Definição de parâmetros é importante
na busca de soluções e caminhos a percorrer.
A definição da palavra método, conforme o dicionário, é
"ordem que se segue na procura da verdade, no estudo de uma ciência, para
alcançar um fim determinado; técnica, processo de ensino; maneira de
proceder", entre outras. A própria definição, portanto, já indica um
critério organizado para alcance de determinados fins. Qualquer planejamento de
estudo ou trabalho definirá um método a ser seguido.
O tema é de nosso interesse imediato, considerando-se a
necessidade e importância de organizarmos ou reorganizarmos nossas
instituições, inspiradas e fundadas pelo ideal espírita, a fim de que
correspondam na prática aos objetivos do Espiritismo
Aliás, vale recordar: qual o objetivo principal do
Espiritismo? O próprio Allan Kardec responde no artigo O que o
Espiritismo ensina, publicado na Revista Espírita de agosto de 1865,
quando afirma que "...O Espiritismo tende para a regeneração da
Humanidade; este é o um fato adquirido. Ora, esta regeneração não podendo se
operar senão pelo progresso moral, disto resulta que seu objetivo essencial,
providencial, é a melhoria de cada um...".
Entendido o objetivo essencial do Espiritismo, seria o caso
de perguntar-se qual a missão ou objetivo do Centro Espírita, ou se quisermos
generalizar, das instituições espíritas inspiradas pelo ideal espírita? A que
se destina o funcionamento de tais instituições? Fica óbvio que tais
instituições foram fundadas e funcionam para tornarem práticos, acessíveis e
poderíamos dizer até populares, os meios de a própria Doutrina Espírita atingir
seus objetivos essenciais. Representantes do Espiritismo, tais como instituições,
devem honrar o adjetivo espírita que adotam, organizando-se com métodos
que correspondam aos próprios objetivos.
A afirmação de Kardec refere-se à necessidade do estudo
prévio da teoria para entendimento amplo da realidade apresentada pela
Revelação Espírita, em toda sua amplitude, desclassificando qualquer tipo de
imprudência ou precipitação. E para prevenir e mesmo orientar o progresso do
Espiritismo e seu movimento, através das décadas, o Codificador incluiu no
mesmo O Livro dos Médiuns, capítulos específicos como o XXIX – Reuniões
e Sociedades Espíritas e o XXX – Regulamento da Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas. Além do valioso texto Constituição do Espiritismo
(subdividido em diversos capítulos), que foi publicado posteriormente em Obras Póstumas
(publicada após a desencarnação do Codificador).
Ora, tais documentos atendem aos objetivos da presente
matéria: como organizar nossas instituições? Que métodos utilizar?
Afinal, ao lado e até como conseqüência do ensino espírita
propriamente dito, desdobram-se as demais atividades que, embora secundárias,
adquirem caráter importante na educação e preparo dos adeptos, formando a
consciência espírita. As instituições dedicam-se às tarefas de assistência
espiritual e material, fomentam atividades de divulgação, participam do
movimento espírita trocando experiências com outras instituições e não se
excluem da integração com a própria sociedade onde estão instaladas.
Seria o caso de fazermos uma avaliação sobre o que já está
sendo feito ou pensarmos na melhor maneira de organizar uma atividade nova. São
questões básicas:
a) Como organizar uma tarefa de aplicação de passes?
b) Como conduzir uma reunião mediúnica?
c) Como organizar um curso de doutrina espírita, de maneira
motivadora, envolvente, dinâmica?
d) E a tarefa de distribuição de sopa, alfabetização de
adultos ou atendimento de gestantes?
e) E a edição de um boletim ou informativo interno, visando
divulgar a doutrina e integrar seus trabalhadores?
f) Qual a melhor maneira de superar conflitos de
relacionamento interno?
g) Podemos formar novos expositores?
h) E o ensino espírita para os jovens e crianças?
i) Para a educação mediúnica, que método utilizar?
j) A formação de liderança, a condução administrativa da
instituição e mesmo a preparação de novos trabalhadores podemos discutir?
k) Há uma regra para as palestras?
l) Que livros divulgar?
m) E se temos um hospital, um orfanato, uma creche, um lar
ou uma escola como departamento da instituição, que critérios utilizar?
n) Como conseguir recursos, vencer as dificuldades?
Notem os leitores que é uma lista imensa que pode receber
inúmeros outros acréscimos, dos casos e casos da realidade de cada instituição
e da própria amplitude da atividade espírita com detalhes específicos em razão
mesmo da dinâmica espírita e da variedade de experiências possíveis.
Ao mesmo tempo, podemos notar ainda que cada pergunta acima
enumerada abre outro leque de questionamentos e reflexões. Haverá sempre muitas
dúvidas que cada grupo ou instituição vai levantar.
E as respostas surgirão naturalmente, se embasarmos nossas
reflexões utilizando o critério espírita, o método mesmo apresentado por Allan
Kardec em O Livro
dos Médiuns, acima citado, e que repetimos aqui: "... o
melhor método de ensino espírita é o de se dirigir à razão antes de se dirigir
aos olhos. (...)".
Ora, isso solicita o uso do raciocínio. Exige pensar,
avaliar, ponderar, colher subsídios, analisar criteriosamente à luz da razão e
do conhecimento espírita, é óbvio, para planejar com segurança o rumo das
atividades.
Afinal, o que diz a Doutrina Espírita?
Estamos ou não comprometidos com o Espiritismo? Desejamos
trazer inovações ou utilizar a proposta do Espiritismo? Já que tal proposta
valoriza o ser humano e convida-o à melhora moral, as atividades de nossas
instituições espíritas devem dirigir-se ao esclarecimento que evita os
desastres morais, causas dos sofrimentos que tanto infelicitam a sociedade em
todos os tempos.
E mais que a própria teoria, a vivência dessa proposta no
ambiente onde a desenvolvamos.
Paralelamente a isto, outros questionamentos podem ser trazidos
para debates – também visando o uso de um método - , auxiliando-nos a
raciocinar no encontro de caminhos que nos ajudem a atingir aqueles objetivos
propostos pela constituição do Espiritismo:
a) Como manter-me calmo diante de situações adversas?
b) Como conseguir equilíbrio interior?
c) Como conviver de maneira cristã?
d) Como melhorar a mim mesmo?
e) Como adquirir paciência, amar mais, confiar mais
amplamente?
Estas e outras questões pertinentes devem ser levadas ao
cotidiano de estudos em nossas instituições, pois nelas residem muitas vezes a
causa de desencontros e quedas morais infelicitadoras. E a oportunidade de
debates facilita o entendimento de tais temas à luz do Espiritismo.
Por isso, com todo empenho recomendamos aos leitores a
leitura e estudo atento do artigo de autoria de Allan Kardec, constante da Revista
Espírita de agosto de 1865 com o título O que o Espiritismo ensina. E
ainda o livro Viagem Espírita em 1862, que constitui um valioso
documento de orientação do próprio Codificador, dirigidas a grupos espíritas de
sua época, mas de grande valor histórico, cultural e de orientação prática
propriamente dita. Por outro lado, uma nova leitura do capítulo III de O
Livro dos Médiuns e das indicações de Obras Póstumas completam
um belo conjunto de orientações.
O fato final, porém, é que as dificuldades existem, mas a
orientação também, bem mais abrangente.
Buscando a teoria, elaborada com o caráter revelador do
Espiritismo, encontraremos as respostas que procuramos. Basta colocar cada
coisa em seu lugar, com o devido embasamento fornecido pela própria Doutrina
Espírita, onde estão presentes o amor, a disciplina, e o convite ao bem.
Autor: Orson Peter Carrara
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