COMUNICAÇÃO
Joamar Zanolini Nazareth
jonazareth@mednet.com.br
“O espírita deve ser...(...) Claro, mas não
desabrido, dando a idéia de eleger-se fiscal de consciências alheias. (...)
Franco, mas não insolente, ferindo os outros.”André Luiz/Waldo Vieira, Livro: OPINIÃO ESPÍRITA, cap.7 – FEB.
Quando consta, no currículo de qualquer espírita, que este fundou uma
Casa Espírita, tal fato enriquece e enobrece, sem dúvida.
Tal esforço demonstra que essa alma, com esforço e determinação, colaborou
na implantação de mais um núcleo de trabalho cristão, onde inúmeras almas
poderão conseguir abrigo moral, ocupação superior, oportunidade de conhecer os postulados
libertadores do Espiritismo, e muitos outros ensejos que o posto de socorro,
que representa um grupo espírita, propicia às criaturas.
Todavia, por mais significativo que seja fundar um Centro Espírita, se
isolado de outros passos fundamentais, esse ato representa muito pouco, ou melhor,
pode representar uma dor de cabeça no sentido consciencial.
Há muitos dirigentes que pensam que, por criar uma nova instituição,
são delas os donos oficiais. Se criaram a instituição, são delas os donos
oficiais.
Se criaram a instituição pensando nisso, já estragaram os efeitos do bom
ato, contaminando-o com os vírus da vaidade, do personalismo, do egoísmo e do
orgulho.
Nos dias de hoje, fundar um grupo espírita se tornou tão fácil, do
ponto de vista material, que se não houver o uso do bom senso, teremos grupos sendo
criados todos os meses em uma mesma cidade, exagerando no número de Centros
Espíritas em uma mesma localidade.
Em relação aos grupos também cabe aquela frase lapidar de nosso querido
Chico Xavier, quando disse que “começar é fácil, continuar é difícil, concluir é sacrificar-se”.
O mais difícil é a continuidade, é o desenvolvimento das atividades, a
recepção aos novos colaboradores, etc.
Aliás, creio que o mais difícil e complicado, que exija mais de todos,
será nessas novas casas, assim como é dificuldade até para os grupos mais
antigos, criar a consciência de grupo, de equipe, saber trabalhar coletivamente,
apagando vaidades pessoais para que a instituição cresça e se ilumine cada vez
mais, e todos os seus membros sejam trabalhadores cada dia mais eficientes,
produtivos e efetivos.
Infelizmente, diante da vaidade pessoal de achar que bastou fundar uma
casa de ação espírita para garantir um ingresso em “Nosso Lar”, que alguns
sustentam, somente nos resta orar por eles, e se um desses estiver vinculado à
nossa instituição, tentar abrir-lhes os olhos, com equilíbrio e espírito
fraterno.
Tais dirigentes se incluem no rol
daqueles que fundam Centros Espíritas, mas, em contrapartida, também
afundam Centros Espíritas!
Que tomemos cuidados em não nos transformarmos em um deles.
Às vezes não fundamos centros, mas fundamos tarefas, atividades dentro da casa, trabalhos novos, e reproduzimos
tal postura despótica e absurda.
Por isso, encontramos dirigentes que estufam
o peito e dizem: — “Faz
40 anos que dirijo isto aqui, do meu jeito!” De outros também ouvimos:
— “Eu cuido de todos os
detalhes, e carrego esta casa nas minhas costas”; ou - “Sou indispensável.
Não sei o fariam sem
mim”; ou ainda: — “Só eu sei como fazer
ascoisas andarem por aqui!”
Uma das piores coisas que pode acontecer a
uma atividade ou um Centro Espírita, em termos de rotina de trabalho, é um
tarefeiro achar-se melhor que os outros, que se julgue indispensável, ou que se
porte como o dono da instituição, seja ele médium, presidente, orador,
trabalhador da casa.
Quando isso parte de quem fundou o grupo,
mais grave se torna o problema.
Não pode qualquer instituição espírita ter
um dono. Um grupo espírita, conforme o nome já diz deve funcionar como um
grupo, com espírito coletivo, desenvolvendo a fraternidade, o respeito,
estreitando laços e exercitando o respeito, a gratidão, a gentileza e a
solidariedade, como uma escola amorosa de convivência.
É tão triste quando vemos casas sofrendo
abalos enormes, com riscos à sua continuidade, quando seus donos retornam à
pátria espiritual, deixando tais grupos desnorteados, pois não foram preparados
para o trabalho em grupo, e sim habituaram-se a seguir as determinações de tal pessoa.
Assim, pode se dizer brejeiramente: “morre o dono, morre o
gado também...”
Rompamos em definitivo com este modelo, que
designa os centros espíritas não pelo nome dado à causa, mas como centro do
fulano, centro do sicrano, centro do beltrano...
Cada casa espírita séria é de Deus, orientada
por Jesus, dirigida por espíritos luminares, formada e construída por dezenas
ou centenas de mãos materiais e espirituais, como uma colméia perene de serviço
e ação no Bem.
Mesmo que tenhamos fundado uma instituição,
tenhamos a humildade de compreender que fomos instrumentos do Alto para
edificar um oásis de paz no meio do turbilhão humano, e não agraciados com um
título inexistente, de chefes, gurus,proprietários ou imperadores da casa.
Formemos novos líderes,novos servidores,
novos médiuns, novos dirigentes, novos oradores, novos colaboradores, sem
espírito de preponderância.
O ideal para um dirigente espírita é trabalhar
com tal empenho na direção de um grupo espiritista que ao partir para a
Espiritualidade deixe apenas nobres lembranças, e não um monte de problemas pra
quem fica.
FONTE: A FLAMA ESPÍRITA, n.º 2779.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N° 401
FEVEREIRO 2010
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
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