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sábado, 24 de dezembro de 2011

O Céu e o Inferno ESTUDO 74


Allan Kardec



CAPÍTULO VIII EXPIAÇÕES TERRESTRES

Szymel Slizgol (continuação)

Sociedade de Paris, 15 de junho de 1865.

Evocação: Excessivamente feliz, chegado, enfim, à plenitude do que mais ambicionava e bem caro paguei, aqui estou, entre vós, desde o cair da noite. Agradecido, pelo interesse que vos desperta o Espírito do pobre mendigo, que, com satisfação, vai procurar responder às vossas perguntas.
- P. Uma carta de Vilna nos deu conhecimento das particularidades mais notáveis da vossa existência, e da simpatia que tais particularidades nos inspiram nasceu o desejo de nos comunicar convosco. Agradecemos a vossa presença, e, uma vez que quereis responder-nos, principiaremos por vos assegurar que mui felizes seremos se, para nossa orientação, pudermos conhecer a vossa posição espiritual, bem como as causas que determinaram o gênero de vida que tivestes na última encarnação. (1)

Dominando todo o Universo existe uma grande lei, a lei do Progresso e, devido a ela, o homem, caminha para a perfeição através de seu esforço e do seu livre arbítrio.Sobre o uso do livre arbítrio nesta caminhada comenta Allan Kardec(2)

“... Alcançado o fim marcado pela Providência para sua vida na espiritualidade, o próprio Espírito escolhe as provas às quais quer se submeter para acelerar seu adiantamento, ou seja, o gênero de existência que acredita ser o mais apropriado para lhe fornecer esses meios e cujas provas estão sempre em relação com as faltas que deve expiar. Se triunfa, se eleva; se fracassa, deve recomeçar. O Espírito sempre desfruta de seu livre-arbítrio. É em virtude dessa liberdade que escolhe as provas da vida corporal. Uma vez encarnado, delibera o que fará ou não e escolhe entre o bem e o mal. Negar ao homem o livre-arbítrio seria reduzi-lo à condição de uma máquina.” 

Foi utilizando de seu livre arbítrio e no desejo de caminhar para a perfeição através de seu esforço em se harmonizar com a Lei é que Szymel Slizgol escolheu esta forma de viver.Explica Szymel que seu modo de pensar e viver nem sempre foi respeitoso,caridoso ou mesmo altruista:

“... Faz muitos séculos, vivia eu com o título de rei, ou, pelo menos, de príncipe soberano. Dentro da esfera do meu poder relativamente limitado, em confronto com os atuais Estados, era eu, no entanto, absoluto senhor dos meus vassalos, como dos seus destinos, e governava-os tiranicamente, ou antes digamos o próprio termo como algoz. Dotado de caráter impetuoso, violento, além de avaro e sensual, podeis avaliar qual deveria ter sido a sorte dos pobres seres sujeitos ao meu domínio. Além de abusar do poder para oprimir o fraco, eu subordinava empregos, trabalhos e dores ao serviço das próprias paixões. Assim, impunha uma dízima ao produto da mendicidade e, ninguém poderia acumular sem que eu antecipadamente lhe tomasse uma cota avultada, dessas sobras que a piedade humana deixava resvalar para as sacolas da miséria. E mais ainda: a fim de que não decrescesse o número de mendigos entre os meus vassalos, proibia aos infelizes darem aos amigos, parentes e fâmulos necessitados a parte insignificante do que ainda lhes restava. Em uma palavra, fui tudo quanto se pode imaginar de mais cruel, em relação ao sofrimento e à miséria alheia. No meio de sofrimentos horrorosos, acabei por perder isso a que chamais - vida, tanto que minha morte era apontada como exemplo aterrador a quantos como eu, posto que em menor escala, tinham o mesmo modo de pensar.(1)

Como de exemplo de existência aterradora este Ser passou a exemplo de memória homenageada por manifestações públicas? O progresso é tão rápido?Seria ele indolor? Dará saltos?

“... - P. Tende a bondade de dizer-nos em que consistiu a vossa expiação no mundo espiritual, e quanto tempo durou, a contar da vossa morte até ao momento da atenuação por efeito do arrependimento e das boas resoluções. Dizei-nos também o que foi que provocou a mudança das vossas idéias, no estado espiritual.
- R. Essa pergunta desperta-me muitas recordações dolorosas! Quanto sofri eu... Mas não, que me não lamento: - apenas recordo!... Quereis saber a natureza da minha expiação? Pois ei-la na sua terrível hediondez:

Carrasco que fui de todos os bons sentimentos, fiquei por muito, por longo tempo preso pelo perispírito ao corpo em decomposição. Até que esta se completasse, vime corroído pelos vermes - o que muito me torturava! E quando me vi liberto das peias que me prendiam ao instrumento do suplício, mais cruel suplício me esperava!... Depois do sofrimento físico, o sofrimento moral muito mais longo. Fui colocado em presença de todas as minhas vítimas. Periodicamente, constrangido por uma força superior, era eu levado a rever o quadro vivo dos meus crimes. E via física e moralmente todas as dores que a outrem fizera sofrer! Ah! Meus amigos, que terrível é a visão constante daqueles a quem fizemos mal! Entre vós, tendes apenas um fraco exemplo no confronto do acusado com a sua vítima. Aí tendes, em resumo, o que sofri durante três e meio séculos, até que Deus, compadecido da minha dor e tocado pelo meu arrependimento, solicitado pelos que me assistiam, permitisse a vida de expiação que conheceis. (1)
 

A expiação de suas faltas seriam um castigo divino?

Em estudos anteriores a este ( outubro) foi analisada a posição de Deus não como um Pai severo e humanizado,mas como um Pai amoroso que espera o filho estar apto a reconhecer suas imperfeições.Comentário de Allan Kardec a este respeito pode se encontrada na Revista Espírita setembro de 1863(3)
 onde exemplifica:

 “... O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá de recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência que apresentou no primeiro; a segunda prova torna-se, assim, uma expiação’

Sobre sua situação comenta ainda Szymel Slizgol:-

 “... Como Espírito, permaneci na erraticidade durante três e meio séculos, e, quando ao fim desse tempo compreendi que a razão de ser da reencarnação era inteiramente outra que não a seguida por meus grosseiros sentidos, obtive à força de preces, de resignação e de pesares a permissão de suportar materialmente os mesmos sofrimentos que infligira, e mais profundamente sensíveis que os por mim ocasionados.(1)

A expiação no mundo dos Espíritos e na Terra não constitui duplo castigo para eles, comenta Allan Kardec(4), porém um complemento, um desdobramento do trabalho efetivo a facilitar o progresso. Do Espírito depende aproveitá-lo. E não lhe será preferível voltar à Terra, com probabilidades de alcançar o céu, a ser condenado sem remissão, deixando-a definitivamente? A concessão dessa liberdade é uma prova da sabedoria, da bondade e da justiça de Deus, que quer que o homem tudo deva aos seus esforços e seja o obreiro do seu futuro.”
“... Obtida a permissão, Deus concedeu que por meu livre-arbítrio aumentasse os sofrimentos físicos e morais. Graças à assistência dos bons Espíritos, persisti na prática do bem, e sou-lhes agradecido por me terem impedido de sucumbir sob o fardo que tomara. Finalmente, preenchi uma existência de abnegação e caridade, que por si resgatou as faltas de outra, cruel e injusta. Nascido de pais pobres e cedo órfão, aprendi a ganhar o pão numa idade em que muitos consideram incapaz o raciocínio.
Vivi sozinho, sem amor, sem afeições, e desde o princípio suportei as brutalidades que para com outros havia exercido.Dizem que as somas por mim esmoladas foram todas destinadas ao alívio dos meus semelhantes: - É um fato inconcusso, ao qual, sem orgulho nem ênfase, devo acrescentar que - muitíssimas vezes, com sacrifício de privações relativamente imperiosas, aumentava o beneficio que me permitiam fazer à caridade pública.(1) 
“As vicissitudes que alma experimenta, lições de experiência, rudes às vezes, proveitosas para no futuro dependendo das profundas as impressões que deixam. Essas vicissitudes ocasionam incessantes lutas que lhe desenvolvem as forças e as faculdades intelectivas e morais. Por essas lutas a alma se retempera no bem, triunfando sempre que tiver denodo para mantê-las até ao fim.O prêmio da vitória está na vida espiritual, onde a alma entra radiante e triunfadora como soldado que se destaca da refrega para receber a palma gloriosa.(4)
... Desencarnei calmamente, confiando no valor da minha reparação, e sou premiado muito mais do que poderiam ter cogitado as minhas secretas aspirações. Hoje sou feliz, felicíssimo, podendo afirmar-vos que todos quantos se elevam serão humilhados, como elevados serão todos quantos se humilharem.(1) 

Bibliografia:

Kardec, Allan - “O Céu e Inferno” CAPÍTULO VIII Expiações Terrestres Szymel Slizgol
Kardec ,Allan, “O Livros dos Espíritos”, questão 399
Kardec ,Allan ,Revista Espírita Setembro de 1863 “Questões e Problemas Sobre a Expiação e a Prova” Moulins, 8 de julho de 1863)
Kardec ,Allan, O Céu e o Inferno, Capítulo V ,O Purgatório

Laurelucia Orive Lunardi
Janeiro / 2011
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Rua Rodrigues Alves,588
Vila Tibério - Cep 14050-390
Ribeirão Preto (SP)
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Céu e o Inferno ESTUDO 72


Allan Kardec


CAPÍTULO VIII EXPIAÇÕES TERRESTRES

Szymel Slizgol
Na maioria das religiões expiar significa: punição divina, castigo infligido por alguma falta ao homem por haver ofendido a Deus ou castigo impingido pela desobediência à vontade de Deus ou as suas Leis (2) .Entretanto a linha que une a maioria das religiões cristãs não é maneira como deve ser a expiação desta ou daquela falta , mas sim uma visão humanizada de um Deus, cruel e vingativo, agindo como um pai autoritário e rigoroso castigando seus filhos quando não obedecem a Lei. Mas que lei é esta digna de punição as vezes tão rigorosa?
Lei, de modo geral, pode ser definida como uma norma, uma regra, um princípio, uma obrigação imposta pela sociedade ou pela consciência. É ele um imperativo básico da sociedade. Regendo as sociedades em uma acepção ampla, lei é toda a regra jurídica, escrita ou não; aqui ela abrange os costumes e todas as normas formalmente produzidas pelo, decreto, lei ordinária, lei complementar, etc. Em uma acepção técnica e específica, a palavra lei designa uma modalidade de regra escrita, que apresenta determinadas características; como no direito brasileiro, onde são técnicas apenas a lei complementar e a lei ordinária. (3)
Na visão filosófica, Santo Tomás de Aquino, filosofo da Idade Média responsável pela introdução dos pensamentos filosóficos de Aristóteles no pensamento escolástico, considerava que acima de todas estava a Lei Eterna (Lex Aeterna), que representava a vontade de Deus. Abaixo da Lei Eterna estaria a Lei Natural (Lex Naturalis), que refletiria a revelação da Lei Eterna através da natureza, enquanto que as Leis Humanas derivariam da Lei Natural contendo os princípios necessários para a regulação da conduta dos homens. Para Tomás de Aquino, um pecado contra a Lei Natural seria aquele que violasse a ordem natural das coisas. (4)
Sobre as leis, Allan Kardec, na parte terceira de O livro dos Espíritos comenta que: "Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas; seu estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras concernem especialmente ao homem e às relações com Deus e com os seus semelhantes. Compreendem as regras da vida do corpo e as da vida da alma: são as leis morais” (5). Na questão 621 deste mesmo livro (6), Allan Kardec pergunta aos Espíritos - Onde está escrita a lei de Deus? Os Espíritos respondem que está escrita na consciência do ser.
Em um sentido generalista, a "consciência" pode ser entendida como a capacidade de perceber as realidades internas e externas. Pode ser vista como, algo que existente no homem , que o leva a reconhecer-se, a perceber com clareza, o quê e como sente, pensa, age e reage, na vida cotidiana (7). Em um sentido mais restrito, o termo refere-se ao senso interior do certo e do errado quando de uma escolha moral. Para chegar nesta condição de ser capaz de uma escolha moral, o Homem criado simples e ignorante, sujeito a Lei do progresso (8), uma das divisões da Lei natural, evoluiu. O Espírito André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, (9) comenta a esse respeito, que no reino mineral recebemos a atração; no reino vegetal a sensação; no reino animal o instinto; no reino hominal o pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão. Quanto mais se desenvolve o homem, intelectual e moralmente, quanto mais ele se educa no conhecimento e na vivência das leis de Deus, mais essa consciência se amplia e mais ele percebe quem é, como é, o que pode ser e, quanto mais claramente, ele ouve a voz da sua consciência, mais percebe os outros, tornando-se melhor pessoa. Possui mais e melhores condições de viver melhor, de ajudar mais e melhor seu próximo e de colaborar, com mais eficiência, na melhoria da comunidade onde vive (10).
...”Se o homem tivesse sido criado perfeito, seria levado fatalmente ao bem; ora, em virtude de seu livre arbítrio, ele não é fatalmente levado nem ao bem nem ao mal. Deus quis que ele fosse submetido à lei do progresso e que esse progresso fosse o fruto de seu próprio trabalho, a fim de que tivesse o mérito desse trabalho, do mesmo modo que carrega a responsabilidade do mal que é feito por sua vontade" - (11).
Estes raciocínios levam a outra divisão da Lei natural , a lei de justiça. Comenta Allan Kardec a resposta dos Espíritos quando perguntado se Deus deu a todos os homens meios de conhecer Sua lei (12)
“A justiça das diversas encarnações do homem é uma conseqüência desse princípio, uma vez que a cada nova existência sua inteligência é mais desenvolvida e compreende melhor o bem e o mal. Se tudo devesse se cumprir numa única existência, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem a cada dia no embrutecimento da selvageria ou nas trevas da ignorância, sem que tivesse dependido deles o esclarecimento?”
Ainda com relação a Lei de Justiça questiona Allan Kardec :- “Fora do direito consagrado pela lei humana, qual é a base da justiça fundada sobre a lei natural? (13)
– O Cristo disse: “Não façais aos outro o que não quereis que vos façam”. Deus colocou no coração do homem a regra de toda a verdadeira justiça pelo desejo que cada um tem de ver respeitados os seus direitos.
Em outra divisão da lei Natural, a lei de Liberdade, será encontrado que o germe da justiça se inicia na liberdade de escolha . Oito questões relacionadas com este assunto são apresentadas (14). Assim o homem pode, por sua escolha (livre – arbítrio) se endividar com a Lei ou quitar seus débitos.Foi através de seu livre arbítrio que Szymel Slizgol se comprometeu com a lei em uma existência e nesta através de seu livre arbítrio ele expia sua falta.
Bibliografia:
Kardec, Allan, “Céu e Inferno” CAPÍTULO VIII Expiações Terrestres Szymel Slizgol
Marques, Leonardo A. História das Religiões e a Dialética do Sagrado. Madras, 2005
Lyra Filho,O que é Direito.
Martins Filho, Ives Gandra. Manual esquemático de História da Filosofia. 1997
Kardec ,Allan, O Livros dos Espíritos , parte terceira,Leis Morais.
Kardec ,Allan, O Livros dos Espíritos, questão 621
Neisser, U (1987) Concepts and conceptual development: ecological and intellectual factors in categorization.
Kardec ,Allan, O Livros dos Espíritos , Lei do progresso
Xavier, F. C. E Vieira, W. pelo Espírito André Luiz, Evolução em Dois Mundos, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977
Leda de Almeida Rezende Ebner Consciência, Jornal Verdade e Luz Nº 187 de Agosto de 2001.
Allan Kardec - A Gênese, cap. III, item 9
Kardec ,Allan, O Livros dos Espíritos, questão 619
Kardec ,Allan, O Livros dos Espíritos, questão 876
Kardec ,Allan, O Livros dos Espíritos, questão 843-850
Laurelucia Orive Lunardi
Novembro / 2010


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