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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

nl03_10_          LIVRO NO MUNDO MAIOR - Dolorosa perda
Nesse capítulo, André Luiz nos narra o trabalho intercessório realizado por ele e pelo assistente Calderaro visando evitar a consumação de aborto prestes a se concretizar.
A mãe e o futuro filho foram protagonistas de reprováveis acontecimentos do passado cujas conseqüências negativas ainda repercutia em ambos.  Cecília, a mãe, recusava-se, obstinadamente, a receber o antigo parceiro como filho.  Este, por sua vez, lutava desesperadamente pelo direito de retornar à carne para resgate.
Resumo do Capítulo
"Dentro da noite, defrontamos com aflito coração materno. A entidade, que nos dirigia a palavra, infundia compaixão pela fácies de horrível sofrimento:
- Calderaro!  Calderaro!  - rogou ansiosa - ampara minha filha, minha desventurada filha! "
"Interessando-me no assunto, o atencioso Assistente sumariou o fato.
 - Trata-se de lamentável ocorrência - explicou-me, bondoso -, na qual figuram  a leviandade e o ódio como elementos perversores.  A irmã que se despediu, há momentos, deixou uma filha na Crosta Planetária, há oito anos.  Criada com mimos excessivos, a jovem desenvolveu-se na ignorância do trabalho e da responsabilidade,  não  obstante pertencer a nobilíssimo quadro social.  Filha única, entregue desde muito cedo ao capricho, pernicioso,  tão logo se achou sem a materna assistência no plano carnal,  dominou governantes, subornou criadas, burlou a vigilância paterna e, cercada de facilidades materiais, precipitou-se, aos vinte anos, nos desvarios da vida mundana. ..."
"... Sem a proteção espiritual peculiar à pobreza, sem os abençoados estímulos dos obstáculos materiais, e tendo, contra as suas necessidades íntimas, a profunda beleza transitória do rosto, a pobrezinha renasceu,  seguida de perto,  não por um inimigo propriamente dito, mas por cúmplice de faltas graves, desde muito desencarnado, ao qual se vinculara por tremendos laços ódio, em passado próximo.  Foi assim que, abusando da liberdade, em ociosidade reprovável, adquiriu deveres da maternidade sem a custódia do casamento.  Reconhecendo-se agora nesta situação, aos vinte e cinco anos, solteira, rica e prestigiada pelo nome da família, deplora tardiamente os compromissos assumidos e luta, com desespero, por desfazer-se do filhinho imaturo, o mesmo comparsa do pretérito a que me referi; esse infeliz,  por "acréscimo de misericórdia divina",  busca destarte aproveitar  o  erro  da  ex-companheira para a realização de algum serviço redentor, com a supervisão dos nossos Maiores. ..."
"Decorridos alguns instantes, penetrávamos aposento confortável e perfumado.
Estirada no leito, jovem mulher debatia-se em convulsões atrozes.   Ao seu  lado, achavam-se a entidade materna, na esfera invisível aos olhos carnais,  e  uma enfermeira terrestre, dessas que, à força de presenciar catástrofes biológicas e dramas morais, se tornam menos sensíveis à dor alheia.
A genitora da enferma adiantou-se e informou-nos:
- A situação é muito grave!  ajudem-na, por piedade!  Minha presença aqui se limita a impedir o acesso de elementos perturbadores que prosseguem, implacáveis, em ronda sinistra."
"O quadro era horrível de ver-se.
Buscando sintonizar-me com a enferma, ouvia-lhe as afirmativas cruéis, no campo do pensamento:
- Odeio!... Odeio este filho intruso que não pedi à vida!... Expulsá-lo-ei!...
A mente do filhinho, em processo de reencarnação, como se fora violentada num sono brando, suplicava chorosa:
- Poupa-me!  poupa-me! quero acordar no trabalho!  Quero viver e reajustar o destino...
Ajuda-me!  Resgatarei minha dívida!...  Pagar-te-ei com amor... Não me expulses!  Tem caridade!...
- Nunca!  nunca!  amaldiçoado sejas! - dizia a desventurada, mentalmente -; prefiro morrer a receber-te nos braços!  Envenenas-me a vida, perturbas-me a estrada! Detesto-te! Morrerás!..."
"Parcialmente desligada do corpo físico,  em compulsória modorra,  pela  atuação calmante do remédio, Calderaro aplicou-lhe fluidos magnéticos sobre o disco foto-sensível do aparelho visual, e Cecília passou a ver-nos, embora imperfeitamente, detendo-se, admirada, na contemplação da genitora. ...
- Filha querida, venho a ti, para que te não abalances à sinistra aventura que planejas.
Reconsidera a atitude mental e harmoniza-te com a vida.  Recebe minhas lágrimas, como apelo do coração.  Por piedade, ouve-me!  não te precipites nas trevas, quando a mão divina te abre as portas da luz.  Nunca é tarde para recomeçar, Cecília, e Deus, em seu infinito devotamento, transforma as nossas faltas em redes de salvação."
"A enferma, contudo, fez supremo esforço por tornar ao invólucro de carne, pronunciando ríspidas palavras de negação, inopinadas e ingratas. ...
- Não posso!  Não posso mais!  Não suporto...  A intervenção, agora!  Não quero perder um minuto!
Fixando a companheira, por alguns instantes, com terrífica expressão, ajuntou:
- Tive um pesadelo horrível... Sonhei que minha mãe voltava da morte e me pedia paciência e caridade!  Não, não! ... Irei até ao fim!  Preferirei o suicídio, afinal!"
"... E, com assombro nosso,  ante a genitora desencarnada,  em pranto,  a  operação começou, com sinistros prognósticos para nós, que observamos a na, sensibilizadíssimos...
Penosamente surpreendido, prossegui no exame da situação, verificando com espanto que o embrião reagia ao ser violentado, como que aderindo, desesperadamente, às paredes placentárias.
A mente do filhinho imaturo começou a despertar à medida que aumentava o esforço de extração.  Os raios escuros não partiam agora só do encéfalo materno;  eram igualmente emitidos pela organização embrionária, estabelecendo maior desarmonia.
Depois de longo e laborioso trabalho, o entezinho foi retirado afinal...
Assombrado, reparei, todavia, que a ginecologista improvisada subtraía ao vaso feminino somente pequena porção de carne inânime, porque a entidade reencarnante, como se a mantivessem atraída ao corpo materno forças vigorosas e indefiníveis, oferecia condições especialíssimas, adesa ao campo celular que a expulsava. Semidesperta, num atro pesadelo de sofrimento, refletia extremo desespero;  lamentava-se com gritos aflitivos; expedia vibrações mortíferas; balbuciava frases desconexas."
"Ambos, mãe e filho, pareciam agora, por dizer mais exatamente, sintonizados na onda de ódio, porque a mente dele, exibindo estranha forma de apresentação aos meus olhos, respondia, no auge da ira:
- Vingar-me-ei!  Pagarás ceitil por ceitil!  Não te perdoarei!...  Não me deixaste retomar a luta terrena, onde a dor, que nos seria comum, me ensinaria a desculpar-te, pelo passado delituoso e a esquecer minhas cruciantes mágoas...  Renegaste a prova que nos conduziria ao altar da reconciliação.  ...  Condenaste-me à morte, e, por isso, minha sentença é igual. ... Vingar-me-ei!  Seguirás comigo!
Os raios mentais destruidores cruzavam-se, em horrendo quadro, de espírito a espírito."
"Em seguida, o Assistente convidou-me a sair, acrescentando":
 - Verificar-se-á a desencarnação dentro de algumas horas.  Ó ódio, André, diariamente extermina criaturas no mundo, com intensidade e eficiência mais arrasadoras que as de todos os canhões da Terra troando a uma vez. ...  Estabelecido o império de forças tão detestáveis sobre essas duas almas desequilibradas, que a Providência procurou reunir no instituto da reencarnação, é necessário confiá-las doravante ao tempo, a fim de que a dor opere os corretivos indispensáveis."
"- Agora, nada vale a intervenção direta.  Só poderemos cooperar com a oração do amor fraterno, aliada à função renovadora da luta cotidiana.  Consumou-se para ambos doloroso processo de obsessão recíproca, de amargas conseqüências no espaço e no tempo, e cuja extensão nenhum de nós pode prever."
QUESTÕES PARA ESTUDO 
1)  Como analisar, à luz do livre-arbítrio previsto na Lei de Liberdade, o procedimento  de Cecília, personagem principal desse capítulo?
2)  Podemos identificar no caso a ocorrência de um processo obsessivo?
3)  Como a Doutrina Espírita explica a reação do espírito reencarnante ante a iminência da consumação do aborto?
4)  Quais os meios que a Lei Divina dispõe para corrigir os danos causados a eles próprios pelos dois espíritos desafetos?
Conclusão:
Esse é mais um capítulo rico em ensinamentos que André Luiz nos traz do plano espiritual.
Nele, vimos como o mau uso do livre-arbítrio pode causar o atraso na evolução do espírito, com sofrimentos dolorosos e repercussões no plano espiritual e em existências corporais futuras.
Vimos a que conseqüências a prática do aborto pode levar, tanto para a futura mãe que faz essa opção como para o espírito que vê a oportunidade reencarnatória frustrada.
Vimos exemplos, também, do que é capaz um processo obsessivo gerado por um comportamento contrário às Leis Naturais.            
QUESTÕES PARA ESTUDO
1)  Como analisar, à luz do livre-arbítrio previsto na Lei de Liberdade, o procedimento  de Cecília, personagem principal desse capítulo?
Em "O Livro dos Espíritos", Kardec tratou da questão do livre-arbítrio no capítulo da parte 3ª, que compreende a Lei de Liberdade.  Sem o livre-arbítrio, dizem os Espíritos, o homem seria máquina (questão 843).
No caso em estudo, Cecília exerceu o seu livre-arbítrio ao optar pelo aborto. Ao invés de aproveitar a oportunidade que se lhe apresentou de propiciar a reencarnação  de  um antigo parceiro em existência pretérita, que necessitava retornar para uma experiência que poderia ser redentora para ambos, optou pela saída da interrupção forçada da gestação.
Era a opção que lhe permitiria prosseguir na forma de vida que escolheu,  priorizando  os prazeres da matéria, a sexualidade, o orgulho e a vaidade.
O caso de Cecília pode ser tomado como exemplo de mau uso do livre-arbítrio que Deus nos dotou.  E da conseqüência do mau uso do livre-arbítrio ninguém pode se eximir.  As nossas predisposições instintivas, trazidas do nosso estágio, enquanto princípio inteligente, no reino animal; a influência do organismo físico, quando encarnados no reino hominal; a posição social que ocupamos nada serve como justificativa para o mau uso do livre-arbítrio.
Nem mesmo a influência de um processo obsessivo, como no caso, poderá justificá-lo.
Todos esses fatores podem influir nas nossas decisões. Mas não impedem que exerçamos livremente o direito de escolher o caminho a seguir.  A opção final, portanto, é sempre do ser pensante, ou seja, do espírito encarnado, por isso que da sua conseqüência, resultante da lei de causa e efeito, não poderá ele fugir.
   2)  Podemos identificar no caso a ocorrência de um processo obsessivo?
Sem dúvida, Cecília conviveu durante a sua passagem pela matéria com a obsessão de espíritos perturbadores.  Sua mãe, desencarnada, procurou evitar essa influência negativa sobre a filha.  Com ela desdobrada do corpo físico, foi ao seu encontro para alertá-la do erro que estava prestes a cometer.  Em vão.  A filha perseverou na intenção equivocada até a consumação do ato.  
Essa opção, veio desencadear um novo  e violento processo obsessivo, desta vez por parte do espírito impedido de reencarnar.  Sua reação foi de tal forma violenta  e eivada de ódio, emitindo raios destruidores que atingiam o psiquismo materno, que provocou  uma hemorragia no útero da ex-futura mãe, levando-a à desencarnação.
Podemos, portanto, identificar no caso narrado por André Luiz a ocorrência de processo obsessivo em duas ocasiões: primeiro, por parte de entidades perturbadoras, que exerceram influência sobre Cecília, levando-a a optar por uma forma de vida contrária à Lei Natural e ao ato que lhe foi fatal;  depois, por parte do espírito desligado do feto em gestação  pelo aborto voluntário, que dela se vingou ao lhe causar danos físicos que a fizeram desencarnar.
3)  Como a Doutrina Espírita explica a reação do espírito reencarnante ante a iminência da consumação do aborto?
A reação do espírito reencarnante pode se explicar pelo fato de já estar ele ligado ao novo corpo em formação.  Como ensinam os Espíritos, desde a concepção, um laço fluídico ainda tênue liga o espírito ao novo corpo, vínculo esse que vai se estreitando à medida que vai se aproximando o instante eu que a criança virá a luz (questão 344 do Livro dos Espíritos).
O espírito cujo feto foi expelido, preparou-se durante anos, no plano espiritual, para voltar numa nova experiência na carne; programou a forma de vida que levaria, com as provas por que teria que passar; passou por todo o processo de perturbação natural nessa circunstância e, ao final, viu frustrado seu necessário retorno.
Como era um espírito ainda muito imperfeito, pouco evoluído, provavelmente, tanto que a reencarnação objetivava a reparação de erros do passado, não soube compreender e perdoar o comportamento daquela que viria lhe proporcionar o novo corpo.
4)  Quais os meios que a Lei Divina dispõe para corrigir os danos causados a eles próprios pelos dois espíritos desafetos?

Agora, depois de todo esse drama de equívocos, em que os dois espíritos desafetos retornaram ao plano espiritual entrelaçados numa troca de raios mentais destruidores, só lhes resta buscarem o reequilíbrio através do perdão mútuo e se prepararem para uma nova vivência física, em que expiarão as agressões cometidas contra a Lei de Deus. Os benfeitores espirituais, por certo, não os deixarão ao abandono e se encarregarão de orientá-los, desde que manifestem o arrependimento e o desejo da reparação.   Para  situações  como  essa, somente existe um remédio: REENCARNAÇÃO.

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