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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O LIVRO DOS MÉDIUNS - ESTUDO 32

 (Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO V  
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Estudo 32 - Itens 96 a 98 - O Fenômeno de Transporte
No capítulo em estudo, percebemos que as manifestações físicas têm por fim chamar a nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao do homem.
Ao estudarmos os Fenômenos de Transporte constatamos que se diferenciam dos fenômenos de lançamento de objetos devido à intenção benévola do Espírito que o produz, pela natureza dos objetos quase sempre graciosos e pela maneira suave e quase sempre delicada, porque são transportados. Consiste no transporte espontâneo de objetos que não existem no lugar da reunião. Trata-se geralmente de flores, algumas vezes de frutos, de confeitos, de jóias, etc.
Fenômeno de transporte
Analisando estes fenômenos, Allan Kardec identificou neles a maior possibilidade de imitação e necessidade de prevenção contra o embuste. Sabe-se até onde pode ir a arte da prestidigitaçãoem se tratando de experiências deste gênero. Porém, mesmo sem que tenhamos de enfrentar um verdadeiro prestidigitador, poderemos ser facilmente enganados por uma manobra hábil e interessada. A melhor de todas as garantias se encontra no caráter, na honestidade notória, no absoluto desinteresse das pessoas que obtêm tais efeitos. Vem depois, como meio de resguardo, o exame atento de todas as circunstâncias em que os fatos se produzem. Por fim, no conhecimento esclarecido do Espiritismo, único meio de se descobrir o que há de suspeito.
A teoria do fenômeno dos transportes e das manifestações físicas em geral se acha resumida, de maneira notável, na seguinte dissertação feita por um Espírito, cujas comunicações todas trazem o cunho incontestável de profundeza e lógica. Com muitas delas deparará o leitor no curso desta obra. Ele se dá a conhecer pelo nome de Erasto, discípulo de São Paulo, e como protetor do médium que lhe serviu de instrumento:
"Quem deseja obter fenômeno desta ordem precisa dispor de médiuns a que chamarei de sensitivos, isto é, dotados, no mais alto grau de faculdades mediúnicas de expansão e de penetrabilidade. Porque o sistema nervoso desses médiuns, facilmente excitável, por meio de certas vibrações, projeta abundantemente, em torno de si, o fluido animalizado que lhes é próprio.
As naturezas impressionáveis, as pessoas cujos nervos vibram à menor impressão, à mais insignificante sensação que a influência moral ou física, interna ou externa, sensibiliza são muito aptas a se tornarem excelentes médiuns, para os efeitos físicos de tangibilidade e de transportes. Efetivamente, seu sistema nervoso, quase inteiramente desprovido do invólucro refratário que isola esse sistema na maioria dos encarnados, torna-as apropriadas para a produção desses diversos fenômenos. Assim, com um indivíduo de tal natureza e cujas outras faculdades não sejam hostis à mediunização, mais facilmente se obterão os fenômenos de tangibilidade, as pancadas nas paredes e nos móveis, os movimentos inteligentes e mesmo a suspensão, no espaço, da mais pesada matéria inerte. Com maior razão, os mesmos resultados serão obtidos se, em vez de um médium, se dispuser de numerosos e igualmente bem dotados.
Mas, da produção de tais fenômenos à obtenção dos de transporte há todo um abismo, porque, neste caso, não só o trabalho do Espírito é mais complexo, mais difícil, como, sobretudo, ele não pode operar, senão por meio de um único aparelho mediúnico, isto é, muitos médiuns não podem concorrer simultaneamente para a produção do mesmo fenômeno. Acontece mesmo, ao contrário, que a presença de algumas pessoas antipáticas ao Espírito que opera, obstam radicalmente sua ação. A esses motivos que, como se vê, são importantes, acrescentemos que os transportes exigem sempre maior concentração e ao mesmo tempo maior difusão de certos fluidos, que só podem ser obtidos com médiuns muito bem dotados, médiuns, numa palavra, cujo aparelho eletro-medianímico seja bem condicionado.
Em geral, os fatos de transporte são e continuarão a ser extremamente raros. Não preciso demonstrar, porque são e serão menos freqüentes que os demais fenômenos de tangibilidade; do que ficou dito, podeis deduzi-lo. Aliás, estes fenômenos são de tal natureza que, além de nem todos os médiuns servirem para produzi-los, nem todos os Espíritos podem também realizá-los. É necessário que exista entre o Espírito e o médium uma certa afinidade, uma certa analogia, numa palavra, uma determinada semelhança capaz de permitir que a parte expansível do fluido perispirítico (1) do encarnado se misture, se una, se combine com o do Espírito que deseja fazer o transporte. Essa fusão deve ser de tal maneira que a força dela resultante se torne, por assim dizer, una: do mesmo modo que uma corrente elétrica, atuando sobre o carvão, produz um só foco, uma só claridade. Por que essa união, essa fusão, perguntareis? É que, para que estes fenômenos se produzam, necessário se faz que as propriedades essenciais do Espírito agente sejam aumentadas com algumas das propriedades do médium; é que o fluido vital, indispensável à produção de todos os fenômenos mediúnicos, sendo apanágio exclusivo do encarnado, deve obrigatoriamente impregnar o Espírito agente. Só então ele pode, mediante certas propriedades, que desconheceis, do vosso meio ambiente, isolar, tornar invisíveis e movimentar alguns objetos materiais e mesmo os encarnados. 
Não me é permitido, por enquanto, desvendar-vos as leis particulares que regem os gases e os fluidos que vos envolvem. Mas, antes que alguns anos tenham decorrido, antes que uma existência de homem seja concluída, a explicação dessas leis e desses fenômenos vos será revelada e vereis surgir e desenvolver-se uma variedade nova de médiuns, que agirão num estado cataléptico particular ao serem mediunizados.
Vedes, assim, quantas dificuldades cercam a produção do fenômeno dos transportes. Podeis, logicamente, concluir que os fenômenos desta natureza são extremamente raros, como já disse, e com mais razão que os Espíritos se prestam muito pouco a produzi-los, porque isso exige de sua parte um trabalho quase material, que lhes causa aborrecimento e fadiga. Por outro lado, ocorre também que freqüentemente, não obstante sua energia e vontade, o estado do próprio médium lhes opõe intransponível barreira.
É portanto evidente, e não tenho dúvida de que o aceitais, que os fenômenos sensíveis de golpes, movimentos e levitação são de natureza simples, realizando-se pela concentração e a dilatação de certos fluidos, e podem ser provocados e obtidos pela vontade e o trabalho de médiuns aptos, quando secundados por Espíritos amigos e benevolentes, enquanto os fenômenos de transporte são múltiplos, complexos, exigem a existência de condições especiais.
Esses fenômenos só podem ser realizados por um só Espírito e um único médium e necessitam, além dos recursos para a produção de tangibilidade, uma combinação muito especial para isolar e tornar invisível o objeto ou os objetos a serem transportados. Todos vós, espíritas, compreendeis as minhas explicações e percebeis perfeitamente o que seja essa concentração de fluidos especiais para produzir a mobilidade e a tactilidade da matéria inerte. Acreditais nisso, como acreditais nos fenômenos da eletricidade e do magnetismo, tão análogos aos mediúnicos, que são, por assim dizer, a confirmação e o desenvolvimento daqueles. Quanto aos incrédulos e aos sábios, piores estes do que aqueles, não me compete convencê-los e nem me interessam. Serão convencidos um dia pela evidência dos fatos, porque terão que se curvar ante o testemunho dos fenômenos espíritas, como já tiveram que fazer em relação a outros fenômenos que a princípio rejeitaram.
Resumindo: os fenômenos de tangibilidade são freqüentes, mas os de transporte são muito raros, porque as condições em que se produzem bastante difíceis. Em consequência, nenhum médium pode dizer: Em tal hora ou em tal momento, obterei um transporte, porque muitas vezes o próprio Espírito se encontra impedido de fazê-lo. Devo acrescentar que esses fenômenos são duplamente difíceis em público, porque quase sempre, entre este, se encontram elementos energicamente refratários, que paralisam os esforços do Espírito e, com mais forte razão, a ação do médium.
Sabeis que, ao contrário, esses fenômenos quase sempre se produzem espontaneamente na s reuniões particulares, no mais das vezes à revelia dos médiuns e sem que se espere, dando-se muito raramente, quando aqueles estão prevenidos. Deveis deduzir daí que há motivo legítimo de suspeita todas as vezes que um médium se vangloria de obtê-los à vontade, ou de dar ordens aos Espíritos como se fossem seus empregados, o que é simplesmente absurdo. Tende ainda por regra que os fenômenos espíritas não servem para espetáculos e para divertir os curiosos. Se alguns Espíritos se prestarem a isso, só pode ser para a produção de fenômenos simples e não dos que, como o transporte, exigem condições excepcionais.
Lembrai-vos, espíritas, que é absurdo repelir sistematicamente todos os fenômenos de além túmulo, também não é prudente aceitá-los a todos de olhos fechados. Quando um fenômeno de tangibilidade, de aparição, ou de transporte se verifica espontaneamente e de improviso, aceita-o. Porém, nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente. Seja cada fato submetido a um exame minucioso, aprofundado e severo, porquanto, crede, o Espiritismo, tão rico de fenômenos sublimes e grandiosos, nada tem a ganhar com essas insignificantes manifestações que prestidigitadores hábeis podem imitar.
Bem sei o que me ireis dizer: que esses fenômenos são úteis para convencer os incrédulos. Mas sabei que, se não tivésseis outros meios de convicção, não teríeis hoje a centésima parte dos espíritas que existem. Falai aos corações: é esse o caminho da maioria das conversões sérias. Se achais conveniente para certas pessoas utilizar-vos dos fenômenos materiais, ao menos apresentai-os de tal maneira que não possam dar motivo a falsas interpretações. E, sobretudo, observai as condições normais desses fenômenos, porque, apresentados de maneira imprópria eles servem de argumentos para os incrédulos, em vez de convencê-los. ERASTO."
(1) Vemos que, quando se trata de exprimir uma idéia nova, para a qual faltam termos na língua, os Espíritos sabem perfeitamente criar neologismos. Estas palavras: eletro-mediúnico, perispirítico, não são de invenção nossa. Os que nos tem criticado por havermos criado os termos espírita, espiritismo, perispírito, que não tinham termos análogos, poderão fazer também a mesma crítica aos Espíritos. (Nota de Kardec)
No próximo estudo daremos continuidade à análise desses fenômenos
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. V - 2ª Parte
Tereza Cristina D'Alessandro
Março / 2004

Centro Espírita Batuira

cebatuira@cebatuira.org.br 

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