabalho
sério exige continuidade e disciplina.
* Percentual do conteúdo programado/ministrado – quando se pretende controlar o andamento
das atividades de evangelização, o conteúdo trabalhado em sala de aula é de fundamental
importância para o seu bom desenvolvimento. Avaliar a relação entre o conteúdo programado
e o ministrado possibilita identificar lacunas que precisam ser preenchidas e permite apontar
falhas no processo de planejamento e distribuição da carga horária. Quando este percentual é
tido como média das turmas, possibilita identificar deficiências operacionais, de planejamento
ou de execução do trabalho.
* Indicador de apropriação de conteúdos – o objetivo da evangelização não é distribuir diplomas
que certificam a formação de espíritas. Entretanto, o processo de transformação pretendido
não poderá ser atingido se o conteúdo doutrinário não for apreendido pelo educando. Urge,
desse modo, desenvolver instrumentos de aferição para os conteúdos trabalhados em sala de
aula que não sejam provas ou avaliações formais. Sugere-se que os instrumentos de avaliação
das próprias aulas sejam adaptados para a compilação de resultados, de modo que os
responsáveis (pais, coordenadores, evangelizadores e evangelizandos) possam acompanhar
o desenvolvimento dos conteúdos vivenciados nas aulas de evangelização.
* Indicadores da prática pedagógica – o objetivo de todos os evangelizadores é que os
evangelizandos conheçam a Doutrina Espírita e utilizem seus princípios nas vivências diárias.
Para isso, desenvolvem um programa utilizando-se de métodos, técnicas e recursos específicos.
É importante analisar os planejamentos periodicamente, utilizando instrumentos variados de
avaliação de maneira que se possa constatar a adequação de métodos e técnicas de ensino e
conseqüentemente a apropriação dos conteúdos e a satisfação dos evangelizandos.
Assim, os indicadores da prática pedagógica precisam ser desdobrados em instrumentos de
avaliação, com questões específicas para avaliar as aulas, o planejamento, o apoio pedagógico e a
integração entre os evangelizadores.
2. Indicadores de adequação
A idéia de adequação, em termos de qualidade, representa a satisfação das necessidades
apresentadas por um público-alvo em relação a produtos ou serviços. Tais necessidades são aquelas
expressamente demonstradas e declaradas.
No contexto da evangelização espírita, os indicadores de adequação possibilitam analisar como o
trabalho está sendo percebido por todos os elementos envolvidos e quanto ele tem atendido às expectativas.
* Satisfação dos evangelizandos – pelo uso de instrumentos como questionários e fichas de
avaliação é possível estabelecer uma média de satisfação desse público em relação ao desen-
volvimento das atividades. Esta avaliação poderá nortear pontos potenciais de melhoria e iden-
tificar as necessidades explícitas dos evangelizandos em relação ao desenvolvimento das
atividades.
* Satisfação dos evangelizadores – da mesma forma que os evangelizandos podem apresen-
tar suas necessidades e expectativas em relação ao trabalho de evangelização, os
evangelizadores deveriam fazer o mesmo. Esta expressão poderá ser feita por meio de uma
avaliação periódica para fazer convergir os interesses do trabalho e criar cadeias de estímulo
para um bom desempenho. Se os evangelizadores se sentem contentes com o desempenho
de suas atividades, então, o bom ânimo começa a fazer parte do trabalho, a alegria se faz
presente – característica marcante no serviço da Boa Nova.
* Satisfação dos pais e responsáveis – é a avaliação correspondente ao quanto a escola de
evangelização está atendendo aos interesses dos pais e responsáveis dentro do contexto
educacional.
* Satisfação organizacional – a instituição onde se desenvolvem os trabalhos educativos da
evangelização também poderá estabelecer alguns indicadores relativos à satisfação de suas
necessidades. Formação de trabalhadores; contribuições de trabalho em outras atividades da
casa, como participação em projetos, atuação da juventude em palestras e exórdios; realização
de reuniões de pais e evangelizadores; envolvimento dos evangelizadores em atividades de
estudo complementar, etc., são exemplos de indicadores de satisfação dos objetivos e
necessidades da instituição, que merecem ser avaliados dentro do contexto da qualidade adjetiva
no trabalho de evangelização.
3. Indicadores de impacto sócio-educacional
O principal objetivo do trabalho de evangelização espírita infanto-juvenil é a preparação do Espírito
para a vivência das leis naturais, desiderato este que lhe permite usufruir a verdadeira felicidade e garante-
-lhe o bem-estar espiritual. Além do fortalecimento do indivíduo, a evangelização proporciona elementos de
consolidação de uma sociedade melhor na medida em que influencia o homem a desempenhar suas
relações com o próximo e com o meio ambiente em que vive.
Ao avaliarmos essa dimensão (impacto sócio-educacional) no contexto da evangelização espírita
infanto-juvenil tocamos a natureza essencial do trabalho educacional espiritista que se reflete nos impactos
individuais e sociais, seja na forma de melhoria da qualidade de vida do ser ou da sociedade.
Face à complexidade da avaliação desta dimensão é importante notar que ela não é de
naturezapontual, realiza-se em períodos mais longos e pretende analisar os resultados efetivos do processo
de evangelização.
Em geral, os indicadores da qualidade que avaliam a abrangência e o alcance da evangelização não
são numéricos. Eles pretendem analisar a efetividade do trabalho na formação dos homens de bem.
*Sugerimos os seguintes instrumentos:*
* Uso de uma ficha de acompanhamento dos evangelizandos – este instrumento poderá conter
apontamentos oriundos da avaliação dos evangelizadores, dos pais e do próprio evangelizando
em diferentes momentos, sendo depois utilizado para avaliar diversos aspectos relacionados à
melhoria do seu desempenho, sempre com a sua anuência ou a de seus responsáveis.
*Avaliação do programa de evangelização pelos pais dos evangelizandos – neste instrumento
são registradas as impressões gerais dos pais dos evangelizandos sobre o significado da
evangelização para eles, dentro de determinados períodos de tempo (sugere-se que seja
semestral ou anual).
* Relatório geral de avaliação das atividades – consiste em um resumo executivo das atividades
da evangelização em determinados períodos, contendo os indicadores de controle, adequação
e impacto sócio-educacional.
A qualidade na Evangelização espírita da criança e do jovem, como vimos, depende fundamental-
mente do Planejamento pedagógico e administrativo que se elabora para um período mais ou menos longo
e que engloba todas as ações e projetos a serem trabalhados.
Em síntese, podemos dizer que a qualidade da evangelização espírita depende:
1. da existência de um programa de estudos bem definido (documento de orientação de âmbito
nacional);
2. do envolvimento da família do aluno (papel da sociedade);
3. da capacidade (formação doutrinária e pedagógica) dos evangelizadores;
4. do interesse dos evangelizandos pelos conteúdos espíritas e sua vivência.
Concluímos afirmando: a busca da qualidade na evangelização envolve vários aspectos e/ou
dimensões, que vão desde o ambiente físico e espiritual da Escola, passando pela prática pedagógica, a
organização e o funcionamento, a participação democrática, a capacitação dos evangelizadores e a
permanência dos evangelizandos.
Essas condições precisam ser trabalhadas constantemente, organizando-se propostas de trabalho
que contemplem cada uma dessas dimensões e que por meio de instrumentos de controle e avaliação se
possa chegar a excelência na Evangelização.(*)
*
(*) Bibliografia consultada.
____________
CAMPOS, Vicente Falconi. Controle da Qualidade Total. 7. ed. Minas Gerais: UFMG- Fundação Christiano Ottoni, 199
*A GERAÇÃO NOVA*
No capítulo XVIII de A Gênese, intitulado A GERAÇÃO NOVA, Kardec enfatiza: “Para que na Terra
sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados,
que somente ao bem se dediquem.” (1)
“A Humanidade tem realizado até o presente incontestáveis progressos. Os homens, com sua
inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das
artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si
reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral.” (2)
“De duas maneiras se opera (...) a marcha progressiva da Humanidade: uma, gradual, lenta,
imperceptível, (...) a traduzir-se por sucessivas melhoras nos costumes, nas leis, nos usos, melhoras que
só com a continuação se podem perceber (...) a outra, por movimentos relativamente bruscos, semelhantes
aos de uma torrente que, rompendo os diques que a continham, transpõe nalguns anos o espaço que
levaria séculos para percorrer.” (3)
“Tornada adulta, a Humanidade tem novas necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas;
(...) já não encontra, no estado das coisas, as satisfações legítimas (...).” (3)
É a um desses períodos de transformação ou de crescimento moral que ora chega a Humanidade.
“Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as
paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a
fraternidade.
Será ele que deitará por terra as barreiras que separam os povos (...) ensinando os homens a se
considerarem irmãos que têm por dever auxiliarem-se mutuamente (...).” (4)
O Espiritismo pode dar aos homens a base necessária para que essas reformas morais se
desenvolvam, completem e consolidem.
A Evangelização Espírita será uma poderosa alavanca capaz de auxiliar a humanidade nesse
processo de regeneração e evolução moral.
“A época atual é de transição, confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto
intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo,
pelos caracteres que lhes são peculiares.” (6)
“A geração que desaparece levará consigo seus erros e prejuízos; a geração que surge, retemperada
em fonte mais pura, imbuída de idéias mais sãs, imprimirá ao mundo ascensional movimento, no sentido
de progresso moral que assinalará a nova fase da evolução humana.” (5)
Podemos depreender dessa afirmação que deverão desaparecer, a geração daqueles que não
conseguem se adaptar à nova ordem moral, pela qual a humanidade deverá passar.
(...) Os que praticam o mal pelo mal, alheios ao sentimento do bem, dela se verão excluídos,
porque lhe acarretariam novamente perturbações e confusões que constituiriam obstáculo ao progresso.
(...) Substituí-los-ão na Terra Espíritos melhores que farão reinar entre si a justiça, a paz, e a
fraternidade.”(7)
A essa geração nova cabe fundar a era do progresso moral, ela se distinguirá por possuírem
inteligência e razão geralmente precoces, associadas ao sentimento inato do bem e a crenças
espiritualistas.
Ao se cogitar sobre a Evangelização da criança e do jovem, nessa nova fase de desenvolvimento,
não se pode esquecer as experiências passadas, por meio das quais foi evoluindo a Humanidade, as
conquistas científicas e sociais já alcançadas e a necessidade de continuar progredindo, buscando, agora,
a renovação moral.
Pois, a regeneração da Humanidade não exige a renovação integral dos espíritos: basta uma modi-
ficação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos,
desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo.(8) Essa é a missão dos educadores que são
espíritos forjados nas experiências terrenas capazes de estimular os reencarnantes a atitudes de auto-
aperfeiçoamento.
Assim, aqueles que estão encarregados de orientar as novas gerações deverão se preparar levando
em consideração as experiências já vividas, os erros e acertos, a maturidade consquistada ao longo do
processo evolutivo, o progresso moral e intelectual já realizado, a fim de oferecer aos que reencarnam,
os programas, as orientações e os exemplos que lhes assegurem a continuidade dos progressos já
realizados.
Esse progresso deverá estar mais direcionado aos sentimentos, comportamentos e atitudes do
que ao desenvolvimento do intelecto, pois o homem já acumulou conhecimentos científicos em grande
escala, haja vista o avanço da ciência e da tecnologia em nosso mundo.
Faz-se necessário, então, estimular a vivência evangélica, despertando-os para a prática da caridade
e da fraternidade legítimas, atitudes capazes de realizar as modificações de comportamento.
Vivenciando os princípios espíritas, os homens se integrarão com seus pares e com o meio social
mais amplo, contribuindo para a construção de um mundo mais evangelizado.
A Evangelização Espírita, por considerar um passado de experiências e com vistas num futuro que
se estende além da vida física, abrirá perspectivas novas nesse processo de renovação, adaptando-o às
diferentes necessidades que surgirão com o desenvolvimento cultural e espiritual daqueles que estarão
habitando a Terra.
“(...) Ela se impõe com a exigência dos tempos. Só ela poderá orientar os espíritos para a formação
do homem novo, consciente de sua natureza e do seu destino, bem como de pertencer à Humanidade
cósmica e não aos exíguos limites da Humanidade terrena.(...)”(9)
o Espiritismo, pelo seu poder moralizador e pelas suas tendências progressistas, abrangendo
uma imensa generalidade de questões, embasará a Humanidade nessa conquista.
O programa de Evangelização do Homem estará baseado nos recursos pedagógicos trazidos pelos
ensinos de Jesus e na ciência do Espírito codificada por Kardec, que se encarregará da realização da
grande e profunda renovação educacional, necessária para que se atinja o progresso.
Apoiando-se nesses paradigmas, lembramos que Jesus afirmou a necessidade de transformação
do homem velho em homem novo e é nesse sentido que a sua pedagogia deverá ser aplicada nos programas
de Evangelização Espírita, agora e no futuro.
*
*Referências Bibliográficas:*
(1) KARDEC, Allan. A Geração Nova. In: A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 48. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. XVIII, item 27.
(2) ______. Item 5.
(3) ______. Item 13 e 14.
(4) ______. Item 19.
(5) ______. Item 20.
(6) ______. Item 28.
(7) ______. Item 27.
(8) ______. Item 33.
(9) PIRES, Herculano. Formação do homem novo. In: Pedagogia Espírita. ed. São Paulo: Edicel. P. 61
*OBJETIVOS DA EVANGELIZAÇÃO*
Para definirmos com acerto os objetivos da Evangelização Espírita, recordemos o conceito: a
denominação de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil se dá à transmissão do conhecimento espírita e da
moral evangélica pregada por Jesus que foi apontado pelos Espíritos superiores, que trabalharam na
Codificação, como modelo de perfeição para toda a Humanidade. (1)
“(...) Como a preocupação não é somente com a transmissão de conhecimentos, mas sobretudo
com a formação moral; e como a formação moral se inspira no Evangelho, parece-nos muito apropriada a
denominação de evangelização espírita dada a essa tarefa, por expressar, na sua abrangência, exatamente
o que se realiza em nossos agrupamentos de crianças e jovens.
O ensinamento espírita e a moral evangélica são os elementos com os quais se trabalha nas aulas.
Esses conhecimentos são levados aos alunos por meio de situações práticas da vida, pois a metodologia
empregada pretende que o aluno reflita e tire conclusões próprias a partir dos temas estudados, pois só
assim se efetiva a aprendizagem real”. (2)
São essas as premissas que devemos considerar ao estabelecermos e analisarmos os objetivos
norteadores da tarefa.
Se a Evangelização Espírita Infanto-Juvenil tem em vista o conhecimento da Doutrina e a mudança
de comportamento, os seus objetivos precisam estar definidos de tal modo que, ao final das etapas
evangelizadoras, seja possível, de alguma maneira, constatar seu alcance.
Ressalta-se, contudo, que de um programa de tão vasta abrangência não se pode esperar,
obviamente, resultados imediatos, visto que o processo de formação moral do ser humano demanda tempo,
amadurecimento e consolidação do aprendizado.
Dessa forma, os objetivos da Evangelização Espírita deverão ser formulados para curto, médio e
longo prazos, considerando que “a educação não começa no berço e nem termina no túmulo, mas antecede
o nascimento e sucede à morte do corpo físico”. (2)
Os objetivos de longo prazo consideram o indivíduo em seu processo contínuo de aprendizado nos
dois planos da existência e “põe em ação todo o seu potencial com vistas ao alcance dos mais puros ideais
de vida.” (2) É o Espiritismo dilatando as fronteiras da educação, concedendo-lhe maior abrangência e
apontando-lhe objetivos de grande alcance e valor moral.
São objetivos orientadores de uma nova filosofia de vida que o “Espiritismo revela, terão forças
capazes de educar, por oferecer uma argumentação muito forte em favor da necessidade do progresso
espiritual e por conter uma motivação, igualmente vigorosa, para a busca desse progresso”. (2)
Tais objetivos de longo alcance necessitarão ser desdobrados em outros, mais específicos, que
possam ser atingidos em curto e médio prazos. Estes constituem os objetivos determinados para cada
uma das aulas, estabelecem os aspectos do conhecimento e as aquisições de comportamentos a serem
desenvolvidos durante o processo evangelizador.
somatório desses objetivos específicos promoverá, certamente, o alcance dos objetivos gerais
da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil: “a) promover a integração do evangelizando: consigo mesmo,
com o próximo e com Deus.
b) proporcionar ao evangelizando o estudo: da lei natural que rege o Universo; da ‘natureza, origem
e destino dos Espíritos bem como de suas relações com o mundo corporal’.
c) oferecer ao evangelizando a oportunidade de perceber-se como homem integral, crítico, consciente,
participativo, herdeiro de si mesmo, cidadão do Universo, agente de transformação de seu meio, rumo a
toda perfeição de que é suscetível.” (3)
Os objetivos da Evangelização funcionam como orientadores de todo o trabalho, estabelecendo
onde queremos chegar e quais os caminhos que devem ser percorridos. Por tal razão, os objetivos serão
atingidos por meio das ações planejadas e executadas junto as crianças e jovens.
Assim sendo, de nada adianta estabelecermos corretamente os objetivos da tarefa se as atividades
escolhidas não forem coerentes ou não tiverem relação com os mesmos, visto que não conseguiremos
atingir os propósitos do trabalho.
Refletindo sobre os resultados da Evangelização Espírita ao longo desses 30 anos de Campanha,
nos questionamos por diversas vezes por quais motivos muitos dos nossos evangelizandos, crianças e
jovens, apresentam comportamentos iguais ou até mais inadequados que os apresentados por outros que
não freqüentaram a Evangelização Espírita. Essa constatação nos remete à hipótese de que o afastamento
dos objetivos da Evangelização, por parte de alguns trabalhadores, prejudicam a formação moral desses
evangelizandos.
Portanto, todas as atividades realizadas na prática evangelizadora necessitam estar orientadas
pelos seus objetivos, de modo que sejam alcançados a longo, médio ou curto prazos, dependendo do tipo
de aprendizado proposto e dos valores vivenciados.
Conclui-se que os objetivos da Evangelização Espírita implicam, efetivamente, na vivência do
Evangelho por todos os envolvidos, sejam evangelizandos, evangelizadores e colaboradores, porque
direcionam seus passos para a conquista dos bens do Espírito.
O Céu não reclama a santificação de nosso espírito, de um dia para outro, nem exige de nós, de
imediato, as atitudes espetaculares dos heróis amadurecidos no sofrimento renovador. O trabalho da
evangelização é gradativo, paciente e perseverante (Bezerra de Menezes).
*Referências Bibliográficas:*
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Questão 625.
(2) ROCHA, Cecília. Pelos caminhos da Evangelização. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Caps. 1 e 5.
(3) ______ & equipe. Currículo para as Escolas de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil. 3. ed. Rio de janeiro: FEB,
2006. P.13.
*ALCANCE E ABRANGÊNCIA DA EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA DA CRIANÇA E DO JOVEM*
Ao refletirmos sobre o alcance da tarefa de evangelização, chega-nos à mente todos os conceitos
e definições que os evangelizadores expressam quando perguntados sobre “o que é Evangelização Espírita
infanto-juvenil?”.
Como respostas, podemos obter: “é formar o homem de bem”; “é a transmissão do conhecimento
espírita”; “é um trabalho de modificação do homem”; “é a construção de um mundo melhor”, dentre outras.
Elas definem exatamente o alcance da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil, visto que “é através
da evangelização que o Espiritismo desenvolve seu mais valioso programa de assistência educativa ao
homem”. (1)
Comentando sobre a necessidade de se desenvolver o programa de evangelização, Leopoldo
Machado destaca ser “inútil improvisar escoras regenerativas para obrigar o endireitamento de árvores
que envelheceram tortas. As escoras só asseguram o crescimento correto de plantas novas, evitando que
seus caules se desviem do rumo certo.
Assim ocorre também com os seres humanos. Depois que as pessoas consolidam tendências e
as transformam em viciações, que acabam por tornar-se numa segunda natureza, tudo fica sempre muito
difícil quando se cogita de reformas de procedimento, em sentido profundo.
É preciso cuidemos, portanto, da criança e do jovem, plantas em processo de crescimento, ainda
amoldáveis e direcionáveis para o bem maior.” (4)
O programa educativo desenvolvido pela Evangelização tem em vista a modificação de
comportamentos, a aquisição de conceitos e valores capazes de formar uma geração consciente da
necessidade de vivenciar os princípios morais ensinados por Jesus. Evidentemente, um plano dessa
envergadura, que tem como meta avançar no processo evolutivo da humanidade, conta com o apoio de
Espíritos superiores que, em várias ocasiões, se manifestaram mostrando a dimensão dos resultados
alcançados com a execução dessa proposta.
Apoiados na opinião desses orientadores, acreditamos que os espíritos que aportam para uma
nova encarnação, quando educados nos programas de evangelização, estarão preparados para auxiliar o
processo de evolução da Terra rumo à categoria de Mundo de Regeneração.
A educação que se realiza por meio da evangelização possibilita a esses espíritos condições para
assumir, no futuro, o papel de pais ou mães mais conscientes de suas responsabilidades, trabalhadores e
empresários mais interessados no bem comum, políticos com ideais sublimes no exercício da sua função
legisladora, enfim, homens e mulheres conscientes das responsabilidades que lhes cabem no processo
evolutivo, tanto individual como coletivo.
Segundo Carlos Lomba, a evangelização “visa não só beneficiar a geração presente, as crianças e 19
os jovens que no momento enfeitam a Terra com seus sorrisos e graças naturais, mas tem perspectiva
muito mais ampla: é uma preparação para a vinda de Espíritos que deverão integrar, no futuro, as fileiras do
Espiritismo, no Mundo, erguer a bandeira do Amor Crístico em toda parte (...).
É, em suma, a base angular, na qual assentaremos o futuro da Humanidade Espiritual”.(5)
Contudo, para que se consolide tão ambicioso projeto, aqueles que hoje exercem o papel de
orientadores das novas gerações precisam estar mais conscientes das responsabilidades assumidas,
dos objetivos da tarefa e dos processos necessários para alcançá-los.
Não basta dizer que a Evangelização formará homens de bem; é preciso executar essa tarefa
dentro dos princípios da qualidade, assumindo com responsabilidade o papel de evangelizador, capacitando-
-se para a tarefa, estudando a Doutrina Espírita, organizando os núcleos de evangelização, preparando-se
para ser o mediador dessa proposta de educação moral voltada para a transformação do homem, lembrando-
se, acima de tudo, que o amor está na base de todo o processo.
A educação moral que se realiza pela Evangelização Espírita orienta os evangelizandos a fazerem
escolhas certas, torna-os mais sensíveis aos problemas dos semelhantes, amplia e aprofunda sua visão
no trato com os amigos, aumenta o respeito pela família e pelos laços que os une, exercita a responsabilidade
para com os animais, plantas e toda a criação divina, além de promover o espírito de colaboração e de
caridade.
Nesse sentido:
“A criança evangelizada torna-se jovem digno, transformando-se em cidadão do amor, com
expressiva bagagem de luz para toda a vida, mesmo que transitando em trevas exteriores”.(2)
“A abrangência do verbo educar envolve o compromisso espiritual de criar, desenvolver e estimular
os valores transcendentes do ser, não se atendo, apenas, a qualquer programática exclusivista, cuja óptica
distorcida limita o vasto campo das suas realizações”.(3)
“(...) Antes da educação instrucional está a educação moral, e é através da moralização do ser
humano que alcançaremos a felicidade.” (1)
Sabemos que os objetivos da evangelização são de longo prazo e que na maioria das vezes
extrapolam a fase em que crianças e jovens freqüentam as salas de evangelização. Dessa forma, o alcance
do processo evangelizador poderá ser observado nas transformações comportamentais dos evangelizandos
e nas atitudes e vivências coerentes com a moral cristã, constatações que já podem ser verificadas naqueles
que foram alunos da evangelização e vêm assumindo seus papéis na sociedade e no Movimento Espírita.
Os depoimentos das famílias cujos filhos freqüentam as aulas de evangelização, que em relatos
expressam melhorias na convivência e cooperação familiar, o entendimento sobre a caridade e o maior
respeito ao semelhante e às propriedades coletivas, são as certezas de que a evangelização espírita pode,
efetivamente, mudar a sociedade.
Se o alcance dos seus objetivos mais amplos constitui algo de difícil mensuração, a abrangência
desse trabalho já pode ser muito bem avaliada pela adesão do Movimento Espírita à implantação dos
trabalhos de Evangelização Espírita da Criança e do Jovem.
Em quase todas as Casas, Grupos, Centros ou Núcleos Espíritas, esforços são mobilizados, com
empenho e incentivo, para que a evangelização das crianças e jovens “faça evidenciar os valores da fé e
da moral nas gerações novas”. (1)
Essa realidade pode ser constatada na resposta de Bezerra de Menezes ao ser perguntado sobre
o papel da evangelização na expansão do Movimento Espírita. O excelso amigo foi enfático ao dizer que
“(...) a expansão do Movimento Espírita no Brasil, em número e em qualidade, está assentada na participação
da criança e do jovem, naturais continuadores da causa e do ideal.” (1)
Dr. Bezerra de Menezes destaca, ainda, que se as crianças e jovens forem preparados
adequadamente, se lhes forem incutidos no espírito a mentalidade verdadeiramente cristã, estaremos
fornecendo-lhes recursos de crescimento para a responsabilidade e o dever. Somente dessa forma a
Evangelização atingirá seus objetivos na expansão do Espiritismo no Brasil e na formação do homem
evangelizado.
“Assim, faz-se inadiável buscarmos os serviços que nos competem junto à evangelização da criança
e do jovem para que as comunidades terrestres, edificadas em Jesus, adentrem o Terceiro Milênio como
alicerces ótimos de uma nova civilização que espelhe, no mundo, o Reino de Deus”.(1)
Guillon Ribeiro, contempla, “com otimismo e júbilo, o Movimento Espírita espraiando-se, cada vez
mais, nos desideratos da evangelização, procurando, com grande empenho, alcançar o coração humano
em meio ao torvelinho da desenfreada corrida do século... Tão significativa semeadura na direção do
porvir!
Mestres e educadores, preceptores e pais colaboram, ao lado uns dos outros, em meio às esperanças
do Cristo, dinamizando esforços em favor de crianças e jovens, na mais nobre intenção de aproximá-
los do Mestre e Senhor Jesus”. (1)
A evidência dessa união de esforços ⎯ a Casa Espírita propiciando a estrutura organizacional para
o trabalho, os evangelizadores participando como mediadores do conhecimento espírita e os pais,
conscientes de sua responsabilidade, conduzindo os filhos às aulas de evangelização ⎯ resultará na
construção de uma nova era para a Humanidade.
“É imperioso se reconheça na evangelização das almas tarefa da mais alta expressão na atualidade
da Doutrina Espírita. Bem acima das nobilitantes realizações da assistência social, sua ação preventiva
evitará derrocadas no erro, novos desastres morais, responsáveis por maiores provações e sofrimentos
adiante, nos panoramas de dor e lágrima que compungem a sociedade, perseguindo os emolumentos da
assistência ou do serviço social, públicos e privados.” (1)
alcance e a abrangência da Evangelização Espírita dependem dos objetivos estabelecidos, da
qualidade dos programas, da responsabilidade com que os evangelizadores realizam seu trabalho,
procurando atingir a dimensão espiritual dos evangelizandos e do esforço que o Movimento Espírita faz
para implantá-la e valorizá-la em todas as suas Instituições, visto que:
“É através da evangelização que o Espiritismo desenvolve seu mais valioso programa de assistência
educativa ao homem.” (1)
*Referências Bibliográficas:*
(1) A Evangelização Espírita da Infância e da Juventude na Opinião dos Espíritos. Separata do Reformador. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1986. Pg. 8, 12, 15, 26, 27 e 29.
(2) FRANCO, Divaldo Pereira. Terapêutica de Emergência. Diversos Espíritos. 1. ed. Bahia: LEAL, 1983. Cap. 4, pg. 24.
(3) ______. Antologia Espiritual. Diversos Espíritos. 1. ed. Bahia: LEAL, 1993. Pg. 35.
(4) MACHADO, Leopoldo. Reformador. Rio de Janeiro, v. 100, n. 1843, pg. 308. Out. 1982.
(5) PAIVA, Maria Cecília. Garimpeiros do além. Pelos Espíritos Bezerra de Menezes e outros. 1. ed. Minas Gerais:
Instituto Maria, 1985. Pg. 156.
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