CAPÍTULO XII: AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
ITENS
3 E 4: PAGAR O MAL COM O BEM
Iniciando seus
comentários sobre os textos evangélicos, nesse capítulo, Kardec escreve; “Se
o amor do próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua
aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores vitórias
conquistada sobre o egoísmo e o orgulho.”
Assim
sendo, pode-se compreender o porquê da dificuldade dos homens, Espíritos em
evolução, em entender, aceitar e praticar esse preceito da lei divina.
Kardec
escreve baseado na realidade da situação espiritual do homem na Terra, que
preciso é analisar esse amor aos inimigos, de forma mais condizente com as possibilidades
atuais dos homens.
Diz
que Jesus, o mais perfeito Espírito reencarnado na Terra, sabendo do tamanho da
imperfeição humana, não pretendia que se amasse aos inimigos com a mesma
ternura que se tem por uma pessoa querida, visto que a ternura pressupõe
confiança total, que propicia um abrir-se, integralmente, ao outro, sem medo de
ser censurado, sem receio de expor-se como se é, porque confia no amor do outro
em relação a si próprio.
Sobre
essa base de confiança é que a simpatia, a amizade, a ternura estabelecem os
laços, crescendo nos relacionamentos diversos.
Como,
então, sentir alegria em encontrar um inimigo, como se fora um amigo?
Lembra
Kardec da lei física de assimilação e repulsão dos fluidos. Vivemos em um mundo
de ondas e vibrações, irradiando-as e absorvendo-as ou repelindo-as.
Assim,
as irradiações semelhantes se atraem e as diferentes se repelem.
“O pensamento
malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento
benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se
experimenta quando da aproximação de um inimigo ou de um amigo. Amar aos
inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre
eles e seus amigos.”
Diz
Kardec que “amar aos inimigos é não ter ódio, nem
rancor, ou desejo de vingança. É perdoar-lhes sem segunda intenção e
incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à
reconciliação. É desejar-lhes o bem em vez do mal. É alegrar-nos em lugar de
aborrecer-nos com o bem que os atinge. É estender-lhes a mão prestativa em caso
de necessidade. É abster-se, por atos e palavras, de tudo o que possa
prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de
humilhá-los. Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento:
Amai os vossos inimigos.”
Nessas
explicações, vemos que para amar os inimigos não precisamos sentir vontade de
abraçá-los, como sentimos aos a quem amamos. Mas, penso que, se tentarmos pôr
em prática os sentimentos e atitudes do texto acima, vamos em um futuro – mais
ou menos mesmo distante - sentir por eles a mesma ternura, que hoje sentimos
pelos que mais amamos.
Kardec comenta também
ser mais difícil entender essa máxima para quem somente aceita uma vida, do
nascimento à morte. Para eles, seu inimigo é um mau caráter, que perturba seu
viver, merecendo tudo de ruim que possa acontecer. “Para que perdoar-lhe? Quero
mais que morra.” E assim por diante, considerando a morte o fim de tudo,
inclusive do seu inimigo.
Para
o espiritualista, e mais ainda para o espírita, tudo é diferente, uma vez que a
visão espiritual lhe mostra que há um longo passado, responsável pelo presente,
que por sua vez irá definir o futuro.
Compreendendo
ser a Terra um mundo para Espíritos imperfeitos e rebeldes, ele busca entender
as ações dos outros, tanto quanto deseja que os outros entendam as suas,
procurando dominar seus maus sentimentos em relação a eles.
Entendendo
que todos estamos em um processo evolutivo, cada qual cumprindo-o à sua
maneira, de acordo com as necessidades e uso do livre-arbítrio de cada um,
aproveitemos a existência atual e os momentos presentes para exercitar o
perdão, a compreensão, a benevolência, para com todos, inclusive, para com as
pessoas que sentem aversão por nós, não aceitando esse sentimento, mas
procurando transformá-lo em amizade, retribuindo o mal com o bem.
Analisando
tudo, sempre sob o ponto de vista da eternidade do Espírito imortal, aceitando
as dificuldades como obstáculos a serem enfrentados e vencidos, não nos
queixemos de quem nos faz o mal, visto que ele está, nesse momento, servindo,
sem o saber e querer, de instrumento para nosso aprendizado e progresso, ao
mesmo tempo em que está se prejudicando a si próprio, e irá receber através da
lei de causa e efeito, as conseqüências da sua maldade.
Imaginando-nos
no lugar do adversário, podemos perceber que, como ofendidos, estamos, talvez,
recebendo o que já fizemos, enquanto o outro está provocando novos sofrimentos
para si próprio. Por que queixarmo-nos, ou reagirmos da mesma forma, mantendo
um sentimento de animosidade?
Se
em lugar de lamentar as provas, agradecer a Deus por experimentá-las, “deve também agradecer a mão que lhe
oferece a ocasião de mostrar a sua paciência e a sua resignação. Esse
pensamento o dispõe, naturalmente, ao perdão. Ele sente, aliás, que quanto mais
generoso for, mais se engrandece aos próprios olhos e mais longe se encontra do
alcance dos dardos do seu inimigo.”
Adquirindo
o hábito de tudo analisar sob o ponto de vista da eternidade do Espírito, o
homem se coloca acima da humanidade material, no plano moral, tendo uma visão
muito maior e mais profunda da finalidade do viver na Terra, sabendo, com mais
facilidade, se dispor ao bem, ao amor, não mais considerando ninguém como seu
inimigo.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”
Leda
de Almeida Rezende Ebner
Abril
/ 2010
Centro Espírita
Batuira
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Rua Rodrigues Alves,588
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O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando
os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu
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DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de
diretoria deste Centro.
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