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sábado, 19 de junho de 2010

O Livro dos Espíritos Estudo 22


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
VIII - PERSEVERANÇA E SERIEDADE
Pelo estudo anterior (VII), vimos que o verdadeiro caráter do Espiritismo é o de ser uma Ciência. Essa característica permite que homens de todas as crenças se encontrem. Nesse campo não há dissensões, desavenças, discrepância, uma vez que seus princípios são independentes das questões dogmáticas.
Como Ciência filosófica que é suas conseqüências e aplicação é moral... "terreno onde todos os cultos podem se reencontrar, a bandeira sob a qual todos podem se abrigar, quaisquer que sejam suas crenças, porque jamais foi objeto de disputas religiosas"...
... "a parte moral que exige a reforma de si mesmo. Para os homens em particular, é uma regra de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, privada ou pública, o princípio de todas as relações sociais, fundadas sobre a mais rigorosa justiça"...
Para chegar a essas conclusões ocupou-se:
• Da observação dos fatos e não das particularidades desta ou daquela crença
• Da pesquisa das causas
• Da explicação que os fatos podem dar, dos fenômenos conhecidos tanto na ordem moral como na ordem física
• Não impõe nenhum culto aos seus partidários
• Pela formação e uso da razão leva perceber sistemas enganosos, fruto da interpretação falha, pessoal, unilateral
• Desperta no homem o desejo de renovar-se pela antevisão do futuro
• Reconduz à religiosidade, isto é, a viver os objetivos maiores da crença, pois na lógica de seus raciocínios leva a enxergar a finalidade da vida, o porque das dores, acalmando desesperos e ensinando os homens a se amarem como irmãos.
Um estudo com essas características, não pode ser feito por aqueles que se aproximem com julgamentos precipitados, com prejulgamentos ou levianamente, detendo-se no que ouviram falar, sem se disporem a tudo ver, analisar, deduzir, comparar, etc.
Estes se limitarão a acreditar, a admirar, a se deter nas manifestações, uma vez que nada mais buscam além do fenômeno. Para estes, o Espiritismo se fecha como uma série de fatos mais ou menos interessantes.
Outros, nessa mesma faixa, até perceberão o alcance filosófico; admiram a moral dele decorrente, mas não se encontram interessados na prática.
Quem se dispuser a perceber-lhe a essência há que se caracterizar pelo espírito aberto, sem predisposição, sem opiniões já formadas, com inteireza de caráter, constante, firme, isento de prevenções na busca ininterrupta não só da causa, da mecânica, do fato em si, mas, e principalmente, na dedução das conseqüências, na aplicação desse conhecer renovador dos sentimentos que burila, melhora, sutiliza, renova a essência, o ser espiritual.
Na decorrência desse processo, surgirá, despontará, caracterizar-se-á o espírito sincero que compreende a Doutrina sob seu verdadeiro ponto de vista. Estes não se contentam admirar a beleza da proposta moral: - praticam-na e aceitam todas as conseqüências que essa opção atrair.
Convencidos de que a existência terrena é passagem, detalhe transitório, buscam a melhor forma para fazer de cada acontecimento, de cada estímulo que a Vida propicia, momentos de progresso. Vigilantes, alegres, descontraídos, felizes, esforçam-se, através dos procedimentos naturais, por fazer o Bem, educando inclinações inferiores, estudando tendências e preferências, para renová-las, agora, sob objetivos maiores, transcendentes.
Nesse sentido ou sob esses objetivos, as relações e posições tomadas, passam a ser seguras, pois as convicções reais, ligam-no as fontes propulsoras da Vida, na caridade onde amar e servir, passam a ser a preocupação de suas decisões e atos, objetivo enfim, de conduta ... "estes são os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos"...
Sem precisar de muitos argumentos, percebe-se que só se atingirá tal meta, aqueles que imprimam a seus estudos, pesquisa, continuidade, seqüência; que sem interrupção dê seguimento, com regularidade, de modo metódico, desde o início, buscando conhecer o que já existe a respeito, as opiniões responsáveis que tratam do assunto, prosseguir, encadeando idéias no conhecimento que se estrutura e forma.
Nesse campo mental, não se detém, nem no questionamento, nem na resposta isolada, pessoal, justamente porque entende que o conhecimento se forma através de vinculações que comporão o todo.
Estes, são alguns dos sinais ou o caminho que atrai a simpatia dos bons Espíritos, presentes onde a pureza das intenções, a fé, o fervor, a confiança, os sentimentos nobres estão unidos à razão, na pesquisa perseverante e séria que busca e conduz ao Bem.
Sem esses cuidados, sem essas qualidades, ficar-se-á a mercê dos levianos que, atraídos a campo próprio, permanecem justamente porque encontraram meio livre, gerados pela irresponsabilidade, pelo personalismo, oportunismo, ociosidade, brincadeiras, falta de circunspeção, seriedade enfim.
... "se quereis respostas sérias, sede sérios vós mesmos, em toda a extensão do termo e mantende-vos nas condições necessárias: somente então, obtereis grandes coisas. Sede além, disso laboriosos e perseverantes em vossos estudos para que os Espíritos superiores não vos abandonem como faz um professor com os alunos negligentes."
Ainda:
... "o Espiritismo não pode considerar crítico sério, senão aquele que tudo tenha visto, estudando e aprofundando com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído, que haja por conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que não nos romances da Ciência; aquele que não se possa opor fato algum que lhe seja desconhecido, nenhum argumento de que já não tenha cogitado e cuja refutação faça, não por mera negação, mas por meio de outros argumentos mais peremptórios; aquele finalmente, que possa indicar, para os fatos averiguados, causa mais lógica do que a que lhes aponta o Espiritismo. Tal crítico ainda está por aparecer.".

Bibliografia
 Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita VIII.
 Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - I - Introdução
 Kardec, Allan - Revista Espírita - Maio - 1859 Outubro - 1860
 Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap II – 14

Leda Marques Bighetti
Abril / 2003

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