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terça-feira, 6 de março de 2012

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 44


O LIVRO DOS MÉDIUNS
 
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

BICORPOREIDADE E TRANSFIGURAÇÃO

Estudo 44 - Item 125 - Agênere
           O que é um agênere? É uma aparição em que o desencarnado se reveste de forma mais precisa, das aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão ao observador, que supõe ter diante de si um ser corpóreo.

           Esse fato ocorre devido à natureza e propriedades do perispírito que possibilitam ao Espírito, por intermédio de seu pensamento e vontade, provocar modificações nesse corpo espiritual a ponto de torná-lo visível. Há uma condensação (os Espíritos usam essa palavra a título de comparação apenas) tal, que o perispírito, por meio das moléculas que o constituem, adquire as características de um corpo sólido, capaz de produzir impressão ao tato, deixar vestígios de sua presença, tornar-se tangível, conservando as possibilidades de retomar instantaneamente seu estado etéreo e invisível.

           Para que um Espírito condense seu perispírito, tornando-se um agênere, são necessárias, além da sua vontade, uma combinação de fluidos afins peculiares aos encarnados, permissão, além de outras condições cuja mecânica se desconhece. Nesses casos a tangibilidade pode chegar a tal ponto que é possível ao observador tocar, palpar, sentir a resistência da matéria, o que não impede que o agênere desapareça com a rapidez de um relâmpago, através da desagregação das moléculas fluídicas.

           Os seres que se apresentam nessas condições não nascem e nem morrem como os homens; daí o nome: agênere - do grego: a privativo, e géine, géinomai, gerado: não gerado, ou seja, que não foi gerado.

           Podendo ser vistos, não se sabe de onde vieram, nem para onde vão. Não podem ser presos, agredidos, visto que não possuem um corpo carnal. Desapareceriam, tão logo percebessem a intenção diferente ou que os quisessem tocar, caso não o queiram permitir.

           Os agêneres, embora possam ser confundidos com os encarnados, possuem algo de insólito, diferente. O olhar não possui a nitidez do olhar humano e, mesmo que possam conversar, a linguagem é breve, sentenciosa, sem a flexibilidade da linguagem humana. Não permanecem por muito tempo entre os encarnados, não podendo se tornar comensais de uma casa, nem figurar como membros de uma família.

           Transcrevemos a seguir um exemplo extraído da Revista Espírita de 1859 - Fevereiro (EDICEL):

           "Uma pobre mulher estava na igreja de Saint-Roque em Paris, e pedia a Deus vir em ajuda de sua aflição. Em sua saída da igreja, na rua Saint-Honoré, ela encontrou um senhor que a abordou dizendo-lhe: "Minha brava mulher, estaríeis contente por encontrar trabalho? - Ah! Meu bom senhor, disse ela, pedia a Deus que me fosse achá-lo, porque sou bem infeliz. - Pois bem! Ide em tal rua, em tal número; chamareis a senhora T...; ela vo-lo dará." Ali continuou seu caminho. A pobre mulher se encontrou, sem tardar, no endereço indicado - Tenho, com efeito, trabalho a fazer, disse a dama em questão, mas como ainda não chamei ninguém, como ocorre que vindes me procurar? A pobre mulher, percebendo um retrato pendurado na parede, disse: - Senhora, foi esse senhor ali, que me enviou. - Esse senhor! Repetiu a dama espantada, mas isso não é possível; é o retrato de meu filho, que morreu há três anos. - Não sei como isso ocorre, mas vos asseguro que foi esse senhor, que acabo de encontrar saindo da igreja onde fui pedir a Deus para me assistir; ele me abordou, e foi muito bem ele quem me enviou aqui.

           O Espírito São Luiz consultado a respeito, forneceu instruções muito interessantes:
  • Reafirma: - não basta a vontade do Espírito; é também necessário permissão para ocorrer o fenômeno.
  •  Existem, muitas vezes na Terra, Espíritos revestidos dessa aparência.
  • Podem pertencer à categoria de Espíritos elevados ou inferiores.
  • Têm as paixões dos Espíritos, conforme sua inferioridade; se inferiores buscam prazeres inferiores; se superiores visam fins elevados.
  • Não podem procriar.
  • Não temos meios de identificá-los, a não ser pelo seu desaparecimento inesperado.
  • Não têm necessidade de alimentação e não poderiam fazê-la; seu corpo não é real.
           Encerrando nosso estudo sobre os agêneres, relembramos que, por mais extraordinário que possam parecer, esses fatos se produzem dentro das leis da Natureza, sendo apenas efeito e aplicação dessas mesmas leis. Recomendamos aos leitores continuem a pesquisa sobre o tema nas Obras Básicas e na Revista Espírita, Fevereiro de 1859, 1860 e 1863.

BIBLIOGRAFIA:

KARDEC, Allan -
 O Livro dos Médiuns: 2. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VII - 2ª Parte.

KARDEC, Allan -
 Revista Espírita - 1859 - Fevereiro: 1. ed. São Paulo: EDICEL, 1985.

Tereza Cristina D'Alessandro 
Março / 2005

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Rua Rodrigues Alves,588
Vila Tibério - Cep 14050-390
Ribeirão Preto (SP)
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 43


SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO VII
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

BICORPOREIDADE E TRANSFIGURAÇÃO

Estudo 43 - Itens 120 ao 124 - Transfiguração

           A Transfiguração consiste na modificação do aspecto de um corpo vivo, excluindo-se a simples contração molecular que dá a fisionomia expressão diferente, a ponto de tornar a pessoa quase irreconhecível. O fenômeno que estudamos apóia-se no fato de que pode o Espírito operar transformações na contextura do seu envoltório perispirítico e irradiando-se esse envoltório em torno do corpo qual atmosfera fluídica, pode produzir na superfície mesma do corpo, por um fenômeno análogo ao das aparições, modificações tais como, apagar-se a imagem real mais ou menos completamente, sob a camada fluídica, e assumir outra aparência; ou, então, vistos através da camada fluídica modificada, os traços primitivos podem tomar outras expressões. 

           Assim se operam as transfigurações, que refletem sempre qualidade e sentimentos predominantes do Espírito. O fenômeno resulta, portanto, de uma transformação fluídica; é uma espécie de aparição perispíritica, que se produz sobre o corpo do encarnado e, algumas vezes, no momento da morte, em lugar de se produzir ao longe, como nas aparições propriamente ditas. É nas propriedades do fluido perispíritico que se encontra a explicação desse fenômeno. 

           Admite-se, em princípio, que o Espírito pode dar ao seu perispírito todas as aparências; que, por uma modificações das disposições moleculares, pode lhe dar a visibilidade, a tangibilidade e em conseqüência a opacidade. Que o perispírito de uma pessoa encarnada, fora do corpo pode passar pelas mesmas transformações e que essa mudança de estado se realiza por meio da combinação dos fluidos. 

           Imaginemos o perispírito de uma pessoa encarnada irradiando ao redor do corpo de maneira a envolvê-lo como uma espécie de vapor; nesse estado ele pode sofrer as mesmas modificações que o perispírito de um desencarnado. Se deixar de se transparente, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, como se estivesse mergulhado num nevoeiro. Poderá mudar de aspecto, tornar-se mais opaco ou brilhante, conforme a vontade ou o poder do Espírito, e outro Espírito, combinando seu fluido com esse, pode substituir a aparência dessa pessoa, de maneira que o corpo real desapareça coberto por um envoltório físico exterior cuja aparência poderá variar como o Espírito quiser. Assim pode-se explicar o estranho fenômeno - e raro, afirma Allan Kardec, - da transfiguração.

           Exemplo desse fenômeno podemos encontrar no item 122 do capítulo que estamos estudando. No item 125 desse mesmo capítulo, o Codificador cita o estranho fenômeno dos agêneres, explicando que por mais extraordinário que pareça à primeira vista, não é mais sobrenatural do que outros e, remete os estudiosos à Revista Espírita, edição de fevereiro de 1859, para aprofundamento do tema. 


Em nosso próximo estudo também abordaremos os agêneres.



BIBLIOGRAFIA

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VII - 2ª Parte

JORGE, Jorge - Antologia do Perispírito: 4. ed. Rio de Janeiro: CELD, 1991 - Referências 430 a 451.

ZIMMERMANN, Zalmino - Perispírito: 1. ed. Campinas: CEAK. 2000 - Cap II - Propriedades do Perispírito.


Tereza Cristina D'Alessandro 
Fevereiro / 2005


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sábado, 21 de janeiro de 2012

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 41


SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO V

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

Estudo 41 - Itens 111, 112 e 113 - Teoria da Alucinação.
         A seguir, apresentamos definições da ciência sobre a alucinação e, concluindo os estudos das Manifestações Visuais, apresentamos a análise científica de Allan Kardec contida na Teoria da Alucinação.
         Alucinação: percepção sem estímulo externo a qual pode ocorrer em qualquer campo sensorial: auditivo, visual, olfativo, gustativo e tátil.
         É uma sensação, implicitamente vivida pelo indivíduo em/ou de um objeto no mundo externo, mas que na realidade gera-se nele próprio.
         Observadas as mais das vezes, em psicoses, as alucinações também podem ocorrer por efeito de certas drogas e substâncias tóxicas e por irritação mecânica de certas áreas do cérebro como parte de síndromes orgânicas cerebrais.
         Em pessoas saudáveis, podem ocorrer alucinações na hipnose e em estados parciais de sono. Em geral, são projeções de desejos e conflitos profundos. (ver BlaRiston - Dicionário Médico, 2ª ed).
Teoria da alucinação na visão espírita.
         Analisando criteriosamente o assunto, Allan Kardec explica que os que não admitem o mundo incorpóreo e invisível julgam tudo explicar pela palavra alucinação. Esta palavra exprime o engano, a ilusão de quem pensa ter percepções que realmente não tem. Origina-se do latim allucinari, errar, que vem de ad lucem. Mas os sábios ainda não apresentaram, que o saibamos, a razão fisiológica desse fato. 
         As explicações dadas pela Ótica e pela Fisiologia, ainda não esclarecem a natureza e a origem das imagens que se mostram ao Espírito em dadas circunstâncias. Tudo querem explicar pelas leis da matéria; forneçam então, com o auxílio dessas leis, uma teoria, boa ou má, da alucinação. Sempre será uma explicação.
         A causa dos sonhos, a ciência atribui a um efeito da imaginação; mas, não nos diz o que é a imaginação, nem como esta produz as imagens tão claras e tão nítidas que às vezes nos aparecem. Consiste isso em explicar uma coisa, que não é conhecida, por outra que ainda o é menos. A questão permanece. 
         Dizem ser uma recordação das preocupações no estado de vigília. Porém, mesmo que se admita esta solução, que nada resolve, ainda restaria saber qual é esse espelho mágico que conserva assim a impressão das coisas. Como se explicar, sobretudo, essas visões de coisas reais jamais vistas no estado de vigília e nas quais jamais se pensou? Só o Espiritismo nos pode dar a chave desse estranho fenômeno que passa despercebido por ser muito comum, como todas as maravilhas da Natureza que menosprezamos.
         Os sábios não quiseram ocupar-se com a alucinação, mas quer seja real ou não, constitui um fenômeno que a Fisiologia deve poder explicar, sob pena de confessar a sua incompetência. Se, um dia, algum sábio resolver dar não uma definição, mas uma explicação fisiológica veremos se a teoria resolve todos os casos, se não omite os fatos tão comuns de aparições de pessoas no momento da morte, se esclarece a razão da coincidência da aparição com a morte da pessoa. Se fosse um fato isolado, se poderia atribuí-lo ao acaso, mas como é bastante freqüente, o acaso não o explica. Se aquele que viu a aparição houvesse tido a idéia de que a pessoa estava para morrer... Mas a aparição é, na maioria das vezes, da pessoa de quem menos se pensa: a imaginação, portanto, nada tem com isso. 
         Os partidários da alucinação dirão que a alma (se é que admitem uma alma) tem momentos de superexcitação em que suas faculdades são exaltadas. Estamos de acordo, mas quando o que ela vê é real, não há ilusão. Se na sua exaltação a alma vê à distância, é que ela se transporta; e, se ela pode se transportar, por que a da outra pessoa não se transportaria para nos ver? Que na teoria da alucinação levem em conta esses fatos, não se esquecendo de que uma teoria a que se podem opor fatos que a contrariem é necessariamente falsa ou incompleta.
         Aguardando a explicação que venham a oferecer, Allan Kardec afirma: provam os fatos que há aparições verdadeiras, que a teoria espírita explica perfeitamente e que só podem ser negadas pelos que nada admitem fora do organismo. Mas ao lado dessas visões reais existem alucinações, no sentido que se dá a essa palavra? Não se pode duvidar. Qual a sua origem? Os Espíritos é que vão esclarecer-nos sobre isso, porquanto a explicação, parece-nos, está toda nas respostas dadas às seguintes perguntas:
         a) As visões são sempre reais ou são algumas vezes efeito da imaginação? Não serão, algumas vezes, efeito da alucinação? Quando vemos em sonho, ou de outra maneira, o diabo, ou outras coisas fantásticas, que não existem, não será isso um produto da imaginação? 
         — Sim, algumas vezes, quando dá muita atenção a certas leituras, ou a histórias de feitiçarias, que impressionam, a pessoa, lembrando-se mais tarde dessas coisas, julga ver o que não existe. Mas, também, já temos dito que o Espírito, sob o seu envoltório semimaterial, pode tomar todas as formas para se manifestar. Pode, pois, um Espírito brincalhão aparecer com chifres e garras, se o quiser, para divertir-se à custa da credulidade daquele que o vê, do mesmo modo que um Espírito bom pode mostrar-se com asas e com uma figura radiosa.
         b) Podem-se considerar como aparições os rostos e outras imagens que, muitas vezes, se mostram, quando cochilamos ou simplesmente quando fechamos os olhos? 
         — Desde que os sentidos entram em torpor, o Espírito se desprende e pode ver longe, ou perto, aquilo que lhe não seria possível ver com os olhos. Muito freqüentemente, tais imagens são visões, mas também podem ser efeito das impressões que a vista de certos objetos deixou no cérebro, que lhes conserva os vestígios, como conserva os dos sons. Desprendido, o Espírito vê nos seu próprio cérebro as impressões que aí se fixaram como numa chapa fotográfica. A variedade e a mistura dessas impressões formam os conjuntos estranhos e fugidios, que se apagam quase imediatamente, ainda que se façam os maiores esforços para retê-los. A uma causa idêntica se devem atribuir certas aparições fantásticas que nada têm de reais e que muitas vezes se produzem durante uma enfermidade.
         Admite-se que a memória seja o resultado das impressões conservadas pelo cérebro, mas, por qual fenômeno essas impressões tão variadas e múltiplas não se confundem? Mistério impenetrável, porém, não mais estranho que o das ondas sonoras, que se cruzam no ar e que se conservam distintas. Num cérebro são e bem organizado, essas impressões se revelam nítidas e precisas; num estado menos favorável, elas se apagam e confundem; daí a perda da memória, ou a confusão das idéias. Ainda menos extraordinário parecerá isto, ao se admitir, como se admite, em frenologia, uma destinação especial a cada parte e, até, a cada fibra do cérebro.
         As imagens transmitidas ao cérebro pelos olhos deixam ali sua impressão, que permite lembrar-se de um quadro como se ele estivesse presente, embora se trate de uma questão de memória, pois nada se vê. Ora, em certos estados de emancipação, a alma vê o que está no cérebro, onde torna a encontrar aquelas imagens, sobretudo as que mais o chocaram, segundo a natureza das preocupações, ou as disposições íntimas. E assim que reencontra a impressão de cenas religiosas, diabólicas, dramáticas, mundanas, figuras de animais esquisitos, que ela viu outrora em pinturas ou ouviu em narrações, porque também as narrativas deixam impressões. Assim, a alma vê realmente, mas, apenas uma imagem fotográfica no cérebro. 
         No estado normal, essas imagens são fugidias, efêmeras, porque todas as secções cerebrais funcionam livremente, ao passo que, a doença, o cérebro enfraquece, o equilíbrio entre todos os órgãos deixa de existir, conservando somente alguns a sua atividade, enquanto que outros se acham de certa forma paralisados. Daí a permanência de determinadas imagens, que as preocupações da vida exterior não mais conseguem apagar, como se dá no estado normal. Essa a verdadeira alucinação e causa primária das idéias fixas. 
         Como se vê, explicamos esta anomalia por uma lei fisiológica muito conhecida, a das impressões cerebrais. Porém, foi sempre necessário fazer intervir a alma. Ora, se os materialistas ainda não puderam apresentar uma explicação satisfatória desse fenômeno, é porque não querem admitir a alma. Por isso mesmo, dirão que a nossa explicação é má, pois nos apoiamos num princípio que é contestado. Mas contestado por quem? Por eles, mas admitido pela maioria dos homens, desde que há homens na Terra. A negação de alguns não pode constituir lei.
 
         Nossa explicação é boa? Damo-la pelo que possa valer na falta de outra, e, se quiserem, a título de simples hipótese, enquanto outra melhor não aparece; ela pode explicar todos os casos de visões? Certamente que não. Contudo, desafiamos os fisiologistas a apresentarem uma que explique todos os casos. Porque nada apresentam quando pronunciam as palavras - superexcitação e exaltação. Assim sendo, desde que todas as teorias da alucinação se mostram incapazes de explicar os fatos, é que alguma outra coisa há, que não a alucinação propriamente dita. Seria falsa a nossa teoria, se a aplicássemos a todos os casos de visão, pois que alguns poderiam contradizê-la. Pode ser legítima, se aplicada a alguns efeitos. 
         E concluímos o estudo do capítulo VI, transcrevendo as observações de Herculano Pires, tradutor de O Livro dos Médiuns, ao término desse capítulo:
         "As teorias atuais da alucinação referem-se em geral a alterações do sistema nervoso, com excitações dos neurônios sensoriais, especialmente os da visão e da audição. Insiste-se na explicação fisiológica de todos os caso. Mas a recente aceitação científica dos fenômenos paranormais abriu novas perspectivas nesse campo. Os casos referidos por Kardec são aceitos como de natureza extrafísica por toda a escola de Rhine e mesmo as escolas fisiológicas admitem a veracidade das percepções à distância, da transmissão do pensamento, das previsões e da retrocognição ou visão do passado. A alma, como afirma, Allan Kardec, mostra-se novamente indispensável à formulação de uma teoria satisfatória da alucinação".
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2. Ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte.
KARDEC, Allan - Revista Espírita, julho de 1861: EDICEL - Ensaio sobre a Teoria da Alucinação e Variedades: As visões do Sr. O.

Tereza Cristina D'Alessandro
Dezembro / 2004
 Centro Espírita Batuira
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 40

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO VI

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

Estudo 40 - ENSAIO TEÓRICO SOBRE AS APARIÇÕES

Itens 109 e 110

           Concluindo os estudos referentes ao Ensaio Teórico sobre as Aparições (itens 101 a 110), recordamos, então: os Espíritos têm um corpo fluídico, a que se dá o nome de perispírito, cuja substância é haurida do fluido cósmico, e que ele é mais ou menos etéreo, conforme os mundos e o grau de depuração do Espírito; que durante a encarnação, o Espírito conserva seu perispírito, sendo o corpo apenas um segundo envoltório mais grosseiro, mais resistente, apropriado aos fenômenos a que tem de prestar-se e do qual se despojará por ocasião da morte.

           O perispírito serve de intermediário ao Espírito e ao corpo, sendo o órgão de transmissão de todas as sensações. Não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa, e sim, por sua natureza fluídica, é expansível, irradiando-se para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a vontade podem dilatar mais ou menos.

           Nos Espíritos desencarnados, devido a sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível, tendo isso de comum com uma imensidade de fluidos que sabemos existir, mas que nunca vimos. Pode também, como alguns fluidos, sofrer modificações que o tornam perceptível à vista, quer por uma espécie de condensação, quer por uma mudança na disposição molecular. Pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo sólido e tangível e retomar instantaneamente seu estado etéreo e invisível. São as aparições.

           Esses diferentes estados do perispírito resultam de vontade do Espírito e não de uma causa física exterior, como acontece com os gases. Entretanto, nem sempre basta ao Espírito a vontade de tornar-se visível: é necessário, para que se opere a modificação, o concurso de uma série de circunstâncias que dele independem. É preciso, inclusive, lhe seja permitido, fazer-se visível, o que nem sempre lhe é concedido, ou somente o é em determinadas circunstâncias, por motivos que nos escapam.

           Podendo assumir todas as aparências, o Espírito se apresenta sob aquela que mais reconhecível o possa tornar, se o quiser. Geralmente os Espíritos se apresentam com os atributos característicos de sua elevação, como: resplandecentes demonstrando sua elevação moral, enquanto que outros trajam as que recordam suas ocupações terrenas.

           O Espírito que quer ou pode realizar uma aparição toma por vezes uma forma ainda mais precisa, de semelhança perfeita com um sólido corpo humano, podendo, em alguns casos e sob certas circunstâncias, a tangibilidade tornar-se palpável, Istoé, pode-se tocar a aparição, senti-la resistente como um corpo sólido, o que não impede que ela se desvaneça com a rapidez do relâmpago.

           Todos os fenômenos citados foram estudados mais profundamente nos itens anteriores, e Allan Kardec afirma que, o perispírito é o princípio de todas as manifestações, sendo que o seu conhecimento nos traz a explicação de numerosos fenômenos, permitindo grande avanço à Ciência Espírita, colocando-a numa nova senda, ao tirar-lhe qualquer resquício de maravilhoso. Nele encontramos, graças aos próprios Espíritos, - pois foram eles que indicaram o caminho, - a explicação da possibilidade de ação do Espírito sobre a matéria, da movimentação de corpos inertes, dos ruídos e das aparições e, certamente, como explicação de muitos outros fenômenos ainda por serem estudados, inclusive o das comunicações. Estas serão melhor compreendidas, se nos inteirarmos de suas causas fundamentais.

           Reflete ainda o Codificador que, longe de considerar a teoria que apresenta como absoluta e última palavra na questão, ela será, mais tarde, completada ou retificada através de novos estudos. Mas, por mais incompleta ou imperfeita que se apresente, pode sempre ajudar a compreender os fenômenos por meios que nada tem de sobrenatural. Se é uma hipótese, não se lhe pode negar o mérito da racionalidade e da probabilidade.

           Por essas reflexões percebemos a postura científica de Allan Kardec e porque foi chamado, por Camille Flammarion, de "o bom senso encarnado", pois razão reta e judiciosa, aplicava sem cessar às suas pesquisas e obras.

           Em nosso próximo estudo abordaremos a Teoria da Alucinação.

BIBLIOGRAFIA:

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte.

KARDEC, Allan - A Gênese: 26.ed.Brasília: FEB, 1984 - Discurso pronunciado por Camille Flammarion junto ao túmulo de Allan Kardec.

Tereza Cristina D'Alessandro
Novembro/ 2004

Centro Espírita Batuira
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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

 SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO V

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

Estudo 38 - ENSAIO TEÓRICO SOBRE AS APARIÇÕES

Item  108

Allan Kardec prossegue estudando o fenômeno das aparições, agora fazendo algumas considerações sobre um sistema - um conjunto de hipóteses para explicar determinados fenômenos - especial para as manifestações visuais de Espíritos: o sistema dos Espíritos glóbulos.

           Segundo este sistema, a visão de Espíritos por supostos médiuns nada mais seria do que um fenômeno óptico, isto é, uma ilusão decorrente de uma falha da transmissão da luz através dos órgãos receptores (de luz), o aparelho óptico. Essas alucinações visuais limitam-se em geral à percepção de luzes, cores, pontos luminosos ou escuros no campo visual, o que diferirá das alucinações de ordem neuropsiquiátricas, que consistem na visão de objetos conhecidos ou não, com forma, cor, tamanho, profundidade e até movimentos bem definidos. Esse tipo de alucinação será estudado a seguir, ainda neste capítulo de O Livro dos Médiuns.

           Considerando agora o aparelho óptico que nos permite enxergar, observaremos que sua função é a de captar a luz ambiente irradiada por fontes primárias - que possuem luz própria - ou secundárias - que refletem a luz de fontes primárias. Além disso, o sistema óptico deve transformar as informações luminosas em impulsos elétricos (neurais) para o sistema nervoso e, daí, reconstruir psiquicamente a informação visual para o Espírito.
Para essa função, destaquemos algumas estruturas importantes: o globo ocular, o nervo óptico e o cérebro. No globo ocular, observamos alguns componentes importantes para a captação e adaptação dos raios luminosos do meio externo para sua posterior decodificação (veja figura 1)

Alguns raios luminosos emitidos pelo objeto são captados pelo globo ocular. Atravessam a córnea, uma estrutura altamente transparente, cuja função é servir de um meio refratário para direcionar corretamente os raios luminosos para a pupila (a "menina dos olhos"). Esta é a abertura da íris, cuja função é regular o grau de dilatação do orifício pupilar, ou seja, abrir a pupila num ambiente escuro e retraí-la num ambiente muito claro.

Figura 1: captação dos raios luminosos pelo globo ocular e a formação da imagem na retina

Passando pela pupila, os raios luminosos atingem a retina, o componente fundamental para a transdução do sinal luminoso em impulso nervoso (elétrico). Nesse trajeto, a luz é conduzida por dois meios líquidos: o humor aquoso, da córnea à íris e o humor vítreo, da íris à retina. A retina é a camada mais interna do globo ocular, composta de dez subcamadas de células, que captam a imagem reproduzida e a convertem em impulsos eletrofisiológicos às fibras nervosas, com as quais está conectada. Estas se reúnem num só feixe, formando o nervo óptico, um de cada lado, que seguem para cérebro. Depois de algumas "estações cerebrais", a informação visual chega ao córtex cerebral, no pólo occipital, chamado justamente de córtex visual (veja figura 2). As informações então são processadas e integradas para gerar a sensação de forma, cor, profundidade e movimento.

Figura 2: formação da imagem da retina para o córtex visual (pólo occipital do cérebro)

Dessa forma, para a formação da imagem na retina e daí para o cérebro é necessário que todas as estruturas estejam íntegras e funcionantes. Se ocorrer alguma perturbação (leve ou importante), a imagem pode não se formar perfeitamente. Além disso, estímulos mecânicos ou de outra ordem podem gerar estímulos sobre essas vias, não necessariamente relacionados com uma fonte luminosa real. Porém a sensação será visual. Essa é a base para as ilusões ou alucinações visuais de natureza óptica.

           O Codificador do Espiritismo, no item 108 de O Livro dos Médiuns, aponta algumas explicações para a formação dessas imagens estranhas e sem significados. Menciona Allan Kardec, "discos luminosos", "moscas amauróticas", "centelhas", etc. Hoje, a semiotécnica também menciona "moscas volantes", "escotomas" e outros.

           Em verdade, todos os dias ocorrem espontânea e fisiologicamente fenômenos ópticos, muito aproveitados por "ilusionistas" em apresentações públicas. As centelhas ou moscas volantes podem ser decorrentes do excesso de luminosidade do ambiente, quando as pupilas ainda não se fecharam suficientemente. Um "ponto cego" todos possuem no ponto da retina para onde convergem as fibras ópticas para formar o nervo óptico (disco do nervo óptico). Em geral esses tipos de fenômenos são extremamente transitórios ou o córtex adaptou-se a ponto de suprimi-los.

           Obviamente, acometimentos patológicos da córnea, íris, humor aquoso ou vítreo, retina, nervo óptico e córtex visual podem provocar sinais e sintomas típicos, clinicamente diagnosticados. Escotomas ou manchas negras no campo visual sugerem uma provável lesão da retina ou dos nervos ópticos; moscas volantes, pontos luminosos duradouros ou "chuviscos" sugerem hipertensão intracraniana; além de muitos outros.  

De qualquer forma, e seja lá o que for, essas imagens, por mais que se movam ou façam piruetas no campo visual, estão longe de ser fenômenos mediúnicos. Todo efeito mediúnico possui como causa um ser espiritual inteligente que se manifesta com alguma intenção. "Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente", dizia Allan Kardec, e "todo efeito sem inteligência tem uma causa não inteligente". Assim, essas ilusões ópticas grosseiras jamais poderão ser confundidas com fenômenos mediúnicos, inteligentes e intencionais. É preferível, pois, restringir-se a observar com cautela antes de especular, para não alimentar os incrédulos, "já naturalmente dispostos a procurar o ridículo".

BIBLIOGRAFIA:

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - item 108 - 2ª Parte
PORTO, Celmo Celeno - Semiologia Médica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001 - Cap. 11, 12 e 13

Matheus Artioli Firmino
Outubro / 2004

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