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sábado, 2 de janeiro de 2016

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo nr. 06*

Capitulo II - O maravilhoso e o sobrenatural.

Sendo o pensamento um atributo do Espírito, a possibilidade de impressionar os nossos sentidos, agir sobre a matéria e de transmitir o pensamento do próprio Espírito, não é um fato sobrenatural; não há nisto nada de maravilhoso.

Se um homem comprovadamente morto ressuscitasse, isso sim seria maravilhoso, sobrenatural e fantástico.

Isso sim seria uma verdadeira derrogação da lei de Deus – um milagre – mas, não há nada semelhante a isto na Doutrina Espírita.

Uma outra hipótese, que podemos considerar, seria um Espírito levantar uma mesa e sustentá-la sem um pouco de apoio.

Isso também seria uma derrogação da lei da gravidade, pois um nenhum objeto de peso considerado apresentaria condições de flutuar. Como resultado teríamos sua queda imediata.

Se aceitarmos que esse fato está provado; quem pode provar que há neste caso a intervenção dos Espíritos?

Estaria aí o sobrenatural?

Teoricamente, podemos dizer que esse fato se funda no princípio:

 " todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente ".

Praticamente, podemos dizer que esse fato se funda na observação de que os fenômenos espíritas, tendo dado provas de inteligência:

 não podem ter a sua causa na matéria, e que, se essa inteligência não é a dos assistentes, o que resultou das experiências – desde que não se via o ser que a produzia, devia tratar-se de um ser invisível ao qual se deu o nome de Espírito.

Quem é esse Espírito?

Não é mais do que a alma dos que viveram corporalmente e aos quais a morte despojou o seu corpo físico, deixando apenas um envoltório etéreo, invisível no seu estado normal.

Teremos, então, o maravilhoso e o sobrenatural reduzidos a uma simples expressão.

Constatada a existência de seres invisíveis, sua ação sobre a matéria resulta da natureza do seu envoltório fluídico.

Essa ação é inteligente, porque ao morrer, eles perderam apenas o corpo físico, conservando a inteligência que constitui a sua própria existência.

Esta é a chave dos fenômenos considerados erroneamente sobrenaturais.

A existência dos Espíritos não origina, pois, de um sistema pré-concebido, de uma hipótese imaginada para explicar fatos, mas é o resultado de observações e a conseqüência natural da existência da alma.

A negação dessa causa é a negação da alma e seus atributos.

Para aqueles que vêem na matéria a única potência da natureza, tudo que não pode ser explicado pelas leis materiais é maravilhoso e sobrenatural e, para eles, maravilhoso é sinônimo de sobrenatural.

Assim sendo, assentar exclusivamente as verdades do Cristianismo sobre a base do maravilhoso é dar-lhe fraco alicerce, cujas pedras facilmente se soltam.

A religião que se funda na existência de um princípio material, é um tecido de superstições.

Eles não ousam dizê-lo em voz alta, mas o dizem baixinho.

Pensam salvar as aparências ao conceber que é necessário uma religião para o povo e para tornar as crianças acomodadas. Ora, ou o princípio religioso é verdadeiro, ou é falso.

Se é verdadeiro, o é para todos; se é falso não é melhor para os ignorantes do que para os esclarecidos.

Os que atacam o Espiritismo em nome do maravilhoso se apóiam, portanto, em geral no princípio materialista, desde que negando todo o efeito de origem extramaterial, negam consequentemente a existência da alma.

O Espiritismo considera de um ponto de vista mais elevado a religião cristã, dá-lhe base mais sólida do que a dos milagres: as leis imutáveis de Deus, a que obedecem assim o princípio espiritual, como o princípio material.

Essa base desafia o tempo e a ciência, pois que o tempo e a ciência virão sancioná-lo.

Deus não se torna menos digno de nossa admiração, do nosso reconhecimento, do nosso respeito por não haver derrogado suas leis grandiosas, sobretudo pela imutabilidade que as caracteriza.

Não se faz mister o sobrenatural para que se preste a Deus o culto que lhe é devido.

Bibliografia:

Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns,

 Kardec, Allan - A Gênese.

*Elisabeth Maciel

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