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quinta-feira, 27 de maio de 2010

79 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO IX: BEM-AVENTURADO OS MANSOS E OS PACÍFICOS


INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: ITEM 6


A AFABILIDADE E A DOÇURA

A mensagem é de Lázaro, irmão de Marta e Maria, que residiam em Betânia, no caminho de Jerusalém a Jericó. Amavam a Jesus, recebiam-no sempre em sua casa.

Lázaro é a forma grega da abreviação hebraica läzär, de Eleazar, que significa “Deus ajuda”.

Foi ele o “ressuscitado” por Jesus, de um estado de letargia, ignorado na época, tendo sido considerado morto, conforme narram Mateus, Marcos e João.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontram-se mensagens suas nos capítulos: IX, item 6 e 8, XI, item 8 e no capítulo XVII, item 7, dadas nos anos de 1861 a 1863, em Paris.

Nesta mensagem, o autor nos fala dessas duas virtudes, pouco citadas no cotidiano dos homens em geral, mas exaltadas por Jesus, que incentiva seus irmãos em desenvolvimento espiritual, a fazê-las crescer dentro de si, pois, com elas em ação, serão bem-aventurados.

Afabilidade é a qualidade de quem é cortês, delicado, amável, agradável, com quem se pode falar facilmente, acessível.

Doçura é a qualidade de quem é suave, meigo, brando.

Escreve ele, que a afabilidade e a doçura se originam da benevolência (boa vontade, bondade para com alguém), que por sua vez, é fruto do amor ao próximo.

Isso significa que não basta ter atitudes exteriores de boa educação, de gestos e atitudes suaves, ser afável no falar, se são resultados de treinamentos sociais, aparências de uma boa educação, de boa índole.

Quem deseja ser afável e suave nos relacionamentos com os outros, precisa cultivar o amor ao próximo, para com ele, ter boa vontade com seus erros, suas imperfeições, suas dificuldades.

São bem-aventurados os que, se esforçando por compreender e aceitar todas as pessoas como são, querendo para elas o que de melhor for possível, usando de benevolência para com suas faltas e omissões, tiver sempre atitudes de delicadeza e de afabilidade em todos os relacionamentos.

Assim, Lázaro censura os que usam de “uma máscara para uso externo, uma roupagem, cujo corte bem calculado, disfarça as deformidades ocultas”, mas que na menor contrariedade, mostram-se como são por dentro, nas reações violentas que manifestam.

Cita os que em casa são tiranos dos familiares, agressivos, incapazes de gestos de delicadeza..., mas fora no lar, apresentam-se de forma bem educada no falar, no ouvir, afáveis e suaves.

São pessoas dominadas pela hipocrisia, afastando-se, cada vez mais da autenticidade, que é a qualidade do autêntico, que, no dicionário Houais, é definido como: não imitativo verdadeiro; em que não há falsidade, espontâneo, real; indivíduo que se assume tal qual é, que não se apresenta aos outros de modo idealizado.

No “amar ao próximo como a si mesmo” está implícita a idéia de que o amor a si próprio existe em cada um de nós, e assim Deus nos fez. O que não está dentro da vontade divina é o egoísmo, esse amor exacerbado que só enxerga as suas necessidades, colocando-se no centro de tudo e de todos.

Para libertarmo-nos do egoísmo, precisamos nos conhecer, aceitar as pequenas coisas boas que temos, bem como a nossas imperfeições, considerando que somos Espíritos em evolução.

Todavia, não podemos, por amor a nós, conformarmo-nos com as poucas coisas boas e as muitas imperfeições que temos, pois, estamos reencarnando, tantas vezes quantas forem necessárias na Terra, para desenvolver nosso potencial divino e melhorarmo-nos, perseverantemente.

Assim, o aceite do como somos é apenas o primeiro passo para, no uso do livre-arbítrio, continuarmos, nesta existência, nosso processo evolutivo.

Para que isso aconteça, precisamos ser honestos e sinceros para conosco, nos enxergando o mais real possível, a fim de reformar nosso caráter, reprimindo nossas más tendências, melhorando o que já temos de bom, permanecendo no caminho do progresso, difícil, lento, mas sempre progresso.

A honestidade e a sinceridade conosco, nos leva a ser autênticos, a nos apresentarmos a todos como somos, imperfeitos sim, mas esforçando-nos para melhorarmo-nos.

Esse esforço aparece quando sentindo um impulso, uma vontade de agredir, de revidar, controlamo-nos. Aí, não é hipocrisia, independente dos outros perceberem ou não, nosso esforço de bem proceder. É uma agressão a alguém, que foi sentida, pensada, mas não realizada.

Foi uma vitória que, por certo, estimulará outras, até que não haja mais a necessidade do raciocínio para reprimi-la, pois estará eliminada de nosso interior.

Penso que o dia em que maior números de pessoas agir de forma autêntica consigo mesmo e com os demais, inspirando confiança uns nos outros, originando o respeito mútuo aos deveres e direitos de cada um, a Terra estará bem mais próxima de se tornar um mundo regenerado.

Assim termina Lázaro sua mensagem: “Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas, jamais se desmente. É o mesmo para o mundo ou na intimidade, e sabe que se pode enganar os homens pelas aparências, não pode enganar a Deus.”

Só pode dar amor quem o tem. Partindo, pois, do amor que sentimos por nós mesmos, podemos amar ao próximo.

Bibliografia:

KARDEC, Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”

Leda de Almeida Rezende Ebner

Dezembro / 2007

O LIVRO DOS MÉDIUNS 17

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO 1

AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA

Estudo 17: itens 55 e 56

Dando continuidade ao estudo iniciado em novembro, relembramos que Allan Kardec ao analisar a ação dos Espíritos sobre a matéria, concluiu que essa ação só é possível porque o Espírito não é uma abstração, mas um ser definido, limitado e circunscrito. Acrescenta que o Espírito encarnado é a alma do corpo; quando o deixa pela morte, não sai desprovido de qualquer envoltório, e apresenta a forma humana.

Na questão 88 de O Livro dos Espíritos, os instrutores espirituais responderam a Kardec que os Espíritos “(...) são , se o quiserdes, uma flama, um clarão ou uma centelha etérea.” . Isto se aplica ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, ao qual não saberíamos dar uma forma determinada. Mas, em qualquer de seus graus, ele está sempre revestido de um invólucro ou períspirito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se purifica e se eleva na hierarquia. Dessa maneira, a idéia de forma é para nós inseparável da idéia de Espírito, a ponto de não concebermos esta sem aquela. O perispírito, portanto, faz parte integrante do Espírito como o corpo faz parte integrante do homem. Mas o perispírito sozinho não é o Espírito, como corpo sozinho não é o homem, pois o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua atividade.

Para compreendermos a importância desse instrumento de manifestação do Espírito no meio material, a seguir vamos estudar o Perispírito.

Perispírito

Definição: - em O Livro dos Médiuns, cap. 32 - Vocabulário Espírita; do grego “peri: em torno). Envoltório semimaterial do Espírito. Nos encarnados serve de intermediário entre o Espírito e a matéria; nos Espíritos errantes, constitui o corpo fluídico do Espírito.

Ao longo do tempo, o perispírito recebeu várias denominações:

1. Perispírito - termo criado pelos Espíritos e usado por Kardec pela primeira vez em O Livro dos Espíritos - Introdução, item VI

2. Corpo fluídico (Kardec e Leibnitz)

3. Corpo espiritual (Apóstolo Paulo)

4. Corpo celeste (Apóstolo Paulo)

5. Corpo astral (Paracelso)

6. Corpo de Ressurreição

7. Corpo invisível

8. Corpo Seriforme (Confúcio)

9. KHA (no Egito milenário)

10. Veículo leve (na Grécia)

11. Carro sutil da alma (Platão)

12. Carne sutil da alma (Pitágoras)

13. Enormon (Hipócrates)

14. Psicossoma (frequentemente usado na atualidade)

15. Corpo Bioplasmático (Conceituação Russa)

Definição:

O Livro dos Espíritos,

Questão 93. O Espírito propriamente dito vive a descoberto ou, como pretendem alguns, envolvidos por alguma substância?

_ O Espírito é envolvido por uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós; suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde queira.

Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido de um envoltório que, por comparação, se pode chamar perispírito.

Questão 135. Há no homem outra, coisa além da alma e do corpo?

_ Há o liame que une a alma e o corpo.

Questão 135. a) Qual é a natureza desse liame?

_ Semimaterial; quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. E isso é necessário, para que eles possam comunicar-se. É por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.

Por meio deste laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente, esta atua sobre ele.

Espírito (Quer)

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Perispírito (Transmite)

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Corpo (Executa)

Espírito (Percebe)

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Perispírito (Transmite)

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Corpo (Sente)

O Livro dos Médiuns, 1ª parte, cap I,

Item 54 - O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:

1ª - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;

2ª - a alma, Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;

3ª - O perispírito, princípio intermediário, substância semimaterial, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

A Gênese - cap XIV,

Item 22 - 1º §. “O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. É por seu intermédio que o Espírito encarnado se acha em relação contínua com os desencarnados; é, em suma, por seu intermédio, que se operam no homem fenômenos especiais, cuja causa fundamental não se encontra na matéria tangível e que, por essa razão parecem sobrenaturais.”

Idem - 3º §. “O perispírito é o “orgão sensitivo” do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos orgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam; o Espírito vê, ouve, e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.

Item 18: "...o seu perispírito, que , como se sabe não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu derredor e o envolve como que de uma atmosfera fluídica".

Depois da Morte - cap 21, - Léon Denis

“O perispírito é, pois, um organismo fluídico; é a forma preexistente e sobrevivente do ser humano, sobre a qual se modela o envoltório carnal, como uma veste dupla, invisível, constituída de matéria quintessenciada”.

Concluindo o nosso estudo, compreendemos que o perispírito se constitui de variados fluidos que se agregam, decorrentes da energia universal primitiva de que se compõe cada Orbe, gerando uma matéria hiperfísica, que se transforma em mediador plástico entre o Espírito e o corpo físico.

Em nosso próximo estudo veremos a formação desse corpo perispiritual.

BIBLIOGRAFIA:

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo:FEESP, 1989 - Cap. I

KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos: ed. especial São Paulo:EME, 1997 - Cap. I e II

KARDEC, Allan - A Gênese: 26.ed.Brasília: FEB,1984 - cap XI e XIV

Denis, Léon - Depois da Morte: 14.ed.Brasília: FEB, 1987- cap XXI
FRANCO, D. Pereira. – Estudos Espíritas, pelo Espírito Joanna de Ângelis: 4.ed. Brasília: FEB, 1987- cap 4, Perispírito
Elisabeth Maciel / Tereza Cristina D’Alessandro

Dezembro / 2002

O Livro dos Espíritos Estudo 9

Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita

V- O desenvolvimento da Psicografia


O processo da comunicação dos Espíritos

Estudo 8o.

"A História, que é essencialmente História do Espírito transcorre no tempo... o desenvolvimento do Espírito cai no tempo."

Heidegger, crítica de Hegel em "O Ser e o Tempo"


Quase um século e meio após Allan Kardec haver codificado o Espiritismo, reina ainda incompreensão a respeito da natureza e finalidade da Doutrina.

Foi ela, entretanto, elaborada em linguagem clara, precisa. No transcorrer de seu trabalho organizador afirma o Codificador que desejava escrever de modo a não dar margem às ambigüidades, às interpretações ou divergências interpretativas.

Qual então o motivo que leva espíritas a improvisar ou discordar quanto a questões doutrinárias? No trato com os desencarnados, nas comunicações principalmente, nas manifestações, em sessões mediúnicas, onde a lucidez das certezas? Como a Doutrina Espírita interpreta e lida com o intercâmbio entre encarnados e desencarnados? Entre ler, conhecer, estudar, ouvir dizer, saber e aplicar, onde nos situamos?


Por importuna que às vezes essas reflexões possam parecer, faz-se necessário que as façamos para que não permaneça em desconhecimento ou no improviso, a crença que livremente escolhemos.

Se por ora, só amamos o que conhecemos, imprescindível se faz estudar o processo histórico como possibilitador de, analisando o hoje, face ao caminho percorrido ou a percorrer, nos situemos no agora conscientes do que se espera de cada um, cientes de que... "O Espiritismo será o que dele fizerem os homens"...

Assim, voltar no tempo...

A - Primeira seita

1849 - 14 de novembro,... As irmãs Fox (já nossas conhecidas do estudo anterior), levadas por impulso, entusiasmo, juntaram-se para formar uma seita religiosa que não teve muita duração. Deram-lhe o nome de "Espiritualistas" querendo significar que os adeptos acreditavam, aceitavam e tinham o poder de entrar em comunicação com os Espíritos dos mortos. (Ver: item I- Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita em "O Livro dos Espíritos ou Estudo 3, e o cuidado de Allan Kardec em designar por Espiritismo ou Doutrina Espírita o trabalho por ele codificado que não só deduziria leis mas também enfatizava conseqüências, itens estes que descaracterizava-o de confusão com esta seita).

B - O significado das mesas

Segundo os "Espiritualistas", os Espíritos preveniam as pessoas de que estavam se aproximando, através de ruído surdo, como se batessem em objeto ôco ou, mais comum, através do movimento rotativo das mesas, em volta das quais tomavam lugar os crentes e os Espíritos invocados.

Esse "sinal precursor", o ruído surdo, a mesa a girar, causava profunda impressão na assembléia, que de imediato nomeou uma comissão para averiguar se havia fraude. Ao final das buscas, comunicam que - "parecia não haver enganos" conclusão esta, com restrições e ressalvas impostas pelo fato de que os homens não examinaram as meninas. Novo grupo, agora constituído só de mulheres, submete as jovens a minuciosos exames, não descobrindo existência de qualquer agente mecânico capaz de facilitar ou produzir os aludidos fenômenos.

A partir daí, a realidade dos Espíritos invocados não mais foi posta em dúvida passando a serem considerados como - "seres perfeitamente materiais embora invisíveis".
Agora, estamos em 1850. A Sra. Fox e filhas iniciam em Nova Iorque, no Hotel Barnum, sessões públicas. Retornaram a Rochester, viajaram pelos estados do oeste, voltando a Nova Iorque.

Os "Espiritualistas" cresceram, a seita foi sancionada. No ano seguinte, oitocentos adeptos reuniram-se em encontros para troca de experiências e organização do movimento que delibera e autoriza:

  • Reuniões trimestrais
  • Fundação de "comunidades harmônicas" ou "círculos espirituais"
  • Os grupos deveriam ter número idêntico de adeptos (o que (segundo eles) garantiria o "poder" igual entre todos)
  • A direção tomaria por modelo o corpo humano;
  • O presidente - representando o cérebro
  • Vice presidente - representando o nariz e a boca
  • Secretários - representando olhos e ouvidos

C - Reunião Coletiva

Após aprovação das medidas, em meio a intensa exaltação dessas oitocentas mentes reunidas, discursos alucinados, convulsões, berros, gritos, comunicações aconteceram configurando o que se aceita como sendo a primeira reunião coletiva dos tempos modernos em autêntica reunião mediúnica sem controle.


Enfim, o ruído surdo, o rodopio das mesas, provocados em público por Margareth e Kate Fox, foram encarados como fatos positivos, particularmente no que se referia às mesas, sobretudo quando pessoas não associadas à nova religião, obtinham resultados idênticos.
Num primeiro momento, as mesas eram conhecidas como:-

  • "servum pecus" - expressão pejorativa, traduzida como "mesa ignorante". Só algum tempo depois, é que passará a ser chamada de "mesa que gira" ou "mesa girante"
  • Em alemão, receberá o nome de "Tischrücken" e em francês,..."lá danse des tables".

D - A referência do título em francês justifica-se como a diversão dos salões e os fatos que daí decorrerão, mas por que a referência em alemão ? Qual a importância desse povo no processo ?

A repercussão dos fatos acontecidos principalmente nos Estados Unidos, espalharam-se pelo mundo, como frutos de mais uma seita visionária, absurda superstição, decorridas de práticas misteriosas a que se atribuía presença e intervenção de anjos ou Espíritos, idéia essa que se mantém por mais ou menos quatro anos (1848-1852) referenciando sempre, apanágio de mentes alteradas ou exclusividade de fanáticos. Nesse enfoque, a nova religião, atravessando mares, não encontra abrigo.

No contexto da Europa, a Alemanha caracterizava-se pelo racional, pelo uso intenso da razão, por sondagens a que se dedicava nas esferas superiores da mente humana.

Devido a essas características, constituía-se como opinião importante caso desse ou não crédito, aos estranhos contos da seita religiosa da América. Seriam eles capazes de separar verdadeiro do falso, real do imaginário - isso no caso de haver algo. Se invencionices, improvisações, engodos, artimanhas, também provariam com razões precisas lógicas. Ora...

E - Seqüência nos acontecimentos

Na América, as "mesas girantes" eram reconhecido meio para comunicação com desencarnados. Não se duvidava esse ponto.

Um comerciante alemão, estabelecido em Nova Iorque, escreveu a seu irmão em Bremen, em resposta a chistes e pilhérias que este fizera a respeito da "...alucinação americana".

Em síntese, refletia com o irmão, que os iludidos nem sempre eram os que se apontava e que, para convencer-se de uma veracidade ou não, para contestar com reais argumentos, fizesse experiências, segundo os passos, as instruções que lhe passava, detalhando não só o modo de proceder como também as circunstâncias em que o fenômeno poderia ser produzido.

O comerciante de Bremen, aceitando o desafio, as admoestações e ponderações contidas, coloca-se em ação obtendo resultados, sucessos que superaram expectativas. Nesse primeiro momento, o fato maravilhoso se espalhou. Como se esperava, porém, experiências desenvolviam-se nas várias partes da Alemanha, por homens cuja honra e reputação científica, colocavam a verdade, a honestidade de suas pesquisas, acima de qualquer dúvida.

Dr. Andeé, um desses homens e médico m Bremen, foi o primeiro a publicar na "Gazet d'Augsbourg" os resultados obtidos.
Reproduziremos na íntegra, uma vez que, desconhecido da grande maioria dos espíritas constitui-se como valioso em muitos aspectos, inclusive na avaliação do trabalho dos Espíritos responsáveis. Oferecem eles as circunstâncias, onde o homem chega perto, se aproxima, depara com detalhes, num primeiro momento nem são percebidos.

Mais adiante, no tempo, é que retomados abrirão caminhos mais claros.

A transcrição dá idéia de como entendiam, lidavam com o fenômeno, mas sobretudo, permite-nos observar de onde vêm idéias, prevenções, métodos e práticas que hoje não só são encontradas como também recebem ampla aceitação.

Analisemos:

"Cerca de trinta pessoas estavam reunidas em uma sala bem iluminada. Uma jovem senhora, irmã do comerciante de Nova Iorque, propôs transportarem a mesa que se achava diante do sofá para o centro da sala. Oito pessoas sentaram-se ao redor desta mesa, que era redonda, feita de mogno, apoiando-se sobre quatro pernas e pesando cerca de trinta quilos. Das oito pessoas sentadas em volta da mesa, três eram homens e cinco, mulheres, variando as idades entre dezesseis e quarenta anos. Entre elas havia um jovem que tinha estudado Filosofia Natural e era tão completamente incrédulo quanto as seis outras. Só a jovem senhora persistia e continuava dizendo:-

"Muito em breve os que riem estarão do meu lado". Quando todos estavam sentados formaram a corrente. (Como as roupas não devem tocar-se, as cadeiras devem ser colocadas a uma certa distância umas das outras. As pessoas sentadas não devem tocar os pés das outras nem as pernas da mesa. Só se comunicam com a mesa por meio da corrente formada quando cada pessoa coloca as mãos de leve sobre a mesa e toca com os dedos mínimos as mãos dos vizinhos, de modo que o dedo mínimo da mão esquerda do vizinho encoste nos da sua direita).

As outras pessoas reunidas em volta da mesa conversavam e riam.

Após cerca de vinte minutos, uma das Sras. declarou que não ficaria mais na mesa porque estava sentindo vertigens. Levantou-se e quebrou a corrente que, no entanto, foi imediatamente restabelecida.

A experiência começava a demorar; durava mais de meia hora; alguns já falavam em levantar-se, mas o jovem naturalista exortou o grupo a perseverar e informou que sentia no braço direito uma corrente peculiar que havia passado imperceptivelmente para o braço esquerdo com maior força. Gradualmente os outros disseram que também experimentavam a mesma sensação e tornou-se evidente que o mesmo fluido passara pelas pessoas individualmente e que constituíam cada um dos elos da cadeia. Três delas não eram naturais de Bremen e nunca tinham se visto antes daquela noite.

Enquanto um senhor idoso tentava provar-me que iríamos ver um novo tipo de loucura em acréscimo às que já se espalhavam pelo mundo, as Sras. sentadas na mesa proferiam exclamações de surpresa; em seguida, os sete experimentadores gritaram ao mesmo tempo:-

"Ela se mexe! Lá vai"!". E realmente era o caso. O topo da mesa começou a mexer primeiro, da direita para esquerda e da esquerda para direita, a oscilar e depois a mesa inteira pôs-se em movimento. Os circunstantes apressaram-se a afastar as cadeiras dos sete experimentadores que continuavam a formar a corrente, enquanto a mesa, que as mãos ainda tocavam levemente, começou a dirigir-se para o norte e a girar sobre si mesma, com tamanha rapidez que eles mal podiam acompanhá-lo nas rotações. O movimento durava já quatro minutos quando um dos espectadores pediu que se tocassem com os braços e roupas, e a mesa parou imediatamente. A corrente foi novamente formada e em cerca de três minutos o movimento da mesa reiniciou-se, com tamanha rapidez que poderia ser comparado a uma corrida comum. As pessoas que formavam a corrente logo sentiram-se cansadas e cessaram o experimento. A mesa, trazida de volta ao seu lugar, diante do sofá, permaneceu na imobilidade normal.

É evidente que os experimentadores transmitem uns aos outros fluido cuja ação é melhor captada pela pessoa sentada junto a uma outra de natureza sensível. Parece que, para pôr a mesa em movimento, é preciso mais ou menos tempo, conforme a capacidade que têm os que estão sentados em volta dela, de produzir ou transmitir o fluido.

Em alguns casos, o movimento começa após doze ou catorze minutos; em outros, leva hora e meia ou mais, e às vezes até fracassa. O sucesso é mais certeiro quando a corrente é formada por pessoas de ambos os sexos; as crianças e as pessoas idosas parecem incapazes de produzir a porção necessária de fluido; em alguns casos, no entanto, a experiência foi bem sucedida com meninos de cerca de catorze anos de idade."

A razão nesse caminhar será escada de que o Homem se servirá para contínua superação dos horizontes anteriores. Funcionará como alavanca que o elevará ao período da transcendência, onde honestamente se conhecerá, delineando assim as perspectivas da própria libertação.

A soberania da consciência, tão enfatizada por Jesus, chegará com impacto e força assustando num primeiro momento a esse Homem que não percebendo os princípios dessa revolução apega-se aos velhos moldes, subjugado pelos antigos preceitos.

O Cristianismo em Jesus, redivivo pelo Consolador, dá o maior valor à essa busca, mas convoca a cada um para que busque, viva a ..."fé inabalável que encara a razão face a face em todas as etapas da Humanidade"...

O tempo, para cada qual é hoje: o momento - agora - porque, segundo Emmanuel... "tudo volta, menos a oportunidade esquecida que será sim, sempre perda real."

Bibliografia

  • Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" - Introdução
  • Allan Kardec - "O Livro dos Médiuns" - cap. IV - X IV- X - XVI
  • Allan Kardec - "Revista Espírita" - outubro 1859 Fevereiro 1861
  • Arthur C. Doyle - "A História do Espiritismo"- V - VIII
  • Francisco Cândido Xavier - Emmanuel - Palavras de Vida Eterna

Leda Marques Bighetti

Fevereiro / 2002