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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

nl03_05_O poder do amor – LIVRO EM ESTUDO NO MUNDO MAIOR

O texto do estudo do capitulo anterior encerrou, justamente, assim:

Nesse momento, alguém assomou à porta de entrada.
Oh! era uma sublime mulher,............ - E' a irmã Cipriana, a portadora do divino amor fraternal, que ainda não adquirimos.
E é sobre o trabalho desta mulher que vamos estudar neste capitulo.

Texto base para estudo

Fixou ela o triste quadro e disse ao Assistente:
-Felicito-o pelo socorro que, nos últimos dias, vem prestando aos nossos infortunados irmãos. Agora atarefemos a parte final do serviço, convictos do êxito.
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Ocultando os méritos que lhe eram próprios, considerou:
Sabe o Divino Senhor que ainda estou a grande distância da realização que me atribui. Sou frágil e imperfeita, e devo caminhar ainda infinitamente para adquirir o amor que fortalece e aperfeiçoa.
Retendo o olhar firmemente sobre o meu companheiro acrescentou:
Estamos em cooperação fraternal na obra que pertence ao Altíssimo. Espero que os amigos se mantenham a postos, efetuando a maior porção do serviço, porque, quanto a mim, só atenderei aos singelos deveres que um coração materno pode desempenhar.
Assim dizendo, acercou-se de ambos os infelizes, postando-se em atitude de oração.
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Perante a sua personalidade transfigurada, quase me prosternei, tal a comoção daquele minuto inesquecível.
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Estendeu as mãos para os dois desventurados, atingindo-os com o seu amoroso magnetismo, e notei, assombrado, que o poder daquela mulher sublimada lhes modificava o campo vibratório. Sentiram-se ambos desfalecer, oprimidos por uma força que os compelia à quietação.
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Reconhecendo o poder divino de que era dotada a emissária, notei que o enfermo, parcialmente liberto do corpo, e o perseguidor implacável passaram a ver-nos com indescritível assombro. Gritaram violentamente, empolgados pela surpresa, e,  por julgar cada um de nós o que vê através do prisma de conhecimentos adquiridos, cuidaram fossem visitados pela excelsa Mãe de Jesus; definiam o ambiente em harmonia com as noções religiosas que o mundo lhes inculcara.
O doente ajoelhou-se de súbito, dominado por incoercível comoção, e desfez-se em copioso pranto. O outro, porém, embora perplexo e abalado, manteve-se ereto, qual se o bendito favor daquela hora não lhe fosse, a ele mesmo concedido.
- Mãe dos Céus - clamou o companheiro hospitalizado, chorando convulsivamente - como vos dignais de visitar o criminoso, que sou eu? Sinto vergonha de mim mesmo, sou imperdoável pecador, abatido pela minha própria miséria.... Vossa luz revela-me toda a extensão das trevas em que me debato! Condoei-vos de mim, Senhora!
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Cipriana acercou-se dele, de olhos faiscantes e úmidos. Tentou soerguê-lo, sem, no entanto, lograr que ele deixasse a postura genuflexa.
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-Pedro, filho meu não sou quem julgas, no transporte de viva confiança que te sensibiliza a alma. Sou simplesmente tua irmã na eternidade; todavia, também fui mãe na Terra, e sei quanto sofres.
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Matei um homem! exclamou, desabafando-se.
A mensageira afagou-lhe o rosto banhado em pranto e acrescentou:
- Sei disso
Decorridos alguns instantes, em que dividia o carinhoso olhar entre o interlocutor e o verdugo, contido pelo respeito a reduzida distância, dirigiu-se ao doente, de maneira intencional, de modo a se fazer ouvida pelo companheiro vingador:
- Porque destruíste, Pedro, a vida de teu irmão? Como te julgaste forças e direito para quebrar a harmonia divina?
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"Aterrorizado, tentaste escapar ao tribunal íntimo, onde o poder espiritual te exprobrava o condenável procedimento!"
"Mas, nunca é tarde para levantar o coração e curar a consciência ferida.
Exausto de sofrer cedeste à enfermidade e aproximas-te da loucura. De alma contundida e corpo em desordem, apelaste para a Misericórdia Divina, e aqui estamos. Contudo, meu amigo, nossa voz não se ergue para fustigar-te o espírito, j;a de si mesmo tão castigado e tão infeliz! Vimos ao teu encontro para estimular-te à regeneração. Quem poderá condenar alguém, depois da comunhão de vicissitudes na carne? Quem se sentirá suficientemente puro e santificado para atirar a primeira pedra, mesmo depois de haver atravessado a fronteira de cinzas do sepulcro? Quem de nós terá passado incólume nas correntes do pântano? Não, Pedro, o fundamento da obra divina é o amor incomensurável. Encontramo-nos aqui para querer-te bem, intentando alçar-te a consciência aos campos infinitos da vida eterna. Oraste e chamaste-nos.
Abriste a mente à força regenerativa, e somos teus irmãos. Muitos de nós, em outro tempo, penetramos também o sombrio recôncavo dos vales do assassínio, da injustiça e da morte; entretanto, estacamos no caminho, regeneramos o crime, ressoldamos com lágrimas os elos partidos pela nossa imprudência, e cultivando o perdão e a humildade, aprendemos que só o amor salva e constrói para sempre.
"Lembra-te das tuas próprias necessidades, interrompe a marcha da lição, reconsidera a atitude e faze novo compromisso perante a Divina Justiça".
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Assim dizendo, conchegou-o ao coração; mas havia tal meiguice naquele amplexo inesperado, que outros circunstantes, que não nós, diriam presenciar o reencontro de carinhosa mãe com o filho ausente, após longa e cruciante separação.
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A emissária, que parecia não se dar conta de nossa presença, avançou para o verdugo, sustentando Pedro nos braços, como se lhe fora um filho doente. O perseguidor aguardou-a, ereto e altivo, revelando-se insensível às palavras que nos haviam dominado os corações. A missionária, longe de intimidar-se, aproximou-se, tocando-o quase, e falou, humilde:
- Que fazes tu, Camilo, cerrado à comiseração?
O algoz, demonstrando incompreensível frieza retorquiu, cruel:
- Que pode fazer uma vítima como eu, senão odiar sem piedade?
- Odiar? - tornou Cipriana, sem se alterar. Sabes a significação de tal atitude? As vítimas inacessíveis ao perdão e ao entendimento soem ultrapassar a dureza e a maldade dos preceitos, provocando horror e compaixão.
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Onde esbarrarás, meu filho, com teus sentimentos desprezíveis? Em que muralha de angustia serás algemado pela Justiça de Deus?
Dos olhos de Cipriana escorriam grossas lágrimas.
Camilo vacilava entre a inflexibilidade e a capitulação. Extrema palidez cobria-lhe o rosto, e, quando nos pareceu que ia proferir uma resposta a esmo, a missionária dirigiu-se ao meu orientador, pedindo-lhe com humildade:
- Calderaro, meu amigo, ajude-me a conduzí-los. Sigamos até ao lar de Pedro, onde Camilo atenderá nossos rogos.
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Acompanhávamos a cena, comovidos, quando Cipriana se dirigiu a Camilo, desapontado:
Continuemos. Efetivamente, nosso amigo subtraiu-te a vida física, noutro tempo, contraindo assim dolorosa dívida; entretanto, a voz deste menino devotado à prece não te sensibiliza o espírito endurecido? Este é o lar que o Pedro criminoso instituiu para criar o Pedro renovado... Aqui trabalha ele, exaustivamente, para retificar-se perante a Lei.
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Apesar disso, tem a seu crédito o serviço realizado com boas intenções, o reconhecimento de uma companheira que o nobilita e as preces de cinco filhos agradecidos.
Quando a ti, que fizeste? Faz precisamente vinte anos que não abrigas outro propósito senão o de extermínio. O desforço detestável tem sido o objeto exclusivo de teus intuitos destruidores. Teu sofrimento, agora, nasce da volúpia da vingança. Vale a pena ser vítima, receber a palma santificante da dor, para descer tanto na escala da vida?
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No entanto o Senhor Todo Misericordioso nos ensinou que a verdadeira liberdade é a que nasce da perfeita obediência às Suas leis sublimes, e que só o amor tem suficiente poder para salvar, elevar e remir. Somos todos irmãos, suscetíveis das mesmas quedas, filhos do mesmo Pai... Não te falamos, pois, como anjos, senão como seres humanos regenerados, em peregrinação aos Círculos Maiores.
Havia tal inflexão de carinho naquelas ternas e sábias considerações que o perseguidor, dantes frio e impassível, prorrompeu em pranto. Mau grado tal modificação, alçou o indicador na direção de Pedro e exclamou:
- Quero ser bom, e, todavia, sofro! Confrangem-me atrozes padecimentos. Se Deus é compassivo, porque me deixou ao desamparo?
Aqueles soluços, a explodirem-lhe a alma torturada, feriam-me fundo o coração. Como não chorar também, ali, ante aquela cena simbólica? Camilo e Pedro, entrelaçados no crime e no resgate, não representavam todos nós, os seres humanos falíveis? Cipriana, Divina, sempre inclinada a ensinar com o perdão e a corrigir através do amor?
Ouvindo as palavras do verdugo, a missionária observou:
- Quem de nós, meu amigo, poderá apreender toda a significação do sofrimento?
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Recolheu Camilo, quase maquinalmente, nos braços, conservando os contendores conchegados ao peito, qual se lhes fora mãe comum.
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Foi, então, a vez de Camilo ajoelhar-se.
Do torax de Cipriana partia radioso feixe de luz, que lhe atravessava o coração, qual venábulo de luar cristalino.
O infeliz, genuflexo agora, beijava-lhe a destra, num transporte comovente de gratidão. rociando-a de lágrimas.
- Sim - disse ele, corando - não me falaríeis, dessa maneira, se me não amásseis! Não são vossas palavras que me convencem..., senão o vosso sentimento que me transmuda!
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Cipriana confiou-nos o doente, cujo veículo denso descansava no hospital próximo, e, num triunfante sorrido de ternura materna, enlaçou o ex-perseguidor, murmurando:
- Abençoado seja tu, que ouviste o apelo do perdão redentor. Que o Pai te
abençoe para sempre! Vamos! A Providência oferece trabalho regenerativo a todos nós...
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Sensibilizado, acompanhei a cena íntima em que a família reencontrava a paz e, recordando Cipriana, com a sua milagrosa atuação salvadora, compreendi que a mulher, santificada pelo sacrifício e pelo sofrimento, se converte em portadora do Divino Amor Maternal, que intervém no mundo para enobrecer o sentimento das criaturas.

Questões para estudo

1 - Qual a virtude que devemos exercitar a cada dia e que faltava na relação entre Pedro e Camilo?

2 - Qual a atitude de Pedro que fez com que Cipriana fosse a seu socorro?

3 - Qual a lição que a mensageira nos dá para que possamos nos redimir das nossas culpas?

4 - O que fez com que Camilo se arrependesse da sua ânsia de vingança?

5 - Qual o ensinamento maior que Cipriana nos deixa, como exemplo?

Conclusão:

Vimos, nesse capítulo, a assistência espiritual prestada a Pedro pela equipe de benfeitores que André Luiz integrava.
O enfermo se encontrava internado, próximo da loucura e  sofria uma  implacável obsessão por parte de desencarnado que assassinara há aproximadamente vinte anos.
Ambos, obsessor e obsediado, encontravam-se em perfeita sintonia, impregnados por um ódio mútuo que nutriam.
E como sempre acontece nesses casos, o estado dos dois era lastimável, em grande sofrimento, do qual não conseguiam se libertar.  Somente com a  intercessão  da benfeitora Cipriana, a quem o Instrutor Calderaro chamou de  "portadora do divino amor fraternal", com suas lições de amor, foi que os espíritos sofredores conseguiram entender a necessidade de modificarem seus sentimentos, libertando-se mutuamente.

Questões para estudo e participação

1 - Qual a virtude que devemos exercitar a cada dia e que faltava na relação entre Pedro e Camilo?

A virtude que faltava a esses dois espíritos endividados era o amor,  que os  faria aprender perdoar.  Seus níveis evolutivos atrasados não lhes permitiam ver que só o amor ao próximo e o perdão os libertariam daquela relação de ódio, que tanto mal lhes causava.

2 - Qual a atitude de Pedro que fez com que Cipriana fosse a seu socorro?

O apelo que ele fez à Misericórdia Divina.  Cansado pelo sofrimento ocasionado pela doença contraída em virtude de seu desequilíbrio espiritual, Pedro fez um apelo ao Alto e, como sempre acontece quando esse apelo é movido pelo sincero desejo de transformação, foi atendido, com a intercessão de Cipriana.

3 - Qual a lição que a mensageira nos dá para que possamos nos redimir das nossas culpas?

Cipriana ensinou que somente abrindo nossa mente à força da regeneração podemos nos recolocar no caminho certo.  Que todos já erramos, que temos nossas culpas, mas que nunca é tarde para cultivarmos o perdão e a humildade.  Só assim aprenderemos que o amor salva e constrói para sempre.

4 - O que fez com que Camilo se arrependesse da sua ânsia de vingança?

Camilo arrefeceu seu desejo de vingança ao comparecer ao lar de Pedro e, ali, presenciar o diálogo entre a esposa deste e seu filho.  Ao ouvir o filho menor de Pedro solicitar à mãe uma prece em favor de seu pai, Camilo sensibilizou-se e deu início ao seu processo de transformação, que o levaria a abandonar o desejo de vingança.

5 - Qual o ensinamento maior que Cipriana nos deixa, como exemplo?


Cipriana nos deixa vários exemplos edificantes, mas o maior de todos é que somente o amor pode construir a felicidade.  No dia em que estivermos impregnados por esse sentimento, o perdão substituirá a vingança e o ódio estará banido da Terra.

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