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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

PROBLEMAS DE HOJE E DE SEMPRE... E SEUS REMÉDIOS

João Duarte de Castro

No âmago de todos os males que sempre afligiram a Humanidade estão sempre presentes três agentes principais: o egoísmo, o orgulho e a ambição.
Mas se o Homem se reformasse a si mesmo, promovesse seu burilamento interior, levasse de vencida seu maior inimigo que é ele próprio, empreendesse a mais difícil das batalhas que é a luta contra seu íntimo, poderia reformar então o mundo e a Humanidade,  transformar este "vale de lágrimas" e mundo de provas e expiação, em um paraíso terrestre.
Toda grande caminhada começa pelo primeiro passo, assim como toda reforma e qualquer transformação para melhor que se queira promover com relação ao mundo e ao gênero humano, deveria começar pela reforma e pela transformação do próprio homem.
Quando o Homem extirpar de seu coração o egoísmo, este monstro devorador de todas as inteligências, este filho do orgulho e fonte de todas as misérias terrenas, o supremo obstáculo de seu progresso moral estará enfim, removido. Sendo o egoísmo a negação da fraternidade é, conseqüentemente, o maior empecilho à felicidade humana. E o medicamento mais indicado para combater este terrível flagelo ainda é o supremo mandamento prescrito por Jesus: "Amai-vos uns aos outros". Ou seja, amar ao próximo como a si mesmo, ou ainda: "Faça aos outros apenas aquilo que deseja que lhe seja feito".
"Onde estiver o tesouro do homem, aí também estará seu coração”, disse o Sublime Amigo. Assim, o coração do ambicioso onde estará? Logicamente que nos bens terrenos, nos tesouros que a traça rói, a ferrugem consome e os ladrões roubam. E a cobiça é sua dileta companheira; e a inveja um espinho sempre cravado em seu coração!
E somente quando o homem entender que todos os bens da Terra pertencem a Deus, não passando ele de um simples depositário, de mero usufrutuário; apenas quando se conscientizar de que não possui de seu senão aquilo que poderá levar deste mundo, estará o Homem pronto para integrar a geração do Terceiro Milênio. E para combater grandes males, nada melhor que a aplicação de remédios poderosos: o Amor, a Fraternidade, o Desprendimento. E criaturas como Chico Xavier, Jerônimo Mendonça, Madre Tereza de Calcutá, exemplos vigorosos de humildade, simplicidade, de doação ao próximo, muito nos auxiliam no combate a estes dragões do mal de todas as épocas: o egoísmo, o orgulho e a ambição. São muitas as passagens que demonstram a humildade e o desapego às coisas materiais do médium de Uberaba.
Reside ele em uma casa humilde, não de sua propriedade, localizada num bairro da cidade, de alvenaria, sim, mas simples e despojada de qualquer conforto ou requinte.
A habitação é rodeada por muros altos para preservar um mínimo de privacidade a seu humilde morador. Ele próprio ocupa um quartinho nos fundos do quintal, onde o que mais existe são seus livros. Conta-se que em certa ocasião Chico estava necessitado de mais um terno, pois o que possuía já estava surrado e gasto. Uma manhã alguém, como que lhe adivinhando a precisão, deixou em sua casa dois lindos ternos. Chico ficou radiante com o presente mais que oportuno e foi logo, com toda a simplicidade, experimentar as roupas. Aí surge-lhe Emmanuel que lhe indaga: "Chico, quantos corpos você tem?" Ao que o médium lhe responde: "Só um corpo". Sentencia-lhe então o Mentor Espiritual: "Por que você precisaria, então, de dois ternos se só possui um corpo físico?!" Chico, entendendo a advertência de Emmanuel, pegou um dos ternos, justamente aquele de que mais gostara, e foi para a frente de sua casa. O primeiro pobre que por lá passou recebeu um belo terno como presente do medianeiro.
Numa manhã de outubro de 1971, Chico Xavier surpreende-se ao ver estacionado um enorme caminhão diante do portão de sua casa. Na carroceria, um "Fuscão" de luxo, último modelo, zero quilômetro. E mais admirado ainda ficou o médium quando, o motorista do caminhão começou a descarregar sua carga!
Terminada a operação, o homem perguntou-lhe se conhecia Francisco Cândido Xavier e se o mesmo estava em casa. Timidamente, respondeu-lhe nosso Chico: "Sou eu mesmo”.
O motorista informa-lhe a razão de sua visita:
"Um industrial de São Paulo foi quem lhe mandou este carro. Uma empresa de transportes contratou-me para trazê-lo e entregá-lo ao senhor. Aqui estão as chaves e os documentos do veículo”. E sem mais nada a dizer, o portador do presente virou as costas e partiu. O humilde medianeiro ali ficou a balançar a cabeça. Por fim, sorriu e retirou-se para seu quarto a fim de orar e meditar. O carro lá ficou na rua, abandonado. Horas depois, chega o dono do estabelecimento comercial que fornecia gêneros e verduras para a "sopa dos pobres" do Chico. O porta-voz da Espiritualidade mostra-lhe o presente e pergunta-lhe o que achou do carro. O homem ficou entusiasmado com o magnífico Fuscão". Aí, o Chico lhe diz: "Gostou? Leve-o, então. Você me paga em macarrão e outros gêneros para minha sopa e minhas sacolas". O mensageiro do Além, em sua simplicidade e pureza, acabara de realizar uma transação para ele altamente vantajosa: trocara um carro que de pouca ou nenhuma utilidade lhe seria por uma grande quantidade de mantimentos para seus pobres! Alguém presenteara o Chico com um relógio
. Era um belo relógio de pulso que o médium tivera que aceitar para não ofender o ofertante, dada sua insistência. Andou vários dias com o relógio, admirando-lhe a pontualidade. Mas um dia, quando estava se dirigindo para seu serviço, lembrou-se de visitar rapidamente Dona Glória, a quem dera um passe na véspera e a quem Bezerra de Menezes receitara uns remédios homeopáticos. Chico perguntou como estava Dona Glória e se estava ela tomando os remédios pontualmente. A enferma respondeu-lhe que se sentia um pouco melhor, mas que não podia tomar os remédios com pontualidade porque, como Chico estava vendo, era pobre e não pudera ainda comprar um relógio. Ato contínuo, o irmão dos sofredores e dos desvalidos, mansamente retira o relógio que trazia no pulso e presenteia com ele Dona Glória. A mulher fica surpresa e emocionada, mas Chico, já se despedindo, disse-lhe: "Como a senhora estava precisando de um relógio, este que estava comigo devia ser seu mesmo. Fique com Deus, Dona Glória”.


FONTE
“O ESPIRITISMO E OS PROBLEMAS DA HUMANIDADE” ed. ABC DO INTERIOR


ATENÇÃO!
Todas as citações reproduzidas ao final de matérias desta edição foram psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier.


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
janeiro de 2003.
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:

Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Apego e Renúncia


Manoel Portásio Filho

  Alguns milhares de anos nos separam do momento do despertar da consciência e do livre-arbítrio, quando passamos a ter uma noção mais clara acerca de nós mesmos e do mundo à nossa volta. Daí para a frente, as conquistas se revelaram mais rápidas e dirigidas para as necessidades básicas do homem no mundo. No entanto, somos ainda muito imperfeitos e ignorantes. Disso resultam os nossos comportamentos mais caracteristicamente humanos e entre eles, o apego, fruto da insegurança e do medo.
    Devido ao desconhecimento do mundo espiritual e da vida que o aguarda além da morte, o homem apega-se facilmente às coisas do mundo material e às pessoas que o rodeiam. “O apego às coisas materiais é um indício notório de inferioridade, pois quanto mais o homem se apega aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino.” (L. E., perg. 895). Apegamo-nos a todas as coisas, tenham elas valor material ou afetivo.  
Juntamos, em nossa casa, coisas que dificilmente vamos utilizar algum dia; juntamos papéis, revistas e livros que jamais vamos ler. Por serem acessíveis aos nossos sentidos, as coisas deste mundo nos fascinam pela sua forma, cor ou simbolismo.
    Mas, a espécie mais dolorosa de apego ainda é aquela que nos liga a certas pessoas.  É verdade que há geralmente uma base afetiva nesses relacionamentos, mas invariavelmente levamo-los às últimas consequências. Pensamos que determinadas pessoas é que nos fazem felizes e, por isso, nos sentimos incapazes de viver sem tê-las ao nosso lado. Então, imantamo-nos uns aos outros, mental e sentimentalmente, chegando os casos extremos a serem identificados como verdadeiras obsessões.  A partida da nossa “outra metade”, pela separação ou pela morte, costuma se revelar insuportável.  Daí para a loucura, depressão ou suicídio medeia apenas um passo.
    Em muitas culturas é comum o culto do corpo.  Achamo-nos, em muitos casos, extremamente belos, verdadeiros clones de Narciso, e fazemos de tudo para manter essa beleza ou aprimorá-la.  Quando não sejam suficientes os exercícios físicos, a malhação, recorremos ao bronzeamento.  
Quando alguma coisa não seja corrigida pelas vias regulares, recorremos à lipoaspiração, à lipo-sucção ou mesmo à cirurgia plástica, na busca da fonte da eterna juventude.  E os apelos da mídia ainda concorrem para reforçar a nossa idéia de que o corpo é mais importante do que a alma, o que nos faz gastar rios de dinheiro para torná-lo “sarado”.


     A idéia não é nova e vem acompanhando o homem desde pelo menos a Grécia Antiga, onde se criaram os ginásios para essa finalidade. E na Roma dos Césares era natural dizer-se: mens sana in corpore sano.  Kardec nos ensina, n'O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVIII, n. 5, como é fácil transpor a porta larga que nos leva ao cultivo das más Paixões. Jesus, na verdade, ensinou-nos a cuidar da alma mais do que do corpo.  Sua vida foi um exemplo disso.  E muitos dos seus ensinamentos estavam voltados para a renúncia às coisas do mundo. Foi o caso da recomendação ao jovem rico (Mt 19:16-24);  da necessidade de juntar tesouros no céu (Mt 6:19-21);  e de um olhar para dentro de si mesmo, como no caso de se prestar mais atenção ao que sai da boca, por exemplo.
   Entretanto, renunciar não é uma coisa fácil para o homem, no atual estágio evolutivo da humanidade terrestre. Renunciar implica, muitas vezes, em lutar contra o nosso próprio orgulho, em declinar do nosso grande egoísmo, em abrir mão da nossa evidente vaidade, para beneficiar outrem. 
Renunciar é sair de si mesmo e caminhar na direção do outro.  
Renunciar é deixar o outro ser ele mesmo. Renunciar é encarar sofrimentos, dificuldades, sacrifícios, e “todo sacrifício feito à custa da própria felicidade é um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, porque é a prática da lei de caridade”, conforme ensina o Espírito da Verdade (L. E., perg. 951).  E ele também nos diz que “o mérito do bem está na dificuldade” (perg. 646). “Renúncia, quão poucos são capazes de entendê-la em sua sublimidade”, na abençoada lição de Jerônimo Mendonça, em Nas Pegadas de um Anjo, pág. 38.


Manuel Portásio Filho é Advogado, residente em Londres. É membro do The  Solidarity  Spiritist  Group, Londres-UK.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 5 Julho e Agosto 2009
The Spiritist Psychological Society