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terça-feira, 22 de outubro de 2013

ENQUANTO VIVEM NA ESCURIDÃO

CIÊNCIA
 (3ª Parte)


Rubens Santini Oliveira

Fonte extraordinária de pesquisa sobre a realidade das condições de vida. Além túmulo, as reuniões de desobsessão vão produzindo resultados a Espíritos encarnados e desencarnados.
Nesta série, procura o autor situar-nos ante as diferentes situações enfrentadas na prática por integrantes das equipes implementadas no trabalho. Na sequência estão mais alguns apontamentos valiosos para reciclagens ou informação dos interessados.
 IX - AMOR E ÓDIO: DUAS FACES DE UMA SÓ REALIDADE.
”Suponhamos que a esposa nos traia, que o filho nos rejeite, que o dinheiro ou o poder nos sejam arrebatados. Passamos imediatamente a odiar os que nos privaram da posse daquilo que amamos ou valorizamos. Com isto, percebemos que amor e ódio são duas faces de uma só realidade, luz e sombra, que em determinado ponto absorveram-se uma na outra, criando uma opressiva atmosfera de penumbra, na qual perdemos a visão dos caminhos e o senso de direção. Para desfazer esse clima de crepúsculo, que agonia e desorienta o Espírito, é preciso ajudá-lo a identificar bem seus sentimentos, a fim de separá-los.
Estejamos certos, para isso, de uma realidade indiscutível, ainda que pouco percebida: o amor, como dizia Paulo aos Coríntios, não acaba nunca. Mesmo envolvido, soterrado no rancor e na  vingança, ele subsiste, sobrevive, renasce, está ali. O ódio não o exclui; ao contrário, fixa-o ainda mais, porque em termos de relacionamentos homem/mulher, o ódio é, muitas vezes, o amor frustrado. Odiamos aquela criatura exatamente porque parece que ela não quer o nosso amor, porque nos recusa, nos traiu, nos desprezou, porque a amamos... No momento, em que conseguirmos convencer o companheiro desencarnado, em crise, que ele odeia porque ainda ama ele começa a recuperar-se, compreendendo que essa é uma verdade com a qual ele ainda não havia atinado.
Por mais estranho que pareça, o rancor contra a amada, ou o amado, que traiu ou abandonou, é que mantém acesa a chamazinha da esperança. Aquele que deixou de amar é porque não amou bastante e, com menor dificuldade, desliga-se do objeto de sua dor. Cedo compreende que não vale a pena perder seu tempo, e angustiar-se no doloroso processo de vingar-se, dado que – e isto também pode parecer contraditório – não podemos ignorar o fato de que a vingança impõe, também, ao vingador, penosas vibrações de sofrimento.
X - NÚMERO DE MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS
Geralmente, quando fazemos a doutrinação a um Entidade incorporada num médium, outras com problemas semelhantes ficam ao seu redor, sendo também beneficiadas com as explanações do doutrinador. Nos relatos de diversos autores sobre este assunto, é aconselhado nos trabalhos de desobsessão a doutrinação simultânea de 2 Entidades. Pela nossa experiência nos nossos trabalhos práticos desenvolvidos, vimos que até 3 manifestações simultâneas é um número bastante aceitável. Não é a quantidade de manifestações que dirá o quanto estamos ajudando o Plano Maior, e sim a qualidade com que elas são ministradas. Às vezes, uma só manifestação mediúnica poderá beneficiar diversas Entidades, com sintomas parecidos, se estas ficam ao lado acompanhando o que está sendo exposto pelo doutrinador.
Vejam abaixo alguns textos extraídos de “DOUTRINAÇÃO” (Roque Jacinto), “DESOBSESSÃO” (André Luiz) e “A OBSESSÃO E SEU TRATAMENTO ESPÍRITA” (Celso Martins), que falam sobre este assunto.
”Comunicações Simultâneas”
“Numa assembléia de vinte pessoas, se quatro delas se puserem a falar ao mesmo tempo ninguém conseguirá acompanhar-lhes a ordem dos pensamentos. Naturalmente, dentro em pouco, a perturbação tomará de assalto os seus componentes e quem esteja na direção ficará tolhido de estabelecer-lhe disciplina. Na reunião mediúnica, muito especialmente, como organização de serviço e instrução, a disciplina deve ser preservada e estabelecida, não se permitindo que mais do que dois comunicantes se sirvam dos médiuns ao mesmo tempo e cada comunicante será atendido por um esclarecedor destacado pelo dirigente.
Nenhuma justificativa se deve arrolar para validar as  comunicações simultâneas em grande número. Nem mesmo evocando a necessidade de atender-se a um maior número de enfermos poderá justificar-nos.
Será sempre um lamentável desvio de ordem que custará caro, em termos de aproveitamento e de evolução dos membros do agrupamento, (...). Aos médiuns cabe colaborar para esta ordem, contendo os comunicantes afoitos (...).”
“Manifestações Simultâneas”
“Os médiuns psicofônicos, muito embora por vezes se vejam pressionados por entidades em aflição, cujas dores ignoradas lhe percutem nas fibras mais íntimas, educar-se-ão, devidamente, para só oferecer passividade ou campo de manifestação aos desencarnados inquietos quando o clima da reunião lhes permita o concurso na equipe em atividade. Isso, porque, na reunião, é desaconselhável se verifique o esclarecimento simultâneo a mais de 2(duas) entidades carecentes de auxílio, para que a ordem seja naturalmente assegurada.(...)”
(...) É desaconselhável se verifique o esclarecimento simultâneo de mais de duas Entidades carecentes de auxílio; se houver ao mesmo tempo duas manifestações, o dirigente, enquanto conversa com um dos desencarnados, designará um médium esclarecedor para dialogar com o outro comunicante; se porventura um terceiro médium de incorporação vier a ser pressionado por outra Entidade em aflição, ele não deverá oferecer passividade, para que não haja tumulto nem quebra da ordem dos trabalhos da sessão. (...)”
“Apontar o mal e comentá-lo é cultivá-lo. Não nos cabe deter-nos nas deficiências dos irmãos infelizes, porque essa atitude nada mais faz do que acorrentá-lo ao cativeiro e o que eles precisam é de libertar-se. Ninguém edifica, censurando”
“DOUTRINAÇÃO” – Roque Jacintho
“Se se alerta um Espírito de que ele deve amar, quem primeiro ouve o convite somos nós mesmos.”
Divaldo Franco e Raul Teixeira nos esclarecem a respeito do número de comunicações.
Que pensar dos médiuns psicofônicos que recebem Espíritos durante a sessão, um atrás do outro? Será indício de grande mediunidade?
Raul Teixeira: A mediunidade amadurecida não é identificada pelo número de desencarnados que se comuniquem por um único médium, numa mesma sessão, mas será identificado pelo teor das comunicações, pela qualidade do fenômeno, que demonstrará a maior ou menor afirmação do médium com as responsabilidades da tarefa. Cada médium, quando é devidamente esclarecido e maduro para o desempenho dos seus compromissos, saberá que o número avultado de comunicações por sessão poderá indicar descontrole do instrumento encarnado e não a sua pujança mediúnica. Há médiuns que prosseguem dando passividade a Entidades durante a prece de encerramento, sem qualquer disciplina, quando não justificam que tais Entidades estavam programadas, como se os Emissários do Além, responsáveis por lides tão graves, tivessem menor bom senso do que nós, os encarnados. Um número de até duas comunicações, e, em caso de grande necessidade e carência de outros médiuns, até três, parece bastante coerente. Todos os médiuns, assim terão chance de atender aos Irmãos desencarnados, sem desnecessário desgaste.
(2) Quantas comunicações um mesmo médium pode receber durante a sessão mediúnica de atendimento a Espíritos sofredores?
Divaldo Franco: Um médium seguro, num trabalho bem organizado, deve receber de duas a três comunicações, quando muito, para que dê oportunidade a outros companheiros de tarefas, e para que não tenha um desgaste exagerado. Tenho tido o hábito de observar, em médiuns seguros, conhecidos nossos, que eles incorporam, em média, três Entidades sofredoras ou perturbadoras e o Mentor Espiritual; raramente ocorrem cinco manifestações pelo mesmo instrumento, principalmente num grupo.
XI - SINTOMAS DE ENVOLVIMENTO COM A ENTIDADE
”É preciso, aqui, lembrar que, freqüentemente, o Espírito manifestante é parcialmente ligado ao médium, horas, e até dias inteiros, antes da sessão. Nesses casos, quando se trata de um Espírito desarmonizado, embora a manifestação não se torne ostensiva, porque isto implicaria admitir mediunidade totalmente descontrolada, o médium sofre inevitável mal-estar físico, dor de cabeça, pressão sobre a nuca, sobre os plexos, sensação de angústia indefinível e, até mesmo, estado febril, prostração, irritabilidade, agressividade e vários outros sintomas de desarmonização psicossomática. O médium experimentado e responsável deve estar preparado para isto.
Não se assuste, não se apavore, não tema e, sobretudo não deixe de comparecer ao trabalho por causa dessas dissonâncias psicofísicas, pois é isso mesmo que desejam os companheiros desequilibrados, ou seja, afastá-lo dos trabalhos.” “Obsessão é escravização temporária do pensamento, imantando credores e devedores, que, inconscientemente ou não, se buscam pelas leis cármicas. Pelo pensamento nós nos libertamos ou nos escravizamos.”

(“OBSESSÃO/DESOBSESSÃO– Suely Caldas Schubert)
XII - ORAI E VIGIAI, POIS ESTAMOS SENDO ESPIONADOS
”Todos nós, lidadores da desobsessão, não ignoramos que somos vigiados atentamente pelos obsessores. Ao nos ligar a algum caso de obsessão, automaticamente passamos a receber vibrações negativas dos perseguidores invisíveis, que estão atuando na área sob nosso interesse. Somos assim espreitados, analisados, acompanhados.
Meticulosamente examinados, eles avaliam a nossa posição espiritual, a sinceridade dos nossos propósitos, a perseverança no Bem, o esforço que estamos despendendo para melhorar e, é claro, as brechas que apresentamos. Nossas falhas e deficiências são observadas e aproveitadas por eles. Têm mesmo a intenção declarada de nos tirar do caminho, empregando, para atingir tal intento, todas as armas de que dispõem. Se estivermos invigilantes, descuidados, principalmente logo após o final do trabalho oferecemos campo às mentes desequilibradas que se acercarão de nós e, encontrando desguarnecidas as nossas defesas, terão possibilidades concretas de conseguir o nosso afastamento e de se regozijarem com a nossa queda. Muitos são os meios usados pelos obsessores, quase todos eles bastante estudados, pois já sabemos que sua ação é organizada. Usam de várias técnicas, insuflando nos integrantes dos grupos as idéias que elaboram. Usam a ideia de comodismo para afastar as pessoas das reuniões, gerando argumentos do tipo:
as reuniões são boas, mas hoje eu não vou porque já trabalhei muito”, “eu já produzi muito nas reuniões, por isto faltar hoje não faz mal”, “eu sou muito assíduo, todo mundo falta, menos eu”, “estou cansado, vou orar em casa, faz o mesmo efeito”, etc. São muitos, como é fácil de se imaginar, os recursos empregados, ressaltando-se também as manobras no sentido de aguçar o amor-próprio, o melindre, o personalismo, o apego aos pontos de vista pessoais, a vaidade e toda corte de deficiências que avassalam o Ser humano. Essa a razão pela qual os Benfeitores Espirituais não se cansam de alertar-nos reiterando a cada dia os apelos à nossa reforma íntima. Somos ainda bastante teóricos, sabendo de cor e salteado páginas, citações, livros, mas pouco conseguimos vivenciar os ensinamentos adquiridos. Os perseguidores estão cientes disso. Sabem perfeitamente o quanto nos é difícil vencer as paixões que nos escravizam, sobretudo nas ocorrências do cotidiano.”
XIII - POSTURA APÓS O ENCERRAMENTO DA SESSÃO
Devemos ter alguns cuidados especiais, de desobsessão. Vamos evitar fazer qualquer tipo de comentário sobre as Entidades manifestantes, principalmente no que tange a sua moral. Antes da manifestação, é feito um longo trabalho de preparação pelo Plano Espiritual. O doutrinador faz o maior esforço para que a Entidade compreenda a importância do perdão e de estarmos nos aprimorando para o nosso desenvolvimento.

Mesmo após o encerramento das atividades, as Entidades podem ainda estar no recinto. Muitas vezes tem a permissão para acompanhar o médium que deu a manifestação, ou o doutrinador, para verem o seu dia a dia e se realmente praticam tudo aquilo que pregaram a ela. Muitas vezes, uma frase dita impensadamente no encerramento do trabalho, pode por tudo a perder. Abaixo, extraímos um trecho de “DIÁLOGO COM AS SOMBRAS” (Hermínio C. Miranda) que faz alguns comentários sobre esta temática:
Há sempre o que comentar, após uma sessão mediúnica. É preciso, no entanto, que tais comentários obedeçam a uma disciplina, para que possam ser úteis a todos. É que, usualmente, os Espíritos atendidos ainda permanecem, por algum tempo, no recinto.
Seria desastroso que um comentário descaridoso fosse feito, em total dissonância com as palavras de amor fraterno que há pouco foram ditas pelo dirigente durante a doutrinação. Os manifestantes, no estado de confusão mental em que se encontram, tudo fazem para permanecer como estão. Embora inconscientemente, desejem ser convencidos da verdade, lutam desesperadamente para continuar a crer ou descrer naquilo que lhes parece indicado. Se percebem que toda aquela atitude de respeito, recolhimento e carinho é insincero, dificilmente poderão ser ajudados de outra vez. (...) Mesmo que a sessão tenha terminado, o comportamento de todos, ainda no recinto, deve ser discreto, sem elevar demasiadamente a voz, sem gargalhadas estrepitosas, embora estejam todos, usualmente, felizes e bem humorados, por mais uma noite de trabalho redentor.” 


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
janeiro de 2002.
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A VIOLÊNCIA URBANA

Celso Martins

Podemos dizer, sem medo de errar, ter sempre existido no mundo a violência. Se formos dar crédito ao texto bíblico, ela teria começo quando Caim matou o irmão Abel. Aliás, a Bíblia é um farto e doloroso exemplário de atos violentos ao longo dos séculos. Culminou com a flagelação e a crucificação de Jesus. A História da Humanidade nos exibe a eterna luta da fome de muitos contra a indiferença de uns poucos, que não vacilam em sugar o sangue, o suor, a lágrima do semelhante, deste estado de coisas resultando, não raro, ondas de violência, de revolta, de inconformação, de rebelião, de guerra. Tudo isso não passa de uma forma cruel de violência, sob diversas modalidades, massacrando o direito do próximo, apesar — é bom que se ressalte isto também! — de sempre ter aparecido gente que lutasse muito em prol de uma ordem social mais justa, disciplinando as relações sociais, inclusive através de órgãos supranacionais, como a atual ONU e a UNESCO, no sentido de instalar, na Terra, sem mais tardança, um ambiente de compreensão e de entendimento, neste supremo anseio de tantos sábios, mártires, santos e heróis de todos os tempos. A propósito, ver em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, nº 932 como tal questão é enfocada.
Pensando bem, a própria poluição ambiental com a destruição do ecúmeno, comprometendo seriamente os ecossistemas, e, de resto, a qualidade de vida à face da Terra, não passa de uma insidiosa forma de violência. É a violência contra a Natureza, na qual estamos inseridos.
1) Violência Urbana
Nos últimos anos, no entanto, uma modalidade de violência, bem caracterizada, tem-se intensificado muito, mas muito mesmo, nos centros urbanos, configurada tragicamente em termos de assaltos à mão armada a bancos e estabelecimentos comerciais, seqüestros de aviões em pleno vôo, invasões de embaixadas com reféns aprisionados. Dispenso-me de maiores detalhes. O leitor os conhece de cor e salteado através do noticiário dos jornais, das revistas, das emissoras de rádio, das estações de tevê. Um tredo saldo de mortos e feridos; de um lado a polícia, o pacato chefe de família, gente humilde sempre levando a pior, e doutra parte os agitadores, os terroristas, semeando a dor, o luto, a orfandade, a viuvez.
Quer dizer, uma forma menor (embora em escalada crescente!) dentro de um contexto maior, na longa História da Humanidade...
Claro que nem tudo são desesperanças. A vida não seria (como já filosofava o pensador francês Jean Paul Sartre) uma paixão inútil! Tão inútil que nem valeria a pena de ser vivida!
Não é bem assim, não! Graças a Deus há exceções gratificantes. E ai de nós se elas não existissem... Enquanto a prepotência de uns esmaga as esperanças dos pequeninos, há, sim, criaturas admiráveis que se desdobram em prol do bem comum na esplendente atividade do serviço anônimo em favor do semelhante. Enquanto alguns tentam destruir, muitos outros lutam afanosamente na construção de um mundo de maior entendimento e maior compreensão mútua.
Ignorar esta realidade é dar prova de miopia ou ser injusto para com os seareiros da paz!
Pena seja, no entanto, que tais esforços ainda não sejam bem coordenados, estão um tanto dispersos, a fim de que possam fazer-se mais concretos e atuantes em seus efeitos benéficos para toda a Humanidade. Não padece dúvida que este esforço para o Bem é a intervenção indireta da assistência do Alto, dos nossos companheiros do Grande Além, levando e elevando os homens que chafurdamos na lama de nossas imperfeições para patamares mais amplos da luz! Outro detalhe vem outra vez em O LIVRO DOS ESPÍRITOS nº 784. (Pedimos ao leitor o obséquio de tomar deste livro de Kardec e fazer a devida consulta, meditando sobre o que o Codificador nos legou nesta obra básica do Espiritismo).
2) Causas da Violência Urbana
Diversas são as causas que convergem e tornam o homem mais violento. De escantilhão veremos algumas apenas.
a) Causas Políticas
A inconformação com um dado regime político pode desencadear atos de violência num contexto social. O atentado contra o Arquiduque do Império Austro-Húngaro, em Sarajevo, em 28 de junho de 1914, foi o estopim para a explosão da Primeira Guerra Mundial. A ditadura da família Somoza deu origem aos distúrbios na Nicarágua. Foram os atos discricionários do antigo Xá da Pérsia Reza Parhlevi que fermentaram a revolução iraniana do Khomeini. Creio bastarem tais exemplos.

b) Causas Econômicas
A notória desigualdade das classes sociais, a má distribuição das rendas de um dado País também se erguem como motivo de distúrbios populares. O povo faminto, onerado por impostos escorchantes, fez estourar a famosa Revolução Francesa, com a Tomada da Bastilha, em julho de 1792. Tanto como, para solertemente aliviar as tensões sociais, os dirigentes do carcomido Império Romano, ao início do Cristianismo, diligenciavam em distribuir a chamada espórtula aos desocupados que infestavam a Capital dando-lhes pão e circo com os espetáculos dos gladiadores e mesmo dos cristãos lançados às feras.
c) Causas religiosas
Embora tendo como pano de fundo razões políticas e/ou econômicas, o fanatismo religioso em sua intransigência irracional também tem feito eclodir a violência. Exemplo notório está na famigerada Noite de São Bartolomeu quando, em Paris, a 24 de agosto de 1572, a mando da rainha Catarina de Médicis, foram trucidados milhares de huguenotes.
d) Causas educacionais
A infância desvalida, o jovem sem orientação profissional, o menor abandonado, tudo isso agravado pelo êxodo rural contribuirão para colocar mais pimenta no tempero já salgado das relações urbanas. Carente de pão e de afeto, a criança se sente rejeitada pela sociedade e, na falta de uma segura orientação moral, o jovem acaba se insurgindo contra os padrões vigentes em sua comunidade. De igual maneira, o homem, que vem do interior atraído pelos possíveis encantos da cidade grande, não tendo uma adequada iniciação profissionalizante, perdendo outras vezes o seu emprego nas crises da recessão, também se desajusta e se marginaliza podendo revoltar-se contra o meio em que vive. Mais ainda quando este meio, através dos órgãos de comunicação de massa, estimula o interesse, a vontade, o ardente desejo de cultivar os prazeres da carne, as vantagens que o dinheiro dá. E não o anseio de serem cultivados os ensinos de Jesus, os seus exemplos, as regras de sua Moral.
Já se vê que a violência urbana é complexa, delicada, profunda. Para resolver semelhante problema, muitas medidas devem ser postas em prática com desassombro e energia, e o mais breve possível, a fim de não se agravar-se mais e mais.
Muitos insinuam as medidas repressivas mais drásticas, citando até mesmo a necessidade de se adotar a pena de morte. Ouso discordar. Penso como pensava Coelho Neto ao declarar que o carrasco pode eliminar o delinquente  mas a miséria mantém as condições do crime. E por miséria não estou pensando apenas na carência do pão do corpo mas penso ainda e também na penúria do pão do espírito, em termos de esclarecimento cristão acerca das finalidades da vida, o porquê da existência, detalhes fundamentais que consolam o coração e sobretudo alargam os horizontes da Criatura, fazendo-a voltar para as Leis Morais que regem a vida.
Com base nisto, ouso apresentar algumas pálidas medidas de possível solução para a violência urbana. Ei-las:
I) No plano material
É preciso que o nosso comodismo, a nossa indiferença, o nosso orgulho, o nosso egoísmo sintam a necessidade de serem oferecidas a todas as criaturas indistintamente condições mínimas de uma vida digna deste nome, de modo que ninguém viva à míngua dos recursos elementares de garantia de sua sobrevivência física e psíquica.
Outra vez deixo ao leitor amigo o convite a consultar Kardec em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, nº 930.
II) no plano moral
É necessário que a infância e a juventude tenham um ensino profissionalizante adequado de modo a se tornarem os moços forças vivas, atuantes, produtivas, no desenvolvimento econômico do País.
Destacada seja então a ação conjunta da escola e da família ao lado do investimento de capital na instalação de indústria e comércio, explorando de modo racional os recursos naturais e os pondo ao alcance de todos.
III) No plano espiritual
Surge que, sem nenhuma intenção salvacionista ou de puritanismo extemporâneo, seja intensificado o cultivo dos valores superiores do Espírito com a formação de um profundo sentimento de paz e de respeito aos direitos alheios. Impõe-se a necessidade de que os homens se compenetrem de uma vez para sempre que hão-de viver à face da Terra como irmãos; e nunca quais lobos esfaimados. Irmãos, porque filhos de um mesmo Deus, apesar das possíveis diferenças que eles mesmos criaram para pelejas eternas, desnecessárias e odiosas. Numa palavra, faz-se mister sem demora, sem condições, sem rodeios, que a Humanidade esteja disposta a eleger O EVANGELHO do Cristo como roteiro de suas ações. Aquele Evangelho que enfatiza tanto a Caridade, a Justiça, o Amor, estas virtudes basilares que infelizmente andam tão ausentes, tão distantes de nossos corações!
Fora disto — a mim se me parece malhar em ferro frio. É adiar mais e mais o glorioso dia do advento do Reino de Deus no mundo para que a Humanidade seja efetivamente mais feliz!


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
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