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quinta-feira, 23 de maio de 2013

VIII- PROBLEMAS SOCIAIS, POLÍTICA, ETC. (FINAL)


ENCONTRO COM DIVALDO FRANCO

Há no mundo igrejas ricas em bens materiais conclamando as nações prósperas da Terra a amenizarem o problema da fome que se abate sobre grande parte da Humanidade. 
Quem, em que hora, tempo e lugar deve praticar a caridade?

Divaldo: - Vamos relatar um episódio que vivenciamos alguns anos atrás.
Certo dia deparamo-nos com uma alma muito sofrida, presa de extrema miséria. Dispunhamo-nos a refletir acerca do que faríamos com a desventurada criatura, caída em plena via pública, febril e tiritando de frio.
Racionalizamos: amanhã voltaremos aqui para levá-lo a um hospital, ou pediremos a ajuda de um médico. Ao mesmo tempo passamos a conjeturar: poderíamos, agora, arranjar-lhe um caldo quente; quem sabe poderíamos levá-lo para casa. Levá-lo para casa?
Onde iremos acomodá-lo? Que fazer?
Com a mente fervilhante de interrogações perturbadoras, eis que nos surge à frente nossa querida Joanna de Ângelis, falando mais ou menos nestes termos: “Ao tempo dos Czares, certa noite estava sendo representada uma célebre peça no teatro de Moscou, que se refertava com as dependências totalmente tomadas pelos membros da realeza. O enredo girava em torno dos sofrimentos de um soberano místico que, em meio a cruéis sofrimentos, sacrificou-se pela fé cristã. A música enleava os corações da nobreza assistente, todos se identificando com as agonias cristãs da personagem, que de alguma forma traduzia um pouco do íntimo de cada um. Findo o colorido espetáculo, à saída do teatro, deitado sob a marquise, delirava um mendigo tiritante de frio em meio à nevasca da noite. Uma das damas da corte, ao descer as escadarias que a levariam à sua carruagem, movida por um impulso natural de bondade, tomou do casaco de peles que a agasalhava, propondo-se a cobrir o homem que parecia moribundo. A dama que lhe fazia companhia, porém, sustou-lhe o gesto nobre dizendo: ‘Não faças isso.
De que adiantaria a esse miserável uma peça de vestuário de tal valor?
Amanhã envias por um dos teus servos agasalhos quentes para ele’.
‘Sim, tens razão’ - respondeu a dama do casaco de alto preço, movida agora por sentido utilitarista da vida.
‘Demandaram, assim, ao luxuoso castelo, alimentaram-se frugalmente, esquecidas já da agonia do desconhecido tombado sob a marquise enregelante. No dia seguinte, despertando já manhã alta, a dama lembrou-se do homem tiritante de frio.
Chamou então um de seus servos e ordenou que levasse agasalho ao pobre homem. Lá chegando, o serviçal deparou-se com o desconhecido já morto, sendo removido pela polícia’.
Finalizou, então, Joanna de Ângelis:
‘Sempre que a caridade recebe a interferência de polêmicas ou racionalizações, discussões ou debate, invariavelmente o socorro chega atrasado. É necessário que cada um de nós faça o bem hoje, aqui e agora’. Tratamos então de auxiliar o homem abandonado à intempérie da noite, sem mais cogitações que não as do socorro imediato.

No que se refere às igrejas fartamente providas de bens materiais concitando os governos de mais largos recursos a minimizar o sério problema da fome e da desnutrição na face da Terra, com todo o respeito queremos lembrar que a riqueza de nada nos valerá se não tivermos no cofre do coração o pão da caridade e a palavra consoladora da misericórdia que nos compete distribuir. Jesus Cristo, que foi a encarnação da pobreza material, disse: ‘As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça’.”

Qual o posicionamento do Espiritismo com relação ao pobre, à vida miserável que leva. Até quando o senhor acha que no mundo continuará havendo, essas desigualdades sociais, esses contrastes gritantes que nós vemos e estamos assistindo em várias regiões do país e várias regiões do mundo?

Divaldo: - A resposta está no Evangelho de Jesus. Quando a mulher arrependida levou-lhe bálsamo e o ungiu, Judas, preocupado com a despesa que ela fazia, já que a substância era de alto preço, lamentou que fosse desperdiçada com Ele.
Chegou mesmo a considerar que aquela substância poderia ser vendida e revertida a benefício dos pobres.
Jesus redargüiu: Ela agiu muito bem, porque “os pobres sempre os tereis, mas a mim nem sempre.” E aqui, vale dizer que sempre haverá pobres, enquanto o homem em gozo e no exercício das suas aptidões, da fortuna, faça delas mau uso. Dentro do conceito da reencarnação, aquele que hoje experimenta limites, dificuldades e problemas, foi o mesmo que abusou, em existência próxima, transata ou remota, dos valores com que a vida o aquinhoou. Dentro da mesma questão, vemos que a Humanidade está num período de trânsito. Enquanto vigir o egoísmo no coração dos homens, haverá, inevitavelmente, a miséria, porque a ambição desmedida de alguns poucos engedra a miséria de muitos. O Espiritismo levanta a questão de forma otimista, convidando os que possuem a repartir, a criarem empregos, a darem oportunidades, a favorecerem os que se encontrem em situações de precariedade, com ensejos mais felizes, e acreditamos que dia virá, não muito longe, em que esta paisagem erma e triste da miséria sócio-econômica cederá lugar a uma situação menos penosa, mesmo porque,consideramos que o grande drama da atualidade não tem sua gênese, exclusivamente na problemática da miséria econômica, senão na grande problemática da miséria moral. Para nós, é a questão moral, de valor transcendente, que engendra aquela miséria de natureza econômica.

A miséria é superior e mais grave que a própria miséria humana, a miséria financeira, a miséria dos famintos?

Divaldo: - Indubitavelmente. Porque nos países onde se apresentam um ótimo nível de salários e produção “per capita”, a miséria moral é tão lamentável que não deu felicidade a esses povos, embora a situação econômica elevada de que desfrutam, com ausência de problemas inéditos, tais como a Suécia, a Holanda, a Suíça, o índice de suicídio,de loucura, de neurose, de agressividade é, igualmente, muito alto, demonstrando que a miséria econômica, embora muito dolorosa, que nos assalta é menor. Mas a miséria moral, a ausência do amor no coração, o predomínio do egoísmo são mais terríveis do que aquela outra condição da chamada miséria do Terceiro Mundo, do chamado mundo em desenvolvimento...

Há quem diga que a Doutrina Espírita, que vem pregando a reencarnação, aliena o homem da realidade social em que ele vive, porque a criatura humana pensa: bom, se eu voltarei à Terra, eu deixarei para amanhã. Ou outra encarnação, o que me compete fazer hoje, poderei pagar amanhã. Então, dizem, afirmam várias pessoas que a Doutrina Espírita estaria alienando o homem da realidade social em que vive. Não apenas em pregando a reencarnação, mas também promovendo a caridade, porque o homem recebendo o pão, não trabalharia, ficaria de braços cruzados, não produziria e não sairia da miséria. Que você diria a respeito disso tudo?

Divaldo: - Que as pessoas não estão bem informadas em torno da tônica da reencarnação. A reencarnação é uma colocação dinâmica que promove o homem. Podemos considerar a Terra como sendo uma Universidade, com todos nós freqüentando os vários cursos aqui administrados. Sabemos que temos a oportunidade de, ao não fazermos uma aprendizagem correta, repetir o ano. Mas não é por isto que o indivíduo inteligente deixará de promover-se, de conquistar o valor intelectivo, para ficar numa situação parasitária, a repetir as experiências até que seja banido da escola. Através da reencarnação, o indivíduo tem a ensanha de reparar, numa etapa, aquilo que noutra, anterior, ele não haja realizado bem. A reencarnação é uma metodologia evolutiva que dignifica o homem, demonstrando a justiça de Deus, que a ninguém condena em caráter de perpetuidade.
Oferecendo o ensejo de o indivíduo auto-perdoar-se, isto é, concedendo-lhe a oportunidade de reparar os seus erros para progredir, a Divindade faculta-lhe o retorno à Terra, tantas vezes quantas se façam mister para o seu processo evolutivo de sublimação. Quanto à colocação de que a caridade mantém o homem estacionário, esta é igualmente uma forma de observar a caridade do ponto de vista material exclusivamente.
O apóstolo Paulo, na sua célebre Epístola aos Coríntios, quando se reporta à caridade, vai muito além da tônica sobre a doação; fala sobre o aspecto fundamental de o indivíduo auto-doar-se, de iluminar consciências, de dar o pão a quem tem fome e depois dignificá-lo, a fim de que ele vá adquirir o seu próprio pão. É a velha estória da “vara de pescar”, da tradição chinesa. Não lhe damos apenas o peixe, ensinamo-lo a pescar, oferecendo-lhe a vara e o anzol. Não podemos, porém, pedir a uma pessoa paralítica, a um enfermo a alguém sem mais amplas possibilidades que vá pescar, se não ajudarmos a que chegue, ao menos, à borda do rio. A função da caridade dando coisas, que os espíritas fazemos, é relevante pelo que enobrece o homem.
Não apenas o fazemos, nós, os espíritas. Fazem-no ou fizeram, Madre Teresa de Calcutá, esse símbolo da fraternidade universal; o extraordinário Albert Schweitzer, em Labarené, na África, no antigo Congo Belga, a santificante tarefa realizada por Vicente de Paulo e que hoje é imitada por homens notáveis como Fouleraux, o apóstolo da Lepra, na atualidade, ou como no passado, George Dominique Pire, prêmio Nobel da Paz, que concebeu e realizou as célebres aldeias européias para as vítimas da guerra. São todos estes trabalhos de promoção humana. A alguém que está com uma forte dor de cabeça, não adianta ministrar-lhe lições de civilidade; dando-lhe, porém, um analgésico e retirando-lhe, temporariamente embora, o mal-estar, poderemos prepará-lo para que ele encontre a causa desse mal que o aflige e a erradique. É o que o Espiritismo faz, bem como outras doutrinas filantrópicas baseadas no amor, oferecendo ao indivíduo a oportunidade de este liberar-se do mal imediato pela cura de urgência, para que possa fazer a terapia de profundidade e as futuras terapêuticas preventivas. A reencarnação é uma metodologia de amor que dignifica o homem.”

Como o Espiritismo examina a condição do “trombadinha”? Eles derivam dessa perplexidade do mundo atual, que é cruel, antagônico, cheio de carência por falta de bens materiais ou são pessoas que receberam maus Espíritos ou Espírito ainda em formação?”

Divaldo Eles são as grandes vítimas do nosso contexto social. É lamentável, mas é preciso dizer, que em relação a eles, a Civilização falhou. Os postulados cristãos, que deviam conduzir o homem, através da esperança, infelizmente não deram a certeza, na forma como foram apresentados pelas religiões, para que crêssemos entendendo, porque o homem é racional. A ética e a educação falharam em face ao desequilíbrio das suas convenções. O “trombadinha” é a síntese de uma sociedade que fracassou nos seus postulados de ética, ora sem rumo. Não se trata de Espíritos infelizes. Eles não tiveram oportunidade melhor, porque a sociedade ainda não compreendeu que a nossa é a felicidade dos outros. O que fizermos ao próximo estaremos fazendo a nós mesmos. Como disse Jesus: “O que fizerdes a um destes, a mim mesmo o fazeis”. Entretanto, eu ainda quero considerar esta colocação: o Espiritismo vê o problema como de emergência e nós, os espíritas, estamos tomando as providências, dentro das nossas possibilidades, através do exercício legal da família. Desejo lembrar que o Espiritismo é a Doutrina que chegou à Terra, há apenas 148 anos; os seus postulados somente agora estão começando a ser aprendidos; encontrou reações de todos os lados, dificuldades, como o Cristianismo primitivo, para poder transmitir as suas lições de fraternidade e de amor. O Espiritismo está ao lado de todos aqueles que trabalham pelo ideal de uma Humanidade melhor, que se esforçam para evitar os dramas lamentáveis.
Nós mesmos, na cidade de Salvador, procuramos diminuir o problema pela vivência dele. É que estamos envolvidos numa obra social, na qual 2.018 crianças recebem assistencial moral, educacional, alimentar. O menor carente, de que se fala, é recolhido em unidades-lares onde reconstruímos as famílias que lhes faltam. O menor que tem pais, nós o recebemos desde zero até 3 anos e o colocamos em nossa Creche; de 3 a 6 anos, no Jardim de Infância, das 7:00 horas às 17:00; de 7 anos aos 14 anos, no 1º Grau, até a 6ª série, por enquanto; e, a partir do próximo ano, teremos as 7ª série e 8ª série.
Simultaneamente, através das Escolas, vem a orientação profissionalizante para que evitemos a deserção dos deveres e a vadiagem. O problema do “trombadinha” é um efeito cujas causas estão no próprio homem, sendo necessária uma medida de emergência, através do amor. O amor que desapareceu dos nossos corações, como diz um pensador inglês: “O homem moderno perdeu o endereço de Deus”E porque perdeu o endereço de Deus, a sociedade está ameaçada. Há no entanto, perspectivas generosas. Quando todos denunciam um mal é porque já tem sensibilidade para evitar os chamados valores ilusórios. Essa preocupação com o menor carente, que a todos hoje nos envolve, é um sintoma, síndrome de interesse para que todos nos unamos, religiosos ou não, porque esse problema é da Humanidade, e procuremos fazer alguma coisa em favor deles, que serão o futuro da sociedade em favor deles, que serão o futuro da sociedade. Mas isso, em caráter paliativo, por enquanto, para que depois possamos dar ao grupo social o equilíbrio normal de uma educação preventiva, evitando as calamidades que aí estão dominadoras.”


Fonte: Baccelli, Carlos A.; “DIVALDO FRANCO EM UBERABA”; Leal.
Worn, Fernando; “MOLDANDO O TERCEIRO MILÊNIO”; Leal.
Franco, Divaldo Pereira; “ELUCIDAÇÕES ESPÍRITAS”; Leal.


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

As Razões de Cada Um


Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa (...)

Evangelho Segundo o Espiritismo Cap X – Item 10.

A subjetividade é um capítulo admirável da ética espírita quando enfocado sob o ângulo da formação de juízos morais.

As razões humanas para explicar as próprias atitudes são algo inerente à individualidade da cada ser. Mesmo os perversos encontram “motivos justos” para as suas ações, nas justificativas pertinentes a seus raciocínios egoístas.

Juízos éticos sempre serão subjetivos e, por isso mesmo, não constituem bons argumentos para fundamentação de defesas a medida e projetos que visem colaborar na restauração da reorganização de nossa Seara. Assinalar condutas morais de pessoas ou instituições, com base para propor mudanças, é fragilizar nossas disposição de cooperar, porque penetramos um campo essencialmente individual e inacessível. E mais a mais, julgar é concluir veredictos sobre o comportamento alheio, no qual, quase sempre, falhamos.


Juízes eminentes declaram sentenças injustas, conquanto se preparem para não fazê-las, e a maioria de nós, na rotina das relações, costumamos emitir sentenças e pareceres pelo hábito de criticar e analisar defeitos dos outros, sem qualquer sintonia com a verdade sobre tais pessoas, ou apenas analisando-as superficial e parcialmente.

O fato de cada individualidade ter suas razões é motivo com sobras para que respeitemos cada qual em seu patamar, o que não significa tenhamos que concordar e adotar passividade ante suas movimentações. Aqui penetramos em um dos mais delicados tópicos do relacionamento interpessoal, em nossos ambientes de reeducação espiritual: a convivência pacifica e construtivas frente à diversidade de opiniões, entendimentos e posturas, por parte daqueles que integram a comunidade nas lides doutrinárias.

A tendência marcante da nossa personalidade é estabelecer idéias pré-concebidas, expectativas mal dimensionadas e estereótipos sobre as ações alheias, e, mesmo quando nosso julgamento é pertinente, preferimos a referência mordaz e o destaque para a parte menos construtivas a ter que conjeturar, em clima de indulgência e misericórdia, sobre as motivações que ensejaram os comportamentos alheios.

Somos, comumente, escravos do nosso orgulho que procura defeitos nos outros para tentar fazer-nos melhor. Entretanto, o próximo é o espelho dos nossos valores e imperfeições, e, quando lhe destacamos uma deficiência, precisamos voltar-nos para a intimidade e descobrir nosso elo de atração com a questão em pauta; isso será um verdadeiro exercício de autodescobrimento. 13

A dificuldade consiste em redirecionar nosso milenar costume de ver o cisco no olho do outro e não perceber a trave no nosso (1).

Um bom princípio para a reeducação de nós mesmos será sempre o cultivo do sentimento de piedade e compreensão para com todos. Metalizarmo-nos, todos, em um só barco com a presença do Mestre conduzindo-nos pelas tempestades de nossas extensas carências espirituais, e jamais deixar de recordar que estamos em patamares variados de crescimento para Deus.

Isso exigir-nos-á o vinculo com a atitude de alteridade, ou seja, o reconhecimento da diferença, da distinção da qual o outro é portador, a fim de nutrirmos constante indução mental na formação do hábito de respeitar as diferenças no modo de ser de cada qual.

As defesas apaixonadas no campo dos julgamentos morais têm feito muito mal aos nossos ambientes de amor, nas leiras doutrinárias. Conquanto muitas vezes sejam verdadeiros, devemos aprender com Jesus, nosso guia e modelo, como externá-los para não ferir e conturbar. Saber apresentar discordâncias e falhas é uma arte da qual temos muito a aprender.

Lembremos o episódio inesquecível da mulher adúltera para termos uma noção lúcida sobre como se portar frente à verdade dos que nos cercam. Naquela oportunidade, Jesus não faltou com o corretivo e nem julgou-a; utilizando-se de um extraordinário recurso pedagógico, devolveu a subjetividade dos juízos à consciência de cada um através do pronunciamento atirem a primeira pedra os que se encontrem isentos do pecado, (2) e todos sabemos qual foi o efeito desse recurso na vida pessoal dos que ali se encontravam.

Nossa necessidade de guardar idéias, em forma de juízos definitivos e inflexíveis sobre as criaturas, é o fruto do nosso orgulho. Nossos julgamentos manetas pecam pela ausência de bons sentimentos, pela parcialidade e, acima de tudo, pelas projeções que fazemos de nós mesmos.

A dificuldade de aceitação das pessoas com elas são, enquadrando-as em concepções e padrões definidos pela nossa ótica de vida, precisa ser corrigida para ensejar um melhor nível de entendimento em nossa seara bendita. A inaceitação chega a ser tão ostensiva que nos magoamos com facilidade com as ações que não correspondem as nossas expectativas, ainda que tais ações não nos prejudiquem. Devido a essas expectativas que depositamos em pessoas e instituições, ocorrem muitas cobranças injustas e ofensas dilacerantes que só inspiram o revanchismo e a invigilância.

Esse não deveria ser o nosso clima. E como ficam os princípios imortais que deveriam esculpir o nosso caráter?

A maior decepção é aqui na “imortalidade”, quando somos todos convocados a novas concepções sobre fatos, pessoas, instituições e conceitos esposados ao longo de toda a nossa reencarnação. A imortalidade quase sempre traz-nos muitas surpresas nesse sentido. 14

A maioria delas de incômodos íntimos desagradáveis para quantos optaram por juízos éticos rigorosos, excludentes e intolerantes.

Não existe a presença da perversidade na seara, e, ainda que houvesse, deveria ser tratada como imaturidade emocional e moral. Em verdade, o que temos entre nós são necessidades extensas nos terrenos da melhoria espiritual, sendo necessário aos seguidores de Jesus e Kardec compreender que ninguém faz o que faz para magoar ou no intuito de denegrir. São hábitos arraigados contra os quais estamos em permanente batalha.

Virá o instante do entendimento, da complacência e da tolerância como veredas de esperança para um tempo melhor. A isso chamamos união e fraternidade. Nessa hora, quando assentamos à mesa dispostos a contemplar a diversidade do outro e dialogamos como irmãos de ideal, descobriremos, estupefatos, quão distantes da realidade se encontram nossos julgamentos, porque compreenderemos melhor quais eram as razões de cada um. 15



Conselho Espírita de São Bernardo do Campo
Encontros de Atitudes de Amor”
Grupo Fraternidade Espírita João Ramalho
Reunião do dia 6 de julho de 2008
Tema Central:
Alteridade 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tolerância ou Exclusão?


Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!” Mas, ai daquele que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão! Espírito de Verdade. (Paris, 1862)

O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap XX – Item 5.

Atendendo a generosa solicitação do jovem Pedro Helvécio, trabalhador de nosso plano nos serviços socorristas, endereçamos uma página de sua lavra inspirada para meditação:

Dentre os ensinos de que mais carece o Espírito, a necessidade de respeito às diferenças do outro é das lições mais urgentes a se conquistar”.

Nos serviços da causa espírita a que te empenhas, vezes sem conta serás chamado a conviver com os afins e contrários nas relações interpessoais. Nessa hora, se te afeiçoas à vivência da ética espírita-cristã, és convocado naturalmente a selecionares o teor de tuas emoções com os que te partilham a tarefa”.

Como te posicionar frente aos que assumem declarada oposição contra ti e tuas idéias? Como conviver harmoniosamente com os que pensam diferentemente de ti? Sentes que se definires pela tolerância, serás muita vez obrigado a abrir mão de tuas aspirações e permear por uma postura conivente. Se definires pela exclusão, colocando emocionalmente os menos afins na pauta das aversões e das incompatibilidades, tua consciência expedirá uma queixa sistemática ao teu sensível coração, clamando pela adoção da fraternidade”.

Anseias por uma postura ideal, mas o raciocínio confunde-te frente ao desafio. Se toleras, és conivente. Se excluis, és sectário”.

Na regra áurea do amor encontrarás o caminho ideal. Quando Jesus profere o fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem (1), Ele não estabelece uma conduta de compensações e troca. Sobretudo, o ensino do Mestre é um chamamento ao mergulho interior, no qual, através da empatia, avaliarás qual a carga emocional que gostarias de receber no lugar de teu próximo. Fazendo assim, perceberás de pronto que podes tolerar teus desafetos e amá-los ardentemente, sem subtrair-te aos teus anelos de serviço e projetos de ação, porque o que verdadeiramente importa é como te encontras intimamente em relações aos outros”.

A tolerância não implica aceitação incondicional. Pelo contrário, a tolerância é atitude construtiva das condições para as boas relações que, por sua vez, dissolvem as espessas nuvens do malquerer. Podes ter divergências sem que essas, necessariamente, excitem a dissidência...”.

A tolerância construtiva é aquela que gera as condições propícias, no íntimo e nos exterior, para que haja o respeito, a convivência pacífica e, até mesmo, a possibilidade da iniciativa conjunta”. 11

Tolera sempre, sendo indulgente”.

Tolera incondicionalmente, usando o perdão”.

Tolera abnegadamente, guardando a paciência”.

Tolera com fé, entregando ao tempo a solução de muitas adversidades”.

Tolera compreendendo, pois cada pessoa tem seu patamar evolutivo”.

Tolera orando, evitando os círculos mentais de baixo teor moral”.

Tolera trabalhando. Ocupando a mente em idéias nobres não terás tempo a disputas inferiores”,

Tolera aprendendo, buscando as lições sublimes do Cristianismo redivivo e medita nas tuas necessidades”.

Tolera na discrição, abstendo-se de nomear pejorativamente pessoas e grupos”.

Tolera na meditação, controlando o bulir dos sentimentos impetuosos que elaboram os raciocínio de desforra”.

Faze tua parte na manutenção da tolerância construtiva e entrega-te a Deus fervorosamente, dele esperando as respostas justa que expressem Sua Vontade frente à tuas adversidades, no relacionamento com os companheiros de jornada, no aprendizado espiritual”.

Tolerando, armas-te intimamente de recursos para o amor e, amando, serás sempre um instrumento de Deus na mão das circunstâncias que, no momento justo, chamar-te-ão à conciliação, ao entendimento a ao serviço de união”.

A atitude de exclusão é das mais engenhosas manobras do orgulho. Basta que alguém discorde dos teus pontos comuns de entendimento para que inicie, nas profundezas do campo afetivo de teu ser, um processo de indisposição afetiva que, se não for coibido na origem, caminha para a aversão e, dessa, para os desaires da palavra e da atitude”.

Defenda tuas idéias, crie teus projetos, mas jamais exclua do campo de teus melhores sentimentos quanto vos não partilham as idéias ou se indispõem contigo”.

Cada ser dá o que pode e possui nas construções espirituais, e ninguém guarda consigo valores e conquistas suficientes para decretar sentenças condenatórias. Cada qual, conquanto tuas imperfeições, faz o melhor que pode em favor da causa. Compete a ti respeitar a todos, orar pelos que vos maltratam e seguir teu caminho, porque todos já têm uma sentença consciencial com a qual se defrontarão na vida dos “mortos vivos”. Não esqueças que assim como eles, também tu enfrentarás na “vida da verdade” o tribunal de tua consciência, a te perguntar: fizeste ao próximo o que gostaria que ele te fizesse?

Respeite a todos, conquanto não tenhas que pensar por igual; todavia, exclusão, jamais.

(1) Lucas 6:31 12


Conselho Espírita de São Bernardo do Campo
Encontros de Atitudes de Amor”
Grupo Fraternidade Espírita João Ramalho
Reunião do dia 6 de julho de 2008
Tema Central:
Alteridade 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Motivação


Evanise M Zwirtes


“Semeia um pensamento e colherás um desejo; semeia um desejo e colherás a ação; semeia a ação e colherás um hábito; semeia o hábito e colherás o caráter.” (Tihamer Toth)
   Observando a Natureza, notamos que nada é estático; tudo é movimento, apesar de o ser humano buscar a estabilidade permanente, criando necessidades baseadas no ter. Essa estabilidade, que no plano material, não é mais que uma das tantas manifestações da personalidade, construindo uma vida baseada na posse das coisas e pessoas, em detrimento do ser.
Poucas pessoas reconhecem que há necessidades mais transcendentes, que são básicas ao ser humano, que nada tem a ver com o ter ou a posse de bens materiais. São necessidades da alma, do espírito.
Entendemos que a motivação é um estado interno, que ativa um desejo de satisfazer uma necessidade; é o que provoca em nós a necessidade de realização. É um impulso que nos move a efetuar transformações em nossas vidas.
Portanto, motivação é ter um motivo para uma ação.
Objetivando realizar as transformações em nossas vidas, necessitamos atualizar nossas crenças em relação a hábitos, apegos, ressentimentos, críticas, medos, cobiças, ódios, apatias, fraquezas, indecisões etc. Para propormos uma modificação, é fundamental identificar o condicionamento negativo, o que nem sempre é fácil uma vez que o ego não gosta de ser questionado (os apegos são difíceis de serem retirados, para saudar um inimigo necessitamos humildade, para não criticar necessitamos tolerância etc.). Essa é a razão pela qual necessitamos exercitar a vontade, a disciplina, a perseverança, que são motivos que nos conduzem ao processo do autodomínio.
   A pessoa consciente reconhece seus erros, desenvolve novas estratégias, reorganiza seu plano de vida, tem definido o que deseja conquistar para sua alma.  Não se abala pelas tentativas malsucedidas; ao contrário, demonstra alegria pela oportunidade, no aqui e agora, de realizar-se.
   Motivar é mover, despertar o interesse ou o entusiasmo. Onde você se encontra? Movendo coisas ou determinado a transcendê-las?


Evanise M Zwirtes é Psicoterapeuta e Coordenadora do The
Spiritist Psychological Society, Londres – Uk


Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 8 Janeiro e Fevereiro 2010
The Spiritist Psychological Society