Afeição:
afeto, amizade, amor
Afeto:
1.
disposição de alma, sentimento
2.
amizade, simpatia
Afetividade:
conjunto dos fenômenos afetivos (tendências, emoções,
sentimentos, paixões, etc...)
L.E.
- Q695
– O casamento,
ou seja a união
permanente
de dois seres é contrária à lei da Natureza?
-
É um progresso na marcha da Humanidade.
A
solidão do Ser gera a busca do outro. Sócrates definiu o amor como
um vazio que procura preencher-se.
A busca do outro é o
preenchimento do vazio, que dá ao homem e à mulher a capacidade da
reprodução da espécie, o poder criador.No casamento o homem busca
a sua metade feminina e a mulher a sua metade masculina.Se não
predominar esse critério dos opostos não se completa a unidade
biológica e espiritual que sustenta a espécie humana, pois a
finalidade do casamento em todas as sociedades é a constituição da
família e a preservação da espécie.
O casamento ou a união
permanente de dois seres implica o regime de vivência pelo qual duas
criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.
Ambos devem caminhar juntos na criação e no desenvolvimento de
valores para a vida.Ele tem por meta a comunhão física, afetiva, o
desenvolvimento da emoção psíquica e o companheirismo.Exercita a
fraternidade e o entendimento.
Um
jovem e uma jovem se amam e o amor que os atrai é o amor de Deus nas
criaturas.A bênção do amor já os ligou e eles não necessitam de
palavras, ritos ou sacramentos para se unirem, pois unidos já
estão.Se não houver amor entre eles, não estão unidos e de nada
valerá a união formal por meios sacramentais. É por isso que no
Espiritismo não há sacramento, nem formalismo algum, pois tudo
depende, em todas as circunstâncias da essência única e
verdadeira, que é o amor.Lembremos a resposta à questão 701 do
L.E.O
casamento segundo as vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos
seres que se unem.
O Espiritismo reconhece
a necessidade humana de disciplinação social, e por isso recomenda
apenas o casamento civil.Imperioso porém que a ligação se baseie
na responsabilidade recíproca, respeito e consideração pelo
cônjuge, firmando-se na fidelidade e nos compromissos da
camaradagem, da afetividade, em qualquer estágio da união.
O lar, estruturado no
amor e no respeito aos direitos dos seus membros, é o local onde as
criaturas se harmonizam e se completam.Dinamizam os compromissos que
se desdobram em realizações que dignificam a sociedade, pois os
envolvidos passam a compreender a grandeza das emoções profundas e
realizadoras, administrando as dificuldades que surgem, prosseguindo
com segurança e otimismo.Eles se sentem membros integrantes do grupo
social, com o qual contribui a favor do progresso geral e da
felicidade de cada um, como de todos em conjunto.
Para esse desiderato,
são fixados compromissos de união antes do berço, estabelecendo
diretrizes para a família, cujos membros se voltam a reunir com
finalidades específicas de recuperação espiritual e de crescimento
intelecto-moral, no rumo da perfeição relativa que todos
alcançarão.Em muitos lances da experiência é a própria
individualidade, antes da reencarnação, que assinala a si mesmo o
casamento difícil que faceará na existência, chamando a si o
parceiro ou a parceira de existências pretéritas para os ajustes
que lhe pacificarão a consciência, à vista de erros perpetrados em
outras épocas.Em tese, o agrupamento doméstico se forma a partir de
princípios de afinidade. Devemos entender bem que afinidade psíquica
não significa simpatia, mas sim atração devido a compromissos
emocionais.Por isso que nas ligações terrenas, encontramos as
grandes alegrias e também dento delas somos habitualmente
defrontados pelas mais duras provações.
Quando nos
relacionamentos conjugais surgirem dificuldades de entendimento,
estes devem ser solucionados mediante o diálogo, ajuda especializada
e principalmente por intermédio da oração que facilita melhor
entendimento dos objetivos existenciais. Desse modo, a tolerância
toma o lugar da irritação, a compreensão satisfaz os estados de
desconforto, favorecendo com soluções hábeis para que sejam
superadas essas ocorrências.A amizade assume o seu lugar, amenizando
o conflito e proporcionando o companheirismo agradável e benéfico,
que refaz a comunhão, sustentando a afeição.Em verdade, o que
mantém o matrimônio não é o prazer sexual, sempre fugidio, mesmo
quando inspirado pelo amor, mas a amizade, que responde pelo
intercâmbio emocional através do diálogo, do interesse nas
realizações do outro, na convivência compensadora, na alegria de
sentir-se útil e estimado.
Há
muitos fatores que contribuem para o desencontro conjugal na
atualidade, como os houve no passado.Primeiro os de
natureza
íntima: insegurança, busca de realização pelo método da fuga,
insatisfação em relação a si mesmo, transferência de objetivos,
que nunca se complementarão em uma união que não foi amadurecida
pelo amor real.Segundo: os de ordem psico-social, econômica,
educacional, nos quais estão embutidos os culturais, de religião,
de raça, de nacionalidade, que sempre comparecem como motivo de
desajuste, passados os momentos de euforia e de prazer.Ainda se podem
relacionar aqueles que são conseqüências de interesses
subalternos, nos quais o sentimento do amor esteve ausente. Nesses
casos já se iniciou o compromisso com programa de extinção, o que
logo sucede; e outros motivos vários.
È claro que o
casamento não impõe um compromisso irreversível, o que seria
terrivelmente perturbador, em razão de todos os desafios que
apresenta, os quais deixam muitas seqüelas, quando não
necessariamente diluídos pela compreensão e pela afetividade.A
separação legal ocorre quando já houve a de natureza emocional, e
as pessoas são estranhas uma à outra.Ademais a precipitação faz
com que as criaturas se consorciem não com a individualidade, o ser
real, mas sim, com a personalidade, aparência, os maneirismos, com
as projeções que desaparecem nas convivências, desvelando cada
qual conforme é, e não como se apresentava no período da
conquista.Essa desidentificação, causa, não poucas vezes, grandes
choques, produzindo impactos emocionais devastadores.Ainda por isso o
Espiritismo reconhece a necessidade do divórcio, pois no plano
ilusório da matéria as criaturas se confundem e misturam
sexualidade e desejo com amor.
É importante observar
que existe diferença entre programação e determinismo.Embora eu
tenha me comprometido, posso a qualquer momento mudar o meu
planejamento, pois tenho o livre arbítrio.Por isso é difícil
emitir opinião a respeito de problemas alheios.Cada um precisa
analisar-se honestamente e sentir o que vai no fundo do seu Ser, da
sua consciência, antes de tomar qualquer decisão.
Todo
compromisso afetivo, portanto, que envolve dois indivíduos, torna-se
de magna importância para o comportamento psicológico de ambos.
Rupturas abruptas, cenas agressivas, atitudes levianas e vulgaridade
geram lesões na alma da vítima, assim como naquele que as assume.A
precipitação e o desgoverno das emoções respondem pela ruptura da
responsabilidade assumida, levando muitos indivíduos ao naufrágio
conjugal e à falência familiar por exclusiva responsabilidade deles
mesmos.Enquanto houver o sentimento do amor no coração do homem - e
ele sempre existirá, por ser manifestação de Deus inserida na Vida
– o matrimônio permanecerá, e a família continuará sendo a
célula fundamental da sociedade. Envidar esforços para a
preservação dos valores morais, estabelecidos pela necessidade do
progresso espiritual, é dever de todos que, unidos, contribuirão
para uma vida melhor uma humanidade mais feliz, na qual o bem será a
resposta primeira de todas as aspirações.
Interrogam muitos
discípulos do evangelho: Não é mais lícito o divórcio, em
considerando os graves problemas conjugais, à manutenção de
matrimônio que culmine em tragédia? Não será mais conveniente uma
separação, desde que a desinteligência se instalou, ao
prosseguimento de uma vida impossível? Não tem direito, ambos os
cônjuges, a diversa tentativa de felicidade, ao lado de outrem, já
que se não entendem?E muitas outras inquirições surgem, procurando
respostas honestas para o problema que dia a dia mais se agrava e se
avulta.
Inicialmente deve ser
examinados que o matrimônio em linhas gerais é uma experiência de
reequilíbrio das almas no ambiente familiar e oportunidade de
edificação sob a bênção da prole. Não poucas vezes os nubentes,
mal preparados para o casamento ou para uma vida a dois, dele esperam
tudo, guindados ao paraíso da fantasia, esquecidos de que esse é um
sério compromisso, e todo compromisso exige responsabilidades
recíprocas a benefício dos resultados que se deseja atingir.A lua
de mel é imagem rica da ilusão, porquanto, no período primeiro do
casamento, nascem traumas, desajustes, inquietações e receios,
frustrações e revoltas que despercebidos, quase a princípio,
surgem mais tarde em surdaguerrilhas ou batalhas no lar, em que o
ódio e o ciúme explodem,descontrolados, impondo soluções, sem
dúvida, que sejam menos danosas do que as trágicas.
Todavia há de se
meditar, no que se refere a compromissos de qualquer natureza, que
sua interrupção, somente adia a data da justa quitação. No
casamento, não raro, o adiamento promove o ressurgir do pagamento em
circunstâncias mais dolorosas no futuro em que, a pesadas renúncias
e a fortes lágrimas, somente, se consegue a solução.
Há alguns sinais de
alarme que podem informar a situação de dificuldade antes de
agravar a união conjugal:
Silêncios
injustificáveis quando os esposos estão juntos;
Tédio
inexplicável ante a presença da companheira ou do companheiro;
Ira
disfarçada quando o consorte ou a consorte emite uma opinião;
Saturação
dos temas habituais, versados em casa, fugindo para interminais
leituras de jornais ou inacabáveis novelas de televisão;
Irritabilidade
contumaz sempre que se avizinha do lar;
Desinteresse
pelos problemas do outro;
Falta
de intercâmbio de opiniões;
Atritos
contínuos que provocam agressão das mais variadas formas;
E
muitos outros mais...
Antes que as
dificuldades abram distâncias e as incompreensões abram feridas,
justo que se assumam atitudes de lealdade, fazendo um exame das
ocorrências e tomando providências para sanar os males em
pauta.Assim, abrindo o coração um para o outro de maneira honesta e
sincera consegue corrigir as deficiências e reorganizar o panorama
afetivo.
É natural que ocorram
desacertos. Ao invés, porém de separação reajustamento,
harmonização.A questão não é de uma nova busca, mas de
redescobrimento do que já possui.Antes da decisão precipitada,
ceder cada um, no que lhe concerne, a benefício dos dois.Se o
companheiro se desloca, lentamente, da família, refaça a esposa o
lar, tentando nova fórmula de reconquista e tranqüilidade.Se a
companheira se afasta, afetuosamente, pela irritação ou pelo ciúme,
tolere o esposo, conferindo-lhe confiança e renovação de idéias.
O cansaço, o
cotidiano, a apatia são elementos constritivos da felicidade. Sem
dizer que muitas vezes estamos felizes e não percebemos devido à
correria do dia a dia.
E
em tal particular, o Espiritismo, consegue renovar o entusiasmo das
criaturas, já que desloca o indivíduo de si mesmo, ajuda-o na luta
contra o egoísmo e concita-o à responsabilidade ante as leis da
vida, impulsionando-o ao labor incessante em prol do próximo. O
Espiritismo com a fé raciocinada, sem dogmas, mitos e rituais, vêm
oferecer condições para que gradativamente cada pessoa consiga
superar-se a si mesmo evitando choques e desgastes no relacionamento.
Tomando consciência de que somos Espíritos imortais, nos dá a
certeza de que não vale a pena viver em situação de conflito e sim
mudar, renovar, edificar em outras bases.Não tenho o direito de
mudar o outro, mas sim o dever de me mudar. Tenho o dever de ser uma
pessoa madura, equilibrada, responsável, em condições de superar
de forma clara e tranqüila todos os obstáculos que surgem.
Homem e mulher são
duas entidades complexas. São inteligência e emoção. Um deve
aprender a entender o outro em suas limitações e não exigir
posição que o outro não possa dar. Devemos ser rigorosos conosco e
benevolentes para com o próximo nos disse Jesus. E esse próximo
mais próximo é o esposo ou a esposa, junto a quem assumimos o dever
de amar, respeitar e servir.
Assim, considerando o
espiritismo, mediante o seu programa de ideal cristão, é senda
redentora para os desajustados e ponte de união para os cônjuges,
em árduas lutas, mas que não encontraram a paz.
Que Jesus nos abençoe
–
Carmen Diana Rodrigues
Daré (03/06/06)
Bibliografia:
- Franco, Divaldo P. - Amor, imbatível Amor. Pelo Espírito Joanna de Angelis
- - S.O.S. Família. Por Joanna de Angelis e outros Espíritos
- Kardec, Allan. - O Evangelho segundo o Espiritismo
- - O Livro dos Espíritos
- Pires, José H. - Curso Dinâmico do Espiritismo
- - Pesquisa sobre o Amor
- Xavier, Francisco C. - Vida e Sexo. Pelo Espírito Emmanuel
- - O consolador.Pelo Espírito Emmanuel
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